terça-feira, 26 de outubro de 2021

Diocese espanhola promove o Holywins para ressaltar a santidade

A iniciativa tem por objetivo impregnar um autêntico sabor cristão ao Halloween e promovê-lo com máscaras temáticas de santos, concertos, vigílias e adorações eucarísticas.

 

Seguindo a tradição de mais de uma década, a Diocese de Alcalá de Henares, em Madri (Espanha), promoverá novamente o ‘Holywins’.

A atividade, que acontece no mesmo dia do Halloween, incentiva crianças e jovens a se vestirem de Santos, recordando suas vidas exemplares através de brincadeiras, testemunhos e canções.

O que significa ‘Holywins’?

A Diocese espanhola explicou que o nome ‘Holywins’ é um trocadilho feito com a palavra Halloween e que significa ‘a santidade vence’ ou ‘a vitória da santidade’. Essa proximidade fonética de ambas as palavras pretende ajudar a reforçar a festa cristã de Todos os Santos, diante do eclipse cada vez maior que está sofrendo pela potente implantação da festa pagã de Halloween.

O festival de ‘Holywins’ surgiu originalmente na França no ano de 2002. A iniciativa tem por objetivo impregnar um autêntico sabor cristão ao Halloween e promovê-lo com máscaras temáticas de santos, concertos, vigílias e adorações eucarísticas. A Diocese de Alcalá de Henares, foi a primeira na Espanha a sediar o festival.

Recuperar o verdadeiro sentido da Véspera de Todos os Santos

A Diocese ressalta que apesar do ‘Halloween’ significar em inglês ‘Véspera de Todos os Santos’, esta celebração atualmente não possui nenhum tipo de relação com a Fé Católica, tendo se tornado uma festa completamente pagã.

“Queremos devolver a este dia seu verdadeiro sentido e celebrar todos aqueles que seguiram heroicamente a Jesus Cristo, com uma festa luminosa de Todos os Santos que transborde alegria e esperança”, diz a Diocese em um comunicado.

Celebrarem o triunfo da vida e promover a beleza e o bem

A iniciativa pretende ainda incentivar o rompimento do culto à morte e a exaltação do monstruoso e do feio, por meio da celebração do Halloween, que ganhou popularidade em todo o mundo.

É próprio dos cristãos celebrarem o triunfo da vida e promover a beleza e o bem. “A vida é bela e nossa meta é o Céu, são muitos os que chegaram e todos somos chamados a compartilhar sua felicidade, pois todos podemos ser santos”, conclui o comunicado da Diocese. (EPC)

Gaudium Press

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Na terra do descarte e da morte

Che diritti ha il bambino non ancora nato?

São João Paulo II, na encíclica Evangelium vitae (EV, 21), mostrou que o problema do aborto residia não apenas num ato isolado, realizado num momento de desespero, mas numa visão de mundo que abarcava todas as relações sociais: a cultura da morte.

Em nossa sociedade, analisava o Papa, quando o sentido de Deus foi perdido, também a percepção da dignidade da pessoa humana se viu obliterada. Em tese, nunca se valorizou tanto a dignidade e a universalidade da pessoa como em nossos tempos, mas a compreensão do que é ser pessoa foi reduzida. Só os que têm força para produzir, defender-se ou gozar a vida têm sua dignidade reconhecida. A criança ainda não nascida, o ancião no fim da vida, o paciente terminal, destituídos dessas capacidades, não têm a dignidade reconhecida.

Com os avanços da biologia, não pode haver objeção ao fato de que, na concepção, quando os gametas masculino e feminino se unem, forma-se um novo ser humano, uma nova vida, inclusive com um código genético diferente daquele de seus pais.

O verdadeiro debate é sobre a dignidade daquele ser humano recém-formado. Os defensores “da vida” reconhecem já ali uma pessoa humana com plenos direitos. Os defensores “do direito de escolha” querem que aquele ser humano seja entendido apenas como um amontoado de novas células humanas, sem dignidade ou direitos, sujeito à escolha de outros.

A cultura da morte é uma negação do princípio da dignidade universal e inviolável da pessoa humana. Só aqueles que são produtivos ou desejados têm sua dignidade reconhecida. Os frágeis e indesejados podem, segundo essa lógica, ser eliminados.

Longe de qualquer discussão confessional, a constatação da universalidade dos direitos humanos exige que se reconheça que aquele nascituro já tem direito à vida.                 

Uma plena compreensão do amor se torna impossível na cultura da morte. O amor atinge sua plenitude na doação gratuita de si a outro, algo que nunca poderá ser alcançado numa relação na qual se sujeita a vida do outro à sua vontade. Assim, a cultura da morte vai determinando um modo de se relacionar com toda a realidade.

Mesmo que usando uma palavra aparentemente menos forte, o Papa Francisco amplia nossa percepção da cultura da morte ao chamá-la de cultura do descarte, acenada na exortação apostólica Evangelli gaudium (EG, 53 e 195), explicadas nas encíclicas Laudato si’ (LS, 20-22 e 123) e Fratelli tutti (FT, 18-24). Numa época em que a sociedade se preocupa com o meio ambiente, quer evitar o desperdício e a geração de resíduos, o próprio ser humano passa a ser visto como um produto descartável, condenado ao esquecimento, à exclusão e à morte quando não interessa (LS, 120).

o Papa Francisco mostra como a cultura da morte se torna mentalidade cotidiana, atitude frente a coisas e pessoas. Sem o reconhecimento da dignidade original à qual todo ser humano tem direito, não há limite claro entre o lícito e o ilícito. Nosso voluntarismo passa a ser o critério último para todas as coisas. A mesma sociedade que defende o meio ambiente é aquela que mais polui. A mesma sociedade que exalta os direitos humanos é aquela que deixa refugiados morrerem, crianças famintas, velhos solitários à mingua.

Como enfrentar tal situação? Denunciar o erro e defender uma legislação que proteja a vida são passos irrenunciáveis nesse enfrentamento (EV, 68). Contudo, é necessário mais. Já na Evangelium vitae (EV, 88-90), São João Paulo II exorta-nos a realizar obras de acolhida a grávidas em dificuldades, casais que necessitam de orientação, idosos etc.

Bento XVI falava em superar o medo, com o reconhecimento da beleza da vida e a força da esperança.

Francisco exorta a “cuidar da fragilidade dos povos e das pessoas [… com] força e ternura, luta e fecundidade, no meio de um modelo funcionalista e individualista que conduz inexoravelmente à cultura do descarte” (FT, 188). Lembra, ainda, que “para muitos cristãos, este caminho de fraternidade tem também uma Mãe, chamada Maria. Ela recebeu junto à Cruz esta maternidade universal (cf. Jo 19,26) e cuida não só de Jesus, mas também do resto da sua descendência (cf. Ap 12,17). Com o poder do Ressuscitado, Ela quer dar à luz um mundo novo, onde todos sejamos irmãos, onde haja lugar para cada descartado das nossas sociedades, onde resplandeçam a justiça e a paz” (FT, 278).

Francisco Borba Ribeira Neto

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

No silêncio, Deus fala


Transformou a procela (tempestade) em leve brisa, e as ondas do mar silenciaram. 
Is 106,29 

Eis uma arte necessária, difícil e até mesmo temida. Silenciar, muitas vezes, é considerado fraqueza, desistência ou até mesmo admissão de algo que na realidade não é verdade total. Mas muitas vezes precisamos silenciar, mesmo que tenhamos que pagar alto preço. O silêncio inquieta e torna-se uma resposta que confunde.

Nosso tempo nos pede insistentemente um "toma lá, da cá" de perguntas e respostas, justificativas e acusações, mas não devemos ceder a isso, não devemos entrar nesse jogo. Isso seria comungar com aquilo em que não acreditamos.  

Nesse turbilhão, a Palavra de Deus nos chama ao silêncio, à reflexão. Quem não silencia, comumente age no ímpeto de seus impulsos e acaba misturando tantas emoções e tantos descontentamentos, que vocifera contra alguém o tumultuado turbilhão de insatisfações interiores. Se gritamos, vociferamos com as pessoas, é porque trazemos isso dentro de nós.

O silêncio não é fraqueza, mas atitude privilegiada daqueles que desejam entrar em contemplação do mais belo dos mistérios: o amor imutável.   

Deus transforma tudo em brisa. É curioso que nós percebemos rapidamente as tempestades, as ventanias, mas muito lentamente percebemos o sereno silencioso que simplesmente toca carinhosamente a nossa face sem fazer nenhum barulho, nenhum ruído. Silenciar é acolher e filtrar na fé.

 Pe. Fábio Gleiser Vieira Silva

 

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Como ser feliz no Matrimônio?

 Sacramento do Matrimônio- você sabe o real significado? Descubra! -  WeMystic Brasil

Depois de restituir ao matrimônio a sua original pureza, Nosso Senhor Jesus Cristo ensina que a inocência deve reger o ser humano em qualquer estado de vida.

No texto do Gênesis, encontra-se o princípio da criação, ou seja, o relacionamento que existia entre homem e mulher antes do pecado: união santa, monogâmica e indissolúvel, em total conformidade com a natureza de ambos.

Se esta situação foi alterada, deveu-se à dureza de coração das gerações posteriores, consequência da queda original. A mulher foi sendo paulatinamente relegada da consideração do homem e a poligamia — que teve sua origem na linhagem de Caim (cf. Gn 4, 19) — tornou-se um hábito generalizado em muitas civilizações pagãs da Antiguidade, e era tolerada, inclusive, entre os hebreus.

Mesmo sob o regime da Lei de Moisés, o trato dispensado ao elemento feminino estava marcado pelo desprezo. Nosso Senhor Jesus Cristo veio restabelecer a primitiva pureza da instituição do matrimônio.

O contrato natural elevado a Sacramento

Se o casamento é indissolúvel, o marido que se separa da mulher, ou vice-versa, e contrai uma nova união, comete adultério. Então, como é possível ser fiel no matrimônio? Seria suficiente restaurar o matrimônio em sua primitiva pureza ou haveria algo a acrescentar a esta visão essencial?

Só quando ambos se determinam a abraçar a cruz e carregá-la juntos, o matrimônio atinge sua plenitude e seu esplendor.

Não nos iludamos! Em qualquer estado de vida, o verdadeiro caminho a ser trilhado é o da cruz! Depois do pecado original, ela sempre estará presente no convívio social, havendo desavenças e desencaixes inclusive entre esposos.

Falsa seria a afirmação de que é possível existir um casal tão inteiramente harmônico, que cada um dos consortes nunca tenha de fazer esforço para adaptar-se ao outro.

Daí a importância do Sacramento, que “purifica os olhos da natureza, faz suportáveis as desgraças, enternecedoras as enfermidades, amáveis a velhice e os cabelos brancos. A graça torna o amor paciente. Ela o fortifica face ao choque dos defeitos com que ele se deparou”.

União de dois que resolveram abraçar juntos a cruz

Isto quebra a ideia romântica ― tão difundida pelas produções cinematográficas de Hollywood e pelas novelas televisivas ― de que a vida matrimonial é uma realidade feita de rosas…

Sim, há rosas perfumadas, de pétalas muito bonitas, mas com caules crivados de espinhos terríveis… Porque não existem dois temperamentos iguais! Se não há dois grãos de areia ou duas folhas de árvore idênticas, menos ainda duas criaturas humanas, pois quanto mais se sobe na escala dos seres, maior é a diferença entre eles.

A utopia da igualdade absoluta dos homens é uma loucura! Costumava dizer o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira que Deus não é tartamudo e, portanto, não repete suas obras: “Cada ser é uma sílaba única e perfeita da ação criadora de Deus naquela gama, o que é verdadeiramente uma maravilha”.

Às vezes há processos de separação por causa de bagatelas.

Qual a raiz de tais desentendimentos? A dificuldade em aceitar a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Para nos redimir, bastaria que Jesus oferecesse ao Pai um gesto — pois todos os seus atos têm mérito infinito —, mas Ele preferiu padecer os tormentos da Crucifixão, o suplício mais ignominioso daqueles tempos, dando-nos assim o exemplo de como devemos abraçar a nossa própria cruz.

Age com grande insensatez quem se baseia na estrita beleza física ao contrair matrimônio, esquecendo-se de que, com o correr dos anos, a fisionomia e a pele vão adquirindo outra aparência…

Pior ainda é o erro no qual incorre quem se casa por sensualidade, acreditando na mentira de que a felicidade está em dar vazão a paixões voluptuosas no relacionamento matrimonial.

Neste não pode haver libertinagem; cada um deve respeitar a si mesmo e o outro, tendo como objetivo a prole. O que se fizer sem esta intenção é pura e simplesmente pecaminoso, como ensina Santo Agostinho:

“tudo quanto os esposos realizem contra a moderação, a castidade e o pudor é um vício e um abuso, que não provém do autêntico matrimônio, mas sim de homens mal refreados”.

Soltar as rédeas das paixões é inconcebível em qualquer circunstância, pois o combate a elas é o cerne de nossa luta e de nossa cruz.

Peçamos o indispensável amparo da graça para conservarmos intacta a inocência, ou para reconquistá-la, e sejamos arautos da Inocência Eterna, Nosso Senhor Jesus Cristo, e da Inocente por excelência, Maria Santíssima.

Mons João Clá Dias