domingo, 31 de maio de 2015

O enigma da Santíssima Trindade


Muitos dizem: que enigma é esse de três que são um e de um que são três? Não seria mais simples crer em um Deus único e ponto, como fazem os judeus e os muçulmanos? A resposta é fácil. A Igreja crê na Trindade não porque goste de complicar as coisas, mas porque esta verdade lhe foi revelada por Cristo. A dificuldade de compreender o mistério da Trindade é um argumento a favor, não contra sua verdade. Nenhum homem, sozinho, teria idealizado jamais um mistério assim.

Depois de que o mistério nos foi revelado, intuímos que, se Deus existe, não pode mais que ser assim: uno e trino ao mesmo tempo. Não pode ter amor mais que entre duas ou mais pessoas; se, portanto, «Deus é amor», deve haver n’Ele um que ama, um que é amado e o amor que os une. Também os cristãos são monoteístas; crêem em um Deus que é único, mas não solitário. A quem Deus amaria se estivesse absolutamente só? Talvez a si mesmo? Mas então o seu não seria amor, mas egoísmo, ou narcisismo.

Eu gostaria de lembrar o grande e formidável ensinamento de vida que nos chega da Trindade. Este mistério é a máxima afirmação de que se pode ser iguais e diferentes: iguais em dignidade e diferentes em características. E não é isso de que temos a necessidade mais urgente de aprender, para viver adequadamente neste mundo? Ou seja, que se pode ser diferentes na cor da pele, cultura, sexo, etnia e religião, e no entanto gozar de igual dignidade, como pessoas humanas?

Este ensinamento encontra seu primeiro e mais natural campo de aplicação na família. A família deveria ser um reflexo terreno da Trindade. Está formada por pessoas diversas por sexo (homem e mulher) e por idade (pais e filhos), com todas as conseqüências que se derivam destas diversidades: diferentes sentimentos, diferentes atitudes e gostos. O êxito de um matrimônio e de uma família depende da medida com que esta diversidade saiba tender a uma unidade superior: unidade de amor, de intenções, de colaboração.

Não é verdade que um homem e uma mulher devam ser à força afins em temperamento e dotes; que, para pôr-se de acordo, os dois tenham que ser alegres, vivazes, extrovertidos e instintivos, ou os dois introvertidos, tranqüilos, reflexivos. E mais, sabemos que conseqüências negativas podem derivar-se, já no plano físico, de matrimônios realizados entre parentes, dentro de um círculo estreito. Esposo e esposa não têm de ser «a meia laranja» um do outro, no sentido de duas metades perfeitamente iguais, mas no sentido de que cada um é a metade que falta ao outro e o complemento do outro. É o que pretendia Deus quando disse: «Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer-lhe uma ajuda adequada» (Gn 2, 18). Tudo isso supõe o esforço de aceitar a diversidade do outro, que é para nós o mais difícil e aquilo que só os mais maduros conseguem.

Vemos também daqui como é errôneo considerar a Trindade como um mistério remoto da vida, que se deve deixar à especulação dos teólogos. Ao contrário: é um mistério próximo. O motivo é muito simples: fomos criados à imagem do Deus uno e trino, levamos sua marca e estamos chamados a realizar a mesma síntese sublime de unidade e diversidade.

Pe. Raniero Cantalamessa à Zenit

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Abandono nas mãos de Deus


Em tuas mãos, ó Deus, eu me abandono. Vira e revira esta argila, como o barro nas mãos do oleiro. Dá-lhe forma e depois se quiseres esmigalha-a (como se esmigalhou a vida de John, meu irmão). Pede, ordena. Que queres que eu faça? Elogiado e humilhado, perseguido e incompreendido, caluniado e consolado, sofredor e inútil para tudo.

Que me resta senão dizer, a exemplo de Tua mãe: "Faça-se em mim segundo a Tua palavra"... 

Dá-me o amor por excelência, o amor da cruz, não o da cruz heroica que poderia nutrir o amor próprio, mas o da cruz vulgar, que carrego com repugnância, daquela que se encontra cada dia na contradição, no esquecimento, no insucesso, nos falsos juízos, na frieza dos outros, no mal estar, nos defeitos do corpo, nas trevas da mente da aridez, no silêncio do coração.
Então somente Tu saberás que Te amo, embora eu mesmo nada saiba. Mas isto basta!

Oração escrita de próprio punho por Robert Kennedy e encontrada no bolso de seu paletó, por ocasião de seu assassinato.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Os prodígios de um novo Pentecostes


No próximo domingo celebraremos Pentecostes - a vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos e a Virgem Maria reunidos em oração - encerrando o Tempo Pascal. 

Os dons concedidos pelo Espírito Santo naquele dia operaram prodígios na vida daqueles que se abriram à sua ação. Hoje também, o mesmo Espírito atua na Igreja distribuindo seus dons e frutos a todos quantos o peçam.

Toda a Igreja está em oração pedindo os sete dons do Espírito Santo através da Novena de Pentecostes. Para aqueles que não tiveram oportunidade de fazê-la, sugerimos um Triduo preparatório para o Domingo de Pentecostes. Nesta três dias de oração pedimos ao Santo Espírito que derrame sobre nós seus dons, com esta oração de Pe. Alberione:
 
INVOCAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO

Oh, Espírito Santo,

pela intercessão da Rainha de Pentecostes,

curai a minha mente da irreflexão,

da ignorância, do esquecimento, da rigidez,

do preconceito, do erro, da perversão,

e concebei a Sabedoria, Jesus Cristo, Verdade em tudo.



Curai a minha afetividade da indiferença,

da desconfiança, das más inclinações,

das paixões, dos sentimentos, dos apegos,

e concebei os gostos, sentimentos,

as inclinações de Jesus Vida, em tudo.



Curai a minha vontade da fraqueza,

da superficialidade, da inconstância,

da preguiça, da obstinação,

do mau hábito,

e concebei em mim Jesus Cristo, Caminho,

o amor novo àquilo que Jesus Cristo ama

e o próprio Jesus Cristo.



Elevai divinamente:

A inteligência com o dom do Entendimento.

A sabedoria com o dom da Sabedoria.

A ciência com a Ciência.

A prudência com o Conselho.

A justiça com a Piedade.

A fortaleza com o dom da Força Espiritual.

A temperança com o Temor de Deus.
                                                                                                           
São estes os  sete dons do Espírito Santo:

Sabedoria: É o dom de perceber o que favorece e o que prejudica o projeto de Deus. Ele nos fortalece nossa caridade e nos prepara para uma visão plena de Deus. O próprio Jesus  nos disse: “Quando fordes presos, não vos preocupeis nem com a maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer. Porque não sereis vós quem falareis, mas é o Espírito do vosso Pai que falará em vós” (Mt 10,19-20).  A verdadeira sabedoria traz o gosto de Deus e de sua Palavra.
 
Entendimento: É o Dom Divino que nos ilumina para aceitar as verdades reveladas por Deus. Mediante este dom, o Espírito Santo nos permite perscrutar as profundezas de Deus, comunicando ao nosso coração uma particular participação no conhecimento divino, nos segredos do mundo e na intimidade do próprio Deus. O Senhor disse: “Eu lhes darei um coração capaz de me conhecerem e de entenderem que Eu sou o Senhor” (Jr 24,7).
 
Conselho: É o dom de saber discernir caminhos e opções, de saber orientar e escutar. É a luz que o Espírito nos dá para distinguirmos o certo do errado, o verdadeiro do falso. Sobre Jesus repousou o Espírito Santo, e lhe deu em plenitude esse dom, como havia profetizado Isaías: “Ele não julgara pelas aparências, e não decidirá pelo que ouvir dizer, mas julgará os fracos co equidade e fará justiça aos pobres da terra (Is 11,3-4).
 
Ciência: É o dom da ciência de Deus e não da ciência do mundo.  Por este Dom o Espírito Santo nos revela interiormente o pensamento de Deus sobre nós, pois “os mistérios de Deus ninguém os conhece, a não ser o Espírito Santo” (1 Cor 2,10-15).
 
Piedade: É o dom que o Espírito Santo nos dá de estar sempre aberto à vontade de Deus, procurando sempre agir como Jesus agiria. Se Deus vive a sua aliança com o homem de maneira tão envolvente, o homem, por sua vez, sente-se também convidado a ser piedoso com todos. Na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios ele escreveu: “A respeito dos dons espirituais, irmãos, não quero que vocês permaneçam na ignorância. Vocês bem sabem que, quando vocês eram pagãos, eram facilmente atraídos para ídolos mudos. Por isso eu lhes declaro: todo aquele que é agora conduzido pelo Espírito de Deus não pode blasfemar contra Jesus. Bem como ninguém poderá dizer convictamente Jesus é o Senhor, a não ser movido pelo Espírito Santo” (1Cor 12,1-3).
 
Fortaleza: Este é o dom que nos torna corajosos para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia da vida cristã. Torna forte e heróica a fé. Lembremos a coragem dos mártires. Dá-nos perseverança e firmeza nas decisões. Os que estiverem dotados desse dom não se amedrontam diante de ameaças e perseguições, pois confiam incondicionalmente no Pai. Em Apocalipse vimos “Nada temas ante o que hás de sofrer. Por estes dias o demônio vai lançar alguns de vós na prisão, para pôr-vos à prova. Tereis tribulações durante algum tempo. Sê fiel até a morte, e te darei a coroa da vida” (Ap 2,10).

Temor de Deus: Este dom nos mantém no devido respeito diante de Deus e na submissão à sua vontade, afastando-nos de tudo o que lhe possa desagradar. Por isso Jesus teve sempre o cuidado de fazer em tudo a vontade do Pai, como Isaías havia profetizado: “Sobre Ele repousará o Espírito do Senhor, Espírito de sabedoria e de entendimento. Espírito de prudência e de coragem, Espírito de ciência e de temor do Senhor”  (Is 11,2).

ISF 

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Matrimônio entre pessoas do mesmo sexo? Como assim?



 Acompanhe na seção Entrevista, as considerações de Pe. Celso Nogueira - formado em Comunicação Social e Filosofia e também mestre em Teologia - sobre o casamento homoafetivo.

Pe. Celso questiona o Estado ao declarar duas realidades diferentes - casamento entre homem e mulher e casamento homoafetivo - como iguais. Fazendo isso, o Estado opera uma redefinição arbitrária e abusiva do matrimônio, instituição que lhe é anterior e superior.

O entrevistado também coloca a questão da adoção de crianças por casais homoafetivos e suas implicações. 

Leia a entrevista completa.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Comunicação, o encontro para a comunhão

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No próximo domingo, dia 17 de maio, celebramos o 49º Dia Mundial das Comunicações. Esta data tem muito a dizer para nós paulinos, porque nosso carisma é evangelizar através dos meios de comunicação.

A comunicação, segundo o Papa Francisco tem início "no ventre que nos abriga é a primeira «escola» de comunicação, feita de escuta e contato corporal, onde começamos a familiarizar-nos com o mundo exterior num ambiente protegido e ao som tranquilizador do pulsar do coração da mãe. Este encontro entre dois seres simultaneamente tão íntimos e ainda tão alheios um ao outro, um encontro cheio de promessas, é a nossa primeira experiência de comunicação. E é uma experiência que nos irmana a todos, pois cada um de nós nasceu de uma mãe". Sendo assim, o processo natural de  comunicação tem início na família.

Vaticano, 23 de Janeiro – Vigília da Festa de São Francisco de Sales – de 2015.
Francisco PP.

É na família que ensaiamos as primeiras sílabas e que descobrimos a comunicação como instrumento essencial para a vida em sociedade. Não vivemos isolados, não fomos criados para isso, mas para o encontro com o outro, na sua singularidade e diversidade. E é na família que damos os primeiros passos para esta aventura que é o relacionamento humano. Por isso é importante que nossas famílias sejam lugares onde se aprende o respeito, o perdão, os valores morais e éticos, a noção de hierarquia, as tradições étnicas,  a importância de crer em Deus e suas implicações , para que a comunicação agregue valor aos relacionamentos.

Quando celebramos o Dia das Comunicações, estamos festejando aquilo que une os povos, o poder de colocar universos interiores todos em conexão gerando uma grande explosão de diferenças que não precisam ser negadas, mas amalgamadas para se tornarem possibilidades.

A comunicação é isso; o encontro de dois ou mais que querem ser comunhão, força motriz que leva o mundo pra frente, para uma vida mais plena. Quando nos dispomos a colocar aquilo que somos e sabemos em comum, todos ganham.

Por isso a Igreja celebra a comunicação, pois é um dom divino, ou melhor é a essência do divino, de Deus. Deus através da comunicação de sua Palavra criou o universo. Deus é o eterno comunicador.  Por isso devemos imitá-lo, comunicando sua beleza  o amor por nós. No seu Filho, o Verbo, Deus nos fala de seus planos para nós, de como espera que administremos bem esse imenso dom que é a nossa vida e também a criação, que Ele nos deixou para que façamos bom uso dela, e que seus frutos sejam distribuídos entre todos os seus filhos, sem exceção.

Que nossas famílias sejam o lugar do encontro, da palavra, da escuta, da gentileza e do amor, pequenas escolas da comunicação da vida e da fé, para um mundo menos surdo ao que de fato importa.

ISF

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Peça para a Mãe, que o Filho atende.



Uma boa mãe é um grande tesouro numa casa. Maria realiza numa casa aquilo que faz a melhor das mães: ou melhor, mais do que poderia fazer a melhor mãe.

Maria traz o sorriso humano e a alegria celeste, mesmo que nesta casa tenha entrado a dor.

Maria traz sua luz celeste que se difunde placidamente nas almas, mesmo que nelas haja trevas e ignorância.

Maria suaviza os corações, leva-os à prática do bem, santifica os costumes, difunde o bem querer entre todos.

Maria ajuda os cônjuges em sua mútua compreensão e afeto, dá docilidade aos filhos, paciência e laboriosidade a todos.

Com Maria a fé recebe novo alento, a esperança do céu é reforçada, a caridade difundida, e a vida cristã restabelecida na casa.
Pe. Tiago Alberione

Com estes pensamentos Pe. Alberione sintetiza a importância da devoção a Nossa Senhora nas famílias, e também nas famílias religiosas. A presença de Maria nos lares é uma âncora que fixa os membros desta casa na fé e na verdade que é Cristo, de forma que não sejam vítimas do mal, e do espírito deste mundo, tão afastado de Deus. E só podemos tê-la por perto, se ouvirmos e atendermos a seus apelos para que sejamos fiéis na reza do rosário, ou terço diários. 

Quantas pessoas reencontraram alegria e a esperança de viver simplesmente com a oração do terço. Quantos problemas solucionados com a fidelidade a esta oração tão simples e fácil de ser rezada. 

O terço é a oração dos humildes, pois não exige nada além do que a repetição das balsâmicas Ave Marias que curam as feridas da alma e as do corpo. Se fôssemos aqui elencar as bênçãos e as graças recebidas através da oração do terço, não haveria espaço suficiente para tal.

Neste mês de maio, vamos nos esforçar para assumir este compromisso com Nossa Senhora de rezarmos o terço, ou rosário todos os dias. Foi isso o que ela pediu em Fátima em 1917, para que houvesse paz no mundo e pela conversão dos pecadores. A única coisa que importa nesta vida é a nossa salvação e a salvação dos que amamos. Para isso é necessário que nos comprometamos com Cristo e com a sua esposa, a Igreja. Maria, que é a Mãe da Igreja, nos ajudará em nosso caminho para o céu. Ela leva nossos pedidos a seu Filho que nada lhe recusa, desde que seja para o nosso bem.

ISF