segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Radicados Nele


Como a raiz que busca o centro da terra, escondendo-se para melhor servir e melhor nutrir, prendendo-se com maior força quanto mais se aprofunda, assim deveria ser eu. 

Eu deveria mergulhar-me cada dia mais nas profundezas de Deus, abismando-me na Verdade e na Justiça, prendendo-me cada vez mais, por minhas ações e meus desejos, sem desfalecimentos ao Eterno que me alimenta. Porque o solo em que fui plantado é capaz de me fazer viver. A raiz não escolhe o lugar, mas utiliza-o. O solo onde a Providêncioa me colocou está cheio de seiva que desconheço ou desdenho, e recuso deitar raízes em funções desagradáveis, num meio arenoso e triste, num dever austero, exigente. Sou uma planta altiva e orgulhosa, que se murcha por falta de abandono confiante.

Não queremos entregar a nossa estabilidade, o nosso progresso, o nosso futuro, a nossa felicidade, o nosso ser unicamnete a Deus; e porque fazemos esta reserva, definhamos. 

O nosso meio, por ser nosso, deve ser amado por nós. Onde quer que a Providência nos coloque, aí devemos viver. Estamos enraizados numa imensa bondade inteligente, e a graça de Cristo subirá em nós por todos os canais de nossos desejos.

Ser justo, ser sincero e bom, mesmo quando ninguém nos vê; cuidar bastante do pensamento secreto que nos move, e cuja vulgaridade é por vezes tão culposa; preocupar-se não tanto pela planta visível, que é efêmera, como da subterrânea, princípio e regeneração da outra, não será  isso começar a crescer pela raiz e colaborar com o solo divino?

Por isso, só a Vós entrego o cuidado de me abrigar e dar crescimento. Só de Vós espero a graça de poder lançar raízes no meio providencial que me marcastes, e de me alimentar com meu dever, muito embora rude e de obscuro aspecto.

E quando precisar de mais energia, de mais resignação e mais doçura, e de uma paciência a toda prova, lembrar-me-ei de que é só penetrando mais profundamente em Vós, e dependendo mais estreitamente de Vós, que se podem adquirir todos esses aumentos. 

Pe. Pierre Charles, SJ

domingo, 13 de setembro de 2020

A pandemia do coronavírus pode levar os católicos a abandonar a frequência à Missa?


Um sinal de alarme e alerta: a pandemia pôs a descoberto e acentuou o abandono da celebração dominical pelos católicos e por parte das novas gerações? ”

Fátima – Portugal ( 09/09/2020, 13:00 – Gaudium Press) O Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, Cardeal Dom Antônio Marto, acaba de lançar uma Carta Pastoral intitulada “A Eucaristia, Encontro e Comunhão com Cristo e os Irmãos”.

A pandemia acentuou a tendência de abandonar a Celebração da Santa Missa?

Na Carta Pastoral que norteará o biênio 2020-2022 na Diocese de Leiria-Fátima, o Cardeal alerta que a pandemia poderia estar acentuando uma tendência nas novas gerações de abandonar a celebração da Santa Missa.

O Purpurado recorda que “o tema da Eucaristia, na sua amplitude, aponta para o essencial da fé cristã: Jesus Cristo que, no Sacramento do Altar, é o coração da Igreja e alimento de vida espiritual para os fiéis”.

Dom Antônio revela que “muitas pessoas ainda estão reticentes em participar na celebração dominical, dominadas pelo medo ou pelo comodismo” e expressa sua “tristeza e preocupação, particularmente com a ausência de pais, crianças e jovens”.
As novas gerações abandonarão a celebração dominical?

A pergunta que o Cardeal faz logo em seguida é se esse não seria “o sinal de alarme e alerta de que a pandemia veio pôr a descoberto e acentuar o que já estava acontecendo, isto é, o abandono da celebração dominical por parte das novas gerações? ”

Na pandemia, o longo confinamento abalou profundamente o espírito dos fiéis

“Nunca tínhamos imaginado ver as igrejas vazias, suspensas as celebrações comunitárias, a catequese e tantas atividades. A impossibilidade de aproximar-se dos sacramentos, de receber a comunhão sacramental, de se encontrar com os irmãos e irmãs em comunidade, de celebrar um funeral religioso digno aos entes queridos falecidos, de viver confinados a Quaresma, a Páscoa e todo o tempo pascal, tudo isto constituiu uma dura provação”, recorda e lamenta o Bispo de Leiria-Fátima.

Fomos levados a fechar muitas igrejas, proibir a Missa com a presença dos fiéis. “O longo período do confinamento abalou profundamente as nossas comunidades”, declara em sua Carta Pastoral o Cardeal Antônio Marto.

Na pandemia: solução precária que pode levar à tentação do comodismo ou da virtualização da Missa

Em sua Carta Pastoral, o Purpurado reconhece que um o confinamento trouxe “provas de criatividade pastoral para alimentar a fé e manter vivo o sentido de comunidade nos fiéis”.

Surgiram oportunidades, como a vivência da “experiência da fé em família e como família, qual pequena Igreja doméstica”; e também “evidenciou a necessidade da personalização da fé”. Houve também o surgimento de transmissões pelos meios de comunicação, permitindo “estar unidos espiritualmente e fazer a comunhão espiritual”. “Porém, sentíamos na pele e no coração que não era a mesma coisa que uma celebração presencial e comunitária”, diz o Cardeal que logo faz uma alerta:

Agora, com o retorno das Missas presenciais é preciso “estar atentos e evitar a grande tentação do comodismo ou da virtualização da Missa, pensando que basta segui-la comodamente em casa. A celebração da fé é incarnada, presencial, comunitária, relacional, de encontro, de afeto, de comunhão de irmãos e irmãs”.

A pandemia deixou heranças: falta de encanto e devoção para com a Eucaristia; indiferença, abandono das celebrações dominicais

Dom Antônio Marto observou que se vive atualmente na Igreja “uma situação de ‘emergência eucarística’” não oriunda “de heresias doutrinais como no passado, mas sobretudo pela indiferença e consequente abandono da celebração dominical como se fosse algo meramente opcional ou mesmo um fardo”.

“Constatamos a falta de enlevo, encanto, amor, atração e devoção a este sacramento, uma verdadeira desafeição e até desamor por parte de muitos cristãos que se afastam da celebração”, constatou.

Além da pandemia, o que contribuiu para o abandono da devoção Eucarística?

Segundo o Bispo, contribuem para este abandono “fatores de ordem social, cultural, familiar, próprios do mundo e deste tempo em mudança”.

Entretanto, sublinhou, “as razões mais profundas são o esmorecimento da fé, a ignorância do verdadeiro significado deste sacramento para a vida cristã e também a falta de qualidade de certas celebrações”.

Nesse sentido, o Purpurado indicou que “é fundamental descobrir e aprofundar a riqueza e a beleza do conteúdo e do significado que estão presentes na celebração eucarística e que dão sentido pleno à vida de cada cristão e da Igreja”. (JSG)

 

terça-feira, 1 de setembro de 2020

O Cardeal que se "confessou" com um leigo

 

-Ajoelhado no confessionário, o rosto banhado por um suor frio, um homem maduro desfiava hesitante suas falhas e pecados diante do confessor…

Na penumbra do confessionário apenas se distinguia uma figura imponente que infundia ao mesmo tempo confiança e respeito. Era o ilustre Cardeal Mercier, Arcebispo de Malines (Bélgica). De
pois de ouvir a confissão, o Cardeal sussurrou ao ouvido de seu penitente:
– Contaste-me os segredos de tua vida, agora eu vou te contar o meu!

O homem ficou assustado!
– Será que o cardeal vai confessar-me os seus pecados?

Apurou o ouvido e prestou atenção…

– Vou te revelar um segredo de santidade e de felicidade: todos os dias, durante cinco minutos, guarda a tua imaginação, fecha teus olhos a todas as coisas sensíveis, teus ouvidos aos ruídos do mundo, e recolhe-te ao santuário de tua alma batizada, que é templo do Espírito Santo e fala assim com Ele: “Eu vos adoro, ó Espírito Santo, alma de minha alma! Iluminai-me, guiai-me, fortificai-me, consolai-me. Dizei-me o que devo fazer e ordenai-me que o faça. Prometo-vos submeter-me a tudo que desejais de mim e aceitar tudo quanto permitirdes que me suceda: fazei-me sempre conhecer somente a vossa vontade.”

– Mas… Sr. Cardeal, para mim, será que isso dará certo?

– Se fizeres isso, tua vida transcorrerá feliz, serena e cheia de consolações, mesmo em meio às penas, pois a graça será proporcional à prova e receberás força para vencê-la. Assim chegarás às portas do Paraíso cheio de mé¬ritos; essa submissão ao Espírito Santo é o segredo da santidade!

E… para mim que estou lendo este artigo, servirá este conselho? Eu que sou uma pessoa comum… que não tenho a virtude dos santos?

Não se esqueça leitor, que o santo é alguém como nós, que quis cumprir com coerência o chamado de Deus, de acordo com o seu estado, como dizia nosso querido Papa João Paulo II: “Irmãos e irmãs… não tenhais medo de ser santos! Construí uma era de homens santos deste século, que se di¬rige ao seu fim, e do novo milênio” (ACI, 16-6-99).

Mas, como alcançar uma meta tão alta? A resposta nos é dada pelo Cardeal belga: “a submissão ao Espírito Santo é o segredo da santidade”.

É ao Espírito Santo que se atribui a nossa santificação. A sua ação em nossas almas é, portanto, de primordial importância para alcançarmos o progresso na vida espiritual.

O Espírito Santo é quem nos concede os dons tão necessários para nossa santificação: a Sabedoria, o Entendimento, o Conselho, a Fortaleza, a Ciência, a Piedade e o Temor de Deus.

A Sabedoria é o dom pelo qual conhecemos as coisas como Deus as conhece.

Quantas vezes lemos a Bíblia, ou alguma outra obra de vida espiritual e temos dificuldade em entender o profundo significado das palavras divinas?

O dom do Entendimento nos auxilia a entender e viver aquilo que conhecemos através de nossos sentidos.

Como é útil um bom conselho… Mas, como dar bons conselhos? O Espírito Santo faz brotar o conselho no coração e nos lá¬bios daquele que recebe este dom. É um dom gratuito, que a pessoa recebe não para si, mas pa¬ra auxiliar o próximo.

A Fortaleza é o dom que nos sustentará nas duras lutas e aflições que nos esperam nas curvas da vida!

O dom da Ciência, é um conhecimento da Criação por uma infusão direta do conhecimento divino.

O dom da Piedade nos dará o gosto pelas coisas espirituais.

E, por fim, o dom do Temor de Deus, nos faz ter sempre presente o respeito devido a nosso Criador, evitando, assim, que nos afastemos d’Ele.

Leitor amigo, devoto do Espírito Santo, guarde para si este conselho de tão sábio e piedoso homem de Deus!
Talvez este segredo, que você agora conheceu, venha a ser a chave de sua perfeição e o caminho de sua felicidade!

Por Alexandre de Hollanda Cavalcanti