sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Reflexão para o 1º Domingo do Advento

1º Domingo Advento: Reconciliação - Paroquia Bom Jesus

Temos, pela frente, um tempo para reconstruir, restaurar nossa vida de acordo com as virtudes teologais: fé, esperança e amor.

Cidade do Vaticano

Deus nos abençoa, mais uma vez, com as graças de um novo Ano Litúrgico e, mais uma vez, reviveremos, um por um, os grandes mistérios da Vida de Jesus Cristo em favor de nossa redenção.

A Igreja o inicia com o tempo do Advento, a preparação para a vinda definitiva de Jesus e também a celebração da espera pelo seu Santo Natal.

Neste domingo, o primeiro do Advento, a liturgia nos fala de reconstrução. Temos, pela frente, um tempo para reconstruir, restaurar nossa vida de acordo com as virtudes teologais: fé, esperança e amor.

A primeira leitura fala da realização das promessas de restabelecimento da justiça e da paz. Fala do surgimento do descendente de Davi, isto é, do Messias, o Príncipe da Paz.   Contudo Deus deseja que a ação do Cristo seja completada por seus seguidores que, segundo a leitura, são designados pelo sugestivo nome, pela identidade “O Senhor é nossa Justiça”.

No Evangelho, a visão apocalíptica do cosmos quer nos falar do mundo de hoje, onde, por causa do pecado, a desordem, a violência e a angústia se instalaram. Mas a mensagem de Boa Nova é a própria promessa de Jesus de um mundo novo, que irá se realizar com sua chegada e a consequente libertação de todos os seus seguidores.

Nossa postura, enquanto aguardamos essa realização, deverá ser a de pessoas fiéis à sua palavra e à sua ação renovadora e definitiva, isto é, cabeça erguida, rejeição de consolações enganosas e fugazes. Finalizando, o Senhor nos indica a vigilância e a oração. Através dela seremos capacitados ao discernimento e, com isso, a conhecermos onde está a presença salvadora de Deus.

Concluindo, as leituras de hoje nos propõem uma atitude madura frente aos problemas da vida, do dia a dia. Ela deve ser marcada pela fé em Jesus, esperando sua ação restauradora da justiça e da paz. Enquanto isso, deveremos ir praticando a caridade, o amor e, de consequência, esta nossa atitude positiva, já estará realizando a chegada de Jesus, a nossa Justiça.

Vatican News

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

O que é surdez espiritual?


Ora, a vida espiritual consiste na reciprocidade para com esta constante voz de Deus chamando-nos: é preciso não só ouvi-la, como corresponder a ela. Porque se é falta de educação não retribuir o cumprimento de alguém com quem nos cruzamos, sobretudo esta atitude é impensável perante Deus.

Devemos ter a postura de Samuel ao escutar o apelo do Senhor: levantou-se de imediato, e disse: Præsto sum — Estou pronto! (cf. I Sm 3, 5).

Por que acontece, então, de ficarmos surdos, se Deus fala com tanta vivacidade e através de tantos meios? A causa principal deste mal é abrir o coração para vozes estranhas, alheias a Deus e que não conduzem a Ele. A impureza, a avidez por dinheiro, o gozo da vida e as concessões feitas ao pecado tornam duro o ouvido espiritual, bem como encardida e entorpecida a alma.

Barbarizado pelo ruído de seus sentidos, perde o homem a audição do Espírito Santo e se torna inteiramente refratário à voz de Deus. Esta nada mais significa para ele, não o impressiona nem lhe toca o fundo da alma.

O surdo espiritual é tão incapaz de compreender os assuntos da Fé, quanto um cão o é em relação aos raciocínios da inteligência humana. O próprio Nosso Senhor Se queixa várias vezes — comprovamos isso ao longo dos Evangelhos — a respeito do povo que ouve, e não entende. Por isso, Ele intimava aqueles que assistiam à sua pregação: “Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça!” (Mc 4, 9).
O perigo de cair na surdez parcial

Todavia, existe também a surdez parcial. Ao ouvirmos certos temas espirituais vibramos e até nos emocionamos… mas, em parte. Eis que a linguagem usada pelo mundo, com todos seus atrativos, nos seduz e, por vezes, em lugar de combatermos tais solicitações, as aceitamos. Então, os ouvidos carregados por estes rumores não mais percebem aquela voz divina austera, contudo muito suave e deleitante, desde que saibamos apreciá-la.

Com efeito, como é possível escutar a voz de Deus enquanto estamos com a atenção posta no bulício da internet, das redes sociais e de tantas outras coisas? Como manter-se numa perspectiva que faça crescer a própria fé, se nossos atos são completamente desprovidos de qualquer significado sobrenatural, pois vivemos como ateus práticos? Como ter o pensamento tomado pela grandeza e beleza de Deus quando temos nossa mente presa àquilo que é imoral?

Dois objetivos opostos não cabem na mesma ação do homem: é Deus ou satanás, é o Céu ou o inferno. Isto nos leva a concluir que o mundo, em geral, é muito mais surdo do que, a princípio, imaginaríamos.

Quem hoje em dia fala de Deus? Quem O conserva no centro de suas preocupações? Quantos rezam seriamente? Ora, se não há oração, não há conversa com Deus; se não há conversa com Deus, só há surdez.

Supérfluo é dizer que tal enfermidade traz como consequência o mutismo, ao qual bem podemos dar como significado sobrenatural o esquecimento de glorificar a Deus. O surdo não tem Deus nos lábios e não eleva sua consideração ao Criador; sua conversação é vulgar, orientada para as bagatelas e… com facilidade gosta de falar de si mesmo. É mudo porque, ao entrar em diálogo com o demônio, tornou sua língua inábil para discorrer sobre as verdades da Fé.
O remédio: aproximar-se d’Ele

A estas alturas nos perguntamos: “Qual é o remédio para isto?”. Só o poder de Deus há de sanar quem chega ao estado de surdez e de mutismo espiritual. No meio do tumulto do mundo, das atrações da sensibilidade e das ilusões do demônio, é impossível para um surdo dar-se conta de sua situação espiritual.

Por tal motivo, cumpre tirá-lo das ocupações moralmente perigosas, separá-lo dos maus relacionamentos, levá-lo a desapegar-se de tudo o que o afasta de Deus.

Ou seja, a primeira condição para a cura é unir-se a Deus e apartar-se do mundo. Para perseverar em meio à decadência moral da sociedade atual, é indispensável nunca abandonar a mão estendida por Cristo. Devemos procurá-Lo, pois Jesus nos toca através dos Sacramentos. Qual não será o efeito da Eucaristia — que é Ele em substância —, se a tomarmos com fé e abertura de alma!

Se nosso amor a Jesus por meio de Maria for pleníssimo a ponto de substituir nosso egoísmo, saberemos discernir, em meio à zoeira e às aflições do mundo moderno, a voz da graça.

Mons João Scognamiglio Clá Dias, EP

sexta-feira, 6 de novembro de 2020