segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Pe. Alberione e as virtudes domésticas


Jesus viera do céu, encarnou-se, para redimir a humanidade e para revelar o Seu evangelho e oferecer-Se como vítima ao Pai celeste. Entretanto, na vida pública passa apenas três anos e alguns meses, e dedica trinta anos à vida privada: isto significa um décimo de toda a sua vida na vida pública, no ministério público e, pelo contrário, nove décimas da sua vida privada em Nazaré.

O que isto significa? Nós, que temos pouca capacidade para conhecer os mistérios divinos, até poderemos dizer: mas pelo menos quando tinha vinte anos poderia ter começado a pregação pública! Não. Porque veio para revelar o Evangelho, veio para redimir o homem e permanecer trinta anos na vida privada. Mas se depois penetrarmos neste fato um pouco mais, chegamos a compreender a razão e deixará de ser um mistério para nós, porque as virtudes privadas são as mais importantes, porque primeiro devemos procurar a nossa santidade, antes de ir ensinar aos outros!

Porque o Senhor sabe que a maioria dos homens tem uma vida privada, mas não apostólica, e então o que se necessita? Especialmente são necessárias as virtudes domésticas. O Senhor Jesus queria restaurar a humanidade, mas tinha de começar por dar um exemplo de santidade, para que todos fossem santos. Este é necessário para todos. E dar o exemplo das virtudes domésticas. Porque foi necessário constituir a sociedade civil e a sociedade da Igreja? Para existirem as virtudes domésticas, para que as famílias sejam bem ordenadas, organizadas, porque as famílias são a célula da Igreja; da Igreja e a célula dos povos, do Estado.

O que, portanto, Jesus fez em todos aqueles anos, numa casinha escura, longe dos olhares, sem dar a perceber a Sua onipotência, por exemplo operando algum milagre: apenas se viu uma cintila de luz da sua sabedoria, como, por exemplo, quando foi ao Templo, aos doze anos de idade.

Oh! As virtudes individuais, as nossas virtudes, em primeiro lugar, devemos cuidar delas. Isto significa: a fé, a esperança, a caridade, a humildade, a docilidade, a paciência. Primeiro, ser santos! Ninguém pode dar frutos se a planta não existir, ou então se não for robusta. E que faz um agricultor? O agricultor vai tratar a raiz da planta e isto significa que deve ser bem regada, bem adubada, etc. Então, se for robusta, acredita-se, cresce porque bem alimentada: ah! que frutos, flores e folhas aquela planta as irá ter! […]

O apostolado é fruto da nossa santidade interior. É mesmo assim. Não olhemos sobretudo para as coisas exteriores e para o que conseguiremos fazer, etc.: pensemos, sim, que a primeira coisa que deve ser feita é fazermo-nos santos; depois, o apostolado será uma consequência. […]

Devemos ter medo do apostolado se antes de mais nada não existir a santidade, porque até poderá ser uma tentação: passar a vida a olhar para os outros, a observar os outros e até, talvez, a julgá-los e a condená-los. E este defeito existe mesmo lá onde não deveria existir! Cuida de ti próprio! […]

Portanto, a vida interior, a santidade em casa, as virtudes domésticas, aquelas virtudes mínimas do dia a dia, que são as que enchem os dias de méritos. Os heroísmos, as virtudes excepcionais poucas vezes temos que praticá-las, mas geralmente são as pequenas obediências, as pequenas atenções, as pequenas ações que se devem cuidar, sim, porque não existe nada de pequeno no serviço de Deus.

(Às Apostolinas - 10 agosto de1957, pp. 133-142)

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Crianças soldado: vítimas e rés de conflitos armados



Em janeiro deste ano, o Papa pedia que rezássemos pelo fim dos "meninos soldados", realidade cruel e desumana que avilta vários quesitos dos direitos da infância e adolescência. No artigo abaixo, podemos compreender um pouco mais do porquê da preocupação do Santo Padre...


"Nova Iorque (RV) – Celebra-se neste domingo (12/02), o Dia Internacional contra o uso de Crianças soldado, proclamado pelas Nações Unidas.



Segundo estimativas da ONU, mais de 100 mil crianças são utilizadas como soldados, sobretudo em Uganda, Libéria, República Democrática do Congo e Sudão.

Atualmente, existem dezenas de conflitos armados, nos quais crianças e adolescentes são aliciados e obrigados a fazer parte de exércitos nacionais, forças ou grupos armados. Muitos desses jovens são recrutados à força, outros se alistam voluntariamente, porque quase não veem ou não têm alternativa a não ser participar da guerra.

Os motivos deste presumível "voluntariado" são a falta de ocupação ou formação profissional e o desejo de fugir da violência em ambiente familiar. A vingança também é um fator que impulsiona o alistamento voluntário de crianças e adolescentes, por causa da perda de um ente querido, em consequência de conflitos armados ou guerras.

Abuso sexual
A vida das crianças soldado é dura e perigosa, afirmam especialistas das Nações Unidas, pois geralmente atuam como mensageiras, espiãs, e, muitas vezes, até precisam transportar explosivos e manejar pistolas, fuzis e metralhadoras.

As meninas frequentemente são obrigadas a satisfazer os desejos sexuais dos soldados nos acampamentos. As crianças soldado não são somente vítimas em conflitos armados, elas também são, ao mesmo tempo, réus.

Como prova de "dureza", muitas vezes, são obrigadas, sob pena de morte, a assassinar amigos e membros da própria família. As crianças também são usadas como soldados por serem mais maleáveis e dóceis que os adultos e, por isso, são doutrinadas a obedecer e a matar. Em muitos casos, isto ocorre sob a influência de drogas e bebidas alcoólicas. As crianças que passam por estas experiências sofrem danos emocionais e físicos, muitas vezes irreparáveis, durante a toda a sua vida. (MT)"


Rádio Vaticano

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Um grande sinal

No dia da Apresentação do Senhor, em torno do Papa Francisco e pelo mundo todo, renova-se a consagração destas pessoas preciosas aos olhos de Deus e de todos os cristãos. Com velas acesas, simbolizando a entrega de suas vidas e o reconhecimento do grande sinal que representam, louvamos a Deus por estes irmãos e irmãs e pedimos o fortalecimento de suas disposições para o serviço do Reino de Deus.

Sabemos que a plenitude da vida acontecerá quando Deus for “tudo em todos” (Cf. 1 Cor 15, 28). A pessoa chamada à vida consagrada é “apressada”! Deseja viver, desde já, a realidade do Céu. Faz votos públicos de entrega de sua vida ao Senhor, plena liberdade. Basta ver a imensa lista de santos e santas, passando dos mais conhecidos, como São Francisco de Assis, Santo Antônio, São João Bosco e outros, até chegar aos que continuamente são apresentados à Igreja e ao mundo, nas beatificações e canonizações, como testemunhas qualificadas, que atestam a validade permanente do Evangelho.

Estes são homens e mulheres que aceitaram serem sinais de Deus em todos os tempos. Em alguns casos, sua dedicação fundamental é a contemplação, como nos muitos mosteiros de várias ordens e congregações masculinas e femininas, verdadeiros para-raios de oração diuturna pela Igreja e pelo mundo. Outras pessoas estão presentes nas atividades pastorais, de forma ativa e dedicada, animando as Comunidades, formando catequistas, incentivando as vocações ou na animação bíblica de grupos e comunidades. Muitos religiosos e religiosas estão nas Escolas confessionais e públicas, apaixonados pela educação das novas gerações. Que dizer das pastorais sociais, como a Pastoral da Criança, da Saúde e outras áreas marcadas pelo testemunho que chega às raias do heroísmo. Em nosso país, tantos viveram tal testemunho até o derramamento do próprio sangue, mártires da verdade do Evangelho.

Deus tem um olhar pessoal e intransferível para cada cristão, e este olhar tem o nome de vocação. Convido todos os jovens a se confrontarem com a Palavra de Deus que escutam na Santa Missa, descobrindo-a como dirigida especialmente a eles. Provoco com força e ternura tantos deles que experimentam no mais profundo do coração a inquietação, que os conduz a buscarem a liberdade das coisas, dos afetos e de si mesmos, para se lançarem na maravilhosa aventura do seguimento radical de Jesus Cristo.

Aos religiosos e religiosas e outras pessoas que se consagram na profissão dos Conselhos Evangélicos, chegue o estímulo à fidelidade crescente ao Senhor, no amor a Ele e a todos os homens e mulheres de todas as idades e situações sociais, que suplicam a luminosidade do grande sinal. Olhem para Maria, aquela que é toda revestida da Palavra de Deus, o “Grande Sinal” que realiza plenamente a vocação da Igreja (Cf. Ap 12, 1-6). Nela está o dever ser que a Igreja e o Mundo esperam das pessoas consagradas.

Trechos de artigo de Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo de Belém do Pará