O acesso cada vez maior à internet trouxe às famílias o pesadelo dos sites de pornografia. Para esta geração altamente erotizada basta um clique e o mundo da distorção do sexo está a seus olhos. Muitos afirmam que as imagens destes sites não os afetam, mas relatamos a seguir a experiência de uma mulher que sentiu o peso desta prática em sua vida familiar. Segundo Pe. Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia: "Se não criamos um filtro, uma barreira, em curto espaço de tempo a nossa imaginação e fantasia serão transformados em depósito de lixo". Isso vale também para a televisão, cinema e teatro. Segundo Pe. Raniero estas imagens chegam ao nosso interior e fermentam, sendo transformadas em impulsos para a imitação. O homem é o que olha! Vejamos o relato.
"Querido Papai:
Em primeiro lugar gostaria que você soubesse que te amo e que te
perdoo por tudo o que isso fez na minha vida. Também gostaria de dizer o
que exatamente o seu vício à pornografia fez na minha vida. É provável
que você ache que isso só afetou você, ou também a sua relação com a
minha mãe, mas é justo que você saiba que também teve um grande impacto
em mim e em todos os meus irmãos.
Achei os seus vídeos pornográficos em algum lugar no seu computador
quando tinha por volta de doze anos, justo quando começava a me tornar
mulher. Em primeiro lugar achei muito hipócrita da sua parte tentar me
ensinar o que sim e o que não valia a pena ver em termos de vídeos,
filmes e televisão quando você regularmente mantinha a sua mente
entretida com esse lixo. Os seus conselhos sobre o cuidado que tinha que
ter com as coisas que via simplesmente não tinham nenhum significado
para mim.
Devido à sua pornografia percebi que a minha mãe não era a única
mulher que você olhava. Quando saíamos juntos desenvolvi uma grande
sensibilidade para dar-me conta de quando você ativava o seu olhar
sensual por outras mulheres, cartazes ou coisas. Isso me ensinou que
todos os homens têm um lado indecente no qual não se pode confiar.
Aprendi a suspeitar, e até mesmo a desprezar os homens pelo modo
depravado que percebiam as mulheres.
Lembro-me que você tentou falar comigo sobre a modéstia, sobre como a
minha maneira de vestir afeta as pessoas ao meu redor e sobre a
importância de valorizar-me pelo meu interior. As suas ações, porém, me
diziam que só seria verdadeiramente bonita e aceita se eu me visse como
as mulheres das capas de revistas ou as dos seus vídeos pornográficos.
Os seus discursos só serviam mesmo para deixar-me profundamente
irritada.
Quando cresci essas ideias tornaram-se mais fortes graças à cultura
em que vivemos. Tudo ao meu redor estava gritando que a beleza é algo
que só pode ser alcançada se você se vê e atua como “elas”. Também
aprendi a confiar cada vez menos em você, porque nada do que você dizia
era coerente com o que você fazia. Já nessa época vivia preocupada com a
possibilidade de não poder encontrar nunca um homem que me aceitasse e
amasse pelo que sou e não pela minha cara bonita.
Quando convidava amigas para casa me perguntava como você as via. Se
para você eram só minhas amigas e nada mais, ou se também você as
imaginava nas suas fantasias. Nenhuma filha jamais deveria perguntar
algo assim sobre o seu pai.
Conheci um homem. Uma das primeiras coisas que lhe perguntei foi se
ele também via pornografia. Sou grato a Deus que essa prática nunca
tenha tocado sua vida de forma significativa. No entanto, ainda temos
brigas por causa das profundas raízes que tem no meu coração a
desconfiança com os homens. Sim, apesar de todos os anos que passaram, a
sua pornografia também afetou a relação que atualmente tenho com o meu
atual marido.
Se eu pudesse dizer só uma coisa para você sobre este tema, diria o
seguinte: a pornografia não só afetou a sua vida, mas afetou a vida de
todos os que estávamos ao seu redor da forma que você nunca poderá
imaginar. Até hoje em dia me afeta graças também ao peso que esta tem na
nossa sociedade. Tenho medo do dia em que tenha que falar com o meu
pequeno filho sobre a pornografia e seus poderosos e insaciáveis
alcances; quando tenha que dizer-lhes como o vício à pornografia, como a
maioria dos pecados, não só afeta à própria pessoa.
Como já disse, eu te perdoei. E sou profundamente grata pelo trabalho
que Deus tem feito na minha vida neste campo. É uma área em que eu
ainda tenho que lutar de vez em quando, mas me ultrapassa a gratidão
para com a ajuda que Deus e meu esposo me deram. Rezo para que você
tenha superado este vício e para que todos os homens que o consideram
inofensivo abram os seus olhos para a verdade.
Com amor, a sua filha".
(O autor preferiu permanecer anônimo)
Fonte Zenit