A nossa vontade é a faculdade soberana, rainha de todas as faculdades, sentidos internos e externos, potências e paixões.
(Pe. Alberione _ Fundador da Família Paulina)
Antes do pecado original, a vontade humana estava em perfeita harmonia com a do Criador. Quando o homem caiu pelo pecado original, envolvido pela mentira da serpente - o diabo - a vontade rebelou-se contra Deus e os sentidos desordenaram-se tornando-se indóceis.
"O homem conserva o desejo do bem, mas a sua natureza está ferida pelo pecado original. O homem ficou com a inclinação para o mal e sujeito ao erro (CIC 1707):
"O homem encontra-se, pois, dividido em si mesmo. E assim, toda a vida humana, quer singular quer coletiva, apresenta-se como uma luta, e quão dramática, entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas ". (II Concílio do Vaticano, Const. past. Gaudium et spes, 13: AAS 58 (1966) 1035)
Esta vontade está sujeita aos apetites dos sentidos, e direciona-se para onde estes os conduzem. Fazer a vontade de Deus, agora, nesta nova condição, é difícil, requer sacrifícios, e com frequência se dá um passo para trás.
Só com muita firmeza, exercitando a vontade a aceitar o querer divino é que se pode avançar no crescimento interior pelo auto domínio e determinação, que vem da obediência.
Mas para se chegar a este estado de domínio de si é necessário tempo, treino, e muita oração, porque os sentidos estão sempre sendo colocados à prova. E dominar a vontade é ter o corpo todo sob controle.
"Todos nós, sem dúvida, queremos
viver felizes, e não há entre os homens quem não dê o seu assentimento a
esta afirmação, mesmo antes de ela ser plenamente enunciada". (Santo Agostinho, De moribus Ecclesiae catholicae 1. 3, 4: CSEL 90, 6 PL 32, 1312)
Deus chama-nos à sua própria felicidade. Esta vocação dirige-se a cada um, pessoalmente, mas também ao conjunto da Igreja, povo novo constituído por aqueles que acolheram a promessa e dela vivem na fé. (CIC 1719)
Só exercitando a liberdade - que foi conferida ao homem por Deus - no sentido de querer o bem e praticá-lo, é que podemos colocar a vontade na sua melhor posição: a de ouvir a voz de Deus, acolhê-la e transformá-la em decisão, em realidade de ação.
Os padres do deserto se isolavam consigo mesmos no sentido de conhecer-se para vencer em si toda desordem, todo movimento passional que os desviava do bem, do amor, da compaixão. Nem sempre temos esta oportunidade. Por isso a importância da oração repetida e confiante, que se alicerça no poder de Deus, e Nele espera toda transformação, conversão.
Conhece-te a ti mesmo, dizia Sócrates, para que cientes das fragilidades pessoais, seja possível entender e superar tudo aquilo que nos afasta deste controle da vontade, que regula o homem todo. Na introspecção da oração pode acontecer este passeio pelo interior do homem em busca de Deus e de si mesmo.
Vigiai e orai...( Mt 26,41) pedindo ao Senhor que nos torne homens e mulheres que tem auto controle.
Malu e Eduardo Burin - Instituto Santa Família