segunda-feira, 25 de abril de 2016

O melhor legado para os filhos


A educação dos filhos é uma tarefa árdua que exige por parte dos pais foco e determinação. É necessário ter em mente o que esperamos para o futuro deles, e o que é o prioritário de verdade em nossa existência.

A chegada do primeiro filho na vida de um casal é algo impactante sob vários aspectos, especialmente sobre o fato de que as mudanças vão exigir dos pais um olhar para fora do "eu e você".  Sabemos que alguns matrimônios sucumbem justamente pela impossibilidade de se assumir tal responsabilidade... Mas como é maravilhoso olhar para aquele pedacinho de gente que já tem no rosto algumas marcas do pai ou da mãe, e que é uma promessa de uma história de vida única e irrepetível que enche a família de esperança...

Hoje se vê uma preocupação excessiva, desde muito cedo, com a expansão das potencialidades dos pequeninos, seja investindo já na sua formação cultural,  na sociabilização antes mesmo de começarem a falar, e na prática de multitarefas que os preparem para um resultado melhor na competitividade da futura  vida profissional.

Na verdade, as crianças não precisam de muita coisa para crescerem equilibradas social e afetivamente, de modo que possam se tornar adultos capazes de se realizarem em suas vidas. O que as crianças  precisam fundamentalmente é sentirem-se amadas -  não mimadas, mas cuidadas - precisam crescer num ambiente onde haja estabilidade emocional e respeito, precisam de horário e método para que entendam que tudo obedece a uma lógica de tempo e lugar,  precisam da presença de pessoas que exerçam autoridade para reger toda esta orquestra. Estas pessoas podem ser a mãe, ou o pai, ou quem seja responsável pela criação da criança. Há que se pensar também nos lares onde só existe um dos dois que está presente para tocar a família... Ainda neste caso a regra ainda funciona do mesmo modo.

Num contexto ainda mais profundo, tendo consciência de que os filhos não nos pertencem e que são dons de Deus para nós, é necessário pensar em formar a alma deles desde muito cedo, porque somos responsáveis também pela sua formação religiosa, e isto pode ser quase que um divisor de águas na educação das crianças.

Se as crianças desde cedo precisam de disciplina para poderem compreender a lógica da vida em sociedade, a religião vem dar o sentido para todas as medidas necessárias nessa educação de forma que os filhos se tornem cidadãos dignos e futuros homens e mulheres éticos e com senso moral. A religião é o esteio de uma educação que não visa só um futuro onde o homem tenha condições de se manter financeiramente e socialmente, mas a estrutura que fará deste homem ou mulher uma pessoa capaz de enfrentar as dificuldades da vida, ciente de quem há Alguém que caminha junto dele(a) em todas as situações. Isso faz toda a diferença, porque sabemos que viemos de Deus e caminhamos a cada dia ao seu encontro.

Educar para a fé é dar o melhor legado a um filho. É oferecer o que a vida tem de mais alto e excelente, porque tudo passa, só Deus permanece para sempre, e só Ele é a grande resposta para todos os questionamentos da vida. Nele tudo faz sentido e tudo tem um porquê, e uma para que, mesmo o que é duro, dolorido e penoso, pois Ele é o único capaz de nos dar a graça de aceitar os fracassos e desilusões sabendo que quem coloca o ponto final em tudo é Ele.

Por fim, educar para a fé, é responder plenamente à responsabilidade da paternidade e da maternidade, porque como batizados temos o dever de transmitir aquilo que recebemos da Igreja e de nossos próprios pais, ainda mais àqueles que vieram ao mundo através de nós.

Malu - ISF

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Cuida de ti próprio




A Santíssima Virgem, quando Jesus já tinha sido elevado ao céu, explicou aos Apóstolos a infância de Jesus Menino, de Jesus criancinha, e contou o episódio da anunciação, o episódio do nascimento de Jesus em Belém, a fuga para o Egito, o regresso a Nazaré, e depois a apresentação de Jesus no templo, assim como o aparecimento dos magos e a adoração anterior em Belém por parte dos pastores; e, depois, também a perda de Jesus com doze anos no Templo. Seria bom que penetrássemos um pouco nos mistérios da vida privada de Jesus em Nazaré: cerca de trinta anos!

Jesus viera do céu, encarnou-se, para redimir a humanidade e para revelar o Seu evangelho e para redimir o homem e oferecer-Se como vítima ao Pai celeste. Entretanto, na vida pública passa apenas três anos e alguns meses e dedica trinta anos à vida privada: isto significa um décimo de toda a sua vida na vida pública, no ministério público e, pelo contrário, nove décimas da sua vida privada em Nazaré.
O que isto significa? Nós, que temos pouca capacidade para conhecer os mistérios divinos, até poderemos dizer: mas pelo menos quando tinha vinte anos poderia ter começado a pregação pública! Não. Porque veio para revelar o Evangelho, veio para redimir o homem e permanecer trinta anos na vida privada. Nove décimos! Isto não é um mistério? Já pensámos nisto muitas vezes: um mistério. Mas se depois penetrarmos neste facto um pouco mais, chegamos a compreender a razão e deixará de ser um mistério para nós, porque as virtudes privadas são as mais importantes, porque primeiro devemos procurar a nossa santidade, antes de ir ensinar aos outros!

Porque o Senhor sabe que a maioria dos homens tem uma vida privada, mas não apostólica, e então o que se necessita? Especialmente são necessárias as virtudes domésticas. O Senhor Jesus queria restaurar a humanidade, mas tinha de começar por dar um exemplo de santidade, para que todos fossem santos. Este é necessário para todos. E dar o exemplo das virtudes domésticas. Porque foi necessário constituir a sociedade civil e a sociedade da Igreja? Para existirem as virtudes domésticas, para que as famílias sejam bem ordenadas, organizadas, porque as famílias são a célula da Igreja; da Igreja e a célula dos povos, do Estado.

O que, portanto, Jesus fez em todos aqueles anos, numa casinha escura, longe dos olhares, sem dar a perceber a Sua onipotência, por exemplo operando algum milagre: apenas se viu uma cintila de luz da sua sabedoria, como, por exemplo, quando foi ao Templo, aos doze anos de idade.

Oh! As virtudes individuais, as nossas virtudes, em primeiro lugar, devemos cuidar delas. Isto significa: a fé, a esperança, a caridade, a humildade, a docilidade, a paciência. Primeiro, ser santos! Ninguém pode dar frutos se a planta não existir, ou então se não for robusta. E que faz um agricultor? O agricultor vai tratar a raiz da planta e isto significa que deve ser bem regada, bem estrumada, etc. Então, se for robusta, acredita-se, cresce porque bem alimentada: ah! que frutos, flores e folhas aquela planta as irá ter! […]

O apostolado é fruto da nossa santidade interior. É mesmo assim. Não olhemos sobretudo para as coisas exteriores e para o que conseguiremos fazer, etc.: pensemos, sim, que a primeira coisa que deve ser feita é fazermo-nos santos; depois, o apostolado será uma consequência. […]

Devemos ter medo do apostolado se antes de mais nada não existir a santidade, porque até poderá ser uma tentação: passar a vida a olhar para os outros, a observar os outros e até, talvez, a julgá-los e a condená-los. E este defeito existe mesmo lá onde não deveria existir! Cuida de ti próprio! […]

Portanto, a vida interior, a santidade em casa, as virtudes domésticas, aquelas virtudes mínimas do dia a dia, que são as que enchem os dias de méritos. Os heroísmos, as virtudes excecionais poucas vezes temos que praticá-las, mas geralmente são as pequenas obediências, as pequenas atenções, as pequenas ações que se devem cuidar, sim, porque não existe nada de pequeno no serviço de Deus.

Pe. Tiago Alberione

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Não são suficientes os votos privados?


 

O artigo a seguir foi elaborado pela revista espanhola “Alégrate”. Esta publicação é elaborada pelos membros dos Institutos de Vida Secular Consagrada (IVSC) da Pia Sociedade de São Paulo. Este blog também é elaborado pelos membros do Instituto Santa Família (pertencente à mesma Família Paulina), formado por casais consagrados através da profissão pública dos votos de obediência, castidade (segundo o estado matrimonial) e pobreza (abertura para o próximo).

O artigo se dirige aos integrantes do Instituto Jesus Sacerdote, mas pode ser aplicado a todos os membros dos IVSC.

“Admitindo que a profissão dos votos evangélicos seja um grande bem para o sacerdote e para a Igreja, não é suficiente fazê-la secretamente na própria alma com a aprovação do confessor? Por que é melhor professar em institutos aprovados pela Igreja?

Não há dúvida de que também a profissão privada dos conselhos evangélicos de castidade consagrada a Deus, de pobreza e obediência feita no segredo da própria consciência tem um grande valor aos olhos de Deus. Mas a profissão pública, quer dizer, a profissão feita nos institutos aprovados pela Igreja, é uma coisa maior, mais vantajosa para a pessoa e para as almas:

  1. Porque a consagração a Deus é tanto mais perfeita quanto mais sólidos e estáveis são os vínculos que o unem a Ele. Quem faz votos privados não entra num 'estado'; quem faz votos num instituto entra num 'estado de vida', por estar fundado em um ato público e reconhecido pela legítima autoridade.
  1. Porque na profissão pública 'é a própria Igreja, com a autoridade que Deus lhe confiou, que recebe os votos'.
  1. 'Porque toda a Igreja, corpo místico de Cristo, implora a Deus, com sua oração pública, as ajudas e as graças para aqueles que fazem a profissão'.
  1. 'Porque a Igreja recomenda a Deus os que emitem os votos e lhes dá as suas bênçãos espirituais associando sua oblação espiritual ao sacrifício eucarístico'.
  1. Além do mais, é melhor professar em um instituto para participar em uma 'comunhão de bens' mais ampla, que se expressa em uma íntima fraternidade, e se manifesta nesta ajuda espiritual e material mútuas.
  1. O instituto confere uma segurança maior de continuidade, de estabilidade, de progresso, de assistência. Finalmente pertencer a um instituto mediante a profissão dos votos garante o grande bem de se assegurar para depois da morte abundantes sufrágios por parte dos irmãos de congregação.

Finalmente, é necessário dizer que com a profissão dos conselhos evangélicos, todos os mestres de almas se veem mais auxiliados no plano espiritual, apostólico, humano e social; tem mais graças para a sua própria santificação e para o seu ministério, e se assegura uma assistência fraterna na vida e maiores méritos na eternidade”.

De sacerdotes novos para tempos novos

terça-feira, 5 de abril de 2016

A derrota de hoje é a vitória de amanhã




Os jovens ainda acreditam na política? Ou estão todos descrentes com tanto escândalo que suja as páginas dos jornais?
Acontece, muitas vezes, de encontrarmos jovens que dizem: “Os políticos são todos ladrões”; “A política é suja. Eu não quero me misturar com essas coisas de jeito nenhum”.
O que se pode fazer, concretamente, para tentar despertar um pouco de confiança e de esperança nas novas gerações?
A primeira questão a tratar com os jovens é a recuperação do senso de comunidade. Se entendermos a importância da relação com os outros e da contribuição pessoal dentro da sociedade, poderemos reencontrar o otimismo na abordagem da política.
É necessário um tipo de educação que acostume as pessoas a pensar na comunidade desde os primeiros anos de vida, a se colocar em relação com os outros. Este é um primeiro passo para se compreender a importância da política como ferramenta para ajudar a comunidade.
A segunda questão a ser proposta aos jovens é a do compromisso saudável com o seu trabalho. O que é política? É a boa gestão da vida em comunidade, o que implica fazer bem o próprio trabalho como médico, operário, cabeleireiro, atendente, taxista, professor, advogado…
Precisamos lembrar aos jovens que todas as profissões podem ser realizadas correta ou incorretamente. O político enfrenta os mesmos riscos de corrupção que existem em qualquer outro trabalho.
Fazer bem o próprio trabalho significa iluminar o mundo com uma nova luz, diferente, serena, reconfortante. Significa dar um bom exemplo e ensinar aos outros que um estilo de vida honesto não é uma utopia.
A terceira e última questão a propor é a da redescoberta, positiva, de palavras importantes como “luta”, que não deve ser interpretada em sentido violento ou ideológico. É importante resgatar esta palavra.
Ao falarmos de “luta”, temos que entender, também, que a grande luta é com nós próprios. Não é uma guerra com o outro. É, antes de mais, a nossa luta diária e pessoal entre o bem e o mal.
O mundo ao nosso redor é um reflexo do que somos. Se quisermos mudá-lo para melhor, somos nós que temos que dar o primeiro passo. Se mudarmos um pouco a nossa vida para melhor, todo o mundo vai mudar. Inclusive o mundo da política.
De nada adianta pensar de modo pessimista, dizendo que a política é irremediavelmente corrupta e perversa. Se os cargos políticos são confiados a pessoas desonestas, é claro que nada vai mudar.
Os jovens podem e devem mudar a política – e não a política mudar os jovens. Para isto, é fundamental não se desanimar diante das adversidades precoces. A derrota hoje, afinal, pode ser a vitória amanhã.
Carlo Climati