sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Paz: precioso dom do Natal

 

O beata nox! Sim, bendita noite que assiste ao nascimento de um Menino a inaugurar uma nova era histórica. Naquela noite foi oferecido à humanidade um precioso dom que não lhe seria retirado nem mesmo quando aquele Menino retornasse à eternidade: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!” (Jo 14, 27). […]

Todas as palavras de Jesus são de vida eterna e misteriosamente atraentes, mas, sendo recordadas bem junto ao Presépio, levam-nos a querer penetrar a fundo em seu significado, sobretudo as que se referem à paz trazida a nós naquela noite. Qual será sua natureza? É ela que toda criatura humana com sofreguidão deseja, mas com quanta frequência a busca onde ela não se encontra e, mais ainda, se equivoca quanto ao seu verdadeiro conteúdo e substância!

Não consistirá nesse equívoco a causa principal de o mundo estar quase sempre pervadido por guerras e catástrofes ao longo de vários milênios? Tudo fruto da pseudopaz que o mundo nos oferece, bem diferente da que os Anjos cantaram aos pastores, naquela bendita noite de Natal. […]

Bento XVI assim se exprimiu sobre o mesmo tema: “Em primeiro lugar, a paz deve ser construída nos corações. De fato, é neles que se desenvolvem sentimentos que podem alimentá-la ou, ao contrário, ameaçá-la, enfraquecê-la, sufocá-la. Aliás, o coração do homem é o lugar das intervenções de Deus. Portanto, ao lado da dimensão ‘horizontal’ das relações com os outros homens, revela-se de importância fundamental, nesta matéria, a dimensão ‘vertical’ da relação de cada um com Deus, no qual tudo tem o seu fundamento”.

Por isso, neste Natal, em meio aos múltiplos dramas atuais, ecoam mais do que nunca para nós os cânticos dos Anjos, como outrora para os pastores. Eles nos oferecem a verdadeira paz, a cada um de nós em particular, convidando-nos a subordinarmos nossas paixões à razão, e esta, à fé. Oferecem-nos também o término da luta civil, da luta de classes e das próprias guerras entre as nações, com a condição de observarmos com cuidado as exigências impostas pela hierarquia e pela justiça. Em síntese, é-nos indispensável, para recebermos dos Anjos essa oferta tão ansiada por nós, estarmos em ordem com Deus, reconhecendo n’Ele o nosso Legislador e Senhor, e amando-O com todo entusiasmo.

É o que, com tanta lógica e unção, comenta São Cirilo: “Não O olhes simplesmente como um Menino depositado num presépio, mas em nossa pobreza devemos vê-Lo rico como Deus, e por isso é glorificado inclusive pelos Anjos: ‘Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade’. Pois os Anjos e todas as potências superiores conservam a ordem que lhes foi dispensada e estão em paz com Deus. De modo algum se opõem ao que Lhe agrada, mas estão firmemente estabelecidos na justiça e na santidade. Nós somos miseráveis ao colocar nossos próprios desejos em oposição à vontade do Senhor, e nos colocamos nas fileiras de seus inimigos. Isso foi abolido por Cristo, pois Ele mesmo é a nossa paz e nos une por sua mediação com Deus Pai, tirando o pecado, causa de nossa inimizade, justificando-nos pela fé e aproximando os que estão distantes”. […]

E com não menor espiritualidade, acrescenta São Jerônimo: “Glória no Céu, onde não há dissensão alguma, e paz na terra, onde há guerras diárias. ‘E paz na terra’. E essa paz em quem? Nos homens. […] ‘Paz aos homens de boa vontade’, isto é, àqueles que recebem Cristo recém-nascido”.

João Scognamiglio.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Os homens procuram a paz e não a encontram

 

Vós, Senhor Jesus, Deus humanado, sois entre os homens o Príncipe da Paz. Sem Vós a paz é uma mentira e, afinal, tudo se converte em guerra”.

Afinal, o que é a paz?

Quantas vezes ouvimos falar de paz durante este convulsionado ano prestes a findar-se! Entretanto, pouco temos ouvido da “glória a Deus no mais alto dos Céus”; e vemos cada dia menos homens “de boa vontade”, cheios de amor ao próximo, bem-dispostos em relação uns aos outros.

À vista disto, perguntamos: Por que os homens querem tanto a paz e não a encontram? O que é, concretamente, a paz?

Alguns a consideram uma situação de bem-estar sem enfermidades, adversidades, riscos; uma situação na qual se possa fazer em ininterruptos deleites todo o percurso da vida terrena. Para esses, a glória de Deus nada tem a ver com a paz na terra. São homens e mulheres plasmados pela mentalidade de que essa glória é algo totalmente insignificante.

Ora, não se pode dissociar da glória de Deus a paz na terra. Se os homens não derem a Deus a glória devida, a consequência evidente é que não haverá paz no mundo. Quando a adoração ao dinheiro, a divinização das massas, a desenfreada procura dos prazeres, o domínio despótico da força bruta, enfim, quando o paganismo em todos os seus aspectos vai invadindo a face da terra, a consequência é a falta de paz na qual vivemos. Buscamos a paz e não a encontramos, ela se recusa a habitar conosco.

Voltemos os olhos para o Menino Deus

À vista de tudo isso, acabamos sentindo em torno de nós um abismo entre o ideal e a realidade do que vivemos. Na nossa mente confrontam-se a justiça e a injustiça, o bem e o mal, a virtude e o pecado.

Aparentemente, hoje chegamos a conquistar o mundo inteiro. A ciência e a técnica nos pervadem, prestando numerosos serviços práticos. Máquinas e mais máquinas exercem funções que surpreendem. Contudo… não temos tranquilidade, a moralidade escasseia, a honradez tornou-se uma raridade e, sobretudo, falta-nos a fé.

Um velho psiquiatra comentava-me que até os enfermos, perdendo a religiosidade, não têm paz de alma. A inquietação corrói os corações de nossos contemporâneos. Esforçamo-nos em excogitar como obter uma correta disposição de todas as coisas da vida terrena e, para isso, nada melhor do que volver nossos pensamentos à noite de Natal.

Deixemos nossos ouvidos se extasiarem com este cântico, de todos conhecido e tantas vezes recitado: “Noite de paz, noite de amor, tudo dorme em derredor”. É o Stille Nacht, que nos eleva, cada ano, em sua manifestação de compaixão para com o Menino Deus recém-nascido, como a nos dizer: é tão pequeno este Deus infinito, é tão infinito este Deus pequeno. Quando a ouvimos ou cantamos, essa bela canção de Natal nos inspira movimentos interiores de ternura e de respeito.

Voltemos os olhos para o Divino Infante. Disse Plinio Corrêa de Oliveira, um grande católico do século passado: “Vós, Senhor Jesus, Deus humanado, sois entre os homens o Príncipe da Paz. Sem Vós a paz é uma mentira e, afinal, tudo se converte em guerra”. Nós O veremos nos presépios, durante o tempo de Natal, na augusta pobreza de uma gruta, junto da Virgem Maria, sua Santíssima Mãe, e de São José. Poderemos contemplá-Lo na debilidade de um bebê posto numa manjedoura, quão tosca e pobre!

Aí está quem nos convida a transformar o curso da História dos homens, a sair do impasse que nos enche de tristeza. Convidando-nos às vias da austeridade, do amor à cruz, da justiça ante todo tipo de iniquidades, de desapego dos prazeres ilícitos, à pureza de vida num mundo cheio de depravações.

A paz deve ser construída nos corações

Se a humanidade caminhasse no cumprimento da Lei de Deus, logo cessaria esta crise moral, esta crise de fé, esta crise religiosa. A responsabilidade está em nós mesmos. Que se produza em cada um de nós uma metanóia, uma mudança de mentalidade. Sem isso, resultará vão tudo quanto se intente.

E quando nos inclinarmos diante do presépio, olhando com encanto as pequenas imagens da Sagrada Família, e sentirmos como Deus quis pôr-Se a nosso alcance, peçamos com confiança por nossa reforma pessoal e pela do próximo. Então, sim, estaremos certos de que haverá solução para a crise contemporânea.

“Em primeiro lugar” – afirmou Bento XVI –, “a paz deve ser construída nos corações. De fato, é neles que se desenvolvem sentimentos que podem alimentá-la ou, ao contrário, ameaçá-la, enfraquecê-la, sufocá-la”. E acrescentou sabiamente: “Aliás, o coração do homem é o lugar das intervenções de Deus”.

Na Santa Missa, os fiéis rezam em coro ao aproximar-se o momento da Comunhão: “Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz”. Que o Menino Jesus, a Virgem Maria e São José derramem sobre todos nós suas bênçãos, encham nossos corações das santas e puras alegrias do Natal, dando-nos a paz verdadeira: a paz de Cristo.

 Por Pe. Fernando Néstor Gioia Otero, EP.


sábado, 4 de novembro de 2023

Solenidade de todos os Santos: festa nos Céus e na Terra

 


Confirmados pela testemunha de tantos e tantas que nos antecederam na conquista dos bens eternos, cabe a nós, em especial no dia de hoje, seguir os seus exemplos para que possamos no fim de nossas vidas, pela intercessão da Rainha de todos os Santos, Maria, receber uma recompensa imerecida nos Céus.

A Liturgia festeja a todos quantos nos precederam com o sinal da fé e se encontram, por fim, na no monte do Senhor (cf. Sl 23,2). Tantos são os que povoam a mansão celeste, que foi instituído pela Igreja um dia específico à glorificação deles, em seu conjunto.

Somos assim convidados a nos alegrar pelo fato de sermos irmãos destes que agora são merecedores de tanta honra e louvor, e, sobretudo, nos lembrar que eles nos auxiliam a cada passo de nossa vida terrena; donde, quanto mais implorarmos tão caro patrocínio, tanto mais eles intercederão em nosso favor.

Um chamado para todos os fiéis

Uma verdade fundamental nos é apresentada com esta solenidade: nós não fomos feitos para esta terra, pois o nosso destino é eterno; e fomos criados para gozar das bem-aventuranças celestes, vendo a Deus face a face. Nesta terra, porém, enquanto peregrinamos na penumbra da fé, a contemplação dos membros da Igreja Gloriosa nos serve de alento para caminharmos pressurosos rumo ao Céu.[1] Eles são, portanto, modelos de vida para nós.

Vemos na primeira leitura uma imagem dessa realidade: São João nos relata que, na sua visão, contemplou “uma multidão imensa de gente de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro” (Ap 7,9). Eis a meta que é estabelecida para todos os homens, a de serem daqueles que tenham na fronte a marca dos servos de Deus (cf. Ap 7,3).

Para isto, é preciso corresponder à imensa graça recebida pelo Criador em virtude do Batismo, consoante ao que nos afirma a segunda leitura, também de São João: “Eis o grande presente de amor que o Pai nos deu, o de sermos chamados filhos de Deus” (cf. 2 Jo 3, 1). Com efeito, a graça santificante que nos é infundida pelo Batismo nos transforma a tal ponto que, por assim dizer, todo o nosso sangue vê-se substituído pelo “sangue divino”,[2] ou seja, somos ontologicamente aperfeiçoados.

Contudo, a infusão da graça santificante marca apenas o início do caminho rumo ao Céu, o qual atingirá seu termo quando contemplarmos a Deus face a face, após nosso juízo particular. Logo, com o Batismo todos recebemos o chamado à santidade.

Bem-aventuranças: paradigma da santidade

Ora, Deus nunca exige de nós algo sem nos dar os meios para realizá-lo. Por esta razão, no Evangelho de hoje, nosso Senhor nos indica a via a ser seguida rumo à santidade: a prática das bem-aventuranças. “De fato, elas são o resumo de toda a moral católica, de toda a via de perfeição, de toda a prática da virtude, e se neste dia comemoramos as miríades de santos que habitam o paraíso celeste, é porque eles realizaram em sua vida aquilo que o Divino Mestre delineia como causa de bem-aventurança”.[3]

A título de menção, vemos tal santidade na vida de São Francisco de Assis, que levou a pobreza de espírito a extremos admiráveis, merecendo assim o Reino dos Céus; ou em Santa Mônica, cujas orações incessantes pela emenda da vida de pecado que levava o seu filho Agostinho, seguiu-se uma consolação ímpar, ao vê-lo se converter e rumar para a santidade.

Mas podemos ainda louvar São Martinho de Porres por sua mansidão exímia, que o fez possuidor dos favores celestes; admirar Santo Elias, ao contemplar o seu zelo pelo Senhor dos exércitos (Cf. 2 Rs 1,9-13); proclamar os méritos de São Luís Gonzaga ou de Santa Maria Goretti que, puros de corpo e coração, desfrutam agora da visão beatífica.

Enfim, confirmados pela testemunha de tantos e tantas que nos antecederam na conquista dos bens eternos, cabe a nós, em especial no dia de hoje, seguir os seus exemplos para que possamos no fim de nossas vidas, pela intercessão da Rainha de todos os Santos, Maria, receber uma recompensa imerecida nos Céus.

Por Jerome Sequeira Vaz 

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Papa publica exortação apostólica dedicada a Santa Teresinha do Menino Jesus

Conheça a graça do Natal que transformou a vida de Santa Teresinha -  Comunidade Olhar Misericordioso

Exortação Apostólica do Papa Francisco sobre Santa Teresinha de Lisieux ressalata a virtude da confiança e da caridade. Santa Teresinha, com sua “pequena via” espiritual, nos ensina a depositar nossa confiança na misericórdia divina e a viver uma caridade constante

Redação (18/10/2023 16:30, Gaudium Press) No último dia 15 de outubro, o Papa Francisco publicou uma Exortação Apostólica dedicada a Santa Teresinha de Lisieux, intitulada “C’est la confiance” (É a confiança). O documento marca o 150º aniversário de nascimento da santa carmelita e o centenário de sua beatificação. Nas 27 páginas do documento, o Papa Francisco explora a espiritualidade da pequena via fundada pela Santa carmelita.

O ponto central da mensagem do Papa Francisco nesta nova exortação é a espiritualidade de Santa Teresinha, baseada na confiança e no amor a Deus. O Papa recorda as palavras de Santa: “Somente a confiança e ‘nada mais’, não há outro caminho para nos conduzir ao Amor que tudo dá”.

Francisco destaca a vocação missionária de Santa Teresinha, que paradoxalmente entrou no convento “para salvar almas”. Com efeito, ela entendia a evangelização como uma necessidade de deixar-se guiar pela ação da graça divina.

No documento, o Papa ressalta o já conhecido contraste entre a visão de santidade baseada nos próprios esforços humanos e a nova atitude de Santa Teresinha, baseada na primazia da ação de Deus e de Sua graça. Ela ensinava que a confiança deve ser depositada na misericórdia infinita de um Deus que ama sem limites.

A confiança entendida por Santa Teresinha não se limita à santificação e à salvação pessoal, mas tem um sentido que engloba toda a vida. É graças à confiança que as pessoas se libertam dos medos e da necessidade de controlar tudo, encorajando-as ao que Santa Teresinha chamava de “santo abandono”, atitude que elimina as preocupações obsessivas e desnecessárias e promove a paz interior.

O documento do Papa aborda igualmente as duras provas interiores que Santa Teresinha enfrentou, especialmente no que diz respeito à virtude da fé. Francisco ressalta o que a santa de Lisieux enfrentou o desespero e as tentações contra a fé, demonstrando uma confiança total nas mãos de Deus.

A caridade é outro ponto-chave do ensinamento de Santa Teresinha. Seu ato de amor constante resumido em sua jaculatória “Jesus, eu te amo”, era a chave para sua interpretação do Evangelho. Ela viveu a virtude da caridade na simplicidade do dia a dia e destacou a importância de se preocupar com os outros.

O Papa Francisco enfatiza a visão de Santa Teresinha sobre o coração da Igreja. Ela via a Igreja como um lugar de amor e misericórdia, não como uma instituição triunfalista. Essa visão relembra de que, apesar das falhas e fraquezas de alguns membros da Igreja, o amor de Deus brilha através da caridade dos fiéis. (FM)

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Aborto: "Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida"

 

 

O aborto não pode ser autorizado porque ofende a Deus, que fez o homem e a mulher à sua imagem semelhança e os abençoou dizendo: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a" (Gn 1,28). E determinou: "Não matarás" (Êxodo 20, 13), e sim, amarás a Deus sobre todas as coisas e ao "próximo como a si mesmo."

A inviolabilidade do direito à vida é um direito constitucional, e qualquer lei que viole esse direito é uma lei inconstitucional, é uma lei nula, que não pode ser cumprida. O artigo 2º do Códiigo Civil brasileiro diz que "a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro".

É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e perinatal. Ou seja, o Estado tem a obrigação de oferecer condições para a gestante ter o fillho sadio e em condições dignas, conforme está previsto no artigo 8º do Estatuto da Criança e do Adolescente. Não tem, pois, o direito de oferecer condições para a morte. O direito à vida, desde o momento da concepção, ganha destaque na Convenção de Direitos Humanos,' no art. 4º.1, que diz· "Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção".

Ninguém pode ser privado da vida e arbitrariamente". Se alguns países liberam o aborto é porque não respeitam o entendimento científico de que a vida humana começa no primeiro instante da fecundação, de que o ser humano é o mesmo em qualquer fase de seu desenvolvimento e possui igual dignidade desde o início de sua concepção. Não é verdade que a vida se inicia somente depois de 10, 12 ou anos de idade ou semanas de gestação. Seria um absurdo, por exemplo, afirmar que a mulher, antes de tal período, não estaria esperando um filho, mas estaria grávida apenas de um amontoado de células. Muitos que defendem o aborto afirmam que o aborto naquele período não é aborto de criança, mas apenas de amontoado de células. Esse entendimento é um grande equívoco.

É inaceitável a alegação de que o aborto é necessário para controlar a natalidade, para combater a pobreza, a fome, o desemprego, para solucionar um problema de infidelidade conjugal, para resolver uma situação de gravidez não desejada.


O aborto não é a solução para nenhum problema pessoal. Na verdade, ele agrava qualquer situação, sobretudo para a mulher, pois é um atentado contra a sua saúde física, mental, emocional e espiritual. 

Também é falsa a ideia de que o mundo progrediu, evoluiu e a mulher, por ser dona de seu corpo, deve ter liberdade para decidir sobre a continuidade ou não da gravidez. A mulher é uma pessoa e o feto é outra. Ela tem o dom sagrado de gerar o filho, mas não tem o direito de matá-lo. Deve-se tomar cuidado com a propaganda que tem sido feita no Brasil em favor da legalização do aborto, pois é perceptível que, por trás, está o interesse de muitos que pretendem arrecadar muito dinheiro com o aborto. Nos Estados Unidos, por exemplo, têm-se noticias de que a indústria do aborto é a quarta economia e estaria nas mãos do crime organizado.

O aborto é uma questão de saúde pública e muitas mulheres brasileiras morrem em razão do aborto clandestino, conforme tem afirmado o ministro da Saúde. Mas isso não justifica a sua liberação. O que o Brasil precisa é de políticas públicas dirigidas ao bem comum, que não violem o direito à vida ou à dignidade humana ou que promovam e incentivem a discriminação e o preconceito daqueles que não são desejados. Salvar a vida humana é salvar o mundo, é preservar o futuro da humanidade, é atender ao compromisso que recebemos de Deus para a multiplicação da vida humana, por isso, não ao aborto!

Desembargador Roberval Casemiro Belinati

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

A tradicional arte de se produzir um vitral

As cores banham as paredes brancas durante o dia, fazendo com que o reflexo dos santos e anjos pareça ondular pacificamente com a vida.

A tradicional arte de se produzir um vitral

Foto: Berthold Werner/Domínio público/wikimedia commons.

Redação (03/08/2023 16:55, Gaudium Press) Se uma pessoa tiver que determinar o que poderia ser o mais famoso vitral do mundo, vários nomes viriam à sua mente, mas particularmente uma imagem poderia estar entre as primeiras a aparecer em sua memória: o Espírito Santo do Altar de Bernini, na Basílica de São Pedro do Vaticano.

Localizado sobre um dos mais belos altares, atrás do altar principal na maior das Basílicas papais, goza de uma relevância especial dentro do impressionante patrimônio da Igreja Católica. Esta obra, como outras localizadas na Capela Sistina e a Capela Redemptoris Mater foram produzidas em uma oficina notável do bairro romano de Trastevere, que desde 1900 desenvolve a arte em vidro de maneira artesanal: a oficina Vetrate d’Arte Giuliani.

Spiritus Sanctus

Foto: Dnalor/Domínio público/wikimedia commons.

Dificuldade em encontrar quantidade suficiente de vidro soprado

Há mais de 25 anos, Elsa Giuliani continua a tradição familiar iniciada por Giulio Cesare Giuliani, um químico apaixonado pela pintura que associou seu talento ao seu conhecimento técnico para obter peças de alta qualidade. “Nós trabalhamos de maneira privada e pública, para igrejas, bancos, cantores, atores, para todos”, relatou o proprietário a National Catholic Register. “Muitas pessoas não sabem sobre o campo da arte em vidro”.

Giuliani expressou que uma das dificuldades de seu trabalho é encontrar uma quantidade suficiente de vidro soprado, já que o mercado está saturado de vidro prensado de origem chinesa. As peças da oficina romana são elaboradas com vidro alemão da fábrica de ‘Lamberts’, que produz painéis com matérias-primas como a areia, o calcário ou até mesmo ouro. Os vitrais são elaborados com base em uma paleta de 1.100 cores disponíveis cuidadosamente selecionadas. “Quando você constrói a imagem, você deve ser muito cuidadoso para alcançar a harmonia entre as cores”, explicou Alessia Catallo, licenciada em Belas Artes e Trabalho de Metal que trabalha em Vetrate d’Arte Giuliani há anos. “É preciso muita paciência”.

Cathedral Fribourg vitrail Georg Michael Anna Maria 01

Foto: Józef Mehoffer/Domínio público/wikimedia commons.

Habilidade superior e a alta qualidade das cores

Os artistas devem medir e cortar os pedaços de vidro com precisão e aplicar a cor a cada peça, pintando os diferentes motivos que compõem a imagem. “Este é um processo muito delicado, porque cada erro pode ser revelado devido à transparência do vidro”, expôs Franco Galise, desenhista técnico principal e filho de um dos trabalhadores da oficina que trabalhou diretamente com Giulio Cesare Giuliani.

Um dos trabalhos da oficina foram os vitrais da capela da Universidade do Sagrado Coração, em Fairfield, nos Estados Unidos. “A habilidade superior e a alta qualidade das cores na arte, assim como a eficiência no isolamento do frio não tem comparação”, declarou à National Catholic Register, David Coppola, ex-Vice-Presidente de Planejamento Estratégico e Administração da Universidade. “As cores banham as paredes brancas durante o dia, fazendo com que o reflexo dos santos e anjos pareça ondular pacificamente com a vida. O efeito geral é de boas vindas, reflexão, comunidade e paz”. (EPC)


quarta-feira, 16 de agosto de 2023

O valor da vida humana sob o debate do aborto: uma análise

 


Dentre as propostas que estão em pauta, a descriminalização do aborto em qualquer circunstância tem gerado uma reflexão profunda sobre o valor da vida em nossa sociedade.

O debate em torno da legalização do aborto ganha destaque à medida que o Conselho Nacional da Saúde se aproxima de uma possível aprovação das conclusões discutidas na última Conferência Nacional da Saúde. Dentre as propostas que estão em pauta, a descriminalização do aborto em qualquer circunstância tem gerado uma reflexão profunda sobre o valor da vida em nossa sociedade. No entanto, essa questão transcende meramente aspectos médicos e legais, levantando preocupações éticas e sociais mais amplas.

O cerne desse tema reside na autorização da interrupção da vida de um ser humano em desenvolvimento, com base em argumentos como "direito reprodutivo" e "liberdade do corpo da mulher". Entretanto, essa abordagem suscita uma análise crítica, marcada pela percepção de desumanização do feto e pelo desrespeito a princípios fundamentais consagrados, como a inviolabilidade do direito à vida, garantido pelo artigo 5º da Constituição Federal. Essa discussão se estende também ao Pacto de São José da Costa Rica, que vigora e assegura o direito à vida desde a concepção, bem como ao Estatuto da Criança e do Adolescente, que preconiza a proteção à vida e ao nascimento saudável.

Nesse contexto, surge o questionamento sobre a cultura de morte que aparentemente permeia nossa sociedade, onde a vida indesejada ou inconveniente parece destinada ao descarte. A defesa da legalização muitas vezes argumenta que mulheres em situação de vulnerabilidade, especialmente aquelas de origem negra e de baixa renda, necessitam desse direito para evitar riscos de morte em clínicas clandestinas. No entanto, é necessário ponderar a veracidade das estatísticas que frequentemente inflam esse argumento, bem como considerar se a autorização para tirar a vida de um filho no ventre é realmente a aspiração dessas mulheres.

Nesse contexto, o movimento pró-vida ganha destaque, demonstrando que, ao acolher e apoiar essas mulheres em momentos de desespero, muitas vezes a escolha pelo aborto é deixada de lado. A falta de estruturas adequadas, como creches e atendimento de saúde, contribui para a pressão enfrentada por mulheres grávidas, especialmente aquelas em situação financeira precária. No entanto, a solução não deve ser a legalização do aborto, mas sim o investimento em políticas públicas que verdadeiramente auxiliem as mães e seus filhos, garantindo o direito à vida e ao bem-estar desde o início.

Em paralelo, é inegável a presença de interesses comerciais nas discussões sobre a legalização do aborto. A indústria do aborto, com seus próprios motivos financeiros, busca avançar nesse cenário, apoiando financeiramente organizações em defesa dessa pauta. A ênfase em exemplos de países desenvolvidos, como os Estados Unidos e a Holanda, onde o aborto já é legalizado, não deve obscurecer a análise crítica dessas políticas. Por exemplo, nos EUA, movimentos pró-vida têm crescido a cada ano, questionando essa prática, e denúncias sobre o tráfico de órgãos têm sido levantadas, envolvendo grandes redes de clínicas de aborto.

Em um panorama mais amplo, a discussão sobre a descriminalização do aborto revela complexidades éticas e sociais profundas. Enquanto cidadãos, conscientes do valor inestimável da vida humana, é crucial que não permaneçamos indiferentes a essa discussão. Em vez de encarar o aborto como solução, devemos buscar alternativas que protejam tanto os nascituros quanto as mães, promovendo a coexistência e o respeito mútuo. Em última análise, a mensagem é clara: a vida merece ser defendida, e a solução para nossos desafios sociais não pode residir na interrupção da vida humana.

Padre Lício de Araújo Vale – Diocese de São Miguel Paulista

 

 

terça-feira, 8 de agosto de 2023

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Coragem, eu venci o mundo.

Reproduções De Pinturas | cristo à cruz com três anjos, 1525 por Albrecht  Durer (1471-1528,

Poucos são os que nunca ouviram falar de Judite, a mulher providencial que, cheia de confiança e perseverante na oração, livrou o povo judeu das mãos de Holofernes, marechal de Nabucodonosor, rei dos assírios.

Segundo o relato bíblico, quis este monarca submeter a terra inteira ao seu império; entretanto, como alguns povos recusaram a sujeitar-se, encheu-se de cólera “e jurou pelo seu trono e pelo seu reino que havia de tomar vingança de todos eles” (Jt 1, 12). Para isso convocou Holofernes, ordenando-lhe que marchasse para o ocidente e ferisse “sem consideração alguma” (Jt 2, 6) a todos aqueles que desprezaram suas ordens. Não bastava saquear as riquezas, destruir as cidades e matar os que lhe opusessem resistência. Era preciso, ademais, exterminar todos os deuses da terra, “para que só ele fosse chamado deus por todas as nações” (Jt 3, 13).

Foi assim que, após uma longa campanha marcada pela ferocidade, o marechal assírio se aproximou do reino de Judá. Mas, ao contrário dos outros povos, os israelitas, “unidos de coração e de alma, clamaram ao Senhor” (Jt 4, 10) e prepararam-se para fazer face ao exército pagão.

Uma mulher muda o curso dos acontecimentos

O cerne da história desenrola-se na praça-forte de Betúlia, sitiada pelas tropas de Holofernes e reduzida a um estado calamitoso pela falta de água. Esgotados pela sede, os israelitas haviam se reunido ao redor de Ozias, seu chefe, e pediam-lhe que rendesse a cidade. Este, entretanto, rogou-lhes aguardar por mais algum tempo a misericórdia do Senhor: “Se depois de cinco dias não chegar socorro algum, faremos o que propusestes” (Jt 7, 25).

É neste momento que vemos surgir a figura emblemática de Judite, uma rica viúva, piedosa e extremamente bela, estimada como santa por quantos a conheciam. Por inspiração divina, ela tomou uma decisão que iria mudar de forma drástica o curso dos acontecimentos. Sem revelar a ninguém o que tinha em mente realizar, comunicou aos chefes do povo que naquela noite sairia da cidade acompanhada apenas por uma criada.

Antes de partir, porém, recolheu-se em oração, entregando-se nas mãos de Deus e implorando a Ele que lhe concedesse as forças e a coragem necessárias para levar a cabo sua missão: “Não é na multidão, Senhor, que está o vosso poder, nem Vos comprazeis na força dos cavalos; os soberbos nunca Vos agradaram, mas sempre Vos foram aceitas as preces dos mansos e humildes. […] Lembrai-Vos, Senhor, de vossa promessa; inspirai as palavras de minha boca e dai firmeza à resolução de meu coração” (Jt 9, 16.18).

Horas depois apresentava-se junto com sua serva diante do general inimigo, ganhando o seu favor e conquistando-o através de sua extraordinária sabedoria e beleza. E, passados alguns dias, no momento oportuno o Senhor o entregou em suas mãos: estando Holofernes a dormir embriagado pelo vinho, Judite tomou uma espada e cortou-lhe a cabeça, metendo-a num saco.

Logo a seguir, retornou a Betúlia e transmitiu ao povo a boa nova, sendo aclamada por Ozias com estas palavras de louvor: “Bendito seja o Senhor, criador do céu e da terra, que te guiou para cortar a cabeça de nosso maior inimigo! Ele deu neste dia tanta glória ao teu nome, que nunca o teu louvor cessará de ser celebrado pelos homens, que se lembrarão eternamente do poder do Senhor” (Jt 13, 24-25).

Destruição do exército de Nabucodonosor

Até aqui, a parte mais conhecida da história. Há, porém, um aspecto dela que encerra valiosas lições para nós.

O exército assírio estava composto de “cento e setenta mil soldados de infantaria e doze mil cavaleiros, além dos homens de armas que tinha aprisionado” (Jt 7, 2). Em pouco tempo haviam varrido o território da Mesopotâmia, espalhando o terror em seu caminho.

Depois de anunciar aos israelitas a morte de Holofernes e mostrar-lhes sua cabeça decepada, Judite ordenou-lhes que atacassem o acampamento. Sabia que os assírios ainda ignoravam o sucedido, e previu que seriam tomados de pavor ao descobri-lo.

Confiando nas palavras dela, os israelitas se armaram e agiram como lhes fora mandado. Ao raiar da aurora, as tropas de Nabucodonosor despertaram com gritos de guerra dos judeus e correram à tenda de Holofernes à espera de suas ordens. E qual não foi sua surpresa ao vê-lo morto!

“Quando todo o exército soube que Holofernes tinha sido decapitado, perdeu a razão e o conselho. Agitados pelo espanto e pelo terror, buscaram a salvação na fuga. Sem trocar uma palavra sequer com seu vizinho, com a cabeça baixa, deixando tudo, fugiram pelas planícies e pelos montes, procurando escapar aos hebreus” (Jt 15, 1-3). Foi este o fim daquele invicto e poderoso exército!

Todos tiveram seu papel na vitória

De onde veio aos judeus a força para vencer em tão desigual confronto?

Certamente não proveio das armas ou do grande número de combatentes, nem da capacidade dos mais experimentados guerreiros. Humanamente falando, eles estavam em desvantagem; no entanto, um mesmo ideal unia o povo eleito.

Os assírios eram muito mais numerosos e estavam incomparavelmente mais preparados para a guerra, mas não reinava a união entre eles; por isso se dispersaram e bateram em retirada. E como “iam fugindo desordenadamente, os israelitas que os perseguiam juntos, formados em batalhão, destroçavam todos que podiam atingir” (Jt 15, 4).

Através de Judite, o povo eleito havia recebido a força do Senhor Deus dos exércitos. Embora as palavras daquela mulher de “alma viril e coração valente” (Jt 15, 11) parecessem pedir-lhes algo impossível, souberam reconhecer nelas a voz do Altíssimo. Deus lhes pedia confiar e dar esse ousado passo, para que todos pudessem ter seu papel na vitória, já conquistada pela gesta da sua heroína.

A vitória já foi conquistada pelo Sangue do Cordeiro

Não é difícil traçar um paralelo entre a situação narrada nesta passagem bíblica e os dias em que vivemos. As almas que procuram manter-se fiéis à Lei de Deus constituem hoje um conjunto que, aos olhos do mundo, pode parecer pequeno e fraco, cercado por todos os lados pelas hostes inimigas… Entretanto, quem tudo analisa com olhos de fé sabe que eles estão revestidos da invencibilidade do próprio Deus!

A vitória do bem já foi conquistada pelo Sangue do Cordeiro quando Ele Se imolou no alto da Cruz. E dos que O seguem nessa via de dor e glória, o Senhor exige o mesmo que outrora pediu ao povo eleito, isto é, que avancem cheios de ufania e confiantes na sua promessa.

“Coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16, 33). Imbuídos dessa certeza do triunfo de Deus na História, os que perseverarem até o fim contemplarão a realização de suas esperanças.

Texto extraído, com pequenas adaptações, da Revista Arautos do Evangelho, julho 2018, n. 199.

 

sexta-feira, 7 de julho de 2023

segunda-feira, 19 de junho de 2023

A bússula interior

 A invenção da bússola e sua importância para humanidade - Site de  Curiosidades

A vida é uma travessia que se inicia no "não ser" para o "ser", e conduz a vida humana para onde ela decidir ir. Nem sempre as escolhas feitas são conscientes de que aquilo que é escolhido acaba por determinar o futuro eterno da alma de cada homem.

Esse é o grande drama humano. Para onde ir? Qual o sentido da existência humana?

Viemos para encontrar Deus que já nos amava antes que "fôssemos". Cada ser humano tem um propósito para estar aqui, desde que se creia nisso... E a plenitude da existência está em cumprir uma missão específica que só cada ser humano pode executar, porque lhe foi designada pelo Criador.

Assim, acatar ou ignorar essa missão é uma escolha. Então, como escolher? Procurando o autor da missão. Desvendando as pistas que Ele dá, vivendo do próprio mistério que é Deus. Isso chama-se fé. Crer sem ver...

Pela fé, grandes homens e mulheres alcançaram o inatingível. Foram os amigos de Deus, os santos, os notórios e os anônimos, mas que escolheram acreditar no amor que lhes deu o respiro. Pessoas que vieram antes que nós e que deixaram uma trilha segura de qual o melhor caminho. Jesus, o Filho de Deus, disse: "Eu sou o Caminho a Verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai senão por mim. Uma vez que me conheceis, conhecereis também o Meu Pai". (Jo 14,6-7)

Seguir o Filho para chegar ao Pai. Imitar Cristo no abandono pleno à vontade divina, ainda que ela aponte para um caminho de dor e sofrimento; desde isso signifique voltar para as mãos de Deus ao final do trajeto. Nesse caso os fins justificam os meios.

Numa época em que a vida perdeu o seu valor mais caro - o de se saber de onde viemos e para onde vamos - está na hora de redirecionar a bússola interior de cada um. É para o céu que ela deve apontar. É para Deus que ela deve conduzir. Lá tudo terá feito sentido, lá estaremos numa harmonia total com nossa história pessoal... Lá é o paraíso!

Malu e Eduardo Burin - Instituto Santa Família

 

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Por que Jesus permitiu que transpassassem seu Sagrado Coração na cruz?

 

REDAÇÃO CENTRAL, 12 Jun. 23 / 08:00 am (ACI).- Nas Sagradas Escrituras se narra que Jesus, morto na cruz, teve o coração transpassado por uma lança. Séculos depois, o Senhor revelou a santa Catarina de Sena, italiana e doutora da Igreja, a mensagem contida neste fato.

A santa perguntou ao Senhor: “Doce Cordeiro sem mancha, Tu estavas morto quando teu peito foi aberto. Por que então, permitiste que Teu Coração fosse ferido e aberto com tanta violência?”.

Jesus respondeu: “Eu tinha várias razões, mas vou lhe dizer a principal. Meu amor pelo gênero humano era infinito, enquanto os tormentos e os sofrimentos que eu suportava eram finitos”

“Já que meu amor é infinito, eu não podia por este sofrimento manifestar o quanto te amo. Por isso, mostrando meu lado aberto, eu queria que vissem o segredo do meu coração: que eu amava vocês muito mais do que eu podia mostrar com o meu sofrimento finito”.

Posteriormente, no século XVII, Jesus Cristo apareceu a santa Margarida Maria Alacoque, mostrando-lhe o seu coração e disse:

“Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia. Entretanto, o que Me é mais sensível é que há corações consagrados que agem assim”.

“Por isto te peço que a primeira sexta-feira após a oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa particular para honrar Meu Coração, comungando neste dia, e O reparando pelos insultos que recebeu durante o tempo em que foi exposto sobre os altares. Prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino Amor sobre os que tributem esta divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada”

Neste ano, a Igreja celebrará a solenidade do Sagrado Coração de Jesus nesta sexta-feira, 16 de junho, e no dia seguinte será celebrado o Imaculado Coração de Maria, que estava sempre unida ao seu Filho. 

ACI Digital

sábado, 3 de junho de 2023

segunda-feira, 29 de maio de 2023

O dia em que a Mãe da Igreja completou a Praça de São Pedro


REDAÇÃO CENTRAL, 29 Mai. 23 / 07:00 am (ACI).- A Igreja celebra hoje, segunda-feira após Pentecostes, a memória da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, estabelecida pelo papa Francisco no início de 2018, invocação mariana cuja imagem completou a Praça de São Pedro em 1981.

Conforme recordado em artigo do site do Opus Dei, em um relato publicado por L’Osservatore Romano em 2011, o arquiteto Javier Cotelo contou sobre a construção do mosaico dedicado a Maria “Mater Ecclesiae”, que se encontra no topo da fachada do braço avançado do Palácio Apostólico e remete também à relação entre são João Paulo II e a Virgem Maria.

No texto, Cotelo admitiu que teve “o privilégio de viver de perto os antecedentes dessa decisão, que põe em evidência duas características” de João Paulo II, “a sua particular relação com os jovens e o seu sentido de agradecimento”.

Como relatou, na Semana Santa de 1980, João Paulo II recebeu em uma audiência milhares de jovens que participavam do Fórum UNIV, encontro internacional de universitários que frequentam Centros do Opus Dei em todo o mundo.

Naquela ocasião, “um dos jovens, chamado Julio Nieto, comentou ao papa que, depois de observar as imagens da Praça de São Pedro, tinha notado que faltava uma de Nossa Senhora e que, portanto, a praça estava incompleta”. Diante disso, João Paulo II respondeu: “Bem, muito bem! Temos que completar a praça”.

Javier Cotelo disse que “este diálogo chegou aos ouvidos de dom Álvaro del Portillo, sucessor de são Josemaria Escrivá à frente do Opus Dei”, o qual, “movido pelo desejo de pôr em prática, sem demora, o que considerava um desejo do Santo Padre, pediu-me para pensar num lugar e numa solução para colocar, na praça, uma imagem de Nossa Senhora, acrescentando que se poderia pôr sob a invocação de Mater Ecclesiae”.

“Após várias semanas e depois de várias visitas à praça para encontrar alternativas, apresentei a dom Álvaro uma possível solução, com as correspondentes fotomontagens e desenhos: substituir uma janela, na esquina do edifício que há entre o Cortile de São Dâmaso e a praça, por um mosaico de Nossa Senhora”.

Este projeto foi enviado ao papa em 27 de junho de 1980, mas se passaram vários meses sem respostas. Por isso, “voltou-se a enviar ao Santo Padre uma cópia do material, através do então secretário do papa, cardeal Stanislaw Dziwisz”.

O arquiteto recordou que meses depois João Paulo II sofreu o atentado na Praça de São Pedro, ao qual sobreviveu, “como ele próprio dizia, graças à proteção de Maria Santíssima”.

“Em sinal de agradecimento, quis que se colocasse uma imagem de Nossa Senhora na Praça de São Pedro. Devido a esse encargo do Romano Pontífice, aquela proposta de dom Álvaro foi submetida à apreciação das autoridades competentes do Vaticano e foi escolhido esse lugar como sede da Mater Ecclesiae”, recordou.

Segundo o arquiteto, o mosaico é “inspirado na Madonna della colonna que procedia da basílica constantiniana” e foi instalado no dia 7 de dezembro de 1981, tendo sido abençoado pelo papa João Paulo II no dia seguinte, após a oração do Ângelus.

Naquela ocasião, o papa manifestou o desejo de “que todos os que venham a esta Praça de São Pedro, elevem o olhar para Ela para Lhe dirigir, com sentimento de filial confiança, a sua própria saudação e a sua própria oração”.

“Muitas vezes pensei neste acontecimento como uma pequena demonstração da relação especial de João Paulo II com os jovens; não deixa de ser surpreendente que aquele ‘temos que completar a praça’ que o papa tinha dito a um universitário um ano e meio antes, se tornasse então realidade”, afirmou Javier Cotelo em seu artigo.

O arquiteto lembrou ainda que em 11 de dezembro daquele mesmo ano, o papa convidou dom Álvaro Del Portillo para concelebrar a Missa em sua capela privada e tomar o café da manhã.“Desejava comunicar-lhe a alegria que lhe tinha provocado benzer a imagem da praça e agradecer-lhe a ideia para a sua colocação”, relatou.

Segundo Cotelo, o papa teve ainda o pormenor de enviar a dom Álvaro, “alguns dias depois, a cartolina com o desenho, a negro, do mosaico que se utilizou para testar a colocação das peças de cor”. Este desenho "encontra-se atualmente na sede central da prelazia do Opus Dei”, disse.

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Deus tem um plano a teu respeito

 
 
É difícil desejar a santidade e ter que conviver com os constantes reveses e derrocadas da alma no caminho para Deus. Devemos reconhecer o nosso nada, com certeza, mas nossa humanidade as vezes desanima. Vejamos o que nos diz o Pe. Pierre Charles, SJ, a respeito desse assunto:

"Deus tem um plano a teu respeito, não rígido e cego, mas flexível como a sua graça e sinuoso como a tua inconstância; ele te espera ainda na encruzilhada dos teus caminhos, e tu podes sempre subir com ele para a luz da Ressurreição. Faltaste-lhe? São Paulo também fez o mesmo. Chamava-se então Saulo de Tarso; mas a divina misericórdia em seus planos tirou-o do erro e do pecado para transformá-lo num vaso de eleição, e é por meio desse Apóstolo dos Gentios que veio até nós a fé. Será ele um diminuído nesse plano de misericórdia?

Pecastes gravemente, publicamente e vos tornastes um objeto de escândalo? A Igreja latina crê que a Madalena não foi menos culpada, e entretanto é a única santa em cuja festa se recita o Credo na missa, o que a Igreja não faz para as Virgens nem para os Pontífices, porque a sua fé em Cristo Redentor a salvou, e porque conquistou a admiração do coração de Deus. No plano da misericórdia  não é esta penitente elevada ao plano da inocência?

Continuemos a ladainha; veremos que todos os santos foram marcados com este selo divino: São Pedro, que só receberá o rebanho depois de haver renegado o Pastor; Santo Agostinho em quem brilhará a graça preveniente (que antecede) e a solicitude do Pastor pela ovelha extraviada; São Francisco de Assis, Santo Inácio de Loiola, e todos os que voltaram, como o pródigo, não para serem admitidos entre os servos, mas para revestirem a túnica principal - stolam primam.

Aqueles que Deus ressuscita, cura-os não somente da morte, mas também da enfermidade que os fez morrer. Lázaro saído do túmulo não trazia a cor nem o cheiro de cadáver. Estava sentado à mesa, ceava, e os judeus vinham de Jerusalém para ver esse morto restituído à vida, e mais que à vida, à santidade.

"Ó Deus, que de modo admirável criastes a natureza humana, e de modo mais admirável ainda a reformastes", dizem os sacerdotes na missa...

A ilusão do irreparável deve ser banida de nossas almas. O próprio bom ladrão foi o primeiro a forçar as portas do céu e a exercer uma função eterna na Igreja. O impulso do arrependimento pode ser forte como a morte: saber-se perdoado é uma persuasão repleta de germes de virtude, e os que foram preservados como os que foram reparados devem, uns e outros, agradecer a Deus a graça de escol (o que é considerado melhor) que receberam".

Instituto Santa Família

quarta-feira, 12 de abril de 2023

Dificuldades no casamento: unidade pessoal

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O presente mais precioso que o casamento me trouxe foi esse impacto constante de algo muito próximo e íntimo, ao mesmo tempo, incomparavelmente alheio,  resistente - numa só palavra, real (3), afirma C. S. Lewis.  Pode chegar o momento em que a relação matrimonial se turve e endureça. Diversas circunstâncias podem influenciar com maior ou menor intensidade e extensão. Às vezes uma pequena gota - que talvez faça derramar o copo - desencadeia a tempestade: "Um casal que começa a brigar, a discutir... O marido e a mulher não têm razão nunca para brigar. O inimigo é a soberba (4).

Unidade pessoal equivale aqui a autenticidade da vida; integridade de vida intelectual, volitiva emocional e biográfica. Diante de qualquer dificuldade na relação matrimonial, é preciso afastar a tentação de romper com o que somos, com o que quisemos ser. Refazer a vida, sim, mas com os nossos próprios materiais, não com os de outras pessoas. O compromisso matrimonial transformou-nos de modo radical e já não seria nem imaginável a nossa vida sem ela ou sem ele.

Assim deve ser sempre. Com visão ampla, magnânima, com generosidade de espírito. Não importa fazer um pouco de teatro no casamento, e forçar a própria entrega quando o sentimento não acompanha. Como dizia São Josemaria Escrivá, referindo-o a Deus, temos o melhor espectador possível, para essa humilde atuação: nossa mulher, nosso marido; e o sentimento sempre volta se soubermos chamar.

Fortalecer o amor significa torná-lo atual. Escolher todos os dias as pessoas a que amamos: eu o(a) amei hoje? Ele(a) o percebeu? E depois voltar a nós mesmos; só há uma pessoa que pode ajudar a melhorar a relação: eu mesmo. Sou eu que preciso mudar, e, então, com a nova visão que a minha mudança me concede, ajudar a ele(a) a mudar também. Quem deve de dar o primeiro passo? A resposta não é nova: aquele que vê o problema, ou seja, eu mesmo.

Quando se trata de renovar o amor, há uma  virtude e uma conduta que aparecem necessariamente: a humildade e o perdão. Humildade para reconhecer os próprios erros, humildade para pedir ajuda quando necessário, humildade para pedir perdão, humildade para conceber este perdão, humildade para ser perdoado. E que seja um perdão humilde, não altivo, generoso, compreensivo e oportuno, que saiba dizer sem palavras: "eu preciso de você para ser eu mesmo", como descreveu Jutta Burggraf. (5).

Javier Vidal-Quadras

[3] C. S. Lewis, A anatomia de uma dor
[4] São Josemaria, Anotações de uma reunião familiar, 1/06/1974
[5] J. Burggraf, "Aprender a perdonar". Artigo publicado na revista
Retos del futuro en educación. Madri 2004.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

Reflexões durante a Semana Santa

 


A verdadeira piedade deve impregnar toda a alma humana, e, portanto, também deve despertar e estimular a emoção. Mas a piedade não é só emoção, e nem mesmo é principalmente emoção. A piedade brota da inteligência, seriamente formada por um estudo catequético cuidadoso, por um conhecimento exato de nossa Fé, e, portanto, das verdades que devem reger nossa vida interior.

A piedade reside ainda na vontade. Devemos querer seriamente o bem que conhecemos. Não nos basta, por exemplo, saber que Deus é perfeito. Precisamos amar a perfeição de Deus, e, portanto, devemos desejar para nós algo dessa perfeição: é o anseio para a santidade.

Sem esta disposição, todo o “querer” não é senão ilusão e mentira. Podemos ter a maior ternura na contemplação das verdades e mistérios da Religião: se daí não tirarmos resoluções sérias, eficazes, de nada valerá nossa piedade.

É o que se deve dizer especialmente nos dias da Paixão de Nosso Senhor.

Não nos adianta apenas o acompanhar com ternura os vários episódios da Paixão: isto seria excelente, não porém suficiente. Devemos dar a Nosso Senhor, nestes dias, provas sinceras de nossa devoção e amor. Estas provas, nós as damos pelo propósito de emendar nossa vida, e de lutar com todas as forças pela Santa Igreja Católica.

A Igreja é o Corpo Místico de Cristo. Quando Nosso Senhor interpelou São Paulo, no caminho de Damasco, perguntou-lhe: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Saulo perseguia a Igreja. Nosso Senhor lhe dizia que era a Ele mesmo que Saulo perseguia.

Se perseguir a Igreja é perseguir a Jesus Cristo, e se hoje também a Igreja é perseguida, hoje Cristo é perseguido. A Paixão de Cristo se repete de algum modo também em nossos dias.

Como se persegue a Igreja? Atentando contra os seus direitos ou trabalhando para dEla afastar as almas.

Todo o ato pelo qual se afasta da Igreja uma alma é um ato de perseguição a Cristo. Toda a alma é, na Igreja, um membro vivo. Arrancar uma alma à Igreja é arrancar um membro ao Corpo Místico de Cristo.

Se queremos, pois, apiedar-nos com a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, meditemos sobre o que Ele sofreu na mão dos judeus, mas não nos esqueçamos de tudo quanto ainda hoje se faz para ferir o Divino Coração.

A Igreja, sofredora, perseguida, vilipendiada, aí está a nossos olhos indiferentes ou cruéis. Ela está diante de nós como Cristo diante de Verônica. Condoamo-nos com os padecimentos dela. Com nosso carinho, consolemos a Santa Igreja de tudo quanto Ela sofre. Podemos estar certos de que, com isto, estaremos dando ao próprio Cristo uma consolação idêntica à que Lhe deu Verônica.

E nós? Importamo-nos com isto? Sofremos com isto? Rezamos por que estas almas se convertam? Fazemos penitências? Fazemos apostolado? Onde nosso conselho? Onde nossa argumentação? Onde nossa caridade? Onde nossa altiva e enérgica defesa das verdades que eles negam ou injuriam?

O Sagrado Coração sangra com isto. Sangra pela apostasia deles, e por nossa indiferença. Indiferença duplamente censurável porque é indiferença para com nosso próximo e sobretudo indiferença para com Deus.

Será bem exato que, para conservar a Fé, evitamos tudo que a pode por em risco? Evitamos as leituras que a podem ofender? Evitamos as companhias nas quais ela está exposta a risco? Procuramos os ambientes nos quais a Fé floresce e cria raízes? Ou, em troca de prazeres mundanos e passageiros, vivemos em ambientes em que a Fé murcha e ameaça cair em ruínas?

Todo o homem, pelo próprio fato do instinto de sociabilidade, tende a aceitar as opiniões dos outros. Em geral, hoje em dia, as opiniões dominantes são anticristãs.

Pensa-se contrariamente à Igreja em matéria de filosofia, de sociologia, de história, de ciências positivas, de arte, de tudo enfim. Os nossos amigos, seguem a corrente. Temos nós a coragem de discordar?

Ou contentamo-nos negligentemente em ir vivendo, aceitando tudo quanto o espírito do século nos inculca, e simplesmente porque ele no-lo inculca?

Quando o Divino Mestre gemeu, chorou, suou sangue durante a Paixão não O atormentavam apenas as dores físicas, nem sequer os sofrimentos ocasionados pelo ódio dos que no momento O perseguiam.

Atormentava-O ainda tudo quanto contra Ele e a Igreja faríamos nos séculos vindouros. Ele chorou pelo ódio de todos os maus, de todos os Arios, Nestórios, Luteros, mas chorou também porque via diante de si o cortejo interminável das almas tíbias, das almas indiferentes, que sem O perseguir não O amavam como deviam.

É a falange incontável dos que passaram a vida sem ódio e sem amor, os quais, segundo Dante, ficavam de fora do inferno porque nem no inferno havia para eles lugar adequado.

Eis a grande pergunta a que, com a graça de Deus, devemos dar resposta nos dias de recolhimento, de piedade e de expiação em que devemos entrar agora.

Texto extraído, com adaptações de "O Legionário" de Plínio Corrêa de Oliveira 

sexta-feira, 31 de março de 2023

A paciência diante dos sofrimentos

Neste mundo, estaremos por pouco tempo, mas muitos são os sofrimentos a padecer. Soframos com paciência!

Esta Terra é lugar de méritos, por isso é lugar de padecimentos. A nossa pátria, onde Deus preparou o descanso num gáudio eterno, é o paraíso. Neste mundo, estaremos por pouco tempo, mas, neste pouco tempo, muitos são os sofrimentos por que temos de passar. E é sofrendo com paciência que as nossas almas poderão ser encontradas conforme a vida de Jesus Cristo que “por nós padeceu, deixando-nos exemplo para que sigamos seus passos (Cf. Pd 2,21)”.

Um dia disse Santa Teresa: “Saibas que as almas mais queridas de meu pai são aquelas que são afligidas por maiores sofrimentos”. Por isso, a santa, quando se via atormentada, dizia que não trocaria os seus sofrimentos por todos os tesouros do mundo. Apareceu ela, depois da morte, a uma alma, e lhe revelou que gozava de um grande prêmio no Céu, não tanto por suas boas obras, quanto pelas penas voluntariamente sofridas por amor de Deus em vida.

Quem ama a Deus padecendo, tem um duplo ganho para o paraíso, o amar e o padecer. Escreve São João Crisóstomo que quando o Senhor dá a alguém a graça de padecer, faz-lhe maior graça do que se lhe desse o poder de ressuscitar os mortos, porque no fazer milagres o homem se torna devedor de Deus, mas no sofrer é Deus que se torna devedor do homem.

Entretanto, “é preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma” (Tg 1,4). Isso quer dizer que não há coisa que mais agrade a Deus do que o ver uma alma que, com paciência e paz, sofre todas as cruzes que Ele lhe envia […].

Por São João foram vistos todos os santos vestidos de branco e com palmas na mão (Ap 7,9). A palma é a insígnia dos mártires, mas nem todos os santos sofreram o martírio; como todos os santos portam palmas nas mãos? São Gregório responde que todos os santos foram mártires ou pela espada ou pela paciência; e assim, portanto, acrescenta: “Nós, sem a espada, podemos ser mártires, se guardarmos a paciência”.

Extraído de: Cf. AFONSO MARIA DE LIGÓRIO, SANTO. A prática do amor a Jesus Cristo. Trad. Luís Augusto

segunda-feira, 20 de março de 2023

Muitas cegueiras e uma cura

 


Podemos facilmente notar que não havia apenas um cego no Evangelho de hoje, mas muitos: apenas um era cego de corpo, mas muitos eram cegos de alma. Ao primeiro, Jesus curou; aos outros, não. Por quê?

O terceiro domingo do Advento e o quarto domingo da Quaresma são os únicos dias do ano em que o sacerdote pode se revestir de paramentos róseos. A razão é simples: a Igreja deseja que, em nossas almas, algo dos gáudios natalinos e das vindouras alegrias pascais se unam à mortificação e à penitência.

Por isso, este domingo também é conhecido como “domingo lætare”, o “domingo da alegria”.

A cegueira do corpo

O Evangelho de hoje é de tal modo atraente que seríamos tentados a transcrevê-lo todo aqui. Mas infelizmente não é possível, pois ele é tão rico em ensinamentos quanto em palavras: é um Evangelho bem longo, com 41 versículos. Enfim, contentar-nos-emos com um breve resumo.

Era dia de sábado. Enquanto caminhava, Jesus avistou um cego de nascença e teve compaixão dele. Muitos julgavam que tal moléstia era um castigo por seus pecados ou pelas faltas de seus ancestrais. Contudo, Nosso Senhor disse que sua doença serviria para que as obras de Deus se manifestassem nele. “Dito isso, Jesus fez lama com a saliva e colocou-a sobre os olhos do cego” (Jo 9,6). Depois, mandou-o lavar-se na piscina de Siloé: o cego o fez, e voltou enxergando (Cf. Jo 9,7).

Ninguém podia acreditar no que se passara, pois desde seu nascimento, aquele homem nunca enxergara. Os fariseus, porém, cheios de inveja, disseram-lhe que o Divino Mestre não poderia ter operado aquela cura em dia de sábado. Então, começou uma calorosa discussão entre eles e o cego que fora curado. Mas como não tinham argumentos lógicos, apelaram ao recurso da força: expulsaram-no da comunidade! (Cf. Jo 9,8-34)

Por fim, Jesus perguntou ao cego que fora curado, se ele cria no Filho do Homem. Ao que respondeu: “Quem é, Senhor, para que eu creia nele?” Jesus, então, disse: “Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo”. “Eu creio”, disse ele, prostrando-se diante de Jesus (Jo 9,35-38).

Após isso, Nosso Senhor disse que viera “para exercer um julgamento, a fim de que os que não veem vejam e os que veem se tornem cegos” (Jo 9,39). Sentindo-se atingidos, os fariseus perguntaram: “Porventura nós também somos cegos?” Ao que Jesus respondeu: “Se fôsseis cegos, não teríeis culpa; mas como dizeis ‘nós vemos’ o vosso pecado permanece” (Jo 9,41).

A cegueira de alma

Neste Evangelho, pode-se facilmente notar que não havia apenas um cego, mas muitos: um era cego de corpo, os outros o eram de alma. Ao primeiro, Jesus curou; aos outros, não. Por quê? Por uma razão muito simples.

O cego de nascença sabia-se cego – tanto é assim que se colocou no caminho onde Jesus deveria passar. Os fariseus, porém, eram cegos de uma “cegueira espiritual”, como o provam as suas palavras: “porventura nós também somos cegos?”. Ao que respondeu nosso Senhor: “Se fôsseis cegos, não teríeis culpa; mas como dizeis ‘nós vemos’ o vosso pecado permanece” (Jo 9,40-41).

Reconhecer as próprias falhas e os próprios pecados é a primeira condição para ser curado. Seria absurdo, por exemplo, que alguém que sofresse de uma doença mortal, afirmasse gozar de plena saúde e rejeitasse qualquer medicamento. Neste caso, a cura seria impossível.

E qual é o resultado desta cegueira? Em primeiro lugar, a pessoa não tem uma noção exata de si mesmo: ilude-se com qualidades que não tem, não reconhece os seus pecados, e vive numa contínua tensão, pois teme ser descoberta.

Além disso, este gênero de almas está julgado pelo orgulho. Ao deparar-se com uma alma íntegra, ou que lhe sobrepassam em qualidades, são logo dominadas pelo mesmo vício dos fariseus: a inveja.

Este vício é terribilíssimo! É a ele que se devem tantas perseguições injustas, tantas calúnias, tantas rivalidades e, inclusive, tantos homicídios que se deram ao longo da História. Com efeito, o que ganha o invejoso por causar prejuízo aos outros? Mesmo que ele consiga prejudicar o seu “inimigo”, como fizeram os fariseus com Nosso Senhor, terá a tristeza de carregar por toda a vida o remorso de seu próprio pecado.

É dessa tristeza que a Igreja quer nos afastar neste domingo. Ela nos diz, com bondade maternal: “Lætare, alegrai-vos! Reconhecei vossos pecados, pedi a vossa cura. Pois se assim o fizerdes, sereis libertos de vossa cegueira e, com o olhar purificado, podereis contemplar a bondade de Jesus. Não mais sereis dominados pela tristeza do egoísmo e da inveja, e, mesmo que tenhais de passar por muitas tribulações, jamais sereis privados do gáudio virtuoso e santo de quem está em paz com a própria consciência e com Deus”.

Que Nossa Senhora e o Patriarca São José nos auxiliem na obtenção de tais graças.

Por Lucas Rezende

segunda-feira, 6 de março de 2023

Custódio da Terra Santa dá conselhos para fiéis vencerem a tentação

Dentre os conselhos de Frei Francesco Patton estão o de alimentar-se da palavra de Deus e confiar n’Ele.

Primeira vigilia de Quaresma no Santo Sepulcro 1

Foto: Divulgação/Custodia Terrae Sanctae.

Israel – Jerusalém (06/03/2023 12:53, Gaudium Press) Jerusalém celebrou o primeiro sábado da Quaresma com a tradicional entrada solene do Patriarca Latino na Basílica do Santo Sepulcro, Dom Pierbattista Pizzaballa, acompanhado por duas filas de frades franciscanos.

Primeira vigilia de Quaresma no Santo Sepulcro 2

Foto: Divulgação/Custodia Terrae Sanctae.

O ingresso ao local foi realizado através de uma procissão cantada, partindo da Capela da Aparição do Ressuscitado seguindo a tradicional rota que, desde 1336, os franciscanos realizam diariamente no interior da Basílica.

Recitação do Ofício de Leituras e celebração da Santa Missa da Vigília

Na noite entre o sábado e o domingo, os religiosos Franciscanos se reuniram no Santo Sepulcro para recitar o solene Ofício de Leituras e participar da celebração da Santa Missa da Vigília presidida pelo Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton. Tradição que se repete nos domingos da Quaresma, desde o ano de 1754.

Primeira vigilia de Quaresma no Santo Sepulcro 3

Foto: Divulgação/Custodia Terrae Sanctae.

A celebração eucarística ocorreu na Capela da Crucificação, no Calvário. Em sua homilia, Frei Patton assegurou que “a melhor maneira de vencer a tentação é, por um lado, alimentar-se da palavra de Deus e, por outro, confiar n’Ele em vez de desafiá-lo, forçando-o a realizar milagres”.

Deus deve estar no centro dos nossos pensamentos

Comentando o Evangelho do dia, que relatava o episódio das tentações de Jesus no deserto, o Custódio da Terra Santa ressaltou que “para vencer a tentação, Deus é quem deve ser venerado, quem deve estar no centro dos nossos pensamentos, nossos afetos e nossa pessoa, porque no momento em que deixarmos de adorá-lo nos tornaremos escravos de outras realidades”.

Primeira vigilia de Quaresma no Santo Sepulcro 4

Foto: Divulgação/Custodia Terrae Sanctae.

Por fim, Padre Patton destacou que “a Quaresma nos confronta com uma realidade de fragilidade, mas também nos dá as ferramentas para não sermos vítimas, submissos e escravos dela”. E concluiu exortando aos fiéis para que caminhem “com confiança durante estes quarenta dias rumo à Páscoa, rumo àquele dia em que recordaremos o dom da nova vida que recebemos em nosso Batismo”. (EPC)