Vamos
ver na vida dos Santos, como a graça de Deus vem sempre ao encontro das nossas
misérias e fraquezas, vem a cada instante com o seu amor e as suas ações por
nós.
Exemplos
não nos faltam na vida da Igreja. Podemos pegar o encontro surpreendente de
Saulo com Jesus Ressuscitado na estrada para Damasco, que, com certeza, enche o
nosso coração de coragem e de ousadia. Sim, podemos e devemos ousar na fé.
Acreditar nas iniciativas de Deus em favor da sua Igreja e em favor de cada um
dos seus sacerdotes espalhados pelo mundo inteiro.
E essas
iniciativas do Senhor, não podem ser medidas e nem colocadas numa cartilha,
porque para Deus tudo é possível. E tudo é tudo, não há como limitarmos o seu
poder e a sua ação. Quem poderia imaginar que aquele que era perseguidor dos
cristãos havia sido separado e escolhido pelo próprio Cristo para ser seu
apóstolo? E que o milagre da transformação (conversão) do seu coração seria
ainda maior do que o milagre de transformar a água em vinho nas Bodas de Canã? Saulo
foi surpreendido por essa manifestação do Senhor. A iniciativa foi de Jesus Ressuscitado,
e esse encontro mudou completamente a trajetória da sua vida. O que faz de
Paulo (seu nome depois de convertido) um místico.
Assim
devemos entender, também, toda pessoa vocacionada para a vida religiosa. Ela
vai escutar um chamado de Deus, e vai dar o seu sim, vai dar uma resposta
pessoal para o Senhor. O seu sacerdócio, a sua vida consagrada, nasce desta
mística. Então, todo sacerdote, na raiz da sua vocação, é um místico, porque
foi de Deus que ele sentiu o apelo para ser sacerdote, e é para Deus que ele
deve atender a este apelo.
Não será
para si mesmo, será para Deus, na Igreja, com a Igreja e para a Igreja, pela
salvação das almas. Ele vai precisar desta mística na sua vida, no seu
dia-a-dia, para poder sustentar o seu sacerdócio. Vai precisar, sobretudo, ter
uma mística Eucarística, sem a qual não conseguirá se sustentar. Não conseguirá
ser fiel. Não podemos nos esquecer do tema do Ano Sacerdotal: “Fidelidade
de Cristo, Fidelidade do Sacerdote.”. A questão da fidelidade está no
centro da vida de cada sacerdote.
Sem
viver esta mística do seu encontro pessoal e de ter uma intimidade com o
Senhor, ele não terá como sustentar a sua própria santidade. E menos ainda terá
condições de cuidar da santificação das outras pessoas. Um sacerdote sem o
cuidado e o esforço da sua santidade pessoal, não tornará a sua Paróquia santa
e nem santificará a sua Diocese. E, assim, infelizmente, irá fracassar com o
seu sacerdócio. Irá ferir o corpo místico de Cristo que é a Igreja.
Depois
de receber o Batismo do Espírito Santo, pela oração de Ananias; Paulo ficou ainda
uns três anos vivendo o seu processo de conversão. E, também se apaixonando por
Jesus, até colocar-se fielmente a seu serviço. É fácil de ver este coração
inflamado e apaixonado por Cristo em todo o seu apostolado. E aí está também um
ponto importante para a vida de todo sacerdote, de toda pessoa consagrada na
vida religiosa: permanecer apaixonado por Jesus.
Não perder os dias do primeiro amor, mas sempre buscar a renovação deste amor.
Sempre se manter numa relação estreita de cumplicidade com Aquele que é o
Esposo de todas as almas consagradas.
Para se
manter viva a chama deste amor, é preciso ter esta mística de uma vida em Deus,
e com Deus. Uma mística que passa pela misericórdia, pela compaixão, pelo
perdão, pelo amor e pela verdade. Vai abranger toda a sua vida diária, desde os
pequenos detalhes do seu cotidiano. Sem escapar nada.
E vai
ser exigido muito: muita humildade, muita caridade, muita pureza, muita escuta
de Deus, muito abandono, muita abnegação, muito “morrer” todos os dias, muito
“pegar a cruz”. E essa “imolação do sacerdote”, essa “imolação de toda vida
consagrada” é o mais difícil de se viver, de se manter, de se querer.
A
imolação está na solidão de vida, no celibato, na obediência, na fidelidade.
Quem disse que é fácil ser fiel? Quem disse que é fácil manter o celibato? Quem
disse que é fácil obedecer ao Evangelho? Obedecer à hierarquia? Obedecer ao
Magistério? Quem disse que é fácil enfrentar a solidão de quem abriu mão de ter
a sua família? Quem disse que é fácil anunciar Jesus Cristo e se tornar sua
testemunha?
Quem
disse que foi fácil para São José? Quem disse que foi fácil para Nossa Senhora?
Quem disse que foi fácil para os Santos? Quem disse que foi fácil para São
Paulo? E voltando lá para a vida deste grande Santo: quantas lutas,
perseguições, dificuldades, naufrágios… Que ele soube enfrentar com destemor, com
perseverança, e com uma confiança absoluta naquele que o havia chamado: “Tudo posso
naquele que me fortalece.”
Olhando
para a vida de São Paulo, queremos no dia de hoje tomar posse dessas palavras
para a vida de cada sacerdote, especialmente para aquele, que por qualquer
razão, não está conseguindo mais viver a sua própria santidade, e por conta
disso não consegue mais comunicar a salvação de Cristo para as pessoas. Ousamos
pedir na fé:
“Senhor
Jesus, venha dar aos teus Sacerdotes do mundo inteiro a graça de vencer as suas
maiores lutas; que eles possam, como São Paulo, dizer: Tudo posso, tudo espero,
toda graça eu tenho Naquele que me fortalece . Fazei jorrar, Senhor, do teu
Coração Eucarístico as tuas graças para aqueles sacerdotes que mais estiverem
precisando. Amém.”
Com as
nossas orações, Com Pe. Pio, Beata Madre Teresa de Calcutá, Beato João Paulo II
e de todos os Santos do Céu !!!
Ernesto
Peres de Mendonça
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