segunda-feira, 26 de maio de 2014

Um casal segundo o ideal cristão

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Acompanhe na seção Casais que alcançaram a santidade a história do último imperador da Áustria, Carlos, e de sua esposa Zita. Ele é Beato, ela é Serva de Deus.

Eis como Madre Maria Antônia, irmã de Zita que se fez monja beneditina, descreve o relacionamento de Carlos com sua esposa: “A vida de família de Carlos foi, de fato, segundo o ideal cristão; foi uma harmonia perfeita de pensamentos e princípios, não havia segredos entre os dois, era a abertura completa, leal, recíproca, a confiança absoluta. ...Carlos sempre foi para sua esposa o melhor dos maridos, e para seus filhos, um modelo de pai. Quando estava ausente, telefonava todos os dias para sua esposa ... para ter notícias da família e tranquilizá-la em suas obrigações ..., seguia tudo com interesse, de maneira cordialíssima e dava conselhos e diretrizes”.

É inspirador...

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Rezar é viver



Orar não é fácil. A oração exige uma relação em que você permite ao Outro entrar no centro de sua pessoa, permite-lhe falar ali, permite-lhe tocar o núcleo sensitivo de seu ser e permite-lhe ver tudo o que você  preferiria deixar oculto na escuridão. Mas será que em algum momento você quer realmente fazer isso? Talvez você permitisse ao Outro cruzar o limiar para dizer algo, tocar algo, mas deixá-lo ir até aonde sua vida toma forma...isso é perigoso e ativa todas as defesas.

A resistência à oração é como a resistência de punhos firmemente cerrados. Punhos cerrados são a imagem da tensão, do desejo de proteger-se fortemente a si mesmo, de uma avidez que revela medo.

Ao homem convidado a rezar se pede que abra seus punhos firmemente cerrados e dê seu último domínio. Mas quem quer fazer isso? No início a oração é sempre dolorosa, porque você descobre que não quer se desfazer de nada. Você logo se agarra ao que é familiar, mesmo que não tenha motivos para isso. E você se descobre a dizer: "Minhas coisas são assim. Gostaria que fossem diferentes, mas não são. Elas são assim e pronto! Não tenho como fazer diferente".

Você fala como se já tivesse desistido de acreditar que sua vida pode ser diferente; você deixou a esperança de uma nova vida se esvair. Se você não ousa fazer ao menos uma pergunta a partir de sua própria experiência com todos os seus apegos é porque já se enrolou no destino dos fatos. Você se sente mais seguro apegando-se a um triste passado do que confiando em um novo futuro. Por isso você enche as mãos com pequenas moedas pegajosas das quais nunca quererá se desfazer.

O desapegar-se geralmente é entendido como perda de algo atrativo. Mas também pode significar que estávamos apegados a algo repulsivo. Você pode se apegar ao seu ódio. Enquanto busca a retaliação, você permanece preso a seu passado. Às vezes parece que você perderá a si mesmo ao se livrar da vingança e do ódio...e fica aí de punhos cerrados, fechado ao outro que deseja curá-lo.

Talvez você ache um jeito de rezar nas palavras do anjo aos pastores assustados, as mesmas palavras que o Senhor Ressuscitado disse a seus discípulos: "NÃO TENHAM MEDO"! Não tenham medo Dele, que quer adentrar o espaço onde você vive, não tema deixá-Lo ver aquilo a que você se apega tão ansiosamente. Não tenha medo de expor a Ele a moeda ensebada, com a qual você só poderia comprar bem pouca coisa. Não tenha medo de oferecer-lhe seu ódio, amargura, desapontamento, porque ele se revela como amor.

Alguém lhe dirá: "Você precisa perdoar-se a si mesmo". Mas isso não é possível. O que você pode fazer é abrir as próprias mãos sem medo, para que o Outro possa soprar seus pecados para longe. 

Então você sentirá o gostinho da nova liberdade, e orar será uma alegria, reação espontânea ao mundo e às pessoas a sua volta. Orar se tornará, então, atitude sem esforço, inspirada e vívida, ou pacífica e quieta. E você reconhecerá tanto a festa como a simplicidade, como momentos de oração. E começará a suspeitar que rezar é viver.

Henri J. M. Nouwen

segunda-feira, 12 de maio de 2014

A devoção mariana na espiritualidade paulina


A mãe de Pe. Alberione era muito devota a Nossa Senhora. A paróquia de nosso Fundador na infância era Nossa Senhora das Flores. Talvez destas duas raízes tenha brotado nele uma vida de intensa oração mariana. 
Pe. Alberione afirma que nossa vocação a Cristo Mestre será preparada pela vocação à Maria.
Segue abaixo, na íntegra, o texto de nosso retiro mensal de maio. Você também pode fazer uso dele para tirar algumas conclusões e reflexões sobre a importância de Maria na vida de todo cristão.

Retiro dos Institutos Paulinos de Vida Secular Consagrada

Fundamentação Bíblica

No sexto mês o anjo Gabriel foi enviado da parte de Deus para uma cidade de Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, da casa de Davi. O nome da virgem era Maria. Entranhado onde ela estava o anjo lhe disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor é contigo!” (Lc 1,26-28)

Fundamentação Doutrinal

484. A Anunciação a Maria inaugura a «plenitude dos tempos» (Gl 4, 4), isto é, o cumprimento das promessas e dos preparativos. Maria é convidada a conceber Aquele em quem habitará «corporalmente toda a plenitude da Divindade» (Cl 2, 9). A resposta divina ao seu «como será isto, se Eu não conheço homem?» (Lc 1, 34) é dada pelo poder do Espírito: «O Espírito Santo virá sobre ti» (Lc 1, 35).
488. «Deus enviou o seu Filho» (GI 4, 4). Mas, para Lhe «formar um corpo» (129), quis a livre cooperação duma criatura. Para isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe do seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, na Galileia, «virgem que era noiva de um homem da casa de David, chamado José. O nome da virgem era Maria» (Lc 1, 26-27): «O Pai das misericórdias quis que a aceitação, por parte da que Ele predestinara para Mãe, precedesse a Encarnação, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, também outra mulher contribuísse para a vida (130).
490. Para vir a ser Mãe do Salvador, Maria «foi adornada por Deus com dons dignos de uma tão grande missão» (137). O anjo Gabriel, no momento da Anunciação, saúda-a como «cheia de graça»(138). Efetivamente, para poder dar o assentimento livre da sua fé ao anúncio da sua vocação, era necessário que Ela fosse totalmente movida pela graça de Deus.
494. Ao anúncio de que dará à luz «o Filho do Altíssimo», sem conhecer homem, pela virtude do Espírito Santo (144), Maria respondeu pela «obediência da fé» (145), certa de que «a Deus nada é impossível»: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38). Assim, dando o seu consentimento à palavra de Deus, Maria tornou-se Mãe de Jesus. E aceitando de todo o coração, sem que nenhum pecado a retivesse, a vontade divina da salvação, entregou-se totalmente à pessoa e à obra do seu Filho para servir, na dependência d'Ele e com Ele, pela graça de Deus, o mistério da redenção (146).
1 Catecismo da Igreja Católica.

Fundamentação Carismática Paulina

O Pe. Alberione, fundador da Família Paulina, sentiu de modo especial a presença da mãe de Deus em suas atividades apostólicas, e convidou suas Congregações e Institutos a venerá-la com o título de “Rainha dos Apóstolos”... Os títulos atribuídos à Virgem são apenas pontos de partida para um aprofundamento de toda a realidade de Maria, no mistério de Cristo. O Pe. Alberione fez as mais penetrantes considerações sobre a virgem Maria, enfocando-a sob o aspecto de Rainha dos Apóstolos: portadora do Cristo integral, e portanto exemplo máximo de “apostolado”.
Maria dá-nos sempre o Cristo, como um ramo que o carrega e oferece aos homens: passível, glorioso, eucarístico, Caminho, Verdade e Vida dos homens.
É a Apóstola de Jesus; não apenas com palavras, mas com a mente, vontade, coração.
Palavras: as necessárias e essenciais.
Obras: sempre e perfeitamente.
Vontade: toda; como vivia na caridade.
Inteligência: sabendo, desde a Encarnação, de qual filho se tornava Mãe.
Mais que (com) tinta: escreveu Jesus, isto é, formou-o com seu próprio ser, com seu sangue, por virtude do Espírito Santo.
Dando-nos Jesus, deu-nos, nele, o santo Evangelho. Dando-nos Jesus, apresentou-nos, nele, todas as perfeições.
Dando-nos Jesus, deu-nos a Redenção, a Eucaristia, a Vida. "Salve Rainha, Mãe de misericórdia; vida doçura, esperança nossa.
Maria, portanto, é a Apóstola, a Rainha dos Apóstolos, o modelo de todo apostolado, a inspiradora de rodas as virtudes apostólicas. Entoem-lhe cânticos o céu e a terra! E por ela, com ela e nela se eleve à Santíssima Trindade todo louvor. [CISP 38]
Maria traz o sorriso humano e a alegria celeste, mesmo que nessa casa tenha entrado a dor.
Maria traz sua luz celeste, que se difunde placidamente nas almas, mesmo que nelas haja trevas e ignorância.
Maria suaviza os corações, leva-os à prática do bem, santifica os costumes, difunde o bem-querer entre todos.
Maria ajuda os cônjuges em sua mútua compreensão e afeto, dá docilidade aos filhos, paciência e laboriosidade a todos.
Com Maria a fé recebe novo alento, a esperança do céu é reforçada, a caridade difundida e a vida cristã restabelecida na casa. [CISP 574]
2 ALBERIONE, Tiago. Pensamentos. Edições Paulinas. São Paulo. 1973

Diácono Erivaldo Dantas, ssp

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Vocações, testemunho da verdade



Amados irmãos e irmãs!

Narra o Evangelho que «Jesus percorria as cidades e as aldeias (...). Contemplando a multidão, encheu-Se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como ovelhas sem pastor. Disse, então, aos seus discípulos: "A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe"» (Mt 9, 35-38). Estas palavras causam-nos surpresa, porque todos sabemos que, primeiro, é preciso lavrar, semear e cultivar, para depois, no tempo devido, se poder ceifar uma messe grande. Jesus, ao invés, afirma que «a messe é grande». Quem trabalhou para que houvesse tal resultado? A resposta é uma só: Deus. Evidentemente, o campo de que fala Jesus é a humanidade, somos nós. E a ação eficaz, que é causa de «muito fruto», deve-se à graça de Deus, à comunhão com Ele (cf. Jo 15, 5). Assim a oração, que Jesus pede à Igreja, relaciona-se com o pedido de aumentar o número daqueles que estão ao serviço do seu Reino. 

São Paulo, que foi um destes «colaboradores de Deus», trabalhou incansavelmente pela causa do Evangelho e da Igreja. Com a consciência de quem experimentou, pessoalmente, como a vontade salvífica de Deus é imperscrutável e como a iniciativa da graça está na origem de toda a vocação, o Apóstolo recorda aos cristãos de Corinto: «Vós sois o seu [de Deus] terreno de cultivo» (1 Cor 3, 9). Por isso, do íntimo do nosso coração, brota, primeiro, a admiração por uma messe grande que só Deus pode conceder; depois, a gratidão por um amor que sempre nos precede; e, por fim, a adoração pela obra realizada por Ele, que requer a nossa livre adesão para agir com Ele e por Ele.
 
Também hoje Jesus vive e caminha nas nossas realidades da vida ordinária, para Se aproximar de todos, a começar pelos últimos, e nos curar das nossas enfermidades e doenças. Dirijo-me agora àqueles que estão dispostos justamente a pôr-se à escuta da voz de Cristo, que ressoa na Igreja, para compreenderem qual possa ser a sua vocação. Convido-vos a ouvir e seguir Jesus, a deixar-vos transformar interiormente pelas suas palavras que «são espírito e são vida» (Jo 6, 63). Maria, Mãe de Jesus e nossa, repete também a nós: «Fazei o que Ele vos disser!» (Jo 2, 5). Far-vos-á bem participar, confiadamente, num caminho comunitário que saiba despertar em vós e ao vosso redor as melhores energias. A vocação é um fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor uns aos outros que se faz serviço recíproco, no contexto duma vida eclesial autêntica. Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si. A vocação brota do coração de Deus e germina na terra boa do povo fiel, na experiência do amor fraterno. Porventura não disse Jesus que «por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 35)?
 
Disponhamos, pois, o nosso coração para que seja «boa terra» a fim de ouvir, acolher e viver a Palavra e, assim, dar fruto. Quanto mais soubermos unir-nos a Jesus pela oração, a Sagrada Escritura, a Eucaristia, os Sacramentos celebrados e vividos na Igreja, pela fraternidade vivida, tanto mais há-de crescer em nós a alegria de colaborar com Deus no serviço do Reino de misericórdia e verdade, de justiça e paz. E a colheita será grande, proporcional à graça que tivermos sabido, com docilidade, acolher em nós. Com estes votos e pedindo-vos que rezeis por mim, de coração concedo a todos a minha Bênção Apostólica.

Vaticano, 15 de Janeiro de 2014
FRANCISCO