domingo, 25 de abril de 2021

Francisco: São José, Santo da porta ao lado e guardião das vocações


Foi divulgada, nesta sexta-feira (19/03), a mensagem do Papa Francisco para o 58º Dia Mundial de Oração pelas Vocações que será celebrado em 25 de abril próximo, IV Domingo de Páscoa.

Intitulada «São José: o sonho da vocação», a mensagem recorda que o Pai putativo de Jesus é uma "figura extraordinária e, ao mesmo tempo, «tão próxima da condição humana de cada um de nós», escreve o Papa, citando um trecho da introdução da Carta Apostólica Patris corde.

"São José não sobressaía, não estava dotado de particulares carismas, não se apresentava especial aos olhos de quem se cruzava com ele. Não era famoso, nem se fazia notar: dele, os Evangelhos não transcrevem uma palavra sequer. Contudo, através da sua vida normal, realizou algo de extraordinário aos olhos de Deus. Deus vê o coração e, em São José, reconheceu um coração de pai, capaz de dar e gerar vida no dia a dia. É isto que as vocações tendem a fazer: gerar e regenerar vidas todos os dias", ressalta o Papa no texto.

“O Senhor deseja moldar corações de pais, corações de mães: corações abertos, capazes de grandes ímpetos, generosos na doação, compassivos para consolar as angústias e firmes para fortalecer as esperanças. Disto têm necessidade o sacerdócio e a vida consagrada, particularmente nos dias de hoje, nestes tempos marcados por fragilidades e tribulações devidas também à pandemia que tem suscitado incertezas e medos sobre o futuro e o próprio sentido da vida.”

"São José vem em nossa ajuda com a sua mansidão, como Santo da porta ao lado; simultaneamente pode, com o seu forte testemunho, guiar-nos no caminho", sublinha Francisco.
O amor dá sentido à vida

"A vida de São José sugere-nos três palavras-chave para a vocação de cada um", sublinha o Papa. "A primeira é sonho. Todos sonham realizar-se na vida. E é justo nutrir aspirações grandes, expectativas altas, que objetivos efêmeros como o sucesso, a riqueza e a diversão não conseguem satisfazer. Realmente, se perguntássemos às pessoas para traduzirem numa só palavra o sonho da sua vida, não seria difícil imaginar a resposta: «amor». É o amor que dá sentido à vida, porque revela o seu mistério. Pois só se tem a vida que se doa, só se possui de verdade a vida que se doa plenamente. A este propósito, São José tem muito a nos dizer, pois, através dos sonhos que Deus lhe inspirou, fez da sua existência um dom."

De acordo com Francisco "assim acontece na vocação: o chamado divino impele sempre a sair, a doar-se, a ir mais além. Não há fé sem risco. Neste sentido, São José constitui um ícone exemplar do acolhimento dos projetos de Deus. Que ele ajude a todos, sobretudo os jovens em discernimento, a realizar os sonhos que Deus tem para cada um; inspire a corajosa intrepidez de dizer «sim» ao Senhor, que sempre surpreende e nunca desilude!"
Viver para servir

A segunda palavra, serviço, marca o itinerário de São José e da vocação. Segundo os Evangelhos, "ele viveu em tudo para os outros e nunca para si mesmo. O serviço, expressão concreta do dom de si mesmo, não foi para São José apenas um alto ideal, mas tornou-se regra da vida diária. Em resumo, adaptou-se às várias circunstâncias com a atitude de quem não desanima se a vida não lhe corre como queria: com a disponibilidade de quem vive para servir".

"Por isso gosto de pensar em São José, guardião de Jesus e da Igreja, como guardião das vocações. Com efeito, da própria disponibilidade em servir, deriva o seu cuidado em guardar. «Levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe»: refere o Evangelho, indicando a sua disponibilidade e dedicação à família. Este cuidado atento e solícito é o sinal duma vocação realizada. É o testemunho duma vida tocada pelo amor de Deus", ressalta o Papa.

A fidelidade é o segredo da alegria

O terceiro aspecto que atravessa a vida de São José e a vocação cristã, cadenciando o seu dia a dia é a fidelidade. "Como se alimenta esta fidelidade? À luz da fidelidade de Deus", frisa o Pontífice. "Esta fidelidade é o segredo da alegria. Como diz um hino litúrgico, na casa de Nazaré reinava «uma alegria cristalina». Era a alegria diária e transparente da simplicidade, a alegria que sente quem guarda o que conta: a proximidade fiel a Deus e ao próximo."

"Como seria belo se a mesma atmosfera simples e radiante, sóbria e esperançosa, permeasse os nossos seminários, os nossos institutos religiosos, as nossas residências paroquiais!", sublinha Francisco, desejando esta alegria a todos os que fizeram "de Deus o sonho da vida, para O servir nos irmãos e irmãs que lhes foram confiados, através duma fidelidade que em si mesma já é testemunho, numa época marcada por escolhas passageiras e emoções que desaparecem sem gerar a alegria". "Que São José, guardião das vocações, os acompanhe com coração de pai", conclui o Papa.


Mariangela Jaguraba - Vatican News



segunda-feira, 12 de abril de 2021

segunda-feira, 5 de abril de 2021

O Mistério do Tempo Pascal

 



O grande mistério que em todo o Tempo Pascal, e especialmente no dia de hoje, deve ocupar as almas amantes de Deus, e enchê-las de dulcíssima esperança, é a felicidade de Jesus ressuscitado.
Já meditamos que Jesus, no tempo de sua Paixão, perdeu inteiramente as quatro espécies de bens que o homem pode possuir na terra.

.
Perdeu os vestidos até à extrema nudez; perdeu a reputação pelos desprezos mais abomináveis;

.
Perdeu a florescente saúde pelos maus tratos; perdeu finalmente a vida preciosíssima pela morte mais atroz que se pode imaginar.
Agora, porém, saindo vivo do fundo do sepulcro, recebe com lucro abundantíssimo tudo quanto perdeu.
O que era pobre, ei-lo feito riquíssimo e senhor de toda a terra. O que a si próprio se chamava verme e opróbrio dos homens, ei-lo coroado de glória, assentado à direita do Pai.

.
O que pouco antes era o Homem das dores e provado nos sofrimentos, ei-lo dotado de nova força e de uma vida imortal e impassível.

.
Finalmente o que tinha sido morto do modo mais horrível, ei-lo ressuscitado pela sua própria virtude, dotado de sutileza, de agilidade, de clareza;
Feito as primícias de todos os que dormem com a esperança de ressuscitarem também um dia à imitação de Cristo.
Detenhamo-nos aqui para tributar a nosso Chefe divino as devidas homenagens.

.
Façamos um ato de fé viva na sua ressurreição, e cheguemo-nos a ele para beijarmos em espírito os sinais das cinco chagas glorificadas.

.
Alegremo-nos com ele, por ter saído do sepulcro, vencedor da morte e do inferno, e digamos com todos os santos:
“O Cordeiro que foi imolado por nós, é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a fortaleza, a honra, a glória e a bênção”.

.
“Sempre unido convosco, e louvar-Vos e amar-Vos eternamente”

.
Regozijemo-nos com Jesus Cristo; mas regozijemo-nos também por nós mesmos, porquanto a sua ressurreição é o penhor e a norma da nossa, se ao menos, como diz São Paulo;
Morrermos primeiro interiormente ao afeto das coisas terrestres: “Se com ele também morrermos, com ele também viveremos”.
Ó doce esperança! “Virá a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus”;

.
E então pelo poder divino retomaremos o mesmo corpo que agora temos, mas formoso e resplandecente como o sol. Nós também ressuscitaremos!

.
A esperança da futura ressurreição é o consolava o santo Jó no tempo de sua provação.
Eu sei”, disse ele, e nós, digamos o mesmo no meio das cruzes e tribulações da vida presente: “eu sei que meu Redentor vive, e que no derradeiro dia ressurgirei da terra;

.
E serei novamente revestido da minha pele, e na minha própria carne verei a meu Deus… esta minha esperança está depositada no meu peito”.


Santo Afonso Maria de Ligório