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O desemprego e a crise

 
 
Wagner Balera é professor titular de Direitos Humanos na Faculdade de Direito da PUC-SP e conselheiro do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.

O tema número um de qualquer debate social recente é o do incremento do desemprego.
Para que se tenha uma ideia do tamanho do problema, comparemos os dados já consolidados dos anos de 2004 e 2014.  No primeiro ano foram pagos 4,8 milhões de benefícios enquanto que, em 2014, foram pagos 8,5 milhões.
Ocorre que, com a crise, não há incremento de arrecadação apto a acompanhar, digamos assim, o dispêndio com o benefício do seguro-desemprego.
Em um acórdão do TCU registra-se que no período de 2009 a 2013 as despesas atingiram 65,5 bilhões enquanto que as receitas somaram 55,1 bilhões.
Percebe-se, claramente, que a situação já era crítica há dois ou três anos. O problema é que o quadro só se agravou dali para cá.
Mesmo assim, as receitas destinadas à cobertura do benefício prosseguiram sendo solapadas com a DRU – desvinculação das receitas da União, que arranca vinte por cento do montante arrecadado. Como esse torpe mecanismo deixou de existir em dezembro de 2015, essa sangria poderia deixar de existir. No entanto, está no Congresso Nacional uma nova proposta de prorrogação da DRU que, ao invés de vinte por cento quer tomar trinta por cento das receitas das contribuições sociais.
No ano passado foram tornadas mais rígidas as regras para concessão do benefício, o que pode ser dado positivo, mormente com o agravamento da crise. Mas o dado só é positivo para o sistema, não para aqueles que terão negado o direito ao benefício.
Também foram solapadas as receitas por meio de desonerações das contribuições para certos setores. As desonerações impediram o ingresso de cerca de dez bilhões de reais nos cofres do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT – que é a conta de onde sai o dinheiro para o pagamento do benefício.
Já se chamou o desemprego do mais social de todos os riscos.
Com efeito, o trabalho é um bem do homem e está colado à sua dignidade e à vocação que cada qual tem para a vida pessoal e comunitária.
O Brasil já ocupa o pouco honroso posto de quarto pais a ostentar elevada taxa de desemprego. Dos duzentos milhões de desempregados no mundo (dados da OIT), o nosso país já responde com mais de cinco por cento!
Em um mundo onde o econômico quer prevalecer, a todo o custo, sobre o social, os problemas não se resolvem e tendem a se agravar.
Aventemos algumas propostas de solução para o problema, que exigiriam modificação nas leis que regem a matéria.
Nem todos os segurados teriam que receber todas as parcelas. Nem tampouco o benefício deveria ser concedido na mesma quantidade de parcelas a todos os segurados.
Cada qual, deveria ter avaliada a respectiva necessidade e, então, obter o benefício por tempo determinado.
A carência - período mínimo de trabalho necessário para a aquisição do direito ao benefício – atualmente em seis meses, deve ser ampliada em pelo menos mais seis meses, equiparando-se às carências aplicáveis ao risco da doença e da invalidez. E deveria ser ainda maior para aqueles que pleiteiam seguidamente o benefício. Quem tivesse recebido o benefício nos últimos trinta e seis meses e, novamente, pleiteasse a prestação, deveria comprovar o cumprimento de uma carência de dezoito meses.
Outro aspecto a considerar é o da idade do segurado. Todos sabemos que quanto maior a idade, maior a dificuldade para a obtenção de novo posto de trabalho. Para os segurados com idade superior a cinquenta anos, por exemplo, o benefício deveria ser ampliado quanto ao período de fruição.
Enfim, eis um debate que apenas está a começar.


Deus, Pai das Misericórdias

Festejamos a conversão do apóstolo São Paulo, 25 de janeiro de 2016, em pleno Ano Santo extraordinário da Misericórdia, durante o qual a Igreja nos convida a olhar para os santos, para aprender deles a viver a misericórdia.
São Paulo nem sempre é lembrado logo quando falamos dos “santos da misericórdia”; de fato, ele se sobressai mais como um pregador, um teólogo e missionário. Mas se formos ver mais a fundo, ficamos impressionados com seu enorme amor por Jesus Cristo e pela Igreja, seu ardor missionário e sua perseverança em dar seu testemunho por Cristo e pelo Evangelho, apesar das perseguições e ameaças que sofre.
Para São Paulo a misericórdia não é um conceito intelectual, nem um sentimento vago, mas corresponde ao modo de agir de Deus para com ele e para com toda a humanidade. Ele se refere à sua conversão como um fato de misericórdia de Deus”: “Alcancei misericórdia porque agia por ignorância, não tendo ainda fé” (1Tm 1,13). E continua, na mesma Carta: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o primeiro. Mas alcancei misericórdia...” (1,15-16).
O que mudou a vida de Paulo foi o seu encontro com Deus misericordioso por meio de Jesus Cristo, “rosto visível do Deus misericordioso invisível. Por isso, Paulo volta com frequência ao tema da misericórdia de Deus nas suas pregações e cartas. Na saudação da Carta a Timóteo ele deseja que “a graça, a misericórdia e a paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus” estejam com seu destinatário (cf 1Tm 1,2; 2Tm 1,2).
Na 2ª Carta aos Coríntios, logo após a saudação, Paulo exalta a misericórdia de Deus, que o assistiu em suas provações: “Bendito seja o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação!” (2Cor 1,3). Ele não reconhece a misericórdia de Deus apenas na abundante graça do perdão dos pecados que recebeu, mas também no chamado a ser apóstolo, a anunciar o Evangelho da salvação (cf. 2Cor 4,1) e na assistência contínua que recebe de Deus, que o protege e não o desampara. Paulo tem consciência que vive da misericórdia de Deus.
E assim, ele pode dizer que “Deus é rico em misericórdia” porque nos amou quando ainda éramos pecadores (Ef 2,4); e a prova dessa ilimitada e inesgotável misericórdia está no envio do Filho de Deus ao mundo, por amor aos pecadores, para que todos sejam salvos por meio dele. A salvação é obra da misericórdia de Deus (cf. Tt 3,5). Acolher a misericórdia de Deus também significa buscar o perdão de Deus e o arrependimento sincero dos pecados. Por isso, ele recomenda, em nome de Cristo, que cada um busque a misericórdia de Deus com confiança e se reconcilie com Deus (cf. 2Cor 5,14-21).
Como consequência do encontro com o Deus misericordioso, São Paulo recomenda que também os cristãos e discípulos de Cristo correspondam na sua vida à misericórdia de Deus, acolhendo-a como dom gratuito e sendo misericordiosos uns para com os outros: “Portanto, como eleitos, santos e amados, revesti-vos com sentimentos de misericórdia, bondade, humildade, mansidão, paciência...” (cf. Cl 3,12).
Paulo também incentiva a praticar as “obras de misericórdia”: ser pacientes uns com os outros, mansos e bondosos, suportar as fraquezas dos demais, perdoar-se reciprocamente (cf. Cl 3,12-17). Na Carta aos Romanos, ele recomenda, “pela misericórdia de Deus”, que os fiéis se dediquem a todo tipo de obra boa e conforme a misericórdia de Deus. A vida cristã, no seguimento de Jesus Cristo, passa a ser identificada pela prática da misericórdia.
Não é sem razão que o Papa Francisco chama toda a Igreja a renovar-se na misericórdia durante este Jubileu extraordinário da Misericórdia. E isso consiste, em primeiro lugar, na acolhida da misericórdia de Deus. Quem fez a experiência profunda do perdão de Deus, da gratuidade do amor e da compaixão de Deus, também é levado a praticar a misericórdia. Esta prática, portanto, não decorre de uma imposição moral, mas de uma gratificante experiência vivida.
De fato, a prática da misericórdia é recomendada por Jesus como forma de sintonia e imitação de Deus: “sede misericordiosos como vosso Pai celeste é misericordioso”; de maneira semelhante, Jesus ainda recomenda: “sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (cf. Mt 5,48).
Entre as perfeições de Deus, que devemos imitar, está a misericórdia. E a religião agradável a Deus inclui a misericórdia, como já recomendavam os profetas e Jesus confirmou: “misericórdia eu quero, e não sacrifícios” (cf. Os 6,6; Mt 9,13).
São Paulo é, portanto, um exemplo para nós sobre a acolhida da misericórdia de Deus e a prática quotidiana da misericórdia, em vista de uma vida cristã autêntica.

 

CINZAS:Páscoa no horizonte




O Ano Litúrgico é um “tempo terapêutico” que toca, desvela e transforma todas as dimensões da vida. A partir desta perspectiva, a Quaresma e a Páscoa são consideradas tempos de intensa mobilização para a mudança interior e comunitária. A expressão bíblica para indicar essa transformação é “metánoia”, que indica mudança, conversão, fazer o retorno, ter diante dos olhos outro caminho a percorrer, tomar outro atalho com uma mudança de direção.

De acordo com este tempo litúrgico, o caminho para a transformação começa simbolicamente com a “Quarta-feira de Cinzas”. Com a imposição das cinzas, reconhecemos a necessidade de dar outro rumo à vida, com todo o nosso ser. Mudar nosso coração de pedra por um coração de carne, misericordioso, com entranhas, humano. A liturgia na Igreja expressa isso mediante uma fórmula ritual: ao traçar a cruz com cinzas a fronte de cada um, proclama:“Convertei-vos e crede no Evangelho”, ou seja, mude de caminho, com renovada decisão, e assuma a causa de Jesus de Nazaré: seu Reinado de justiça e de paz.

As “cinzas” são o símbolo daquilo que morreu e foi reduzido à sua expressão mínima. Cinzas obtidas dos ramos que na celebração do ano anterior nos ajudou a fazer memória da entrada triunfante de Jesus em Jerusalém. O modo de louvar, de rezar, de celebrar do ano passado, já não serve mais; não podemos usar os mesmos ramos, os mesmos argumentos, a mesma intensidade. Daqui brota a necessidade de não nos apegarmos àquilo que serviu alguma vez para nosso crescimento espiritual e comunitário, para fazer aparecer a novidade de uma notícia que sempre desperta mais assombro.

Os ramos transformados em cinzas, passaram pelo fogo. Essa é a nossa garantia: que aquilo que passa pelo fogo, é necessariamente renovado. Animar-nos, neste tempo de travessia, a acender o fogo para converter em cinza o que é caduco e ultrapassado em nós; e ao nos ver rodeados de cinzas, sentir-nos-emos esvaziados de nossas falsas seguranças e ilusões, de nossa prepotência e auto centramento.

Das cinzas surgirá a maturação; as folhas caídas darão lugar ao novo broto e isto implica atrever-nos a viver com mais intensidade e criatividade, fazendo a dura travessia em direção ao novo que nos humaniza.
As cinzas, também, apresentam a textura e a leveza para deixar-se espalhar pelo vento, para que o “sopro do Espírito” as leve para onde quer que seja, as lance em terras novas, conferindo-lhes novas fertilidades.

Marcados pelas cinzas, deixamo-nos conduzir pelo Vento do Espírito para lugares onde seja necessário nossa presença, nosso testemunho, nossa profecia. Quaresma é tempo para confiar nas cinzas e no vento, para sair e criar o novo, preparar o novo mundo e fecundar a nova terra.

Para ajudar a fazer a “travessia” de uma vida estreita e limitada a uma vida expansiva, aberta e comprometida, a liturgia quaresmal nos convida a viver as chamadas “práticas quaresmais” ou seja, o jejum, a esmola, a oração como atitudes que nos permitem abrir e ampliar espaços em nosso coração, para Deus e para os outros. São também práticas que nos fazem crescer na identificação e no seguimento de Jesus Cristo, pois a Quaresma implica “ter os olhos fixos n´Ele”, para deixar-nos impregnar pelo seu “modo de ser e viver”, alargando cada vez mais as quatro dimensões básicas da vida: relação consigo, com os outros, com a criação e com Deus.

Fazer jejum não se limita a renunciar algo (alimento, bebida, vícios…); tal atitude pode nos levar a farisaísmos ou voluntarismos, quando o centro somos nós mesmos. Fazer jejum significa ativar e reforçar os dinamismos humanos oblativos, ou seja, aqueles que nos descentram e nos expandem na direção do serviço e do compromisso com o outro, sobretudo os mais pobres e excluídos. Se o jejum não nos faz mais compassivos, solidários, com espírito de partilha... ele se reduz a uma simples penitência, vazia de sentido. No seu horizonte, o outro não está presente.

A quaresma deverá, então, ser um tempo para “jejuar alegremente”; e isto implica duas coisas:
- jejuar de julgar os outros e festejar a nobreza escondida em cada um; jejuar de preconceitos que nos afastam e fazer festa por aquilo que nos une na vida; jejuar das tristezas e celebrar a alegria; jejuar de pensamentos e palavras doentias e alegrar-nos com palavras carinhosas e edificantes; jejuar de lamentar fracassos e festejar a gratidão; jejuar de ódio e festejar a paciência santificadora; jejuar de pessimismos e viver a vida com otimismo como uma festa contínua; jejuar de preocupações, queixas e lamentações, e festejar a esperança e o cuidado providente de Deus; jejuar de pressas e ativismos e saber festejar o repouso reparador;...

Algo disto também é vivido através da prática da “esmola”, que não se reduz a renunciar algo próprio, o que sobra. Implica fazer da vida uma contínua “oferta”, ou seja, uma atitude de vida atenta à realidade do outro, deixando-se afetar pela sua pobreza, sofrimento e exclusão. Trata-se de viver o espírito de partilha, colocando “pitadas” de misericórdia nos gestos de proximidade; ter um olhar contemplativo que sabe ler entre linhas, que está atento à sede de compaixão daqueles que o cercam; revelar uma forma de se relacionar com os outros de outra maneira, mais gratuita e desinteressada; não é tirar da bolsa, mas do coração; compartilhar o que se é e o que se tem, em suma, que seja expressão de amor.

Enfim, outra prática quaresmal que nos faz crescer na identificação com Jesus e a viver na perspectiva do outro é a oração. A oração, é vista, muitas vezes, como um modo de “terceirizar” soluções: pedir a Deus que faça o que nós não fazemos; e se Ele não faz será sua suprema vontade que tudo se mantenha igual, fechando a pessoa em sua cápsula tão distante da vida das pessoas.

Quaresma é tempo propício para ter Jesus orante diante dos olhos, como referente e inspirador.
A oração de Jesus o fazia mergulhar de cheio nas dores, nas exclusões e nas injustiças cotidianas, e o provocava a revisar suas práticas concretas, para cultivar vínculos mais semelhantes aos que Ele descobria como o sonho do Pai. Na oração, Jesus exalta os pequenos e excluídos; nas experiências compartilhadas de oração vai delineando sua missão e ampliando seus próprios limites, abre-se aos “pagãos”, reconhece e aceita o novo que brota das margens.

Em atitude orante, Jesus abre os olhos e ouvidos dos cegos e surdos, põe de pé os paralíticos, anima os desfalecidos a recomeçar, cura os doentes... A solidão no monte o impulsiona a compreender com mais profundidade o sentido daquilo que vive e a comprometer suas mãos com maior decisão nas vidas daqueles com quem se encontra...

Texto bíblico:Mt 6,1-6.16-18  

Na oração: Em nosso interior há todo um mundo de vozes, ruídos e imagens que surgem de nós mesmos, daqueles que nos rodeiam, de nossa comunidade e também de Deus. É preciso tomar consciência dos “movimentos internos” que acontecem na oração, acolhê-los, interpretá-los e verificar a direção que eles estão indicando.

Daí a importância do silêncio na oração; ele é a chave a raiz da palavra carregada de vida; o silêncio é o território da palavra ousada e criativa; a palavra mais significativa brota de uma longa espera, de um prolongado silêncio; do silêncio brota a palavra que torna nossa vida mais intensa, abrindo-nos a Deus e aos outros; na oração aprendemos a distinguir e dar nome àquilo que vem de Deus; vamos aprendendo a escolher as cores que nos ajudam a preencher nossa vida, por dentro e por fora, com as tonalidades que melhor nos harmonizem com a paisagem que Deus quer pintar no mundo.

Pe. Adroaldo sj 

A teologia da selfie

 

NASA criou, em 2014, um mosaico temático feito com 36.422 fotos de pessoas de mais de cem países, tiradas por elas próprias e enviadas através das redes sociais com a hashtag #GlobalSelfie. A participação massiva é mais um reflexo do fenômeno da autofotografia, ou “selfie”, que se tornou “a palavra do ano” em 2013 na opinião do prestigioso dicionário Oxford da língua inglesa. E a “selfie” é um fenômeno que, pelo visto, parece destinado a continuar indo bem além de 2013.

O que leva as pessoas a compartilhar tantas fotos delas mesmas tiradas por elas mesmas? Só em 2013, houve 1 milhão de publicações desse tipo de imagem por dia! O fenômeno não é apenas resultado da atual facilidade técnica para tirar fotos em qualquer lugar e a qualquer momento; também existe algo de psicológico nessa manifestação cultural: as pessoas se sentem, embora pareça uma redundância, protagonistas das próprias fotos, não apenas por serem fotografadas, mas por se fotografarem.
Essa dimensão do protagonismo quer testemunhar com imagens que “eu estive lá”, que “eu sou assim”, que “eu estive com Fulano”; e, com um pouco de sorte, conseguir, quem sabe, alguma fama efêmera, caso a imagem se torne viral.
O fenômeno selfie pode envolver também certos matizes patológicos. Em maio de 2014, no “Giro d’Italia”, o ciclista alemão Marcel Kittel caiu e um jovem se aproximou dele rapidamente; mas não era para ajudá-lo, e sim para tirar uma selfie com o atleta. Atitudes semelhantes se repetem com muitas pessoas no mundo todo e fazem parte do pano de fundo do curta-metragem “Aspirational”, da atriz Kirsten Dunst.
No filme, Kirsten critica a cultura da selfie e a desumanização das pessoas em tempos de Instagram. Vemos a atriz, no curta-metragem, esperando alguém diante de sua casa quando passam duas garotas que a reconhecem, se aproximam com seus smartphones na mão e, sem mais nem menos, começam a tirar selfies com ela. Terminada a “sessão fotográfica”, as jovens vão embora praticamente sem abrir a boca. “Não querem me perguntar nada?”, indaga Kirsten, enquanto uma das jovens se limita a perguntar à outra: “Quantos seguidores você acha que eu vou conseguir com esta foto?”.
“Aspirational” é uma caricatura, mas tem fundamento bastante real. Como não recordar o menino espanhol que se emocionou até chegar às lágrimas por ter tirado uma foto com o jogador argentino Lionel Messi? “O que foi que o Messi disse para você?”, perguntou um jornalista ao menino. “Nada”, foi a resposta. Ele queria a foto, não as palavras do craque.
As selfies não são algo novo. O mito grego de Narciso nos apresenta o rapaz que se apaixonou pela própria imagem refletida na água e, enquanto contemplava a sua beleza, caiu no rio e morreu afogado. Aquela “selfie mitológica”, aplicada às circunstâncias atuais, pode servir como convite para prestarmos mais atenção não somente a essa superexposição vaidosa, mas também à falta de autenticidade das imagens manipuladas para aparentar o que não somos.
Historicamente falando, a primeira selfie data de 1914 e a protagonista foi uma adolescente de 13 anos: a grã-duquesa Anastácia, da Rússia. No âmbito religioso, podemos citar o Santo Sudário e o manto da Virgem de Guadalupe, duas “selfies” de peculiaridade sobrenatural. E, indo ainda mais longe, a primeira de todas as selfies remonta ao próprio Deus e tem como fundamento teológico a Bíblia.
O capítulo primeiro do livro do Gênesis, em seus versículos 26 e 27, diz claramente que Deus fez o homem à sua imagem e semelhança. Será que não podemos considerar a nós próprios como “selfies” de Deus? Neste sentido, cada selfie humana de hoje em dia é uma imagem que reflete algo de divino e que remete a Deus. Mas Deus é ainda mais original e tirou a mais perfeita de todas as selfies: Jesus Cristo, que, muito além de mera “imagem” de Deus, é Deus em pessoa feito carne.
As selfies, de certa forma, são expressões da capacidade criadora semeada por Deus no coração humano e materializada em imagens. Não são uma simples popularização da fotografia, mas expressões muitas vezes instintivas que nos revelam um pouco do anseio de eternidade que temos na alma. Cada foto é uma forma de dizer “eu existo”, “eu faço parte da história humana” e, ainda mais profundamente, “eu sou imagem e semelhança de Deus”.

Jorge Henrique Mújica


A alegria do Evangelho e o tapa na cara do crismado


Uma reflexão sobre a exortação Evangelii Gaudium

Por Redação

SãO PAULO, 27 de Novembro de 2013 (Zenit.org) - No término do ano da fé, o Santo Padre, o Papa Francisco, publicou sua primeira exortação apostólica, com o nome latino de Evangelii Gaudium, ou A Alegria do Evangelho, dirigida a todos os católicos e revelando seu pensamento sobre o anúncio do Evangelho nos tempos atuais.

Ao dar uma lida superficial, mas consciente, dessa Exortação veio-me em mente o dia em que recebi o sacramento do Crisma pelas mãos do meu querido, já falecido, bispo D. João Hypólito de Moraes, que era bispo da diocese de Lorena, que englobava a cidade de Cachoeira Paulista, meu povoado natal.

Era tradição durante o rito do Sacramento também chamado de Confirmação, que logo após o crismando ser ungido com o óleo do Santo Crisma, receber um tapa no rosto no significado de acordar ou despertar para a nova realidade de deixar de ser simplesmente um católico batizado para passar a ser um “soldado” de Cristo. Esse tapinha no rosto, que no meu caso, por já ser, há época, amigo do referido bispo e seu dirigido espiritual, veio carregado da força de um pai que com humor desperta o filho para uma vida mais ativa, o que deixou minha face vermelha pelos 30 minutos posteriores, veio com todo o peso que me correspondia agora o anúncio ativo do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Lendo cada linha da Evangelii Gaudium, senti a mesma alegria de ser estapeado àquela época. Foi como se D. João houvesse me dado aquele belo tapa no rosto novamente, só que dessa vez pelas palavras do Papa.

O Santo Padre nos desperta para a alegria que nasce exatamente de aceitar a Cristo, de buscar um encontro pessoal e real com Deus vivo. O Papa já inicia sua encíclica falando das tentações do mundo moderno que desviam nossa atenção da real alegria que nasce de Cristo, fazendo-nos colocar nossa esperança nas coisas desse mundo. Tirar Deus de nossas vidas gera frustração e ansiedade, como já falara o bispo Fulton Sheen em sua obra de 1949, Peace of Soul. E a solução para curar essa depressão, essa ansiedade é justamente colocar Cristo no centro de nossas vidas, de nossas vontades, de nossas ansiedades. Há um ansiedade sadia, que é a do cristão que se preocupa com sua alma, e uma ansiedade má, que gera fobias e depressão, que nasce do “grande risco do mundo atual, com sua múltipla e irresistível oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração cômodo e avaro, da busca doentia de prazeres superficiais, da consciência isolada. Quando a vida interior se encerra nos próprios interesses, já não há espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se escuta a voz de Deus, já não se goza a doce alegria de seu amor, já não palpita o entusiasmo por fazer o bem”.

“Os fiéis também correm esse risco, certo e permanente. Muitos caem nele e se convertem em seres ressentidos, queixosos, sem vida. Essa NÃO é a opção de uma vida digna e plena, esse não é o desejo de Deus para nós, essa não é a vida no Espírito que brota do coração de Cristo ressuscitado”.

Ao lançar um roteiro em como evangelizar no início desse terceiro milênio da era cristã, o Papa nos desperta para as consequências que surgem do encontro pessoal com Cristo, que nos constrange a sair de nosso comodismo, pois o que é bom tende a ser comunicado.

Para Francisco, quando nos encontramos com Cristo, que se deixa encontrar, encontramos algo de muito bom e não conseguimos mais manter isso somente conosco. Esse tesouro tende a crescer quando é compartilhado, e essa é a mensagem principal dessa Exortação Apostólica, a primeira do Papa Francisco.

O Papa não revoluciona a mensagem da Igreja e sequer modifica doutrinas, mas nos dá um tapa na cara para despertar-nos sobre o que a Igreja já conhece e faz há mais de 2 mil anos, como prova a vida de tantos santos e mártires da Igreja ao longo de sua história.

Obviamente nesse texto não quero resumir, nem reduzir o conteúdo de toda Exortação, que merecerá nosso estudo pormenorizado pelos próximos dias, meses e anos, mas não há como não sentir esse golpe impulsionador e encorajador do Pontífice que, como um bom jesuíta como é, de maneira prática, nos dá a receita de como ser cristão em nosso dia a dia.

Francisco está preocupado com as pessoas, com o homem, com o gênero humano, tomado pelos pecados do orgulho, da luxúria e da avareza, essa trindade maldita que nos afasta da Trindade Santa e da paz e alegria que surge na alma que se entrega Deus, que não nos defrauda. Como já dizia seu antecessor, Bento XVI na Jornada Mundial na Austrália, o atual Papa nos recorda que Cristo não nos defrauda, não nos rouba, não nos tira nada.

O Papa, agora, nesse marco histórico, dá um tapa no rosto de todos os fiéis católicos, dos bispos ao mais jovem batizado, para que despertemos com um novo fervor, e traça linhas pastorais práticas para como levar a mensagem de Cristo, perene e sempre atual, para um povo que olha mais para si, e se entristece por isso, nesse novo tempo.

Eu vejo essa Exortação, particularmente, como um rito do Sacramento do Crisma para toda Igreja, com o devido tapinha no rosto, para que acordemos e saiamos ao encontro dos demais. Ainda temos que nos debruçar mais demoradamente sobre cada parte da Exortação em si, o que farei nos próximos dias, mas já podemos nos alegrar por pertencermos a essa Igreja viva e operante.

Da mesma forma que o Sacramento da Confirmação só se inicia no rito e depois tem consequências para toda a vida do crismado, os caminhos pastorais da nova Exortação só começam agora, mas seus resultados ecoarão na Igreja nos próximos tempos.

(Texto enviado a ZENIT por José Caetano, Imago Dei News)


Apóstolo dos meios de comunicação




MADRI, 27 de novembro de 2012 (ZENIT.org) – Contamos hoje a história de um gigante da comunicação católica e da vida religiosa a serviço da modernização da mensagem eclesial por meio das novas tecnologias. Nascido na Itália, o fundador da Família Paulina, beato Tiago Alberione, vê hoje a sua obra estendida pelo mundo todo.
Quem tem sangue de apóstolo perscruta o que o rodeia com olhar penetrante, sempre atento aos sinais de Deus e disposto a orar e agir sem dilação. É o caso de Tiago Alberione. Ele nasceu na localidade italiana de San Lorenzo di Fossano em 4 de abril de 1884. Seus sonhos infantis lhe indicavam o sacerdócio. Com a orientação de um pároco, ele começou os estudos no seminário de Bra em 1896, prosseguindo a formação no seminário de Alba a partir de 1900. A providência pôs em seu caminho o pe. Francisco Chiesa, pessoa que influenciou enormemente a sua vida. Mas, justamente quando o relógio marcava as primeiras horas do ano de 1901, Tiago viveu uma experiência que o marcou para sempre.

Onde os santos encontram as respostas que procuram? Na oração, naturalmente. E naquela madrugada, quando em tantos outros lugares do mundo era celebrada com grandes faustos a chegada do ano novo, o jovem seminarista orava na catedral, prostrado diante do Santíssimo. Em sua mente, os pensares de quem procura a glória de Deus. Ele meditava sobre a encíclica Tametsi Futura Prospicientibus, de Leão XIII, e, em um momento dado, o fulgor que emanava da Sagrada Hóstia o instou a agir. Ele precisava formar-se com toda a urgência para servir à Igreja e à humanidade de um jeito ainda desconhecido para ele, mas que teria uma extraordinária repercussão ao longo do século recém-nascido: a mídia, que em suas mãos se tornaria um instrumento de inegável fecundidade apostólica.

Sete anos mais tarde, foi ordenado padre e começou o ministério pastoral em Narzole e em paróquias vizinhas. Pregava, dava conferências e catequizava. Aproximava-se a hora de pôr em prática a missão que Deus determinara para ele. Nessa época, Tiago conheceu um dos seus mais estreitos colaboradores, José Giaccardo, e enxergou com clareza o importante papel da mulher na evangelização, chegando à certeza de que a estrada que devia seguir para exercer o trabalho apostólico era a dos recursos da comunicação. Sendo professor no seminário de Alba, foi nomeado diretor do semanário Gazzetta d'Alba em 1913. Em 1914, fundou a Sociedade de São Paulo, da qual foi Superior Geral até 1969. Em 1915, junto com Teresa Merlo, criou a Congregação das Filhas de São Paulo. Em 1921, ao ser erigida a Pia Sociedade de São Paulo, alguns dos membros começaram a professar os votos privados. No mesmo ano, pediu a aprovação da pia sociedade como congregação diocesana. Gravemente doente em 1923, e quase desenganado pelos médicos, acabou conseguindo uma recuperação surpreendente, que atribuiu à intercessão de São Paulo.

A obra que Tiago fundou, nutrida com treze revistas que difundiam o evangelho a todas as pessoas, se estendia por grande variedade de lugares. Da fecundidade do beato dão prova as instituições que compõem a Família Paulina, um “conglomerado” apostólico lançado entre 1914 e 1960. Tiago era um homem de oração, com carisma entre os jovens, de fé arrebatadora. Dizia que era preciso «trabalhar com os joelhos». Sua mente, aberta ao infinito, se resumia no «pensar grande» que ele aconselhava aos seus, acrescentando: «Pensar e fazer; não apenas sonhar».

Jejuava frequentemente e durante vários dias, sem que este esforço o debilitasse. Junto às preocupações próprias da sua missão fundadora, viveu com sofrimento a separação de alguns de seus colaboradores que o precederam na morte. Padecia de uma escoliose que lhe causou muitas dores e que o foi enfraquecendo até o falecimento, em 26 de novembro de 1971. Antes, fora visitado por Paulo VI, que louvou as suas virtudes e a sua grande obra. Foi beatificado por João Paulo II em 27 de abril de 2003.

 





Isabel Orellana Vilches


Sínodo: o que o Espírito diz à Igreja? 




Seg, 22 de Outubro de 2012 - Terminada a 2ª. semana de trabalhos da 13ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre a "_nova evangelização para a transmissão da fé cristã_", já é possível perceber os rumos do caminho da Igreja nos próximos anos. O fruto do trabalho realizado pela Assembleia sinodal será agora traduzido numa Mensagem e nas propostas finais, que serão entregues ao Papa; foi ele que convocou o Sínodo para ouvir os bispos e demais participantes sobre o tema em pauta, sobre o qual ele fará, depois, a Exortação pós-sinodal. 
Uma primeira constatação é que há uma urgente necessidade de uma nova evangelização, não apenas porque há tantos fatores novos e desafiadores postos à missão da Igreja, mas porque, exatamente, a missão primeira da Igreja é evangelizar e ela deve fazê-lo, proclamando o Evangelho de forma renovada para o mundo mudado. Não podemos pressupor que todos já estejam evangelizados, nem que o mundo inteiro já foi iluminado pela Boa Nova de Cristo. Vamos evangelizar de novo, pois esta é nossa missão; e temos algo de muito precioso para anunciar e compartilhar com os homens do nosso tempo! 





A nova evangelização deve levar em conta a diversidade das situações em que se encontram as pessoas em relação à fé cristã: há quem crê e pratica a fé, mas precisa ser estimulado a crescer, a perseverar e a realizar as obras da fé; há quem foi batizado mas nunca foi evangelizado, ou apenas superficialmente, necessitando de um forte anúncio querigmático e de um itinerário de formação e amadurecimento na fé; e há os que estão distantes da fé cristã e da Igreja de Cristo, necessitando do primeiro anúncio e do conseqüente itinerário de crescimento e amadurecimento na fé cristã. Isso requer uma revisão nos métodos de evangelização e pastoral - uma verdadeira "conversão pastoral". 


Na evangelização, temos que contar sempre com a graça de Deus, que tem a primeira iniciativa e vem ao encontro do homem; por isso, a evangelização não depende tanto de métodos e recursos técnicos em profusão, quanto de evangelizadores santos, que tenham uma profunda experiência de Deus e vivam em comunhão com Ele. Muitas foram as observações dos Padres Sinodais sobre a necessidade da boa formação, amor à Igreja e ardor missionário da parte dos evangelizadores. Diversas vezes também foi observado que o exemplo dos santos pode ser de grande ajuda para a nova evangelização: eles foram sempre os evangelizadores mais eficazes ao longo da História, sobretudo em períodos de crise na Igreja. No domingo das missões, dia 21 de outubro, o Papa Bento XVI proclamou mais 7 santos da Igreja e lembrou a vida e a obra dos santos, como fatos de evangelização. 


Lugar de destaque na nova evangelização devem ter a Liturgia, fonte e cume de toda ação da Igreja, especialmente a Eucaristia dominical; o anúncio abundante da Palavra de Deus, com destaque para a homilia e a catequese; o Sacramento da Penitência deverá ser valorizado mais, assim como as devoções e a religiosidade popular, mediante as quais a fé é cultivada e transmitida. Destacada foi a referência à paróquia, como expressão concreta e indispensável da comunidade de fé, espaço para a evangelização, as manifestações da vida eclesial e da comunhão na mesma fé, esperança e caridade. As pequenas comunidades, nas suas múltiplas formas, foram apontadas como importantes expressões de vida eclesial e lugares para o cultivo e a transmissão eficaz da fé cristã. 


O Sínodo trata com sereno realismo da atual situação da transmissão da fé, mas também com esperança; o primeiro interessado no anúncio da Boa Nova é sempre o Espírito Santo, que também vai indicando à Igreja os modos como ela o deve fazer sempre de novo. Mais do que nunca, devemos ouvir hoje o que o Espírito diz à Igreja (cf Ap 2,29). 



Por: CNBB - Cardeal Odilo Pedro Scherer - Arcebispo de São Paulo (SP)



As faces da fidelidade conjugal. O verdadeiro amor é construído dia a dia


Havia um senhor que, todas as manhãs, ia tomar café com sua esposa, a qual se encontrava internada em um asilo. Certa manhã, este senhor estava esperando o ônibus. Quando olhou para o lado, viu um amigo seu que se aproximava. Cumprimentaram-se e o senhor convidou seu amigo para sentar-se ao seu lado. Contou ao amigo sobre sua jornada matinal de todos os dias. Ouvindo-o atentamente, este amigo lhe perguntou:
"Por que, todas as manhãs, você vai tomar café com sua esposa, se ela não se lembra mais quem é você? Ela tem Alzheimer!" Nisto, aquele senhor virou-se e, olhando profundamente nos olhos de seu amigo, disse-lhe:"Ela pode não se lembrar de quem eu sou, mas eu me lembro de quem ela é e do compromisso que nós assumimos perante Deus!"
Em uma sociedade com tantas propostas de felicidade, esta pequena história nos ensina o valor da fidelidade nas relações conjugais, em todos os momentos da vida: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias, manhãs, tardes e noites da vida a dois. A fidelidade entre o casal começa no período de namoro, momento propício do conhecimento, tempo de construir uma relação madura e humana. Estação de semeadura das flores que, um dia, irão florir nos canteiros de uma vida conjugal sacramentada pela bênção de Deus.

A fidelidade no casamento é fruto da fidelidade no namoro. A busca pelo que é essencial no casamento deve sempre ser maior do que é periférico. Muitos relacionamentos conjugais se estacionam em sentimentos periféricos, os quais não trazem nenhum benefício para quem busca construir uma vida de amor partilhado. O amor, que um dia os uniu, acaba sendo deixado de lado por desentendimentos não resolvidos, pela falta de diálogo e compreensão de ambas as partes.
Fidelidade nas alegrias da vida, mas também nos momentos de tristeza. Fidelidade na saúde e também na doença. O verdadeiro amor é construído dia a dia na vida do casal. A cada nova manhã, marido e mulher são sempre convidados a renovar a fidelidade um ao outro e a redescobrirem o motivo que, um dia, os levou ao altar: o amor que os uniu por toda a vida.
Uma verdadeira experiência da fidelidade conjugal passa pelo processo da gratuidade do amor. Marido e mulher, que cobram amor um do outro, estão negociando seus sentimentos. A própria palavra “cobrança” revela, em si mesma, seu significado: só cobramos algo de alguém quando há uma dívida pendente. O amor conjugal não é negócio, mas pura gratuidade, doação e entrega. Quando as cobranças começam, o relacionamento entra num processo de contabilidade, no qual o saldo final sempre será negativo.
A cada novo dia, a cada nova manhã, o amor e a fidelidade devem ser renovados. Novas esperanças devem ser semeadas no jardim da vida a dois. Esposo e esposa devem cultivar, em conjunto, no canteiro da alma, o amor que os uniu um dia. Descobrir que o outro não é tão perfeito como se imaginava, é um exercício de paciência que só poderá ser vencido com as flores da paciência, do diálogo e do perdão.
No casamento, a fidelidade nasce da simplicidade da partilha a dois. Cada casal é sempre convidado a descobrir, na simplicidade da vida a dois, o espetacular da vida matrimonial.
Padre Flávio Sobreiro
Fonte: Canção Nova


"Quero Viver!"

"Quiero vivir ", Marcha contra o aborto
No dia 13 de maio em Roma
ROMA, terça-feira, 8 de maio de 2012 (ZENIT.org) - "A associação ‘Quiero Vivir’ participará da Marcha pela vida em Roma neste domingo, 13 de maio, junto com a ‘Família Mañana’ e muitas outras associações provida, na convicção de que corresponde aos leigos sustentar publicamente a mensagem contra o aborto do Papa Bento XVI”. Com estas palavras, Julio Loredo, porta-voz da associação Luces sobre el este, da qual “Quiero Vivir” forma parte, reivindica o direito dos leigos católicos a introduzir o tema da vida no debate público, também através de manifestações e passeatas.
“O aborto – explica Loredo – é do ponto de vista moral, religioso e teológico um “crime abominável”, como lembrou muitas vezes também o Papa João Paulo II. Esta posição porém deve ser sustentada com convicção também no âmbito político e público. Deste modo os leigos que no domingo 13 se manifestarão em Roma, testemunharão sua fé e sua rejeição de todas as instâncias contrárias à vida, da contracepção ao aborto e à eutanásia. A Manifestação pela vida deve converter-se em um compromisso fixo, a ser repetido todos os anos”.
Os participantes, provenientes de aproximadamente 40 cidades italianas, partirão do Coliseu as 8h30 para chegar às 11h30 ao Castel Sant'Angelo, passando pelos Foros Imperiais, Praça Venezia e Largo Argentina. "A escolha do dia da Manifestação – acrescenta o Porta-voz de “Luces sobre el Este”- não é casual. No dia 13 de maio a liturgia lembra a aparição de Nossa Senhora, em Fátima em 1917. Nas suas mensagens aos três partorzinhos a Virgem Maria denunciou a situação de deterioração moral da sociedade, da qual o aborto e outras práticas contrárias à vida são fruto. A manifestação do 13 de maio cai no âmbito de um movimento mundial contrário a todas essas práticas”.
A primeira Manifestação pela vida, organizada pelos Cavaleiros da Imaculada, com a participação da associação “Quiero vivir”, aconteceu em Palermo em fevereiro de 2011. Em maio do mesmo ano, “Quiero vivir” participou na segunda edição em Desenzano del Garda (BS). Em fevereiro passado em Palermo, quase duas mil pessoas participaram na Marcha pela Vida, promovida por uma coordenação de associações da que forma parte “Quiero Vivir”.


Nota da CNBB sobre o aborto de Feto Anencefálico



Referente ao julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 54
BRASILIA, sexta-feira, 13 de março de 2012 (ZENIT.org) - Publicamos a seguir o comunicado que a Assessoria de Imprensa da CNBB enviou para ZENIT e também fez público hoje na sua página oficial, no qual "lamenta profundamente a decisão do Supremo Tribunal Federal que descriminalizou o aborto de feto com anencefalia".
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB lamenta profundamente a decisão do Supremo Tribunal Federal que descriminalizou o aborto de feto com anencefalia ao julgar favorável a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 54. Com esta decisão, a Suprema Corte parece não ter levado em conta a prerrogativa do Congresso Nacional cuja responsabilidade última é legislar.
Os princípios da “inviolabilidade do direito à vida”, da “dignidade da pessoa humana” e da promoção do bem de todos, sem qualquer forma de discriminação (cf. art. 5°, caput; 1°, III e 3°, IV, Constituição Federal), referem-se tanto à mulher quanto aos fetos anencefálicos. Quando a vida não é respeitada, todos os outros direitos são menosprezados, e rompem-se as relações mais profundas.
Legalizar o aborto de fetos com anencefalia, erroneamente diagnosticados como mortos cerebrais, é descartar um ser humano frágil e indefeso. A ética que proíbe a eliminação de um ser humano inocente, não aceita exceções. Os fetos anencefálicos, como todos os seres inocentes e frágeis, não podem ser descartados e nem ter seus direitos fundamentais vilipendiados!
A gestação de uma criança com anencefalia é um drama para a família, especialmente para a mãe. Considerar que o aborto é a melhor opção para a mulher, além de negar o direito inviolável do nascituro, ignora as consequências psicológicas negativas para a mãe.   Estado e a sociedade devem oferecer à gestante amparo e proteção
Ao defender o direito à vida dos anencefálicos, a Igreja se fundamenta numa visão antropológica do ser humano, baseando-se em argumentos teológicos éticos, científicos e jurídicos. Exclui-se, portanto, qualquer argumentação que afirme tratar-se de ingerência da religião no Estado laico. A participação efetiva na defesa e na promoção da dignidade e liberdade humanas deve ser legitimamente assegurada também à Igreja.
A Páscoa de Jesus que comemora a vitória da vida sobre a morte, nos inspira a reafirmar com convicção que a vida humana é sagrada e sua dignidade inviolável.
Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, nos ajude em nossa missão de fazer ecoar a Palavra de Deus: “Escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19).
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB




OUTONO


 


Faz poucos dias que o outono chegou.
Esta estação é especialmente querida por nós.
Em primeiro lugar, em nossa opinião, não há estação mais bonita.
A incidência da luz do sol nas folhas, nas montanhas, nas árvores é particularmente encantadora. O céu tem um azul ímpar. Azul intenso, forte, absolutamente definido. Os dias misturam-se entre quentes acompanhados de manhãs, finais de tarde e noites já bem mais frios. Ou seja, uma estação generosa, que satisfaz a todos os gostos!
O sol escaldante nos dá uma trégua, as precipitações da chuva diminuem e todas as culturas crescem sem grandes traumas. É, amamos o outono!
Mas, a despeito de qualquer paixão por esta estação, o que mais nos tem feito amar o outono e fazer um paralelo entre esta estação e nossas vidas, tem sido o cair das folhas das árvores.
É fascinante saber que as árvores abrem mão de suas folhas nesta época.
Com o tempo mais frio, é natural que as árvores tivessem que se esforçar muito mais para manter suas folhas nutridas. O que acontece é que isso não pode ser feito sem prejudicar toda a sua estrutura que, nesta época, está mais ocupada em manter-se viva para, quando estiver mais quente, ela possa voltar a gerar novas e lindas folhinhas verdes.
Assim, as folhas despedem-se de sua matriz, numa atitude de morrer em prol da permanência da vida de toda a árvore. Ao caírem, as folhas acabam por esquentar as raízes da árvore, alimentá-las, com o seu apodrecimento e, assim, gerar matéria orgânica para a nutrição do solo. As folhas dão espaço para que a vida continue, silenciosa, sob a terra.
Meus queridos, seria muito bom que, a exemplo da natureza, pudéssemos também aproveitar esta estação para deixarmos ir tudo aquilo que impede que alimentemos mais e melhor nossas vidas.
Seria muito gratificante se, como as folhas, pudéssemos dar um adeus às estruturas passadas e, ao morrermos para elas, pudéssemos esquentar e alimentar as possibilidades futuras que a vida nos dá.
Todos nós precisamos, de vez em quando, parar, observar, deixarmo-nos morrer para que o novo, a seu tempo, refloresça.
Assim, desejamos um excelente início de estação, com luzes, céus, folhas, e vida silenciosa pulsando em nossas veias, em nossos corações.

Mariângela Barbosa Fernandes


Mensagens perigosas para a juventude


O artigo abaixo, foi veiculado em 2010 por ZENIT.org . De lá para cá, o que mudou? Temos notícia de espetáculos de horror na televisão brasileira, por conta dos reality shows que já extrapolaram o bom senso há muito tempo... Ou a idéia é justamente esta?


Um relatório pede para sair em sua defesa
Por padre John Flynn, L.C.

As imagens sexuais e as mensagens da mídia incentivando um comportamento promíscuo são uma ameaça para os jovens, afirma um relatório publicado pelo Ministério do Interior do Reino Unido.
O Ministério encarregou uma psicóloga independente, Dr. Linda Papadopoulos, de examinar o impacto de uma cultura invadida pelo sexo, no contexto dos esforços do governo britânico para reduzir a violência contra as mulheres.
“Mudar as atitudes irá levar muito tempo, mas isso é essencial, se quisermos deter a violência contra as mulheres e meninas”, comentou o Ministro do Interior, Alan Johnson, em comunicado de imprensa, dia 26 de fevereiro.
Tanto o governo do Partido Trabalhista como a oposição do Partido Conservador estão preocupados com o impacto da cultura contemporânea sobre os jovens. Antes da publicação do relatório, o líder dos conservadores, David Cameron, disse que estava a favor de restringir a publicidade irresponsável dirigida às crianças, relatou a BBC dia 26 de fevereiro.
No mesmo relatório - chamado “Sexualization of Young People: Review” (Sexualização dos jovens: Revisão) - Papadopoulos explicava que sua pesquisa formava parte de uma consulta que busca aumentar a consciência sobre o problema da violência contra as mulheres. Investigava em particular a questão para saber se há uma ligação entre a sexualização da cultura e a violência.
“As mulheres são veneradas - e recompensadas - por seus atributos físicos, e tanto as meninas como os meninos são pressionados a imitar esteriótipos dos respectivos gêneros desde cada vez mais novos”, comentava o relatório.
O relatório definia a sexualização como “imposição da sexualidade adulta às crianças e jovens antes que estas sejam capazes de lidar com isso, mental, emocional e fisicamente”.


Crianças como adultos, adultos como crianças

O uso de imagens sexuais na mídia não é precisamente um fenômeno recente. Não tão distante, nos últimos anos, houve um aumento de seu volume sem precedentes. Além disso, os meninos são apresentados cada vez mais como se fossem adultos, enquanto que as meninas são infantilizadas”.
“Isso mistura as linhas entre maturidade e imaturidade sexual e, na prática, legitima a noção de que as crianças podem ser tratadas como objetos sexuais”, afirmava o texto.
Ao tratar de crianças, uma das preocupações destacadas no relatório é que, em idade jovem, as capacidades cognitivas necessárias para fazer frente a essas imagens persuasivas da mídia não se desenvolveram. Junto com essa falta de capacidade para lidar com tais imagens, a capacidade de difusão de uma cultura sexualizada como resultado de que as crianças estejam frequentemente expostas à materiais que não são apropriados para sua idade.
O relatório observava que um dos temas dominantes nos programas populares é que as meninas devem se apresentar como sexualmente desejáveis, se quiserem ser populares entre os meninos. Isso está presente até mesmo para crianças mais novas, que são incentivadas a se vestir de forma que chamem atenção por seus atributos sexuais ainda que não possuam.
Muitas bonecas, por exemplo, são apresentadas de uma forma notoriamente sexualizada. Objetos como caixas de lápis e outros artigos de escola para crianças ostentam logotipo da Playboy. Roupa íntima com enchimento é comercializada e vendida para crianças até os oito anos.
E assim, a mensagem predominante para os meninos é que devem ser sexualmente dominantes e tratar o corpo feminino como objeto.
Televisão, filmes, músicas, junto com os meios impressos, todos apresentam aos jovens essa mensagem em excesso sexualizadora, observou o relatório.


Transtorno adolescente

Posto que as crianças recebem contínuos apelos a se adequar a tais imagens, um dos resultados que pode ocorrer é o descontentamento com o próprio corpo e uma baixa auto-estima que, por sua vez, pode provocar depressão e transtornos alimentares. Junto a esses transtornos como a anorexia, as mulheres jovens recorrem em grande parte à cirurgia plástica, sob pressão de se transformar em uma imagem idealizada.
As crianças e adolescentes também se encontram na mídia com uma grande quantidade de conteúdo que é explicitamente sexual ou pornográfico, acrescentou Papadopoulos. A facilidade do acesso à internet, junto com o material enviado por correio eletrônico e os telefones celulares, resulta na difícil restrição desses conteúdos aos pequenos.
De fato, observou o relatório, a indústria do sexo está liberada e se tornou parte da cultura cotidiana. Os anúncios publicitários viraram rotina na televisão, com conteúdo de casas noturnas, salas de bate-papo e canais de sexo na tv.
“O fato de que as celebridades são habitualmente apresentadas como realizadas e cobiçadas por sua atração sexual e sua aparência - com pouca referência à sua inteligência ou às suas capacidades - lança uma poderosa mensagem para as jovens sobre que é o que vale a pena, e é o que elas devem ter como objetivo”, disse o relatório.
Os pesquisadores comprovaram, ao examinar o conteúdo das páginas da web dos jovens, que muitos adolescentes colocam imagens sexualmente explícitas de si próprios, e entre seus amigos a linguagem depreciativa e humilhante é comum, afirma o relatório.
A sexualização das meninas também está contribuindo com um mercado de imagens de abusos pedófilos, relatava o estudo. Muitas meninas jovens se apresentam de forma provocativa e abertamente sexual para a visualização de outros jovens através de redes sociais ou por celulares.
“Os próprios jovens estão produzindo e trocando o que não é nada mais que ‘pornografia infantil’ - um fato confirmado pelo crescente número de adolescentes que estão sendo condenados pela posse desse material”, comentava o estudo.


Sexualização e violência

Ao tratar a questão da relação entre sexualização e violência contra as mulheres, o relatório citava investigações que mostram que os adultos que viram imagens de mulheres como objetos sexuais tendem a aceitar mais a violência.
“As evidências reunidas sugerem um contexto claro entre o consumo de imagens sexualizadas, uma tendência a ver mulheres como objetos, e a aceitação de atitudes e comportamentos agressivos como norma”, dizia o relatório.
Papadoupoulos também se referiu a uma recente pesquisa que mostrava que para muitos jovens a violência dentro das relações é algo comum. No grupo de idade entre 13 e 17 anos, uma de cada três meninas adolescentes havia sido submetida a atos não-consentidos durante uma relação, e uma de cada quatro havia sofrido violência física.
Os investigadores citados no relatório também sugeriram que, para incentivar os espectadores masculinos a perceber as mulheres como objetos sexuais, a publicidade promove uma mentalidade em que as mulheres são vistas como subordinadas e, portanto, esse é o motivo de sofrerem violência sexual.
“A repetida apresentação dos homens como dominantes e agressivos e das mulheres como subordinadas está sem dúvida perpetuando a violência contra as mulheres”, refere o estudo.

Rebelião

O relatório concluía apelando às pessoas que se deem conta de que a sexualização é um tema de profunda importância, com graves consequências para os individuos, famílias e sociedade. Estudos semelhantes nos Estados Unidos e Austrália chegaram às mesmas conclusões. Ao mesmo tempo, pede que se pesquise esse fenômeno. O relatório terminava com uma lista de 36 recomendações específicas sobre como tratar a sexualização.
Além dos relatórios como o recentemente publicado pelo Ministério do Interior britânico, a oposição à sexualização da cultura contemporânea cresce entre as pessoas comuns.
Um exemplo disso vem da Austrália, com o website Collective Shout, que fornece uma plataforma interativa para indivíduos e grupos para atuar contra as empresas e os meios de comunicação que apresentam as mulheres como objetos e a sexualização das meninas para vender produtos e serviços.
No final, talvez, a solução desses problemas como a degradação da sexualidade não consista em estabelecer mais regulamentos do governo. O que é preciso de verdade é uma mudança básica da opinião pública que seja resultado de uma revolta contra a exploração das mulheres, uma revolta que surja de pessoas conhecidas, cansadas de ver como a dignidade humana está sendo degradada.





VII Encontro Mundial das Famílias - Milão 2012

O VII Encontro Mundial das Famílias acontecerá de 30 de maio a 3 de junho em Milão, com a presença do Papa Bento XVI. É sempre uma excelente oportunidade para reforçar os laços e a importância da família para toda a sociedade, uma vez que esta instituição é cada vez mais atacada pela mídia e desvalorizada no âmbito geral.


Divulgado programa da visita de Bento XVI a Milão

Radio Vaticana em italiano
(Tradução: Mirticeli Medeiros


Primeiro compromisso de Bento XVI acontecerá na Catedral de Milão, na foto acima

O programa da visita que o Papa fará a Milão, a capital da Lomardia, de 1 a 3 de junho, para o encerramento do Encontro mundial das familias foi divulgado na manhã desta terça-feira, 28, através de uma coletiva de imprensa promovida pela diocese da cidade.
O arcebispo de Milão, cardeal Angelo Scola e o presidente do Pontificio Conselho para a famílias, Cardeal Ennio Antonelli ilustraram aos jornalistas as etapas principais da visita milanesa de Bento XVI.

O programa
O Papa aterrisará em Milão por volta das 17h do dia primeiro de junho e logo em seguida, no Duomo, a catedral de Milão, se encontrará com o povo. Às 19h30, se transferirá para o Teatro alla Scala, para assistir ao concerto que será oferecido e ele. Entre os compromissos centrais de sábado, 2 de junho, o encontro com os crismandos em San Sito e às 20h30, a festa com as famílias de todo o mundo em Milão Parque Norte. No dia 3 de junho, ainda em Milão Parque Norte, Bento XVI presidirá a missa e ao final rezará a oração mariana do Angelus. Á tarde, saudará os organizadores do encontro mundial das famílias, antes de voltar para a Roma, cuja viagem está prevista para as 17h30.
Saiba mais
.:Site oficial do Encontro Mundial para as famílias

.:Mensagem do Papa Bento XVI 


ORAÇÃO PARA O VII ENCONTRO MUNDIAL DAS FAMÍLIAS

Pai de nosso Senhor Jesus Cristo e nosso Pai
nós Te adoramos, Fonte de toda comunhão.
Proteja e abençoa as nossas famílias
para que nelas haja comunhão e doação mútua entre os esposos,
entre pais e filhos.
Nos te contemplamos Artífices de toda perfeição e de toda beleza.
Conceda a cada família um trabalho digno e justo,
para podermos ter o necessário sustento
e gozar do privilégio de sermos teus colaboradores
na edificação do mundo.
Nós te glorificamos, Motivo de júbilo e de festa.
Abre também às nossas famílias o caminho da alegria e do repouso
para podermos gozar, desde então, daquela alegria perfeita
que nos doaste em Cristo Ressuscitado.
Assim os nossos dias laboriosos e fraternos
são frestas abertas sobre o teu mistério de amor e de luz,
que o Cristo teu Filho nos revelou
e o Espírito vivificador nos antecipou.
E nos viveremos satisfeitos de sermos a tua família,
no caminho para Ti, Deus bendito para sempre.
Amém


MATRIMÔNIO: ESCOLHA DEFINITIVA

Nós, como casais católicos praticantes, estamos cada vez mais preocupados com os modelos de relações afetivas que vão se cristalizando em nossa sociedade contemporânea. Hoje vemos de tudo, mas nada que possa oferecer as graças que confere o Sacramento do Matrimônio, selado no vínculo com o Mestre Divino e amparado no abraço da Igreja.


O Matrimônio: uma promessa para sempre

Este é o tema que deu inicio ao ciclo Diálogo na catedral, na Basílica de São João em Latrão


ROMA, sexta-feira, 02 de março de 2012(ZENIT.org) – Educar os jovens a partir do amor, mas não um sentimento genérico, e sim aquele conjugal, onde existe a promessa “para sempre”. Este é o tema que deu inicio ao ciclo “Diálogo na catedral”, na Basílica de São João em Latrão.

“Neste novo ciclo – explicou o vigário Agostino Vallini aos presentes - quisemos colocar uma atenção particular ao tema da educação das futuras gerações, respondendo assim ao convite que muitas vezes nos fez Bento XVI. A vida não é fácil, frequentemente os jovens são obrigados a enfrentar momentos difíceis, mas apesar disso, é sobretudo uma aventura apaixonante, e nós damos apenas algumas sugestões para caminhar na via justa”.

Muitas vezes são estas dificuldades que levam os jovens a serem hesitantes na escolha pelo casamento. “Hoje – explicou Eugenia Scambini, docente da Universidade Católica Del Sacro Cuore em Milão, uma das relatoras do encontro - a extensão dos estudos, o difícil inserimento no mundo do trabalho, a dificuldade de encontrar um lar tendem a adiar o tempo de escolha pelo casamento, e a considerá-lo não apenas como uma escolha arriscada, mas, mais grave, se é um risco que vale a pena correr”.

Assim, torna-se urgente educar os jovens para a importância do valor do vínculo conjugal para efeitos de auto-realização, onde a passagem da paixão ao amor, certamente envolve uma transformação seja do aspecto afetivo como do compromisso, mas também de abertura a uma nova vida. E sobre a ação dos pais na educação dos filhos, explicou: "Os filhos para crescer, precisam não apenas de ter um bom pai e uma boa mãe, mas também de  ver uma boa ligação entre o pai e a mãe . O filho é fruto do  amor deles e este é o primeiro berço psiquico que dá consistência ao homenzinho que vem à luz e que, a fim de desenvolver-se adequadamente  necessita de  laços confiáveis".

Citando o Papa Bento XVI, a psicóloga recordou que a tarefa do casal não é segurar a criança em seus desejos, mas tirá-la de si mesma para introduzi-la na realidade, porque os pais são mediadores das gerações. "O casal - concluiu - está ao centro da passagem entre as gerações, pois é chamado a transmitir e transformar, inovando-o,  o patrimonio material, afetivo e moral das gerações anteriores e entregando-o para as sucessivas".

Outro protagonista da noite foi o teólogo Padre Marco Ivan Rupnik que enfatizou as contradições da sociedade contemporânea, que propõe modelos egoístas de efêmera  felicidade, onde em primeiro lugar vem o bem-estar individual enquanto a do casal ocupa o segundo lugar .

"Mas ninguém é feliz sozinho! - ele disse -. Se não há amor, não pode haver a beleza que vem deste  e que permanece além da morte. O amor é um vórtice que transforma e transfigura, só ele pode nos fazer viver eternamente! O amor conjugal cresce do amor recebido  no batismo, ou seja, de Cristo, por isso falamos de sacralidade do matrimônio. Os filhos, se conseguem participar desta união dos pais, toda a sua vida vai tomar um caminho diverso. Mas não devemos esquecer que o sacramento  verdadeiro é o amor entre os cônjuges, depois é claro estão os filhos e então a família, pois naquele sentimento da origem, está a eternidade que nos aproxima de Deus”.

A próxima rodada dos Diálogos na Catedral, é quinta-feira, 15 de março sobre o tema Educar para a Vida Eterna: utopia ou  profecia?. Palestrantes da noite: Remo Bodei, professor da Universidade de Pisa, e Joaquín Navarro-Valls, diretor da Assessoria de Imprensa do Vaticano até 2006, e Presidente do Advisory Board do Campus Bio-médico de Roma.

Marina Tomarro