segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Maçonaria promove leis de aborto, casamento gay e eutanásia? Ex maçom responde

 


Um ex alto funcionário do governo francês que pertenceu à maçonaria durante 24 anos e chegou a ocupar um alto cargo decidiu revelar não apenas as raízes espirituais e ideológicas anticristãs da maçonaria, mas seu impacto na vida política através da promoção de leis a favor do aborto, eutanásia ou "casamento" entre pessoas do mesmo sexo.

O National Catholic Register entrevistou em 2020 sobre o tema com o arquiteto Serge Abad Gallardo, de 66 anos, que durante sua juventude ingressou na maçonaria com a convicção de contribuir para tornar o mundo um lugar melhor. No entanto, 24 anos depois, retornou à Igreja Católica, convencido de que havia servido à causa errada e, acima de tudo, ao mestre errado.

Abad foi um "mestre venerável" e um membro de alto grau da ordem maçônica global Le Droit Humain, da qual saiu em 2012 depois de experimentar uma conversão repentina no Santuário de Nossa Senhora de Lourdes..

Desde então, dedicou seu tempo a compartilhar sua longa experiência na maçonaria, informando em toda a França os mecanismos e perigos potenciais dessa instituição.

Quando perguntado se os maçons realmente estão na origem de leis sociais como aborto, eutanásia ou "casamento" entre pessoas do mesmo sexo, ele concordou.

“Não é, absolutamente, nenhuma teoria da conspiração dizer que a maçonaria tem um forte poder político sobre a sociedade. Há evidências sólidas. Na França, por exemplo, a lei que permite a pílula anticoncepcional (1967) foi iniciada por Lucien Neuwirth, que era maçom. Além disso, a lei do aborto francesa (1975) foi promovida por Simone Veil. Não sei se ela era maçom, mas pelo menos, abertamente, estava muito próxima dos ideais maçônicos, pois recebeu tributos vibrantes das maiores lojas maçônicas francesas quando morreu em 2017”, contou Abad.

Além disso, Abad disse que "o primeiro político que tentou introduzir a legalização da eutanásia na França foi o maçom e senador francês Henri Caillavet, em 1978".

"Da mesma forma, a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo (2013) foi promovida pela política francesa Christiane Taubira, a quem conheci na Guiana, onde trabalhei durante alguns anos, e que é franco-maçônica”, acrescentou

Abad afirma que em seu último livro publicado em 2019, "Secret maçonnique ou verité catholique" (Segredo maçônico ou verdade católica), fornece cifras da quantidade de maçons que integram o Senado e a Assembleia Nacional da França.

“Os maçons representam cerca de 0,03% da população francesa e, no entanto, 35% dos deputados e senadores da França são maçons. É 120 vezes mais provável que um maçom se torne deputado ou senador do que alguém que não é ”, explicou.

Também contou sobre a existência da chamada “Fraternelle parlementaire”, uma organização informal que reúne funcionários eleitos nos mais altos níveis políticos. “São de todos os ramos maçônicos, incluindo alguns que não são necessariamente aliados. A Fraternelle é presidida sucessivamente por pessoas da esquerda e da direita. Não é casualidade que os cidadãos franceses já não saibam em quem votar”, comentou Abad.

Em seguida, recordou que o ex-presidente dessa associação, Bernard Saugey, senador dos republicanos – partido político de centro-direita e que ele chamou de "franco-maçom" – disse certa vez: "Se desempenho bem o meu papel, os parlamentares de esquerda e direita votarão juntos sobre problemas sociais”.

Abad comentou: "E agora temos uma nova prova disso, com a lei sobre reprodução medicamente assistida (recentemente aprovada pelo Senado, embora predominantemente conservadora)".

“Uma solução para essa grave ameaça à democracia seria abolir o segredo e obrigar os políticos a dizerem publicamente que são maçons. Pelo menos os cidadãos saberiam claramente em quem votam”, aconselha o ex maçom.

Em outro momento da entrevista, quando perguntado sobre por que o catolicismo é incompatível com a maçonaria, Abad respondeu que não se pode pensar "em um Deus que se fez carne" e "morreu na cruz para nos salvar" e por outro lado "considerar, como os maçons acreditam, que Deus é algo abstrato, uma força indefinida chamada O Grande Arquiteto do Universo, que é semelhante a uma força cósmica, a uma espécie de naturalismo".

“Essas duas coisas são doutrinariamente diferentes demais para serem compatíveis. Alguns maçons acreditam no Deus cristão e pensam que é compatível com sua atividade maçônica, mas é um erro teológico profundo”, assinalou.

Também indicou que há uma segunda incompatibilidade fundamental: “Não é possível buscar a verdade através do esoterismo, recorrendo a rituais e processos ‘mágicos’, a alguns elementos cósmicos que não são necessariamente divinos e, ao mesmo tempo, recorrendo ao poder de Deus para caminhar para a Verdade”.

“Esses são dois caminhos muito incompatíveis e opostos. Esse conflito é verdadeiro para a maçonaria mundial, incluindo a que se encontra na América ou na Europa”, afirmou.

Posteriormente, comentou sobre a relação existente entre o diabo e as organizações maçônicas.

“Um dia, quando era oficial da loja Le Droit Humain, escutei um ritual de primeiro grau que nunca tinha ouvido antes e que presta homenagem a Lúcifer. Também faz parte do rito escocês antigo e aceito. Escutei o venerável mestre dizer: 'Devemos agradecer a Lúcifer por trazer luz aos homens' etc. Surpreendeu-me bastante”, disse.

Abad explica que aquele ritual, e a maçonaria em geral, “consideram que as religiões, e o Catolicismo em particular, escondem a verdade aos crentes e a mantêm para si, enquanto a maçonaria fornece chaves para os seres humanos, para que possam se libertar completamente”.

"Além disso, nos meus dois últimos livros, citei trechos de um documento que é acessível apenas a membros de alto nível, por isso as chamadas ‘lojas azuis’ [que reúnem novos membros] não têm acesso a ele. Está tomado de Paroles Plurielles, uma publicação emitida por minha ordem maçônica, na qual se compilam os melhores textos escritos sobre temas sociais ou rituais maçônicos e que são exibidos nas lojas. Neste documento de três ou quatro páginas, há um texto que louva a transgressão e o que a permitiu: Lúcifer. Vale a pena assinalar que os maçons geralmente mencionam a Lúcifer no lugar de Satanás”, acrescentou o ex maçom.

Além de seu livro mais recente, publicado em 2019, Abad ajudou a espalhar sua mensagem sobre a maçonaria com outros dois livros, incluindo Je servais Lucifer sans le savoir (Estava servindo a Lúcifer sem saber, de 2016) e La franc-maçonnerie démasquée (Expondo a maçonaria, 2017).

Seu último trabalho, Secret maçonnique ou Verité catholique, aborda o segredo na maçonaria, especialmente suas consequências nas sociedades e na democracia.

O Código de Direito Canônico de 1983 adverte em seu cânon 1374 que “quem se inscreve em alguma associação que maquina contra a Igreja seja punido com justa pena; e quem promove ou dirige uma dessas associações seja punido com interdito".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Quaresma 2021: Papa Francisco pede jejuar do que atravanca para abrir o coração a Deus


Vaticano, 12 fev. 21 / 09:00 am (ACI).- O Papa Francisco pede para jejuar nesta Quaresma, libertando “a nossa existência de tudo o que a atravanca, inclusive da saturação de informações – verdadeiras ou falsas – e produtos de consumo” para abrir o coração a Deus.

Assim escreveu o Santo Padre na sua mensagem para a Quaresma de 2021, intitulada: “Vamos subir a Jerusalém...” (Mt 20, 18). Quaresma: tempo para renovar fé, esperança e caridade”, publicada pelo Vaticano, em 12 de fevereiro.

“A Quaresma é um tempo para acreditar, ou seja, para receber a Deus na nossa vida permitindo-Lhe ‘fazer morada’ em nós”, disse o Papa.

Nesse sentido, “jejuar significa libertar a nossa existência de tudo o que a atravanca, inclusive da saturação de informações – verdadeiras ou falsas – e produtos de consumo, a fim de abrirmos as portas do nosso coração Àquele que vem a nós pobre de tudo, mas ‘cheio de graça e de verdade’ (Jo 1, 14): o Filho de Deus Salvador”, advertiu.

Além disso, o Santo Padre sublinhou que “o jejum, vivido como experiência de privação, leva as pessoas que o praticam com simplicidade de coração a redescobrir o dom de Deus e a compreender a nossa realidade de criaturas que, feitas à sua imagem e semelhança, n'Ele encontram plena realização”.

“O jejum, a oração e a esmola – tal como são apresentados por Jesus na sua pregação (cf. Mt 6, 1-18) – são as condições para a nossa conversão e sua expressão. O caminho da pobreza e da privação (o jejum), a atenção e os gestos de amor pelo homem ferido (a esmola) e o diálogo filial com o Pai (a oração) permitem-nos encarnar uma fé sincera, uma esperança viva e uma caridade operosa”, destacou o Papa.

Da mesma forma, o Santo Padre convidou a “viver uma Quaresma de caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da pandemia de Covid-19” e acrescentou que “neste contexto de grande incerteza quanto ao futuro, lembrando-nos da palavra que Deus dera ao seu Servo – ‘não temas, porque Eu te resgatei’ (Is 43, 1) –, ofereçamos, juntamente com a nossa obra de caridade, uma palavra de confiança e façamos sentir ao outro que Deus o ama como um filho”.

Desta forma, o Papa destacou que “a caridade é dom, que dá sentido à nossa vida e graças ao qual consideramos quem se encontra na privação como membro da nossa própria família, um amigo, um irmão”.

“O pouco, se partilhado com amor, nunca acaba, mas transforma-se em reserva de vida e felicidade... O mesmo sucede com a nossa esmola, seja ela pequena ou grande, oferecida com alegria e simplicidade”, explicou.

O Santo Padre exortou também a que esta Quaresma seja “um tempo de conversão” para renovar a fé e disse que “acolher e viver a Verdade manifestada em Cristo significa, antes de mais, deixar-nos alcançar pela Palavra de Deus, que nos é transmitida de geração em geração pela Igreja".

Neste sentido, o Papa destacou que “esta Verdade não é uma construção do intelecto, reservada a poucas mentes seletas, superiores ou ilustres, mas é uma mensagem que recebemos e podemos compreender graças à inteligência do coração, aberto à grandeza de Deus, que nos ama ainda antes de nós próprios tomarmos consciência disso”.

“Queridos irmãos e irmãs, cada etapa da vida é um tempo para crer, esperar e amar. Que este apelo a viver a Quaresma como percurso de conversão, oração e partilha dos nossos bens, nos ajude a repassar, na nossa memória comunitária e pessoal, a fé que vem de Cristo vivo, a esperança animada pelo sopro do Espírito e o amor cuja fonte inexaurível é o coração misericordioso do Pai”, indicou o Papa.

.Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Madre Teresa e a resposta integral ao drama do aborto


Onde as comunidades não seguirem o exemplo do amor dado e proposto por Madre Teresa, maus legisladores conseguirão com facilidade aprovar leis más e confundir os ingênuos

Em dezembro último, a Câmara dos Deputados da Argentina aprovou um projeto de lei que legaliza o aborto até a 14ª semana de gestação. O triste fato foi bastante comentado e, em meio ao mar de más notícias que pulula em nossas mídias, voltar a ele pode parecer excessivo para muitos. Contudo, um dos muitos comentários postados na época me chamou a atenção e parece-me justificar um retorno ao tema. A data da aprovação do projeto de lei na Argentina (11 de dezembro), quase coincide com o 41º aniversário do discurso Madre Teresa de Calcutá, ao aceitar o Prêmio Nobel da Paz, em 1979, no qual ele fez uma dura condenação ao aborto.

Na época, a santa declarou que “o maior destruidor da paz hoje é o choro da criança inocente por nascer. Pois se uma mãe pode matar seu próprio filho em seu próprio ventre, o que falta para você ou eu matarmos um ao outro? […] as nações que legalizaram o aborto são as nações mais pobres. Eles têm medo do pequeno”. Muitos anos depois, em 1994, ela se expressou em termos semelhantes no “National Prayer Breakfast”, evento anual organizado pelo Congresso dos Estados Unidos em parceria com a fundação cristã The Fellowship. 

A mensagem da santa de Calcutá

A questão que me interessou, nesses acontecimentos, foi saber o que mais Madre Teresa havia dito sobre o aborto, além de condená-lo. Transcrevo (numa tradução minha), a continuação de seu discurso ao receber o Nobel:

“E então, hoje, vamos tomar uma decisão firme, vamos salvar cada criança, cada criança que ainda não nasceu, dar-lhes uma chance de nascer. E o que estamos fazendo, estamos lutando contra o aborto por adoção, e o bom Deus abençoou o trabalho tão lindamente que salvamos milhares de crianças, que encontraram um lar onde são amadas, são desejadas, são cuidadas. Trouxemos tanta alegria para as casas que não havia uma criança […] em muitas de nossas famílias e em muitos de nossos lares, talvez não haja fome de um pedaço de pão, mas talvez haja alguém aí que é indesejado, não amado, não cuidado, esquecido, não experimenta o amor. O amor começa em casa. E o amor para ser verdadeiro tem de doer”.

Santa Teresa não estava apenas preocupada com a ação do Estado e com as legislações nacionais, o foco maior de seu discurso estava nas famílias, no amor que se vive nos lares, na nossa capacidade de acolher aos que necessitam. E aqui com certeza existe alguma coisa que vale a pena ser sempre lembrada e reforçada – afinal, nossa indignação com a injustiça sempre será necessária, mas é a caridade (o amor) que permanecerá (1 Cor 13).

Uma tarefa que é de todos

Para a imensa maioria dos cristãos, o apoio legislativo à vida se dá em alguns poucos momentos: um abaixo-assinado ou um ato público no momento da votação de uma nova lei ou em datas especiais, um discernimento mais cuidadoso na hora de escolher o candidato em quem votar. Um número maior, mas ainda relativamente pequeno, se propõe à tarefa educativa ou à militância – e aí se envolve com as questões legislativas pró-vida por mais tempo. Alguns, pouquíssimos, trabalhando como parlamentares, assessores ou influenciadores diretos, têm um envolvimento constante com as questões legislativas pró-vida.

Mas todos nós temos o compromisso permanente de criar um ambiente favorável à defesa e à acolhida da vida. A todo momento, o desamor, a indiferença, a violência, estão fazendo com que alguém perca a noção da beleza da vida e da esperança. A todo momento, por nossos gestos e nosso testemunho, podemos mostrar a nossos filhos, a nossos parentes, aos amigos e conhecidos, que o amor não é um sentimento ilusório, que a solidariedade pode sim fazer um mundo diferente, que o mal não dará a última palavra onde existe o amor.

Essa tarefa permanente era evidente para Santa Teresa. Ela, evidentemente, condenava as legislações contrárias à vida, mas sabia que as manifestações do amor, da solidariedade e da acolhida são o fator que desnuda definitivamente a falsidade das supostas boas intenções que defendem o aborto.

Muitos lutam pela vida adotando crianças, como lembrado por Santa Teresa, em seu discurso. Outros, apoiando mulheres grávidas e mães em dificuldade. Todos somos chamados à prontidão e à disponibilidade, para não nos omitirmos quando a necessidade bater a nossa porta. Para isso, é fundamental criarmos e vivermos em comunidades sensíveis e educadas à solidariedade. Sozinhos, muitas vezes nos sentiremos pequenos diante da magnitude dos desafios, em comunidade, com a ajuda da Graça, veremos que tudo será mais fácil e possível.

Legislações contrárias à vida não prosperam apenas pela força do mal, mas também – talvez, principalmente – pela fraqueza de nossa adesão ao bem. Onde as comunidades não seguirem o exemplo do amor dado e proposto por Madre Teresa, maus legisladores conseguirão com facilidade aprovar leis más e confundir os ingênuos.

Francisco Borba Ribeiro Neto