segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Todos os Santos, "Hallowen vs. Holywins" e comemoração dos fiéis defuntos

 

Rezemos por nossos defuntos, façamos também pelas almas do purgatório que estejam mais abandonadas e pelas quais ninguém reza.

Foto: Pixabay/Albrecht Fietz.

Amanhã, no dia 1º de novembro, viveremos a solenidade de Todos os Santos e no dia seguinte a Comemoração dos Fiéis Defuntos. Ambos momentos sofreram a penetração do costume anglo-saxão de celebrar, na noite do dia 31 deste mês, Halloween -“All hallow’s eve”, que significa: “Véspera de Todos os Santos”. Véspera, como veremos, não muito “santa”.

Noite de bruxas, fantasmas, terror, refletindo antigo costume pagão, que tira o sentido religioso de tão especiais circunstâncias. Introdução por trás dele, escondida, a ação preternatural do demônio.

História e origem do Halloween

Esta pseudo celebração dos antigos Celtas, que eram povoadores da Europa Central e Ocidental pelo século VI a.C., que praticavam rituais obscuros, adoravam a natureza, que lhe atribuíam qualidades sobrenaturais e exerciam a prática de sacrifícios. Não todos os celtas, ao receber a religião cristã, tiveram uma autêntica conversão, conservaram costumes, mantendo superstições. Entre elas a adoração ao “senhor da morte” ou “Samhain”, invocado para pedir prosperidade, saúde, saber do futuro. Influência que degenerou em uma celebração que mantêm a festa da morte. Os sacerdotes celtas, os “druidas”, de grande influência, eram feiticeiros, magos, videntes. O festival ao deus da morte se realizava no dia 31 de outubro, com sacrifícios de animais e, em ocasiões especiais, de humanos, para poder adivinhar o futuro. Tenebroso, como podemos ver, é a origem do Halloween.

Imigrantes irlandeses foram os que introduziram o grotesco costume nos Estados Unidos, hoje em grande dia festivo não religioso. Difundido em alguns países da América espanhola, no México chega a realizar-se um mega desfile dos mortos, com altares e comidas típicas, dia dos fiéis defuntos.

‘Aniversário’ de Satanás

Não podia deixar de estar presente o consumismo, e não poucos colégios obrigam a celebrá-lo incentivando crianças a irem de casa em casa cantando rimas, fantasiadas de diabos, mortos, monstros e vampiros dizendo “Trick or treat” (Travessuras ou gostosuras). Hollywood contribuiu muito para sua difusão, através de filmes, com violência e assassinatos, e promovendo o negócio da venda de fantasias, máscaras, maquiagens, doces, etc.

Anton LaVey, fundador da primeira igreja satânica nos EUA, disse que uma das festas mais importantes para eles é o dia 31 de outubro. Noite por excelência para o oculto, para os bruxos, o qualificam como o ‘aniversário’ de Satanás.

Como vemos, é uma festa que surge banhada de algo tenebroso, e como algo que não exalta a Deus. Dias antes se reportam em partes do mundo o desaparecimento de crianças, também gatos que são mortos nos rituais. Festa na qual, podemos dizer, se abrem as portas para a entrada do demônio.

Holywins: a santidade vence

Em sentido oposto, na Diocese de Alcalá de Henares, da Espanha -assim como em numerosos lugares- se incentiva as crianças a se vestirem de Santos, recordando suas vidas através de testemunhos e canções. É o que chamam de ‘Holywins’, jogo de palavras que significa “a santidade vence”. No dizer do comunicado da Diocese: “se pretende ajudar a festa cristã de Todos os Santos, diante do eclipse cada vez maior que está sofrendo pela potente implantação da festa pagã do Halloween”. Singular controvérsia que nos mostra o entrechoque, cada vez mais intenso, entre o Bem e o mal.

Voltemos agora nossos olhares até ‘Todos os Santos’ e nossos ‘Fiéis Defuntos’. O culto a todos os Santos abarca o culto a todas as almas que estão no Céu, mesmo as que não estão canonizadas, rezando à elas para pedir proteção, logicamente as que tenham uma relação mais especial conosco. É a oportunidade de nos encomendarmos a elas neste dia. Recordamos também aos Patriarcas, que foram semente; aos Profetas que rasgaram inspirados o véu misterioso do porvir; as Almas Inocentes, que aumentam o coro dos anjos; aos Apóstolos que lançaram os fundamentos da Santa Igreja; aos Mártires, que ganharam a palma derramando seu sangue; aos Monges que combateram em claustros silenciosos; aos Doutores cujas plumas chegaram ricos tesouros do saber; aos Soldados do Exército de Cristo; a todos os Santos e Santas. Que quantidade maravilhosa de intercessores aos quais poderemos pedir na solenidade de Todos os Santos!

Dia dos Fiéis Defuntos

No dia seguinte a Igreja comemora os Fiéis Defuntos, as Santas Almas do Purgatório, aqueles que, tendo falecido em estado de graça, tem que cumprir a pena temporal, esta purificação final que é completamente distinta do castigo dos condenados. Terrível sofrimento, com a esperança do Céu. “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, sofrem depois de sua morte uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu” (Catecismo da Igreja, 1030).

Neste dia, estas almas se beneficiam com as Santas Missas que se celebram em todo lugar, especialmente nos cemitérios, e por nossas orações. Conta Santo Agostinho que a única coisa que sua mãe, Santa Mônica, lhe pediu antes de morrer foi: “Não se esqueça de oferecer orações por minha alma”. Que agrado da parte de nossos defuntos, falecidos em graça de Deus, de receber nossas orações! Chegando ao Céu, intercederão por nós.

Rezar pelas almas do purgatório

“Se reduzirmos o homem exclusivamente à sua dimensão horizontal -nos dizia o Papa Emérito Bento XVI-, à qual se pode perceber empiricamente, a própria vida perde seu sentido profundo. O homem necessita da eternidade, e qualquer outra esperança para ele é demasiadamente breve, demasiadamente limitada. O homem pode explicar-se somente se existe um Amor que supera todo isolamento, também o da morte, em uma totalidade que transcenda também o espaço e o tempo. O homem pode se explicar, encontra seu sentido mais profundo, somente se existe Deus” (2-11-2011).

Rezemos por nossos defuntos, façamos também pelas almas do purgatório que estejam mais abandonadas e pelas quais ninguém reza.

Por Padre Fernando Gioia, E

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Seis décadas da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II

 

A bimilenar e atuante Igreja de Cristo está celebrando, em 2022, seis décadas da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, cujos trabalhos se iniciaram oficialmente em 11 de outubro de 1962. No limiar dos anos 1960, do século XX, no pontificado de São João XXIII, a Esposa de Cristo respondia às urgências do homem contemporâneo. 

Nos seus 2 mil anos de História, a Igreja de Cristo tem-se mostrado sempre presente e, coerentemente atuante, na sociedade em que está inserida. Os fatos históricos e os documentos pontifícios nos mostram o atualizar da Mãe e Mestra, em todos os tempos e em todas as circunstâncias. Nos Arquivos e nas Bibliotecas, há muito material que afirma a presença da Igreja, sobretudo quando pesquisamos e estudamos a atuação dos papas no exercício do Magistério Petrino. 

A eleição do Papa São João XXIII, em 28 de outubro de 1958, foi momento de alegria e expectativa. Qual seria o itinerário pontifício do ancião e recém-escolhido pontífice da Igreja de Cristo? Seria um papa de transição? Traria alguma novidade para a Igreja? Surpreenderia a humanidade? 

Em 25 de janeiro de 1959, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, São João XXIII surpreendeu a Igreja e a humanidade, quando anunciou um Sínodo para a Diocese de Roma e um concílio ecumênico. Queria falar aos seus diocesanos, como Bispo de Roma. Queria falar aos homens e mulheres de seu tempo, como Sumo Pontífice da Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja de Cristo. O que esperar de tais pronunciamentos? Qual o significado do aggiornamento falado pelo Vigário de Cristo? 

São João XXIII, desde o momento do anúncio do Concílio Ecumênico, não propôs nenhuma alteração na Doutrina Cristã. Seu desejo era apresentar Jesus Cristo ao mundo contemporâneo. A palavra aggiornamento ganhava força na voz do Pontífice Romano. O Santo Padre estava propondo uma atualização da Igreja. Nenhuma mudança na Doutrina Cristã, mas almejava a presença vivaz e comprometida dos cristãos no mundo. Para tanto, o Romano Pontífice apresentava, também, o Diálogo com os homens e as mulheres do nosso tempo. A Igreja de Cristo estava sendo atualizada na História. O Pontífice propunha o Diálogo Ecumênico, o Diálogo com os judeus e o Diálogo Inter-religioso, com todas as demais religiões.

São João XXIII, quando se dirigia aos católicos, falava com docilidade. Vislumbrava a Igreja como Mãe e Mestra, capaz de ouvir com atenção e admoestar com ternura. Expandia sua maneira de ser aos homens e mulheres de boa vontade. Exortava como um pai bondoso e com total gesto de misericórdia. 

Eram tempos difíceis para a humanidade, em 1958, quando o Papa João XXIII iniciou o seu pontificado. Quando anunciou o Concílio Ecumênico, em 1959, houve muitos questionamentos. Porém, quando o momento eclesial se iniciou, descortinavam-se alegria e confiança. Em 2022, lembrar e celebrar os 60 anos da abertura do Concílio Vaticano II se torna um alento para a Igreja de Cristo e uma esperança para a humanidade desejosa de tempos melhores. 

Padre José Ulisses Leva é professor de História da Igreja na PUC-SP.

 

terça-feira, 4 de outubro de 2022

História, Oração e Frases de São Francisco de Assis

 

Igreja Católica celebra no dia de hoje, 4 de outubro, a memória de São Francisco de Assis, fundador da Ordem dos Franciscanos e padroeiro dos animais.

Nascido na cidade italiana de Assis no ano de 1182, Francisco teve uma juventude devassa, na qual somente se importava em gozar a vida. Enviado à guerra, foi feito prisioneiro e logo após ser libertado ficou doente. Em determinada ocasião, ouviu uma voz que lhe questionava: “A quem é melhor servir, ao amo ou ao criado?”. Voltou para a casa pensativo, e com a ajuda da oração, entendeu que Deus lhe chamava para algo maior.

Foi então que começou a desenvolver seu espírito de pobreza, servindo aos pobres e doentes, oferecendo-lhes suas roupas e dinheiro. O Santo foi enviado para uma capela chamada Porciúncula, onde passou boa parte da vida. Seu exemplo atraiu muitos discípulos, o que fez com que Francisco redigisse uma breve regra no ano de 1210, tendo a mesma sido aprovada pelo Papa. A pobreza se tornou o fundamento de sua ordem e o amor à pobreza se manifestava na maneira de se vestir, nos utensílios que usavam e nos atos.

No dia 3 de outubro de 1226, entregou a alma a Deus cantando “mortem suscepit”, sendo canonizado no dia 16 de julho de 1228, pelo Papa Gregório IX. Sua admiração e relação estreita com a natureza lhe renderam o título de padroeiro dos animais. Em 1939 o Papa Pio XII o elevou a padroeiro principal da Itália.

Frases de São Francisco de Assis

01 – “Pregue o Evangelho em todo tempo. Se necessário, use palavras”.

02 – “Onde o silêncio e a meditação reinam, não há lugar para preocupação”.

03 – “A oração nos aproxima de Deus, embora ele esteja sempre perto de nós”.

04 – “Sem oração ninguém pode progredir no serviço divino”.

05 – “Todo o bem que fazemos deve ser feito pelo amor de Deus, e o mal que evitamos deve ser evitado pelo amor de Deus”.

06 – “Santifique-se e você santificará a sociedade”.

07 – “Orar diariamente nos torna gentis”.

08 – “O verdadeiro ensinamento que transmitimos é o que vivemos e somos bons pregadores quando colocamos em prática o que dizemos”.

09 – “Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado. Resignação para aceitar o que não pode ser mudado. E sabedoria para distinguir uma coisa da outra”.

10 – “O que temer? Nada. A quem temer? Ninguém. Por quê? Porque aqueles que se unem a Deus obtêm três grandes privilégios: onipotência sem poder; embriaguez, sem vinho; e vida sem morte”.

Oração de São Francisco de Assis

Senhor,
Fazei de mim um instrumento de vossa Paz.
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,
Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
Onde houver Discórdia, que eu leve a União.
Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.
Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.
Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.
Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.
Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!

Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando, que se recebe. Perdoando, que se é perdoado e é morrendo, que se vive para a vida eterna! Amém. (EPC)