sexta-feira, 25 de agosto de 2023

A tradicional arte de se produzir um vitral

As cores banham as paredes brancas durante o dia, fazendo com que o reflexo dos santos e anjos pareça ondular pacificamente com a vida.

A tradicional arte de se produzir um vitral

Foto: Berthold Werner/Domínio público/wikimedia commons.

Redação (03/08/2023 16:55, Gaudium Press) Se uma pessoa tiver que determinar o que poderia ser o mais famoso vitral do mundo, vários nomes viriam à sua mente, mas particularmente uma imagem poderia estar entre as primeiras a aparecer em sua memória: o Espírito Santo do Altar de Bernini, na Basílica de São Pedro do Vaticano.

Localizado sobre um dos mais belos altares, atrás do altar principal na maior das Basílicas papais, goza de uma relevância especial dentro do impressionante patrimônio da Igreja Católica. Esta obra, como outras localizadas na Capela Sistina e a Capela Redemptoris Mater foram produzidas em uma oficina notável do bairro romano de Trastevere, que desde 1900 desenvolve a arte em vidro de maneira artesanal: a oficina Vetrate d’Arte Giuliani.

Spiritus Sanctus

Foto: Dnalor/Domínio público/wikimedia commons.

Dificuldade em encontrar quantidade suficiente de vidro soprado

Há mais de 25 anos, Elsa Giuliani continua a tradição familiar iniciada por Giulio Cesare Giuliani, um químico apaixonado pela pintura que associou seu talento ao seu conhecimento técnico para obter peças de alta qualidade. “Nós trabalhamos de maneira privada e pública, para igrejas, bancos, cantores, atores, para todos”, relatou o proprietário a National Catholic Register. “Muitas pessoas não sabem sobre o campo da arte em vidro”.

Giuliani expressou que uma das dificuldades de seu trabalho é encontrar uma quantidade suficiente de vidro soprado, já que o mercado está saturado de vidro prensado de origem chinesa. As peças da oficina romana são elaboradas com vidro alemão da fábrica de ‘Lamberts’, que produz painéis com matérias-primas como a areia, o calcário ou até mesmo ouro. Os vitrais são elaborados com base em uma paleta de 1.100 cores disponíveis cuidadosamente selecionadas. “Quando você constrói a imagem, você deve ser muito cuidadoso para alcançar a harmonia entre as cores”, explicou Alessia Catallo, licenciada em Belas Artes e Trabalho de Metal que trabalha em Vetrate d’Arte Giuliani há anos. “É preciso muita paciência”.

Cathedral Fribourg vitrail Georg Michael Anna Maria 01

Foto: Józef Mehoffer/Domínio público/wikimedia commons.

Habilidade superior e a alta qualidade das cores

Os artistas devem medir e cortar os pedaços de vidro com precisão e aplicar a cor a cada peça, pintando os diferentes motivos que compõem a imagem. “Este é um processo muito delicado, porque cada erro pode ser revelado devido à transparência do vidro”, expôs Franco Galise, desenhista técnico principal e filho de um dos trabalhadores da oficina que trabalhou diretamente com Giulio Cesare Giuliani.

Um dos trabalhos da oficina foram os vitrais da capela da Universidade do Sagrado Coração, em Fairfield, nos Estados Unidos. “A habilidade superior e a alta qualidade das cores na arte, assim como a eficiência no isolamento do frio não tem comparação”, declarou à National Catholic Register, David Coppola, ex-Vice-Presidente de Planejamento Estratégico e Administração da Universidade. “As cores banham as paredes brancas durante o dia, fazendo com que o reflexo dos santos e anjos pareça ondular pacificamente com a vida. O efeito geral é de boas vindas, reflexão, comunidade e paz”. (EPC)


quarta-feira, 16 de agosto de 2023

O valor da vida humana sob o debate do aborto: uma análise

 


Dentre as propostas que estão em pauta, a descriminalização do aborto em qualquer circunstância tem gerado uma reflexão profunda sobre o valor da vida em nossa sociedade.

O debate em torno da legalização do aborto ganha destaque à medida que o Conselho Nacional da Saúde se aproxima de uma possível aprovação das conclusões discutidas na última Conferência Nacional da Saúde. Dentre as propostas que estão em pauta, a descriminalização do aborto em qualquer circunstância tem gerado uma reflexão profunda sobre o valor da vida em nossa sociedade. No entanto, essa questão transcende meramente aspectos médicos e legais, levantando preocupações éticas e sociais mais amplas.

O cerne desse tema reside na autorização da interrupção da vida de um ser humano em desenvolvimento, com base em argumentos como "direito reprodutivo" e "liberdade do corpo da mulher". Entretanto, essa abordagem suscita uma análise crítica, marcada pela percepção de desumanização do feto e pelo desrespeito a princípios fundamentais consagrados, como a inviolabilidade do direito à vida, garantido pelo artigo 5º da Constituição Federal. Essa discussão se estende também ao Pacto de São José da Costa Rica, que vigora e assegura o direito à vida desde a concepção, bem como ao Estatuto da Criança e do Adolescente, que preconiza a proteção à vida e ao nascimento saudável.

Nesse contexto, surge o questionamento sobre a cultura de morte que aparentemente permeia nossa sociedade, onde a vida indesejada ou inconveniente parece destinada ao descarte. A defesa da legalização muitas vezes argumenta que mulheres em situação de vulnerabilidade, especialmente aquelas de origem negra e de baixa renda, necessitam desse direito para evitar riscos de morte em clínicas clandestinas. No entanto, é necessário ponderar a veracidade das estatísticas que frequentemente inflam esse argumento, bem como considerar se a autorização para tirar a vida de um filho no ventre é realmente a aspiração dessas mulheres.

Nesse contexto, o movimento pró-vida ganha destaque, demonstrando que, ao acolher e apoiar essas mulheres em momentos de desespero, muitas vezes a escolha pelo aborto é deixada de lado. A falta de estruturas adequadas, como creches e atendimento de saúde, contribui para a pressão enfrentada por mulheres grávidas, especialmente aquelas em situação financeira precária. No entanto, a solução não deve ser a legalização do aborto, mas sim o investimento em políticas públicas que verdadeiramente auxiliem as mães e seus filhos, garantindo o direito à vida e ao bem-estar desde o início.

Em paralelo, é inegável a presença de interesses comerciais nas discussões sobre a legalização do aborto. A indústria do aborto, com seus próprios motivos financeiros, busca avançar nesse cenário, apoiando financeiramente organizações em defesa dessa pauta. A ênfase em exemplos de países desenvolvidos, como os Estados Unidos e a Holanda, onde o aborto já é legalizado, não deve obscurecer a análise crítica dessas políticas. Por exemplo, nos EUA, movimentos pró-vida têm crescido a cada ano, questionando essa prática, e denúncias sobre o tráfico de órgãos têm sido levantadas, envolvendo grandes redes de clínicas de aborto.

Em um panorama mais amplo, a discussão sobre a descriminalização do aborto revela complexidades éticas e sociais profundas. Enquanto cidadãos, conscientes do valor inestimável da vida humana, é crucial que não permaneçamos indiferentes a essa discussão. Em vez de encarar o aborto como solução, devemos buscar alternativas que protejam tanto os nascituros quanto as mães, promovendo a coexistência e o respeito mútuo. Em última análise, a mensagem é clara: a vida merece ser defendida, e a solução para nossos desafios sociais não pode residir na interrupção da vida humana.

Padre Lício de Araújo Vale – Diocese de São Miguel Paulista

 

 

terça-feira, 8 de agosto de 2023