O desemprego e a crise
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMl7ZM6um65TRUVMFru9aOd9XwOkn7CmbLuZuHwu9gAiYC38G8B7Yl99trwsSpoH9AlQv_yMqcDeySq8FmFmxRVa0e5EIAOqkDljN7GtTvY9G0QyNqhwI0DL5l3Ike0_CBOCLYUkPFo10/s320/82+Ilustracao+desemprego.jpg)
Wagner Balera é professor titular de Direitos Humanos na Faculdade de Direito da PUC-SP e conselheiro do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.
O tema número um de qualquer debate social recente é o do
incremento do desemprego.
Para que se tenha uma ideia do tamanho do problema,
comparemos os dados já consolidados dos anos de 2004 e 2014. No primeiro ano foram pagos 4,8 milhões de
benefícios enquanto que, em 2014, foram pagos 8,5 milhões.
Ocorre que, com a crise, não há incremento de
arrecadação apto a acompanhar, digamos assim, o dispêndio com o benefício do
seguro-desemprego.
Em um acórdão do TCU registra-se que no período de 2009 a
2013 as despesas atingiram 65,5 bilhões enquanto que as receitas somaram 55,1
bilhões.
Percebe-se, claramente, que a situação já era crítica há
dois ou três anos. O problema é que o quadro só se agravou dali para cá.
Mesmo assim, as receitas destinadas à cobertura do benefício
prosseguiram sendo solapadas com a DRU – desvinculação das receitas da União,
que arranca vinte por cento do montante arrecadado. Como esse torpe mecanismo
deixou de existir em dezembro de 2015, essa sangria poderia deixar de existir.
No entanto, está no Congresso Nacional uma nova proposta de prorrogação da DRU
que, ao invés de vinte por cento quer tomar trinta por cento das receitas das
contribuições sociais.
No ano passado foram tornadas mais rígidas as regras para
concessão do benefício, o que pode ser dado positivo, mormente com o
agravamento da crise. Mas o dado só é positivo para o sistema, não para aqueles
que terão negado o direito ao benefício.
Também foram solapadas as receitas por meio de desonerações
das contribuições para certos setores. As desonerações impediram o ingresso de
cerca de dez bilhões de reais nos cofres do Fundo de Amparo ao Trabalhador –
FAT – que é a conta de onde sai o dinheiro para o pagamento do benefício.
Já se chamou o desemprego do mais social de todos os riscos.
Com efeito, o trabalho é um bem do homem e está colado à sua
dignidade e à vocação que cada qual tem para a vida pessoal e comunitária.
O Brasil já ocupa o pouco honroso posto de quarto pais a
ostentar elevada taxa de desemprego. Dos duzentos milhões de desempregados no
mundo (dados da OIT), o nosso país já responde com mais de cinco por cento!
Em um mundo onde o econômico quer prevalecer, a todo o
custo, sobre o social, os problemas não se resolvem e tendem a se agravar.
Aventemos algumas propostas de solução para o problema, que
exigiriam modificação nas leis que regem a matéria.
Nem todos os segurados teriam que receber todas as parcelas.
Nem tampouco o benefício deveria ser concedido na mesma quantidade de parcelas
a todos os segurados.
Cada qual, deveria ter avaliada a respectiva necessidade e,
então, obter o benefício por tempo determinado.
A carência - período mínimo de trabalho necessário para a
aquisição do direito ao benefício – atualmente em seis meses, deve ser ampliada
em pelo menos mais seis meses, equiparando-se às carências aplicáveis ao risco
da doença e da invalidez. E deveria ser ainda maior para aqueles que pleiteiam
seguidamente o benefício. Quem tivesse recebido o benefício nos últimos trinta
e seis meses e, novamente, pleiteasse a prestação, deveria comprovar o
cumprimento de uma carência de dezoito meses.
Outro aspecto a considerar é o da idade do segurado. Todos
sabemos que quanto maior a idade, maior a dificuldade para a obtenção de novo
posto de trabalho. Para os segurados com idade superior a cinquenta anos, por
exemplo, o benefício deveria ser ampliado quanto ao período de fruição.
Enfim, eis um debate que apenas está a começar.
Deus, Pai das Misericórdias
Festejamos
a conversão do apóstolo São Paulo, 25 de janeiro de 2016, em pleno Ano Santo
extraordinário da Misericórdia, durante o qual a Igreja nos convida a
olhar para os santos, para aprender deles a viver a misericórdia.
São
Paulo nem sempre é lembrado logo quando falamos dos “santos da
misericórdia”; de fato, ele se sobressai mais como um pregador, um
teólogo e missionário. Mas se formos ver mais a fundo, ficamos
impressionados com seu enorme amor por Jesus Cristo e pela Igreja, seu
ardor missionário e sua perseverança em dar seu testemunho por Cristo e
pelo Evangelho, apesar das perseguições e ameaças que sofre.
Para
São Paulo a misericórdia não é um conceito intelectual, nem um
sentimento vago, mas corresponde ao modo de agir de Deus para com ele e
para com toda a humanidade. Ele se refere à sua conversão como um fato
de misericórdia de Deus”: “Alcancei misericórdia porque agia por
ignorância, não tendo ainda fé” (1Tm 1,13). E continua, na mesma Carta:
“Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o
primeiro. Mas alcancei misericórdia...” (1,15-16).
O
que mudou a vida de Paulo foi o seu encontro com Deus misericordioso
por meio de Jesus Cristo, “rosto visível do Deus misericordioso
invisível. Por isso, Paulo volta com frequência ao tema da misericórdia
de Deus nas suas pregações e cartas. Na saudação da Carta a Timóteo ele
deseja que “a graça, a misericórdia e a paz, da parte de Deus Pai e de
Cristo Jesus” estejam com seu destinatário (cf 1Tm 1,2; 2Tm 1,2).
Na
2ª Carta aos Coríntios, logo após a saudação, Paulo exalta a
misericórdia de Deus, que o assistiu em suas provações: “Bendito seja o
Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus
de toda consolação!” (2Cor 1,3). Ele não reconhece a misericórdia de
Deus apenas na abundante graça do perdão dos pecados que recebeu, mas
também no chamado a ser apóstolo, a anunciar o Evangelho da salvação
(cf. 2Cor 4,1) e na assistência contínua que recebe de Deus, que o
protege e não o desampara. Paulo tem consciência que vive da
misericórdia de Deus.
E
assim, ele pode dizer que “Deus é rico em misericórdia” porque nos amou
quando ainda éramos pecadores (Ef 2,4); e a prova dessa ilimitada e
inesgotável misericórdia está no envio do Filho de Deus ao mundo, por
amor aos pecadores, para que todos sejam salvos por meio dele. A
salvação é obra da misericórdia de Deus (cf. Tt 3,5). Acolher a
misericórdia de Deus também significa buscar o perdão de Deus e o
arrependimento sincero dos pecados. Por isso, ele recomenda, em nome de
Cristo, que cada um busque a misericórdia de Deus com confiança e se
reconcilie com Deus (cf. 2Cor 5,14-21).
Como
consequência do encontro com o Deus misericordioso, São Paulo recomenda
que também os cristãos e discípulos de Cristo correspondam na sua vida à
misericórdia de Deus, acolhendo-a como dom gratuito e sendo
misericordiosos uns para com os outros: “Portanto, como eleitos, santos e
amados, revesti-vos com sentimentos de misericórdia, bondade,
humildade, mansidão, paciência...” (cf. Cl 3,12).
Paulo
também incentiva a praticar as “obras de misericórdia”: ser pacientes
uns com os outros, mansos e bondosos, suportar as fraquezas dos demais,
perdoar-se reciprocamente (cf. Cl 3,12-17). Na Carta aos Romanos, ele
recomenda, “pela misericórdia de Deus”, que os fiéis se dediquem a todo
tipo de obra boa e conforme a misericórdia de Deus. A vida cristã, no
seguimento de Jesus Cristo, passa a ser identificada pela prática da
misericórdia.
Não
é sem razão que o Papa Francisco chama toda a Igreja a renovar-se na
misericórdia durante este Jubileu extraordinário da Misericórdia. E isso
consiste, em primeiro lugar, na acolhida da misericórdia de Deus. Quem
fez a experiência profunda do perdão de Deus, da gratuidade do amor e da
compaixão de Deus, também é levado a praticar a misericórdia. Esta
prática, portanto, não decorre de uma imposição moral, mas de uma
gratificante experiência vivida.
De
fato, a prática da misericórdia é recomendada por Jesus como forma de
sintonia e imitação de Deus: “sede misericordiosos como vosso Pai
celeste é misericordioso”; de maneira semelhante, Jesus ainda recomenda:
“sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (cf. Mt 5,48).
Entre
as perfeições de Deus, que devemos imitar, está a misericórdia. E a
religião agradável a Deus inclui a misericórdia, como já recomendavam os
profetas e Jesus confirmou: “misericórdia eu quero, e não sacrifícios”
(cf. Os 6,6; Mt 9,13).
São
Paulo é, portanto, um exemplo para nós sobre a acolhida da misericórdia
de Deus e a prática quotidiana da misericórdia, em vista de uma vida
cristã autêntica.
CINZAS:Páscoa no horizonte
O Ano Litúrgico é um “tempo terapêutico” que toca, desvela e transforma todas as dimensões da vida. A partir desta perspectiva, a Quaresma e a Páscoa são consideradas tempos de intensa mobilização para a mudança interior e comunitária. A expressão bíblica para indicar essa transformação é “metánoia”, que indica mudança, conversão, fazer o retorno, ter diante dos olhos outro caminho a percorrer, tomar outro atalho com uma mudança de direção.
De
acordo com este tempo litúrgico, o caminho para a transformação começa
simbolicamente com a “Quarta-feira de Cinzas”. Com a imposição das
cinzas, reconhecemos a necessidade de dar outro rumo à vida, com todo o
nosso ser. Mudar nosso coração de pedra por um coração de carne,
misericordioso, com entranhas, humano. A liturgia na Igreja expressa
isso mediante uma fórmula ritual: ao traçar a cruz com cinzas a fronte
de cada um, proclama:“Convertei-vos e crede no Evangelho”, ou seja, mude
de caminho, com renovada decisão, e assuma a causa de Jesus de Nazaré:
seu Reinado de justiça e de paz.
As
“cinzas” são o símbolo daquilo que morreu e foi reduzido à sua
expressão mínima. Cinzas obtidas dos ramos que na celebração do ano
anterior nos ajudou a fazer memória da entrada triunfante de Jesus em
Jerusalém. O modo de louvar, de rezar, de celebrar do ano passado, já
não serve mais; não podemos usar os mesmos ramos, os mesmos argumentos, a
mesma intensidade. Daqui brota a necessidade de não nos apegarmos
àquilo que serviu alguma vez para nosso crescimento espiritual e
comunitário, para fazer aparecer a novidade de uma notícia que sempre
desperta mais assombro.
Os
ramos transformados em cinzas, passaram pelo fogo. Essa é a nossa
garantia: que aquilo que passa pelo fogo, é necessariamente renovado.
Animar-nos, neste tempo de travessia, a acender o fogo para converter em
cinza o que é caduco e ultrapassado em nós; e ao nos ver rodeados de
cinzas, sentir-nos-emos esvaziados de nossas falsas seguranças e
ilusões, de nossa prepotência e auto centramento.
Das
cinzas surgirá a maturação; as folhas caídas darão lugar ao novo broto e
isto implica atrever-nos a viver com mais intensidade e criatividade,
fazendo a dura travessia em direção ao novo que nos humaniza.
As cinzas, também, apresentam a textura e a leveza para deixar-se
espalhar pelo vento, para que o “sopro do Espírito” as leve para onde
quer que seja, as lance em terras novas, conferindo-lhes novas
fertilidades.
Marcados
pelas cinzas, deixamo-nos conduzir pelo Vento do Espírito para lugares
onde seja necessário nossa presença, nosso testemunho, nossa profecia.
Quaresma é tempo para confiar nas cinzas e no vento, para sair e criar o
novo, preparar o novo mundo e fecundar a nova terra.
Para
ajudar a fazer a “travessia” de uma vida estreita e limitada a uma vida
expansiva, aberta e comprometida, a liturgia quaresmal nos convida a
viver as chamadas “práticas quaresmais” ou seja, o jejum, a esmola, a
oração como atitudes que nos permitem abrir e ampliar espaços em nosso
coração, para Deus e para os outros. São também práticas que nos fazem
crescer na identificação e no seguimento de Jesus Cristo, pois a
Quaresma implica “ter os olhos fixos n´Ele”, para deixar-nos impregnar
pelo seu “modo de ser e viver”, alargando cada vez mais as quatro
dimensões básicas da vida: relação consigo, com os outros, com a criação
e com Deus.
Fazer
jejum não se limita a renunciar algo (alimento, bebida, vícios…); tal
atitude pode nos levar a farisaísmos ou voluntarismos, quando o centro
somos nós mesmos. Fazer jejum significa ativar e reforçar os dinamismos
humanos oblativos, ou seja, aqueles que nos descentram e nos expandem na
direção do serviço e do compromisso com o outro, sobretudo os mais
pobres e excluídos. Se o jejum não nos faz mais compassivos, solidários,
com espírito de partilha... ele se reduz a uma simples penitência,
vazia de sentido. No seu horizonte, o outro não está presente.
A quaresma deverá, então, ser um tempo para “jejuar alegremente”; e isto implica duas coisas:
-
jejuar de julgar os outros e festejar a nobreza escondida em cada um;
jejuar de preconceitos que nos afastam e fazer festa por aquilo que nos
une na vida; jejuar das tristezas e celebrar a alegria; jejuar de
pensamentos e palavras doentias e alegrar-nos com palavras carinhosas e
edificantes; jejuar de lamentar fracassos e festejar a gratidão; jejuar
de ódio e festejar a paciência santificadora; jejuar de pessimismos e
viver a vida com otimismo como uma festa contínua; jejuar de
preocupações, queixas e lamentações, e festejar a esperança e o cuidado
providente de Deus; jejuar de pressas e ativismos e saber festejar o
repouso reparador;...
Algo
disto também é vivido através da prática da “esmola”, que não se reduz a
renunciar algo próprio, o que sobra. Implica fazer da vida uma contínua
“oferta”, ou seja, uma atitude de vida atenta à realidade do outro,
deixando-se afetar pela sua pobreza, sofrimento e exclusão. Trata-se de
viver o espírito de partilha, colocando “pitadas” de misericórdia nos
gestos de proximidade; ter um olhar contemplativo que sabe ler entre
linhas, que está atento à sede de compaixão daqueles que o cercam;
revelar uma forma de se relacionar com os outros de outra maneira, mais
gratuita e desinteressada; não é tirar da bolsa, mas do coração;
compartilhar o que se é e o que se tem, em suma, que seja expressão de
amor.
Enfim,
outra prática quaresmal que nos faz crescer na identificação com Jesus e
a viver na perspectiva do outro é a oração. A oração, é vista, muitas
vezes, como um modo de “terceirizar” soluções: pedir a Deus que faça o
que nós não fazemos; e se Ele não faz será sua suprema vontade que tudo
se mantenha igual, fechando a pessoa em sua cápsula tão distante da vida
das pessoas.
Quaresma é tempo propício para ter Jesus orante diante dos olhos, como referente e inspirador.
A oração de Jesus o fazia mergulhar de cheio nas dores, nas exclusões e
nas injustiças cotidianas, e o provocava a revisar suas práticas
concretas, para cultivar vínculos mais semelhantes aos que Ele descobria
como o sonho do Pai. Na oração, Jesus exalta os pequenos e excluídos;
nas experiências compartilhadas de oração vai delineando sua missão e
ampliando seus próprios limites, abre-se aos “pagãos”, reconhece e
aceita o novo que brota das margens.
Em
atitude orante, Jesus abre os olhos e ouvidos dos cegos e surdos, põe
de pé os paralíticos, anima os desfalecidos a recomeçar, cura os
doentes... A solidão no monte o impulsiona a compreender com mais
profundidade o sentido daquilo que vive e a comprometer suas mãos com
maior decisão nas vidas daqueles com quem se encontra...
Texto bíblico:Mt 6,1-6.16-18
Na oração: Em nosso interior há todo um mundo de vozes, ruídos e imagens que surgem de nós mesmos, daqueles
que nos rodeiam, de nossa comunidade e também de Deus. É preciso tomar
consciência dos “movimentos internos” que acontecem na oração,
acolhê-los, interpretá-los e verificar a direção que eles estão
indicando.
Daí
a importância do silêncio na oração; ele é a chave a raiz da palavra
carregada de vida; o silêncio é o território da palavra ousada e
criativa; a palavra mais significativa brota de uma longa espera, de um
prolongado silêncio; do silêncio brota a palavra que torna nossa vida
mais intensa, abrindo-nos a Deus e aos outros; na oração aprendemos a
distinguir e dar nome àquilo que vem de Deus; vamos aprendendo a
escolher as cores que nos ajudam a preencher nossa vida, por dentro e
por fora, com as tonalidades que melhor nos harmonizem com a paisagem
que Deus quer pintar no mundo.
Pe. Adroaldo sj
A teologia da selfie
NASA criou, em 2014, um mosaico temático feito com 36.422 fotos de pessoas de mais de cem países, tiradas por elas próprias e enviadas através das redes sociais com a hashtag #GlobalSelfie. A participação massiva é mais um reflexo do fenômeno da autofotografia, ou “selfie”, que se tornou “a palavra do ano” em 2013 na opinião do prestigioso dicionário Oxford da língua inglesa. E a “selfie” é um fenômeno que, pelo visto, parece destinado a continuar indo bem além de 2013.
O que leva as pessoas a compartilhar tantas fotos delas mesmas
tiradas por elas mesmas? Só em 2013, houve 1 milhão de publicações desse
tipo de imagem por dia! O fenômeno não é apenas resultado da atual
facilidade técnica para tirar fotos em qualquer lugar e a qualquer
momento; também existe algo de psicológico nessa manifestação cultural:
as pessoas se sentem, embora pareça uma redundância, protagonistas das
próprias fotos, não apenas por serem fotografadas, mas por se
fotografarem.
Essa dimensão do protagonismo quer testemunhar com imagens que “eu
estive lá”, que “eu sou assim”, que “eu estive com Fulano”; e, com um
pouco de sorte, conseguir, quem sabe, alguma fama efêmera, caso a imagem
se torne viral.
O fenômeno selfie pode envolver também certos matizes patológicos. Em
maio de 2014, no “Giro d’Italia”, o ciclista alemão Marcel Kittel caiu e
um jovem se aproximou dele rapidamente; mas não era para ajudá-lo, e
sim para tirar uma selfie com o atleta. Atitudes semelhantes se repetem
com muitas pessoas no mundo todo e fazem parte do pano de fundo do
curta-metragem “Aspirational”, da atriz Kirsten Dunst.
No filme, Kirsten critica a cultura da selfie e a desumanização das
pessoas em tempos de Instagram. Vemos a atriz, no curta-metragem,
esperando alguém diante de sua casa quando passam duas garotas que a
reconhecem, se aproximam com seus smartphones na mão e, sem mais nem
menos, começam a tirar selfies com ela. Terminada a “sessão
fotográfica”, as jovens vão embora praticamente sem abrir a boca. “Não
querem me perguntar nada?”, indaga Kirsten, enquanto uma das jovens se
limita a perguntar à outra: “Quantos seguidores você acha que eu vou
conseguir com esta foto?”.
“Aspirational” é uma caricatura, mas tem fundamento bastante real.
Como não recordar o menino espanhol que se emocionou até chegar às
lágrimas por ter tirado uma foto com o jogador argentino Lionel Messi?
“O que foi que o Messi disse para você?”, perguntou um jornalista ao
menino. “Nada”, foi a resposta. Ele queria a foto, não as palavras do
craque.
As selfies não são algo novo. O mito grego de Narciso nos apresenta o
rapaz que se apaixonou pela própria imagem refletida na água e,
enquanto contemplava a sua beleza, caiu no rio e morreu afogado. Aquela
“selfie mitológica”, aplicada às circunstâncias atuais, pode servir como
convite para prestarmos mais atenção não somente a essa superexposição
vaidosa, mas também à falta de autenticidade das imagens manipuladas
para aparentar o que não somos.
Historicamente falando, a primeira selfie data de 1914 e a
protagonista foi uma adolescente de 13 anos: a grã-duquesa Anastácia, da
Rússia. No âmbito religioso, podemos citar o Santo Sudário e o manto da
Virgem de Guadalupe, duas “selfies” de peculiaridade sobrenatural. E,
indo ainda mais longe, a primeira de todas as selfies remonta ao próprio
Deus e tem como fundamento teológico a Bíblia.
O capítulo primeiro do livro do Gênesis, em seus versículos 26 e 27,
diz claramente que Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Será que
não podemos considerar a nós próprios como “selfies” de Deus? Neste
sentido, cada selfie humana de hoje em dia é uma imagem que reflete algo
de divino e que remete a Deus. Mas Deus é ainda mais original e tirou a
mais perfeita de todas as selfies: Jesus Cristo, que, muito além de
mera “imagem” de Deus, é Deus em pessoa feito carne.
As selfies, de certa forma, são expressões da capacidade criadora
semeada por Deus no coração humano e materializada em imagens. Não são
uma simples popularização da fotografia, mas expressões muitas vezes
instintivas que nos revelam um pouco do anseio de eternidade que temos
na alma. Cada foto é uma forma de dizer “eu existo”, “eu faço parte da
história humana” e, ainda mais profundamente, “eu sou imagem e
semelhança de Deus”.
Jorge Henrique Mújica
Jorge Henrique Mújica
A
alegria do Evangelho e o tapa na cara do crismado
Uma reflexão
sobre a exortação Evangelii Gaudium
Por
Redação
SãO
PAULO, 27 de Novembro de 2013 (Zenit.org) - No término do ano da fé, o Santo
Padre, o Papa Francisco, publicou sua primeira exortação apostólica, com o nome
latino de Evangelii Gaudium,
ou A Alegria do Evangelho, dirigida a todos os católicos e revelando seu
pensamento sobre o anúncio do Evangelho nos tempos atuais.
Ao dar
uma lida superficial, mas consciente, dessa Exortação veio-me em mente o dia em
que recebi o sacramento do Crisma pelas mãos do meu querido, já falecido, bispo
D. João Hypólito de Moraes, que era bispo da diocese de Lorena, que englobava a
cidade de Cachoeira Paulista, meu povoado natal.
Era
tradição durante o rito do Sacramento também chamado de Confirmação, que logo
após o crismando ser ungido com o óleo do Santo Crisma, receber um tapa no
rosto no significado de acordar ou despertar para a nova realidade de deixar de
ser simplesmente um católico batizado para passar a ser um “soldado” de Cristo.
Esse tapinha no rosto, que no meu caso, por já ser, há época, amigo do referido
bispo e seu dirigido espiritual, veio carregado da força de um pai que com
humor desperta o filho para uma vida mais ativa, o que deixou minha face vermelha
pelos 30 minutos posteriores, veio com todo o peso que me correspondia agora o
anúncio ativo do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Lendo
cada linha da Evangelii Gaudium,
senti a mesma alegria de ser estapeado àquela época. Foi como se D. João houvesse
me dado aquele belo tapa no rosto novamente, só que dessa vez pelas palavras do
Papa.
O Santo
Padre nos desperta para a alegria que nasce exatamente de aceitar a Cristo, de
buscar um encontro pessoal e real com Deus vivo. O Papa já inicia sua encíclica
falando das tentações do mundo moderno que desviam nossa atenção da real alegria
que nasce de Cristo, fazendo-nos colocar nossa esperança nas coisas desse
mundo. Tirar Deus de nossas vidas gera frustração e ansiedade, como já falara o
bispo Fulton Sheen em sua obra de 1949, Peace
of Soul. E a solução para curar essa depressão, essa ansiedade é
justamente colocar Cristo no centro de nossas vidas, de nossas vontades, de
nossas ansiedades. Há um ansiedade sadia, que é a do cristão que se preocupa
com sua alma, e uma ansiedade má, que gera fobias e depressão, que nasce do
“grande risco do mundo atual, com sua múltipla e irresistível oferta de
consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração cômodo e avaro, da
busca doentia de prazeres superficiais, da consciência isolada. Quando a vida
interior se encerra nos próprios interesses, já não há espaço para os outros,
já não entram os pobres, já não se escuta a voz de Deus, já não se goza a doce
alegria de seu amor, já não palpita o entusiasmo por fazer o bem”.
“Os
fiéis também correm esse risco, certo e permanente. Muitos caem nele e se
convertem em seres ressentidos, queixosos, sem vida. Essa NÃO é a opção de uma
vida digna e plena, esse não é o desejo de Deus para nós, essa não é a vida no
Espírito que brota do coração de Cristo ressuscitado”.
Ao
lançar um roteiro em como evangelizar no início desse terceiro milênio da era
cristã, o Papa nos desperta para as consequências que surgem do encontro
pessoal com Cristo, que nos constrange a sair de nosso comodismo, pois o que é
bom tende a ser comunicado.
Para
Francisco, quando nos encontramos com Cristo, que se deixa encontrar,
encontramos algo de muito bom e não conseguimos mais manter isso somente
conosco. Esse tesouro tende a crescer quando é compartilhado, e essa é a
mensagem principal dessa Exortação Apostólica, a primeira do Papa Francisco.
O Papa
não revoluciona a mensagem da Igreja e sequer modifica doutrinas, mas nos dá um
tapa na cara para despertar-nos sobre o que a Igreja já conhece e faz há mais
de 2 mil anos, como prova a vida de tantos santos e mártires da Igreja ao longo
de sua história.
Obviamente
nesse texto não quero resumir, nem reduzir o conteúdo de toda Exortação, que
merecerá nosso estudo pormenorizado pelos próximos dias, meses e anos, mas não
há como não sentir esse golpe impulsionador e encorajador do Pontífice que,
como um bom jesuíta como é, de maneira prática, nos dá a receita de como ser
cristão em nosso dia a dia.
Francisco
está preocupado com as pessoas, com o homem, com o gênero humano, tomado pelos
pecados do orgulho, da luxúria e da avareza, essa trindade maldita que nos
afasta da Trindade Santa e da paz e alegria que surge na alma que se entrega
Deus, que não nos defrauda. Como já dizia seu antecessor, Bento XVI na Jornada
Mundial na Austrália, o atual Papa nos recorda que Cristo não nos defrauda, não
nos rouba, não nos tira nada.
O Papa,
agora, nesse marco histórico, dá um tapa no rosto de todos os fiéis católicos,
dos bispos ao mais jovem batizado, para que despertemos com um novo fervor, e
traça linhas pastorais práticas para como levar a mensagem de Cristo, perene e
sempre atual, para um povo que olha mais para si, e se entristece por isso,
nesse novo tempo.
Eu vejo
essa Exortação, particularmente, como um rito do Sacramento do Crisma para toda
Igreja, com o devido tapinha no rosto, para que acordemos e saiamos ao encontro
dos demais. Ainda temos que nos debruçar mais demoradamente sobre cada parte da
Exortação em si, o que farei nos próximos dias, mas já podemos nos alegrar por
pertencermos a essa Igreja viva e operante.
Da mesma
forma que o Sacramento da Confirmação só se inicia no rito e depois tem
consequências para toda a vida do crismado, os caminhos pastorais da nova
Exortação só começam agora, mas seus resultados ecoarão na Igreja nos próximos
tempos.
(Texto
enviado a ZENIT por José Caetano, Imago Dei News)
Apóstolo dos meios de comunicação
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2KTNrKPqgrmk6q-dSmc058Ch3-RfFcbTwUynqvPRMmmkIsAm0OKKAfQkON5GyBb8XLM73tfvq0O3xuY4fvqLgCmtk12rWSXl0TmEqI5mzK0J7KMjGcUCiESLKO7Hh1pYchEooKv_npWw/s320/Alberione_7.jpg)
MADRI,
27 de novembro de 2012 (ZENIT.org)
– Contamos hoje a história de um gigante da comunicação católica e da vida religiosa
a serviço da modernização da mensagem eclesial por meio das novas tecnologias.
Nascido na Itália, o fundador da Família Paulina, beato Tiago Alberione, vê
hoje a sua obra estendida pelo mundo todo.
Quem tem
sangue de apóstolo perscruta o que o rodeia com olhar penetrante, sempre atento
aos sinais de Deus e disposto a orar e agir sem dilação. É o caso de Tiago
Alberione. Ele nasceu na localidade italiana de San Lorenzo di Fossano em 4 de
abril de 1884. Seus sonhos infantis lhe indicavam o sacerdócio. Com a
orientação de um pároco, ele começou os estudos no seminário de Bra em 1896,
prosseguindo a formação no seminário de Alba a partir de
Onde os
santos encontram as respostas que procuram? Na oração, naturalmente. E naquela
madrugada, quando em tantos outros lugares do mundo era celebrada com grandes
faustos a chegada do ano novo, o jovem seminarista orava na catedral, prostrado
diante do Santíssimo. Em sua mente, os pensares de quem procura a glória de
Deus. Ele meditava sobre a encíclica Tametsi
Futura Prospicientibus, de Leão XIII, e, em um momento dado, o
fulgor que emanava da Sagrada Hóstia o instou a agir. Ele precisava formar-se
com toda a urgência para servir à Igreja e à humanidade de um jeito ainda
desconhecido para ele, mas que teria uma extraordinária repercussão ao longo do
século recém-nascido: a mídia, que em suas mãos se tornaria um instrumento de
inegável fecundidade apostólica.
Sete
anos mais tarde, foi ordenado padre e começou o ministério pastoral em Narzole
e em paróquias vizinhas. Pregava, dava conferências e catequizava.
Aproximava-se a hora de pôr em prática a missão que Deus determinara para ele.
Nessa época, Tiago conheceu um dos seus mais estreitos colaboradores, José
Giaccardo, e enxergou com clareza o importante papel da mulher na evangelização,
chegando à certeza de que a estrada que devia seguir para exercer o trabalho
apostólico era a dos recursos da comunicação. Sendo professor no seminário de
Alba, foi nomeado diretor do semanário Gazzetta
d'Alba em 1913. Em 1914, fundou a Sociedade de São Paulo, da qual
foi Superior Geral até 1969. Em 1915, junto com Teresa Merlo, criou a
Congregação das Filhas de São Paulo. Em 1921, ao ser erigida a Pia Sociedade de
São Paulo, alguns dos membros começaram a professar os votos privados. No mesmo
ano, pediu a aprovação da pia sociedade como congregação diocesana. Gravemente
doente em 1923, e quase desenganado pelos médicos, acabou conseguindo uma
recuperação surpreendente, que atribuiu à intercessão de São Paulo.
A obra
que Tiago fundou, nutrida com treze revistas que difundiam o evangelho a todas
as pessoas, se estendia por grande variedade de lugares. Da fecundidade do
beato dão prova as instituições que compõem a Família Paulina, um
“conglomerado” apostólico lançado entre 1914 e 1960. Tiago era um homem de
oração, com carisma entre os jovens, de fé arrebatadora. Dizia que era preciso «trabalhar com os joelhos». Sua
mente, aberta ao infinito, se resumia no «pensar
grande» que ele aconselhava aos seus, acrescentando: «Pensar e fazer; não apenas sonhar».
Jejuava
frequentemente e durante vários dias, sem que este esforço o debilitasse. Junto
às preocupações próprias da sua missão fundadora, viveu com sofrimento a
separação de alguns de seus colaboradores que o precederam na morte. Padecia de
uma escoliose que lhe causou muitas dores e que o foi enfraquecendo até o
falecimento, em 26 de novembro de 1971. Antes, fora visitado por Paulo VI, que
louvou as suas virtudes e a sua grande obra. Foi beatificado por João Paulo II
em 27 de abril de 2003.
Isabel Orellana Vilches
Sínodo: o que o Espírito diz à Igreja?
Seg, 22 de Outubro de 2012 - Terminada a 2ª. semana de trabalhos da 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre a "_nova evangelização para a transmissão da fé cristã_", já é possível perceber os rumos do caminho da Igreja nos próximos anos. O fruto do trabalho realizado pela Assembleia sinodal será agora traduzido numa Mensagem e nas propostas finais, que serão entregues ao Papa; foi ele que convocou o Sínodo para ouvir os bispos e demais participantes sobre o tema em pauta, sobre o qual ele fará, depois, a Exortação pós-sinodal.
Uma primeira constatação é que há uma urgente necessidade de uma nova evangelização, não apenas porque há tantos fatores novos e desafiadores postos à missão da Igreja, mas porque, exatamente, a missão primeira da Igreja é evangelizar e ela deve fazê-lo, proclamando o Evangelho de forma renovada para o mundo mudado. Não podemos pressupor que todos já estejam evangelizados, nem que o mundo inteiro já foi iluminado pela Boa Nova de Cristo. Vamos evangelizar de novo, pois esta é nossa missão; e temos algo de muito precioso para anunciar e compartilhar com os homens do nosso tempo!
A nova evangelização deve levar em conta a diversidade das situações em que se encontram as pessoas em relação à fé cristã: há quem crê e pratica a fé, mas precisa ser estimulado a crescer, a perseverar e a realizar as obras da fé; há quem foi batizado mas nunca foi evangelizado, ou apenas superficialmente, necessitando de um forte anúncio querigmático e de um itinerário de formação e amadurecimento na fé; e há os que estão distantes da fé cristã e da Igreja de Cristo, necessitando do primeiro anúncio e do conseqüente itinerário de crescimento e amadurecimento na fé cristã. Isso requer uma revisão nos métodos de evangelização e pastoral - uma verdadeira "conversão pastoral".
Na evangelização, temos que contar sempre com a graça de Deus, que tem a primeira iniciativa e vem ao encontro do homem; por isso, a evangelização não depende tanto de métodos e recursos técnicos em profusão, quanto de evangelizadores santos, que tenham uma profunda experiência de Deus e vivam em comunhão com Ele. Muitas foram as observações dos Padres Sinodais sobre a necessidade da boa formação, amor à Igreja e ardor missionário da parte dos evangelizadores. Diversas vezes também foi observado que o exemplo dos santos pode ser de grande ajuda para a nova evangelização: eles foram sempre os evangelizadores mais eficazes ao longo da História, sobretudo em períodos de crise na Igreja. No domingo das missões, dia 21 de outubro, o Papa Bento XVI proclamou mais 7 santos da Igreja e lembrou a vida e a obra dos santos, como fatos de evangelização.
Lugar de destaque na nova evangelização devem ter a Liturgia, fonte e cume de toda ação da Igreja, especialmente a Eucaristia dominical; o anúncio abundante da Palavra de Deus, com destaque para a homilia e a catequese; o Sacramento da Penitência deverá ser valorizado mais, assim como as devoções e a religiosidade popular, mediante as quais a fé é cultivada e transmitida. Destacada foi a referência à paróquia, como expressão concreta e indispensável da comunidade de fé, espaço para a evangelização, as manifestações da vida eclesial e da comunhão na mesma fé, esperança e caridade. As pequenas comunidades, nas suas múltiplas formas, foram apontadas como importantes expressões de vida eclesial e lugares para o cultivo e a transmissão eficaz da fé cristã.
O Sínodo trata com sereno realismo da atual situação da transmissão da fé, mas também com esperança; o primeiro interessado no anúncio da Boa Nova é sempre o Espírito Santo, que também vai indicando à Igreja os modos como ela o deve fazer sempre de novo. Mais do que nunca, devemos ouvir hoje o que o Espírito diz à Igreja (cf Ap 2,29).
Por: CNBB - Cardeal Odilo Pedro Scherer - Arcebispo de São Paulo (SP)
As faces da
fidelidade conjugal. O verdadeiro amor é construído dia a dia
Havia
um senhor que, todas as manhãs, ia tomar café com sua esposa, a qual se
encontrava internada em um asilo. Certa manhã, este senhor estava esperando o
ônibus. Quando olhou para o lado, viu um amigo seu que se aproximava.
Cumprimentaram-se e o senhor convidou seu amigo para sentar-se ao seu lado.
Contou ao amigo sobre sua jornada matinal de todos os dias. Ouvindo-o
atentamente, este amigo lhe perguntou:
"Por
que, todas as manhãs, você vai tomar café com sua esposa, se ela não se lembra
mais quem é você? Ela tem Alzheimer!" Nisto, aquele senhor virou-se e,
olhando profundamente nos olhos de seu amigo, disse-lhe:"Ela pode não se
lembrar de quem eu sou, mas eu me lembro de quem ela é e do compromisso que nós
assumimos perante Deus!"
Em
uma sociedade com tantas propostas de felicidade, esta pequena história nos
ensina o valor da fidelidade nas relações conjugais, em todos os momentos da
vida: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias, manhãs,
tardes e noites da vida a dois. A fidelidade entre o casal começa no período de
namoro, momento propício do conhecimento, tempo de construir uma relação madura
e humana. Estação de semeadura das flores que, um dia, irão florir nos
canteiros de uma vida conjugal sacramentada pela bênção de Deus.
A
fidelidade no casamento é fruto da fidelidade no namoro. A busca pelo que é
essencial no casamento deve sempre ser maior do que é periférico. Muitos
relacionamentos conjugais se estacionam em sentimentos periféricos, os quais
não trazem nenhum benefício para quem busca construir uma vida de amor
partilhado. O amor, que um dia os uniu, acaba sendo deixado de lado por
desentendimentos não resolvidos, pela falta de diálogo e compreensão de ambas
as partes.
Fidelidade
nas alegrias da vida, mas também nos momentos de tristeza. Fidelidade na saúde
e também na doença. O verdadeiro amor é construído dia a dia na vida do casal.
A cada nova manhã, marido e mulher são sempre convidados a renovar a fidelidade
um ao outro e a redescobrirem o motivo que, um dia, os levou ao altar: o amor
que os uniu por toda a vida.
Uma
verdadeira experiência da fidelidade conjugal passa pelo processo da gratuidade
do amor. Marido e mulher, que cobram amor um do outro, estão negociando seus
sentimentos. A própria palavra “cobrança” revela, em si mesma, seu significado:
só cobramos algo de alguém quando há uma dívida pendente. O amor conjugal não é
negócio, mas pura gratuidade, doação e entrega. Quando as cobranças começam, o
relacionamento entra num processo de contabilidade, no qual o saldo final
sempre será negativo.
A
cada novo dia, a cada nova manhã, o amor e a fidelidade devem ser renovados.
Novas esperanças devem ser semeadas no jardim da vida a dois. Esposo e esposa
devem cultivar, em conjunto, no canteiro da alma, o amor que os uniu um dia.
Descobrir que o outro não é tão perfeito como se imaginava, é um exercício de
paciência que só poderá ser vencido com as flores da paciência, do diálogo e do
perdão.
No
casamento, a fidelidade nasce da simplicidade da partilha a dois. Cada casal é
sempre convidado a descobrir, na simplicidade da vida a dois, o espetacular da
vida matrimonial.
Padre
Flávio Sobreiro
Fonte:
Canção Nova
"Quero Viver!"
"Quiero vivir
", Marcha contra o aborto
No dia 13 de maio em Roma
ROMA, terça-feira, 8 de
maio de 2012 (ZENIT.org) -
"A associação ‘Quiero Vivir’ participará da Marcha pela vida em Roma neste
domingo, 13 de maio, junto com a ‘Família Mañana’ e muitas outras associações
provida, na convicção de que corresponde aos leigos sustentar publicamente a
mensagem contra o aborto do Papa Bento XVI”. Com estas palavras, Julio Loredo,
porta-voz da associação Luces sobre el este,
da qual “Quiero Vivir” forma parte, reivindica o direito dos leigos católicos a
introduzir o tema da vida no debate público, também através de manifestações e
passeatas.
“O aborto – explica Loredo
– é do ponto de vista moral, religioso e teológico um “crime abominável”, como
lembrou muitas vezes também o Papa João Paulo II. Esta posição porém deve ser
sustentada com convicção também no âmbito político e público. Deste modo os
leigos que no domingo 13 se manifestarão em Roma, testemunharão sua fé e sua
rejeição de todas as instâncias contrárias à vida, da contracepção ao aborto e
à eutanásia. A Manifestação pela vida deve converter-se em um compromisso fixo,
a ser repetido todos os anos”.
Os participantes,
provenientes de aproximadamente 40 cidades italianas, partirão do Coliseu as
8h30 para chegar às 11h30 ao Castel Sant'Angelo, passando pelos Foros
Imperiais, Praça Venezia e Largo Argentina. "A escolha do dia da
Manifestação – acrescenta o Porta-voz de “Luces sobre el Este”- não é casual.
No dia 13 de maio a liturgia lembra a aparição de Nossa Senhora, em Fátima em
1917. Nas suas mensagens aos três partorzinhos a Virgem Maria denunciou a
situação de deterioração moral da sociedade, da qual o aborto e outras práticas
contrárias à vida são fruto. A manifestação do 13 de maio cai no âmbito de um
movimento mundial contrário a todas essas práticas”.
A primeira Manifestação
pela vida, organizada pelos Cavaleiros da Imaculada, com a participação da
associação “Quiero vivir”, aconteceu em Palermo em fevereiro de 2011. Em maio
do mesmo ano, “Quiero vivir” participou na segunda edição em Desenzano del
Garda (BS). Em fevereiro passado em Palermo, quase duas mil pessoas
participaram na Marcha pela Vida, promovida por uma coordenação de associações
da que forma parte “Quiero Vivir”.
Nota da CNBB sobre o aborto de Feto Anencefálico
Referente ao julgamento do Supremo
Tribunal Federal sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº
54
BRASILIA, sexta-feira, 13 de março
de 2012 (ZENIT.org) -
Publicamos a seguir o comunicado que a Assessoria de Imprensa da CNBB enviou
para ZENIT e também fez público hoje na sua página oficial, no qual
"lamenta profundamente a decisão do Supremo Tribunal Federal que
descriminalizou o aborto de feto com anencefalia".
A Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil – CNBB lamenta profundamente a decisão do Supremo Tribunal Federal
que descriminalizou o aborto de feto com anencefalia ao julgar favorável a
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 54. Com esta decisão, a
Suprema Corte parece não ter levado em conta a prerrogativa do Congresso
Nacional cuja responsabilidade última é legislar.
Os princípios da “inviolabilidade
do direito à vida”, da “dignidade da pessoa humana” e da promoção do bem de
todos, sem qualquer forma de discriminação (cf. art. 5°, caput; 1°, III e 3°,
IV, Constituição Federal), referem-se tanto à mulher quanto aos fetos
anencefálicos. Quando a vida não é respeitada, todos os outros direitos são
menosprezados, e rompem-se as relações mais profundas.
Legalizar o aborto de fetos com
anencefalia, erroneamente diagnosticados como mortos cerebrais, é descartar um
ser humano frágil e indefeso. A ética que proíbe a eliminação de um ser humano
inocente, não aceita exceções. Os fetos anencefálicos, como todos os seres
inocentes e frágeis, não podem ser descartados e nem ter seus direitos
fundamentais vilipendiados!
A gestação de uma criança com
anencefalia é um drama para a família, especialmente para a mãe. Considerar que
o aborto é a melhor opção para a mulher, além de negar o direito inviolável do
nascituro, ignora as consequências psicológicas negativas para a
mãe. Estado e a sociedade devem oferecer à gestante amparo e
proteção
Ao defender o direito à vida dos
anencefálicos, a Igreja se fundamenta numa visão antropológica do ser humano,
baseando-se em argumentos teológicos éticos, científicos e jurídicos.
Exclui-se, portanto, qualquer argumentação que afirme tratar-se de ingerência
da religião no Estado laico. A participação efetiva na defesa e na promoção da
dignidade e liberdade humanas deve ser legitimamente assegurada também à
Igreja.
A Páscoa de Jesus que comemora a
vitória da vida sobre a morte, nos inspira a reafirmar com convicção que a vida
humana é sagrada e sua dignidade inviolável.
Nossa Senhora Aparecida, Padroeira
do Brasil, nos ajude em nossa missão de fazer ecoar a Palavra de Deus:
“Escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19).
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
OUTONO
Faz poucos dias que o
outono chegou.
Esta estação é
especialmente querida por nós.
Em primeiro lugar, em
nossa opinião, não há estação mais bonita.
A incidência da luz do
sol nas folhas, nas montanhas, nas árvores é particularmente encantadora. O céu
tem um azul ímpar. Azul intenso, forte, absolutamente definido. Os dias
misturam-se entre quentes acompanhados de manhãs, finais de tarde e noites já
bem mais frios. Ou seja, uma estação generosa, que satisfaz a todos os gostos!
O sol escaldante nos dá
uma trégua, as precipitações da chuva diminuem e todas as culturas crescem sem
grandes traumas. É, amamos o outono!
Mas, a despeito de
qualquer paixão por esta estação, o que mais nos tem feito amar o outono e
fazer um paralelo entre esta estação e nossas vidas, tem sido o cair das folhas
das árvores.
É fascinante saber que
as árvores abrem mão de suas folhas nesta época.
Com o tempo mais frio, é
natural que as árvores tivessem que se esforçar muito mais para manter suas
folhas nutridas. O que acontece é que isso não pode ser feito sem prejudicar
toda a sua estrutura que, nesta época, está mais ocupada em manter-se viva
para, quando estiver mais quente, ela possa voltar a gerar novas e lindas
folhinhas verdes.
Assim, as folhas
despedem-se de sua matriz, numa atitude de morrer em prol da permanência da
vida de toda a árvore. Ao caírem, as folhas acabam por esquentar as raízes da
árvore, alimentá-las, com o seu apodrecimento e, assim, gerar matéria orgânica
para a nutrição do solo. As folhas dão espaço para que a vida continue,
silenciosa, sob a terra.
Meus queridos, seria
muito bom que, a exemplo da natureza, pudéssemos também aproveitar esta estação
para deixarmos ir tudo aquilo que impede que alimentemos mais e melhor nossas
vidas.
Seria muito gratificante
se, como as folhas, pudéssemos dar um adeus às estruturas passadas e, ao
morrermos para elas, pudéssemos esquentar e alimentar as possibilidades futuras
que a vida nos dá.
Todos nós precisamos, de
vez em quando, parar, observar, deixarmo-nos morrer para que o novo, a seu
tempo, refloresça.
Assim, desejamos um
excelente início de estação, com luzes, céus, folhas, e vida silenciosa
pulsando em nossas veias, em nossos corações.
Mariângela Barbosa Fernandes
Mensagens perigosas para a juventude
O artigo abaixo, foi veiculado em 2010 por ZENIT.org . De lá para cá, o que mudou? Temos notícia de espetáculos de horror na televisão brasileira, por conta dos reality shows que já extrapolaram o bom senso há muito tempo... Ou a idéia é justamente esta?
Um relatório pede para sair em sua defesa
Por padre John Flynn, L.C.
As imagens sexuais e as mensagens da mídia incentivando um comportamento promíscuo são uma ameaça para os jovens, afirma um relatório publicado pelo Ministério do Interior do Reino Unido.
O Ministério encarregou uma psicóloga independente, Dr. Linda Papadopoulos, de examinar o impacto de uma cultura invadida pelo sexo, no contexto dos esforços do governo britânico para reduzir a violência contra as mulheres.
“Mudar as atitudes irá levar muito tempo, mas isso é essencial, se quisermos deter a violência contra as mulheres e meninas”, comentou o Ministro do Interior, Alan Johnson, em comunicado de imprensa, dia 26 de fevereiro.
Tanto o governo do Partido Trabalhista como a oposição do Partido Conservador estão preocupados com o impacto da cultura contemporânea sobre os jovens. Antes da publicação do relatório, o líder dos conservadores, David Cameron, disse que estava a favor de restringir a publicidade irresponsável dirigida às crianças, relatou a BBC dia 26 de fevereiro.
No mesmo relatório - chamado “Sexualization of Young People: Review” (Sexualização dos jovens: Revisão) - Papadopoulos explicava que sua pesquisa formava parte de uma consulta que busca aumentar a consciência sobre o problema da violência contra as mulheres. Investigava em particular a questão para saber se há uma ligação entre a sexualização da cultura e a violência.
“As mulheres são veneradas - e recompensadas - por seus atributos físicos, e tanto as meninas como os meninos são pressionados a imitar esteriótipos dos respectivos gêneros desde cada vez mais novos”, comentava o relatório.
O relatório definia a sexualização como “imposição da sexualidade adulta às crianças e jovens antes que estas sejam capazes de lidar com isso, mental, emocional e fisicamente”.
Crianças como adultos, adultos como crianças
O uso de imagens sexuais na mídia não é precisamente um fenômeno recente. Não tão distante, nos últimos anos, houve um aumento de seu volume sem precedentes. Além disso, os meninos são apresentados cada vez mais como se fossem adultos, enquanto que as meninas são infantilizadas”.
“Isso mistura as linhas entre maturidade e imaturidade sexual e, na prática, legitima a noção de que as crianças podem ser tratadas como objetos sexuais”, afirmava o texto.
Ao tratar de crianças, uma das preocupações destacadas no relatório é que, em idade jovem, as capacidades cognitivas necessárias para fazer frente a essas imagens persuasivas da mídia não se desenvolveram. Junto com essa falta de capacidade para lidar com tais imagens, a capacidade de difusão de uma cultura sexualizada como resultado de que as crianças estejam frequentemente expostas à materiais que não são apropriados para sua idade.
O relatório observava que um dos temas dominantes nos programas populares é que as meninas devem se apresentar como sexualmente desejáveis, se quiserem ser populares entre os meninos. Isso está presente até mesmo para crianças mais novas, que são incentivadas a se vestir de forma que chamem atenção por seus atributos sexuais ainda que não possuam.
Muitas bonecas, por exemplo, são apresentadas de uma forma notoriamente sexualizada. Objetos como caixas de lápis e outros artigos de escola para crianças ostentam logotipo da Playboy. Roupa íntima com enchimento é comercializada e vendida para crianças até os oito anos.
E assim, a mensagem predominante para os meninos é que devem ser sexualmente dominantes e tratar o corpo feminino como objeto.
Televisão, filmes, músicas, junto com os meios impressos, todos apresentam aos jovens essa mensagem em excesso sexualizadora, observou o relatório.
Transtorno adolescente
Posto que as crianças recebem contínuos apelos a se adequar a tais imagens, um dos resultados que pode ocorrer é o descontentamento com o próprio corpo e uma baixa auto-estima que, por sua vez, pode provocar depressão e transtornos alimentares. Junto a esses transtornos como a anorexia, as mulheres jovens recorrem em grande parte à cirurgia plástica, sob pressão de se transformar em uma imagem idealizada.
As crianças e adolescentes também se encontram na mídia com uma grande quantidade de conteúdo que é explicitamente sexual ou pornográfico, acrescentou Papadopoulos. A facilidade do acesso à internet, junto com o material enviado por correio eletrônico e os telefones celulares, resulta na difícil restrição desses conteúdos aos pequenos.
De fato, observou o relatório, a indústria do sexo está liberada e se tornou parte da cultura cotidiana. Os anúncios publicitários viraram rotina na televisão, com conteúdo de casas noturnas, salas de bate-papo e canais de sexo na tv.
“O fato de que as celebridades são habitualmente apresentadas como realizadas e cobiçadas por sua atração sexual e sua aparência - com pouca referência à sua inteligência ou às suas capacidades - lança uma poderosa mensagem para as jovens sobre que é o que vale a pena, e é o que elas devem ter como objetivo”, disse o relatório.
Os pesquisadores comprovaram, ao examinar o conteúdo das páginas da web dos jovens, que muitos adolescentes colocam imagens sexualmente explícitas de si próprios, e entre seus amigos a linguagem depreciativa e humilhante é comum, afirma o relatório.
A sexualização das meninas também está contribuindo com um mercado de imagens de abusos pedófilos, relatava o estudo. Muitas meninas jovens se apresentam de forma provocativa e abertamente sexual para a visualização de outros jovens através de redes sociais ou por celulares.
“Os próprios jovens estão produzindo e trocando o que não é nada mais que ‘pornografia infantil’ - um fato confirmado pelo crescente número de adolescentes que estão sendo condenados pela posse desse material”, comentava o estudo.
Sexualização e violência
Ao tratar a questão da relação entre sexualização e violência contra as mulheres, o relatório citava investigações que mostram que os adultos que viram imagens de mulheres como objetos sexuais tendem a aceitar mais a violência.
“As evidências reunidas sugerem um contexto claro entre o consumo de imagens sexualizadas, uma tendência a ver mulheres como objetos, e a aceitação de atitudes e comportamentos agressivos como norma”, dizia o relatório.
Papadoupoulos também se referiu a uma recente pesquisa que mostrava que para muitos jovens a violência dentro das relações é algo comum. No grupo de idade entre 13 e 17 anos, uma de cada três meninas adolescentes havia sido submetida a atos não-consentidos durante uma relação, e uma de cada quatro havia sofrido violência física.
Os investigadores citados no relatório também sugeriram que, para incentivar os espectadores masculinos a perceber as mulheres como objetos sexuais, a publicidade promove uma mentalidade em que as mulheres são vistas como subordinadas e, portanto, esse é o motivo de sofrerem violência sexual.
“A repetida apresentação dos homens como dominantes e agressivos e das mulheres como subordinadas está sem dúvida perpetuando a violência contra as mulheres”, refere o estudo.
Rebelião
O relatório concluía apelando às pessoas que se deem conta de que a sexualização é um tema de profunda importância, com graves consequências para os individuos, famílias e sociedade. Estudos semelhantes nos Estados Unidos e Austrália chegaram às mesmas conclusões. Ao mesmo tempo, pede que se pesquise esse fenômeno. O relatório terminava com uma lista de 36 recomendações específicas sobre como tratar a sexualização.
Além dos relatórios como o recentemente publicado pelo Ministério do Interior britânico, a oposição à sexualização da cultura contemporânea cresce entre as pessoas comuns.
Um exemplo disso vem da Austrália, com o website Collective Shout, que fornece uma plataforma interativa para indivíduos e grupos para atuar contra as empresas e os meios de comunicação que apresentam as mulheres como objetos e a sexualização das meninas para vender produtos e serviços.
No final, talvez, a solução desses problemas como a degradação da sexualidade não consista em estabelecer mais regulamentos do governo. O que é preciso de verdade é uma mudança básica da opinião pública que seja resultado de uma revolta contra a exploração das mulheres, uma revolta que surja de pessoas conhecidas, cansadas de ver como a dignidade humana está sendo degradada.
As imagens sexuais e as mensagens da mídia incentivando um comportamento promíscuo são uma ameaça para os jovens, afirma um relatório publicado pelo Ministério do Interior do Reino Unido.
O Ministério encarregou uma psicóloga independente, Dr. Linda Papadopoulos, de examinar o impacto de uma cultura invadida pelo sexo, no contexto dos esforços do governo britânico para reduzir a violência contra as mulheres.
“Mudar as atitudes irá levar muito tempo, mas isso é essencial, se quisermos deter a violência contra as mulheres e meninas”, comentou o Ministro do Interior, Alan Johnson, em comunicado de imprensa, dia 26 de fevereiro.
Tanto o governo do Partido Trabalhista como a oposição do Partido Conservador estão preocupados com o impacto da cultura contemporânea sobre os jovens. Antes da publicação do relatório, o líder dos conservadores, David Cameron, disse que estava a favor de restringir a publicidade irresponsável dirigida às crianças, relatou a BBC dia 26 de fevereiro.
No mesmo relatório - chamado “Sexualization of Young People: Review” (Sexualização dos jovens: Revisão) - Papadopoulos explicava que sua pesquisa formava parte de uma consulta que busca aumentar a consciência sobre o problema da violência contra as mulheres. Investigava em particular a questão para saber se há uma ligação entre a sexualização da cultura e a violência.
“As mulheres são veneradas - e recompensadas - por seus atributos físicos, e tanto as meninas como os meninos são pressionados a imitar esteriótipos dos respectivos gêneros desde cada vez mais novos”, comentava o relatório.
O relatório definia a sexualização como “imposição da sexualidade adulta às crianças e jovens antes que estas sejam capazes de lidar com isso, mental, emocional e fisicamente”.
Crianças como adultos, adultos como crianças
O uso de imagens sexuais na mídia não é precisamente um fenômeno recente. Não tão distante, nos últimos anos, houve um aumento de seu volume sem precedentes. Além disso, os meninos são apresentados cada vez mais como se fossem adultos, enquanto que as meninas são infantilizadas”.
“Isso mistura as linhas entre maturidade e imaturidade sexual e, na prática, legitima a noção de que as crianças podem ser tratadas como objetos sexuais”, afirmava o texto.
Ao tratar de crianças, uma das preocupações destacadas no relatório é que, em idade jovem, as capacidades cognitivas necessárias para fazer frente a essas imagens persuasivas da mídia não se desenvolveram. Junto com essa falta de capacidade para lidar com tais imagens, a capacidade de difusão de uma cultura sexualizada como resultado de que as crianças estejam frequentemente expostas à materiais que não são apropriados para sua idade.
O relatório observava que um dos temas dominantes nos programas populares é que as meninas devem se apresentar como sexualmente desejáveis, se quiserem ser populares entre os meninos. Isso está presente até mesmo para crianças mais novas, que são incentivadas a se vestir de forma que chamem atenção por seus atributos sexuais ainda que não possuam.
Muitas bonecas, por exemplo, são apresentadas de uma forma notoriamente sexualizada. Objetos como caixas de lápis e outros artigos de escola para crianças ostentam logotipo da Playboy. Roupa íntima com enchimento é comercializada e vendida para crianças até os oito anos.
E assim, a mensagem predominante para os meninos é que devem ser sexualmente dominantes e tratar o corpo feminino como objeto.
Televisão, filmes, músicas, junto com os meios impressos, todos apresentam aos jovens essa mensagem em excesso sexualizadora, observou o relatório.
Transtorno adolescente
Posto que as crianças recebem contínuos apelos a se adequar a tais imagens, um dos resultados que pode ocorrer é o descontentamento com o próprio corpo e uma baixa auto-estima que, por sua vez, pode provocar depressão e transtornos alimentares. Junto a esses transtornos como a anorexia, as mulheres jovens recorrem em grande parte à cirurgia plástica, sob pressão de se transformar em uma imagem idealizada.
As crianças e adolescentes também se encontram na mídia com uma grande quantidade de conteúdo que é explicitamente sexual ou pornográfico, acrescentou Papadopoulos. A facilidade do acesso à internet, junto com o material enviado por correio eletrônico e os telefones celulares, resulta na difícil restrição desses conteúdos aos pequenos.
De fato, observou o relatório, a indústria do sexo está liberada e se tornou parte da cultura cotidiana. Os anúncios publicitários viraram rotina na televisão, com conteúdo de casas noturnas, salas de bate-papo e canais de sexo na tv.
“O fato de que as celebridades são habitualmente apresentadas como realizadas e cobiçadas por sua atração sexual e sua aparência - com pouca referência à sua inteligência ou às suas capacidades - lança uma poderosa mensagem para as jovens sobre que é o que vale a pena, e é o que elas devem ter como objetivo”, disse o relatório.
Os pesquisadores comprovaram, ao examinar o conteúdo das páginas da web dos jovens, que muitos adolescentes colocam imagens sexualmente explícitas de si próprios, e entre seus amigos a linguagem depreciativa e humilhante é comum, afirma o relatório.
A sexualização das meninas também está contribuindo com um mercado de imagens de abusos pedófilos, relatava o estudo. Muitas meninas jovens se apresentam de forma provocativa e abertamente sexual para a visualização de outros jovens através de redes sociais ou por celulares.
“Os próprios jovens estão produzindo e trocando o que não é nada mais que ‘pornografia infantil’ - um fato confirmado pelo crescente número de adolescentes que estão sendo condenados pela posse desse material”, comentava o estudo.
Sexualização e violência
Ao tratar a questão da relação entre sexualização e violência contra as mulheres, o relatório citava investigações que mostram que os adultos que viram imagens de mulheres como objetos sexuais tendem a aceitar mais a violência.
“As evidências reunidas sugerem um contexto claro entre o consumo de imagens sexualizadas, uma tendência a ver mulheres como objetos, e a aceitação de atitudes e comportamentos agressivos como norma”, dizia o relatório.
Papadoupoulos também se referiu a uma recente pesquisa que mostrava que para muitos jovens a violência dentro das relações é algo comum. No grupo de idade entre 13 e 17 anos, uma de cada três meninas adolescentes havia sido submetida a atos não-consentidos durante uma relação, e uma de cada quatro havia sofrido violência física.
Os investigadores citados no relatório também sugeriram que, para incentivar os espectadores masculinos a perceber as mulheres como objetos sexuais, a publicidade promove uma mentalidade em que as mulheres são vistas como subordinadas e, portanto, esse é o motivo de sofrerem violência sexual.
“A repetida apresentação dos homens como dominantes e agressivos e das mulheres como subordinadas está sem dúvida perpetuando a violência contra as mulheres”, refere o estudo.
Rebelião
O relatório concluía apelando às pessoas que se deem conta de que a sexualização é um tema de profunda importância, com graves consequências para os individuos, famílias e sociedade. Estudos semelhantes nos Estados Unidos e Austrália chegaram às mesmas conclusões. Ao mesmo tempo, pede que se pesquise esse fenômeno. O relatório terminava com uma lista de 36 recomendações específicas sobre como tratar a sexualização.
Além dos relatórios como o recentemente publicado pelo Ministério do Interior britânico, a oposição à sexualização da cultura contemporânea cresce entre as pessoas comuns.
Um exemplo disso vem da Austrália, com o website Collective Shout, que fornece uma plataforma interativa para indivíduos e grupos para atuar contra as empresas e os meios de comunicação que apresentam as mulheres como objetos e a sexualização das meninas para vender produtos e serviços.
No final, talvez, a solução desses problemas como a degradação da sexualidade não consista em estabelecer mais regulamentos do governo. O que é preciso de verdade é uma mudança básica da opinião pública que seja resultado de uma revolta contra a exploração das mulheres, uma revolta que surja de pessoas conhecidas, cansadas de ver como a dignidade humana está sendo degradada.
O VII Encontro Mundial das Famílias acontecerá de 30 de maio a 3 de junho em Milão, com a presença do Papa Bento XVI. É sempre uma excelente oportunidade para reforçar os laços e a importância da família para toda a sociedade, uma vez que esta instituição é cada vez mais atacada pela mídia e desvalorizada no âmbito geral.
Divulgado programa da visita de Bento XVI a Milão
Radio Vaticana em italiano
(Tradução: Mirticeli Medeiros
![](https://lh3.googleusercontent.com/blogger_img_proxy/AEn0k_sf-aDPbJ2PsChAOkC_ML9p1huv1Uo8lumMsPGlwtjQYlrdnsJ5yDZ7X9_PE8qpR7Ja8wjEDy7DMbIwAFhhmzYt9zU_kDLpoI3jeTwRMk-l3IFMbLyBhHHN=s0-d)
Primeiro compromisso de Bento XVI acontecerá na Catedral de Milão, na foto acima
O programa da visita que o Papa fará a Milão, a capital da Lomardia, de 1 a 3 de junho, para o encerramento do Encontro mundial das familias foi divulgado na manhã desta terça-feira, 28, através de uma coletiva de imprensa promovida pela diocese da cidade.
O arcebispo de Milão, cardeal Angelo Scola e o presidente do Pontificio Conselho para a famílias, Cardeal Ennio Antonelli ilustraram aos jornalistas as etapas principais da visita milanesa de Bento XVI.
O programa
O Papa aterrisará em Milão por volta das 17h do dia primeiro de junho e logo em seguida, no Duomo, a catedral de Milão, se encontrará com o povo. Às 19h30, se transferirá para o Teatro alla Scala, para assistir ao concerto que será oferecido e ele. Entre os compromissos centrais de sábado, 2 de junho, o encontro com os crismandos em San Sito e às 20h30, a festa com as famílias de todo o mundo em Milão Parque Norte. No dia 3 de junho, ainda em Milão Parque Norte, Bento XVI presidirá a missa e ao final rezará a oração mariana do Angelus. Á tarde, saudará os organizadores do encontro mundial das famílias, antes de voltar para a Roma, cuja viagem está prevista para as 17h30.
Saiba mais.:Site oficial do Encontro Mundial para as famílias
.:Mensagem do Papa Bento XVI
ORAÇÃO PARA O VII ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS
Pai de nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Pai
nós Te adoramos, Fonte de toda
comunhão.
Proteja e abençoa as nossas famílias
para que nelas haja comunhão e
doação mútua entre os esposos,
entre pais e filhos.
Nos te contemplamos Artífices de
toda perfeição e de toda beleza.
Conceda a cada família um trabalho
digno e justo,
para podermos ter o necessário
sustento
e gozar do privilégio de sermos teus
colaboradores
na edificação do mundo.
Nós te glorificamos, Motivo de
júbilo e de festa.
Abre também às nossas famílias o
caminho da alegria e do repouso
para podermos gozar, desde então,
daquela alegria perfeita
que nos doaste em Cristo
Ressuscitado.
Assim os nossos dias laboriosos e
fraternos
são frestas abertas sobre o teu
mistério de amor e de luz,
que o Cristo teu Filho nos revelou
e o Espírito vivificador nos
antecipou.
E nos viveremos satisfeitos de
sermos a tua família,
no caminho para Ti, Deus bendito
para sempre.
Amém
Nós, como casais católicos praticantes, estamos cada vez mais preocupados com os modelos de relações afetivas que vão se cristalizando em nossa sociedade contemporânea. Hoje vemos de tudo, mas nada que possa oferecer as graças que confere o Sacramento do Matrimônio, selado no vínculo com o Mestre Divino e amparado no abraço da Igreja.
O Matrimônio: uma promessa para sempre
Este é o tema que deu inicio ao ciclo Diálogo na catedral, na Basílica de São João em Latrão
ROMA, sexta-feira, 02 de março de 2012(ZENIT.org) – Educar os jovens a partir do amor, mas não um
sentimento genérico, e sim aquele conjugal, onde existe a promessa “para
sempre”. Este é o tema que deu inicio ao ciclo “Diálogo na catedral”, na
Basílica de São João em Latrão.
“Neste novo ciclo – explicou o vigário Agostino Vallini aos presentes -
quisemos colocar uma atenção particular ao tema da educação das futuras
gerações, respondendo assim ao convite que muitas vezes nos fez Bento XVI. A
vida não é fácil, frequentemente os jovens são obrigados a enfrentar momentos
difíceis, mas apesar disso, é sobretudo uma aventura apaixonante, e nós damos
apenas algumas sugestões para caminhar na via justa”.
Muitas vezes são estas dificuldades que levam os jovens a serem hesitantes
na escolha pelo casamento. “Hoje – explicou Eugenia Scambini, docente da
Universidade Católica Del Sacro Cuore em Milão, uma das relatoras do encontro -
a extensão dos estudos, o difícil inserimento no mundo do trabalho, a
dificuldade de encontrar um lar tendem a adiar o tempo de escolha pelo
casamento, e a considerá-lo não apenas como uma escolha arriscada, mas, mais
grave, se é um risco que vale a pena correr”.
Assim, torna-se urgente educar os jovens para a importância do valor do
vínculo conjugal para efeitos de auto-realização, onde a passagem da paixão ao
amor, certamente envolve uma transformação seja do aspecto afetivo como do
compromisso, mas também de abertura a uma nova vida. E sobre a ação dos pais na
educação dos filhos, explicou: "Os filhos para crescer, precisam não
apenas de ter um bom pai e uma boa mãe, mas também de ver uma boa ligação
entre o pai e a mãe . O filho é fruto do amor deles e este é o primeiro
berço psiquico que dá consistência ao homenzinho que vem à luz e que, a fim de
desenvolver-se adequadamente necessita de laços confiáveis".
Citando o Papa Bento XVI, a psicóloga recordou que a tarefa do casal não é
segurar a criança em seus desejos, mas tirá-la de si mesma para introduzi-la na
realidade, porque os pais são mediadores das gerações. "O casal - concluiu
- está ao centro da passagem entre as gerações, pois é chamado a transmitir e
transformar, inovando-o, o patrimonio material, afetivo e moral das
gerações anteriores e entregando-o para as sucessivas".
Outro protagonista da noite foi o teólogo Padre Marco Ivan Rupnik que
enfatizou as contradições da sociedade contemporânea, que propõe modelos
egoístas de efêmera felicidade, onde em primeiro lugar vem o bem-estar
individual enquanto a do casal ocupa o segundo lugar .
"Mas ninguém é feliz sozinho! - ele disse -. Se não há amor, não pode
haver a beleza que vem deste e que permanece além da morte. O amor é um
vórtice que transforma e transfigura, só ele pode nos fazer viver eternamente!
O amor conjugal cresce do amor recebido no batismo, ou seja, de Cristo,
por isso falamos de sacralidade do matrimônio. Os filhos, se conseguem
participar desta união dos pais, toda a sua vida vai tomar um caminho diverso.
Mas não devemos esquecer que o sacramento verdadeiro é o amor entre os
cônjuges, depois é claro estão os filhos e então a família, pois naquele
sentimento da origem, está a eternidade que nos aproxima de Deus”.
A próxima rodada dos Diálogos na Catedral, é quinta-feira, 15 de março sobre
o tema Educar para a Vida Eterna: utopia ou profecia?.
Palestrantes da noite: Remo Bodei, professor da Universidade de Pisa, e Joaquín
Navarro-Valls, diretor da Assessoria de Imprensa do Vaticano até 2006, e
Presidente do Advisory Board do Campus Bio-médico de Roma.
Marina Tomarro