sexta-feira, 31 de março de 2023

A paciência diante dos sofrimentos

Neste mundo, estaremos por pouco tempo, mas muitos são os sofrimentos a padecer. Soframos com paciência!

Esta Terra é lugar de méritos, por isso é lugar de padecimentos. A nossa pátria, onde Deus preparou o descanso num gáudio eterno, é o paraíso. Neste mundo, estaremos por pouco tempo, mas, neste pouco tempo, muitos são os sofrimentos por que temos de passar. E é sofrendo com paciência que as nossas almas poderão ser encontradas conforme a vida de Jesus Cristo que “por nós padeceu, deixando-nos exemplo para que sigamos seus passos (Cf. Pd 2,21)”.

Um dia disse Santa Teresa: “Saibas que as almas mais queridas de meu pai são aquelas que são afligidas por maiores sofrimentos”. Por isso, a santa, quando se via atormentada, dizia que não trocaria os seus sofrimentos por todos os tesouros do mundo. Apareceu ela, depois da morte, a uma alma, e lhe revelou que gozava de um grande prêmio no Céu, não tanto por suas boas obras, quanto pelas penas voluntariamente sofridas por amor de Deus em vida.

Quem ama a Deus padecendo, tem um duplo ganho para o paraíso, o amar e o padecer. Escreve São João Crisóstomo que quando o Senhor dá a alguém a graça de padecer, faz-lhe maior graça do que se lhe desse o poder de ressuscitar os mortos, porque no fazer milagres o homem se torna devedor de Deus, mas no sofrer é Deus que se torna devedor do homem.

Entretanto, “é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma” (Tg 1,4). Isso quer dizer que não há coisa que mais agrade a Deus do que o ver uma alma que, com paciência e paz, sofre todas as cruzes que Ele lhe envia […].

Por São João foram vistos todos os santos vestidos de branco e com palmas na mão (Ap 7,9). A palma é a insígnia dos mártires, mas nem todos os santos sofreram o martírio; como todos os santos portam palmas nas mãos? São Gregório responde que todos os santos foram mártires ou pela espada ou pela paciência; e assim, portanto, acrescenta: “Nós, sem a espada, podemos ser mártires, se guardarmos a paciência”.

Extraído de: Cf. AFONSO MARIA DE LIGÓRIO, SANTO. A prática do amor a Jesus Cristo. Trad. Luís Augusto

segunda-feira, 20 de março de 2023

Muitas cegueiras e uma cura

 


Podemos facilmente notar que não havia apenas um cego no Evangelho de hoje, mas muitos: apenas um era cego de corpo, mas muitos eram cegos de alma. Ao primeiro, Jesus curou; aos outros, não. Por quê?

O terceiro domingo do Advento e o quarto domingo da Quaresma são os únicos dias do ano em que o sacerdote pode se revestir de paramentos róseos. A razão é simples: a Igreja deseja que, em nossas almas, algo dos gáudios natalinos e das vindouras alegrias pascais se unam à mortificação e à penitência.

Por isso, este domingo também é conhecido como “domingo lætare”, o “domingo da alegria”.

A cegueira do corpo

O Evangelho de hoje é de tal modo atraente que seríamos tentados a transcrevê-lo todo aqui. Mas infelizmente não é possível, pois ele é tão rico em ensinamentos quanto em palavras: é um Evangelho bem longo, com 41 versículos. Enfim, contentar-nos-emos com um breve resumo.

Era dia de sábado. Enquanto caminhava, Jesus avistou um cego de nascença e teve compaixão dele. Muitos julgavam que tal moléstia era um castigo por seus pecados ou pelas faltas de seus ancestrais. Contudo, Nosso Senhor disse que sua doença serviria para que as obras de Deus se manifestassem nele. “Dito isso, Jesus fez lama com a saliva e colocou-a sobre os olhos do cego” (Jo 9,6). Depois, mandou-o lavar-se na piscina de Siloé: o cego o fez, e voltou enxergando (Cf. Jo 9,7).

Ninguém podia acreditar no que se passara, pois desde seu nascimento, aquele homem nunca enxergara. Os fariseus, porém, cheios de inveja, disseram-lhe que o Divino Mestre não poderia ter operado aquela cura em dia de sábado. Então, começou uma calorosa discussão entre eles e o cego que fora curado. Mas como não tinham argumentos lógicos, apelaram ao recurso da força: expulsaram-no da comunidade! (Cf. Jo 9,8-34)

Por fim, Jesus perguntou ao cego que fora curado, se ele cria no Filho do Homem. Ao que respondeu: “Quem é, Senhor, para que eu creia nele?” Jesus, então, disse: “Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo”. “Eu creio”, disse ele, prostrando-se diante de Jesus (Jo 9,35-38).

Após isso, Nosso Senhor disse que viera “para exercer um julgamento, a fim de que os que não veem vejam e os que veem se tornem cegos” (Jo 9,39). Sentindo-se atingidos, os fariseus perguntaram: “Porventura nós também somos cegos?” Ao que Jesus respondeu: “Se fôsseis cegos, não teríeis culpa; mas como dizeis ‘nós vemos’ o vosso pecado permanece” (Jo 9,41).

A cegueira de alma

Neste Evangelho, pode-se facilmente notar que não havia apenas um cego, mas muitos: um era cego de corpo, os outros o eram de alma. Ao primeiro, Jesus curou; aos outros, não. Por quê? Por uma razão muito simples.

O cego de nascença sabia-se cego – tanto é assim que se colocou no caminho onde Jesus deveria passar. Os fariseus, porém, eram cegos de uma “cegueira espiritual”, como o provam as suas palavras: “porventura nós também somos cegos?”. Ao que respondeu nosso Senhor: “Se fôsseis cegos, não teríeis culpa; mas como dizeis ‘nós vemos’ o vosso pecado permanece” (Jo 9,40-41).

Reconhecer as próprias falhas e os próprios pecados é a primeira condição para ser curado. Seria absurdo, por exemplo, que alguém que sofresse de uma doença mortal, afirmasse gozar de plena saúde e rejeitasse qualquer medicamento. Neste caso, a cura seria impossível.

E qual é o resultado desta cegueira? Em primeiro lugar, a pessoa não tem uma noção exata de si mesmo: ilude-se com qualidades que não tem, não reconhece os seus pecados, e vive numa contínua tensão, pois teme ser descoberta.

Além disso, este gênero de almas está julgado pelo orgulho. Ao deparar-se com uma alma íntegra, ou que lhe sobrepassam em qualidades, são logo dominadas pelo mesmo vício dos fariseus: a inveja.

Este vício é terribilíssimo! É a ele que se devem tantas perseguições injustas, tantas calúnias, tantas rivalidades e, inclusive, tantos homicídios que se deram ao longo da História. Com efeito, o que ganha o invejoso por causar prejuízo aos outros? Mesmo que ele consiga prejudicar o seu “inimigo”, como fizeram os fariseus com Nosso Senhor, terá a tristeza de carregar por toda a vida o remorso de seu próprio pecado.

É dessa tristeza que a Igreja quer nos afastar neste domingo. Ela nos diz, com bondade maternal: “Lætare, alegrai-vos! Reconhecei vossos pecados, pedi a vossa cura. Pois se assim o fizerdes, sereis libertos de vossa cegueira e, com o olhar purificado, podereis contemplar a bondade de Jesus. Não mais sereis dominados pela tristeza do egoísmo e da inveja, e, mesmo que tenhais de passar por muitas tribulações, jamais sereis privados do gáudio virtuoso e santo de quem está em paz com a própria consciência e com Deus”.

Que Nossa Senhora e o Patriarca São José nos auxiliem na obtenção de tais graças.

Por Lucas Rezende

segunda-feira, 6 de março de 2023

Custódio da Terra Santa dá conselhos para fiéis vencerem a tentação

Dentre os conselhos de Frei Francesco Patton estão o de alimentar-se da palavra de Deus e confiar n’Ele.

Primeira vigilia de Quaresma no Santo Sepulcro 1

Foto: Divulgação/Custodia Terrae Sanctae.

Israel – Jerusalém (06/03/2023 12:53, Gaudium Press) Jerusalém celebrou o primeiro sábado da Quaresma com a tradicional entrada solene do Patriarca Latino na Basílica do Santo Sepulcro, Dom Pierbattista Pizzaballa, acompanhado por duas filas de frades franciscanos.

Primeira vigilia de Quaresma no Santo Sepulcro 2

Foto: Divulgação/Custodia Terrae Sanctae.

O ingresso ao local foi realizado através de uma procissão cantada, partindo da Capela da Aparição do Ressuscitado seguindo a tradicional rota que, desde 1336, os franciscanos realizam diariamente no interior da Basílica.

Recitação do Ofício de Leituras e celebração da Santa Missa da Vigília

Na noite entre o sábado e o domingo, os religiosos Franciscanos se reuniram no Santo Sepulcro para recitar o solene Ofício de Leituras e participar da celebração da Santa Missa da Vigília presidida pelo Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton. Tradição que se repete nos domingos da Quaresma, desde o ano de 1754.

Primeira vigilia de Quaresma no Santo Sepulcro 3

Foto: Divulgação/Custodia Terrae Sanctae.

A celebração eucarística ocorreu na Capela da Crucificação, no Calvário. Em sua homilia, Frei Patton assegurou que “a melhor maneira de vencer a tentação é, por um lado, alimentar-se da palavra de Deus e, por outro, confiar n’Ele em vez de desafiá-lo, forçando-o a realizar milagres”.

Deus deve estar no centro dos nossos pensamentos

Comentando o Evangelho do dia, que relatava o episódio das tentações de Jesus no deserto, o Custódio da Terra Santa ressaltou que “para vencer a tentação, Deus é quem deve ser venerado, quem deve estar no centro dos nossos pensamentos, nossos afetos e nossa pessoa, porque no momento em que deixarmos de adorá-lo nos tornaremos escravos de outras realidades”.

Primeira vigilia de Quaresma no Santo Sepulcro 4

Foto: Divulgação/Custodia Terrae Sanctae.

Por fim, Padre Patton destacou que “a Quaresma nos confronta com uma realidade de fragilidade, mas também nos dá as ferramentas para não sermos vítimas, submissos e escravos dela”. E concluiu exortando aos fiéis para que caminhem “com confiança durante estes quarenta dias rumo à Páscoa, rumo àquele dia em que recordaremos o dom da nova vida que recebemos em nosso Batismo”. (EPC)