sábado, 26 de dezembro de 2020

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Reflexão para o III Domingo do Advento

 


A “voz”, através da qual Deus fala, convida-nos a endireitar “o caminho do Senhor”. É, na linguagem do Evangelho segundo João, um convite a deixar “as trevas” e a nascer para “a luz”. Implica abandonar a mentira, os comportamentos egoístas, as atitudes injustas, os gestos de violência, os preconceitos, a instalação, o comodismo, a auto suficiência, tudo o que desfeia a nossa vida, nos torna escravos e nos impede de chegar à verdadeira felicidade. Em termos pessoais, quais são as mudanças que eu tenho de operar na minha existência para passar das “trevas” para a “luz”? O que é que me escraviza e me impede de ser plenamente feliz? O que é que na minha vida gera desilusão, frustração, desencanto, sofrimento?

A “voz”, através da qual Deus fala, convida-nos a olhar para Jesus, pois só Ele é “a luz” e só Ele tem uma proposta de vida verdadeira para apresentar aos homens. À nossa volta abundam os “vendedores de sonhos”, com propostas de felicidade “absolutamente garantida”. Atraem-nos, seduzem-nos, manipulam-nos, escravizam-nos e, quase sempre, deixam-nos decepcionados e infelizes, mais angustiados, mais perdidos, mais frustrados. João garante-nos: só Jesus é “a luz” que liberta os homens da escravidão e das trevas e lhes oferece a vida verdadeira e definitiva. A quem dou ouvidos: às propostas de Jesus, ou às propostas da moda, do politicamente correto, das pessoas “in” que aparecem dia a dia nas colunas sociais e que ditam o que está certo e está errado à luz dos critérios do mundo? Que significado é que Jesus e a sua proposta assumem no meu dia a dia?

Jesus marca, realmente, a minha existência? Os valores que Ele veio propor têm peso e impacto nas minhas decisões e opções? Quando celebro o nascimento de Jesus, celebro um acontecimento do passado que deixou a sua marca na história, ou celebro o encontro com alguém que é “a luz” que ilumina a minha existência e que enche a minha vida de paz, de alegria, de liberdade?

O “homem chamado João”, enviado por Deus “para dar testemunho da luz”, convida-nos a pensar sobre a forma de Deus atuar na história humana e sobre as responsabilidades que Deus nos atribui na recriação do mundo… Deus não utiliza métodos espetaculares e assombrosos para intervir na nossa história e para recriar o mundo; mas Ele vem ao encontro dos homens e do mundo para os envolver no seu amor através de pessoas concretas, com um nome e uma história, pessoas “normais” a quem Deus chama e a quem confia determinada missão. A todos nós, seus filhos, Deus confia uma missão no mundo – a missão de dar testemunho da “luz” e de tornar presente, para os nossos irmãos, a proposta libertadora de Jesus. Tenho consciência de que Deus me chama e me envia ao mundo? Como é que eu respondo ao chamamento de Deus: com disponibilidade e entrega, ou com preguiça, comodismo e instalação?

A atitude simples e discreta com que João se apresenta é muito sugestiva: ele não procura atrair sobre si as atenções, não usa a missão para a sua glória ou promoção pessoal, não busca a satisfação de interesses egoístas; ele é apenas uma “voz” anónima e discreta que recorda, na sombra, as realidades importantes. João é uma tremenda interpelação para todos aqueles a quem Deus chama e envia… Com ele, o profeta (isto é, todo aquele a quem Deus chama e a quem confia uma missão) deve aprender a ficar na sombra, a ser discreto e simples, de forma a que as pessoas não o vejam a ele mas às realidades importantes que ele propõe.

Dehonianos

domingo, 6 de dezembro de 2020

Reflexão para o II Domingo do Advento




Com alegria nos preparamos para receber o Senhor; Neste tempo de pandemia, nosso enfoque será mais o Homenageado, já que presentes, decorações, espetáculos e comidas passam a segundo plano.

A primeira leitura, Isaías 40, 1-5.9-11, nos fala palavras de carinho, libertação e incentivo. O Senhor também diz a Jerusalém e a nós que nossa servidão terminou e nossas culpas foram redimidas.

Em seguida nos é mandado preparar o caminho do redentor e prepará-lo na solidão, na intimidade, mas também gritando no lugar bem alto para que todos ouçam e acolham o momento da graça!

Podemos espiritualizar essa perícope e trazê-la para o cunho pessoal de pacificação e amadurecimento de nossa personalidade. Mais que nos libertar o entorno material e embelezá-lo, somos convidados a algo mais profundo, a purificação interna, aquela que nada poderá mudar sem nosso consentimento. Chegou a hora de nossa libertação interior, de nos possibilitarmos a verdadeira, a autêntica felicidade. Do mesmo modo que o banhista que deseja “pegar uma cor” nada precisa a não ser tirar a roupa e deixar o sol trabalhar, também o homem espiritual que desejar crescer internamente, nada deverá fazer, a não ser se colocar diante do Senhor, desnudar-se de proteções e permitir que o Todo Poderoso aja em seu coração e mente. Imaginemos um povo amadurecido, lúcido, disposto a fazer a vontade do Senhor. Será o início da instauração do Reino de Deus.

No Evangelho, o início do escrito por Marcos 1, 1-8 nos é apresentada a figura de João Batista, que congrega em si, todos os apetrechos da primeira leitura, a necessidade de aplainar os caminhos do Senhor, a conversão pessoal e comunitária e acrescenta o batismo com o Espírito Santo a ser realizado pelo Messias, o Redentor e, aí, o surgimento do Reino!

Na segunda leitura, a 2 Pedro 3, 8-14, o príncipe dos apóstolos vai direto ao ponto e nos fala que o dia do Senhor chegará como um ladrão e tudo será dissolvido e desintegrado; daí a necessidade de levarmos a sério as observações da primeira leitura e a transformação do caos da primeira criação no verdadeiro e perene Reino da Justiça, do Amor e da Paz, onde permanecerão os encontrados em uma vida pura e sem mancha e em paz.

Padre César Augusto dos Santos