Muitas pessoas
questionam porque Deus não elimina o mal que acontece no mundo...
Na verdade, sem se
dar conta de que Ele é a origem de todo bem e de toda a beleza, estas pessoas
desconhecem a origem do mal.
Segundo o Catecismo
da Igreja Católica, o pecado original – o início do mal - acontece no momento
em que o homem transpõe o limite de criatura, e deixa morrer em si a confiança
em seu Criador, que o proibira de comer da árvore do conhecimento do bem e do
mal: “pois no dia em que dela comeres terás de morrer”(Gn 2,17). O homem
escolhe ouvir a voz da serpente (o diabo, o opositor), e perde a graça da
santidade original. Contrariando seu estado de criatura, o homem quebra a
aliança com Deus pela desobediência, e consequentemente perde os dons com os quais
foi ornado por Deus.
A partir daí
rompe-se o domínio das faculdades espirituais da alma sobre o corpo, e as
relações entre homem e mulher estão sujeitas a tensões. Por causa desta escolha
do homem a criação visível tornou-se hostil para si mesmo e ficou submetida “à
servidão da corrupção”(Cf. Rm 8,20). Assim entra a morte na humanidade, e
cumpre-se o decreto de Deus.
Como este pecado
nos atinge?
Adão havia recebido
a santidade e a justiça originais não só para si, mas para toda a natureza
humana. Ao ceder ao demônio, Adão e Eva cometem um pecado pessoal, mas que teve
dramáticas consequências para a natureza humana, que recebe este estado
decaído. O pecado original é um pecado contraído e não cometido.
Quais as
consequências deste pecado na vida do homem?
O pecado original é
a privação da santidade e da justiça originais que nossos pais perderam, ou
seja, fomos lesados em nossas forças naturais, fomos submetidos à ignorância,
ao sofrimento e ao império da morte.
Mas isto não é o
fim!
Deus chama o homem
e lhe anuncia de modo misterioso a vitória sobre o mal e o soerguimento da
queda.
A Encarnação de
Cristo é o momento radiante da história da humanidade em que Jesus, o novo Adão,
restaura e repara a desobediência do primeiro Adão. Obedecendo aos planos do Pai,
Jesus paga em seu próprio Corpo, pelos nossos delitos e crimes.
O homem, portanto,
depois do Batismo, sacramento da iniciação na vida cristã, é inserido novamente
na condição de liberdade de filho de Deus.
Todas as vezes que
tiver a infelicidade de pecar, pode, através do Sacramento da Reconciliação (Confissão),
recorrer aos merecimentos da Paixão de Jesus para retornar à amizade com Deus,
e, portanto, ao estado de graça.
Estamos na
Quaresma. Mais uma oportunidade de refletirmos sobre quão profunda e dolorosa é
a opção pelo mal, pelo egoísmo, pela desobediência que serve à soberba, pelo
prazer descompromissado, pela idolatria, pelo poder que esvazia o sentido do
servir, pela violência, pelo materialismo...
Vamos voltar para o
Senhor! Peçamos o seu Espírito, para que nos configuremos com Ele, para que
compreendamos que a beleza daquele sim aos planos do Deus pode também ser o nosso.
Eis o tempo de conversão,
eis o dia da salvação. Ao Pai voltemos, juntos cantemos: eis o tempo de conversão!