O aborto
deu a algumas pessoas grande poder sobre a vida e sobre a morte. Aguardamos o
tempo em que a mãe terá o direito de matar o seu filho até algumas horas depois
do parto normal.
Neste
setor de abortos há uma corrente forte da qual participam muitos médicos, que
acreditam no dogma de Hitler. O
aborto deu a algumas pessoas grande poder sobre a vida e sobre a morte.
Aguardamos o tempo em que a mãe terá o direito de matar o seu filho até algumas
horas depois do parto normal. Quando a criança nasce a mãe deve ter a
possibilidade de olhar bem para ela e ver se corresponde à sua expectativa e
resolver se ela deve continuar vivendo. Isto é o ideal, o sonho, naturalmente. Mas ainda estamos
muito longe do tempo em que a sociedade em seu conjunto aceite uma coisa
destas. Temos que ir muito devagar.
Se se
dissesse uma coisa destas logo no começo, quando entrou em vigor a Lei do
Aborto, teria havido protestos, o público teria ficado horrorizado. Temos que
conquistar nosso terreno centímetro por centímetro.
As
palavras acima foram pronunciadas por um farmacêutico, dono de um consultório
de teste de gravidez em
Londres. Foram gravadas secretamente pelos jornalistas
Michael Litchfield e Susan Kentish, que investigavam o que ocorria nas clínicas
de aborto logo após a sua legalização na Inglaterra (o “Abortion Act”, de
1967). Esta foi uma das vezes em que os jornalistas se depararam com uma
simpatia entre os praticantes do aborto e as ideias nazifascistas. Digna de
nota é a frase: “Temos que conquistar nosso terreno centímetro por centímetro”.
No
Brasil está acontecendo algo semelhante. Em abril de 2012, o Supremo Tribunal
Federal julgou procedente o pedido da Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental n. 54 (ADPF 54), deixando de considerar crime o aborto de crianças
anencéfalas. Agora, com o surto do nascimento de crianças com o perímetro
cefálico menor que 32
centímetros (microcefalia), fato este supostamente
associado ao vírus zika, eis que aparece um grupo desejando pleitear na Suprema
Corte o aborto de tais bebês de cabeça pequena. E o advogado que defendeu a
ignóbil causa do aborto de anencéfalos é hoje ministro do STF: Luís Roberto
Barroso. Pode-se imaginar qual será o voto dele quanto à morte dos portadores de
microcefalia…
Uma
jornalista portadora de microcefalia
Não foi à toa que a jornalista Ana Carolina
Cáceres, 24 anos, moradora de Campo Grande (MS), portadora de microcefalia,
reagiu com indignação à notícia do plano de liberar o aborto de pessoas como ela.
Eis o que ela disse em entrevista à BBC Brasil:
Quando
li a reportagem sobre a ação que pede a liberação do aborto em caso de
microcefalia no Supremo Tribunal Federal (STF), levei para o lado pessoal. Me
senti ofendida. Me senti atacada.
No dia
em que nasci, o médico falou que eu não teria nenhuma chance de sobreviver.
Tenho microcefalia, meu crânio é menor que a média. O doutor falou: ‘ela não
vai andar, não vai falar e, com o tempo, entrará em um estado vegetativo até
morrer’.
Ele –
como muita gente hoje – estava errado.
Meu pai
conta que comecei a andar de repente. Com um aninho, vi um cachorro passando e
levantei para ir atrás dele. Cresci, fui à escola, me formei e entrei na
universidade. Hoje eu sou jornalista e escrevo em um blog.
Escolhi
este curso para dar voz a pessoas que, como eu, não se sentem representadas.
Queria ser uma porta-voz da microcefalia e, como projeto final de curso,
escrevi um livro sobre minha vida e a de outras 5 pessoas com esta síndrome
(microcefalia não é doença, tá? É síndrome!).
Com a
explosão de casos no Brasil, a necessidade de informação é ainda mais
importante e tem muita gente precisando superar preconceitos e se informar
mais. O ministro da Saúde, por exemplo. Ele disse que o Brasil terá uma
‘geração de sequelados’ por causa da microcefalia.
Se
estivesse na frente dele, eu diria: ‘Meu filho, mais sequelada que a sua frase
não dá para ser, não’
Porque a
microcefalia é uma caixinha de surpresas. Pode haver problemas mais sérios, ou
não. Acho que quem opta pelo aborto não dá nem chance de a criança vingar e
sobreviver, como aconteceu comigo e com tanta gente que trabalha, estuda, faz
coisas normais – e tem microcefalia.
As mães
dessas pessoas não optaram pelo aborto. É por isso que nós existimos.
Uma
sobrevivente de um aborto tentado
Tatiana Alves Baliana, 34 anos, funcionária
pública de Uberlândia (MG), sobrevivente de uma tentativa de aborto, dá o
seguinte testemunho:
"Amados
irmãos, peço-lhes um favor:
Deitem
em sua cama e aconcheguem em seus cobertores, edredons e lençóis.
Durmam…
De
repente, vocês têm a sensação de perder o ar, ficam ofegantes, mas como saber
se é sonho ou realidade?
É a
realidade e, estão perdendo o ar, não conseguem respirar e, até mesmo
desfalecem…
Têm a
sensação de estar caindo em um abismo, mas de repente o ar volta!!! Ai, como
é bom ter a sensação de respirar, sentir o ar encher os seus pulmões… Sensação
de vida, né?
Pois
bem, lembram-se da falta de ar, da vontade constante de respirar e não poder?
De cair em um abismo e não conseguir voltar? Sim, eu
sei bem o que é isto, eu passei por isto… Passei
por isto como uma criança indefesa que não tinha para onde ir ou correr…
Nasci
aos 5 meses e meio de gestação em um aborto provocado por sonda, onde esta
sensação que vocês tiveram, eu tive, porém com um detalhe: nasci morta.
Para a
honra e glória da Santíssima Trindade, da Santíssima Virgem e de meu Santo Anjo
da Guarda, eu comecei a me mexer e gritaram: O feto está vivo! Sim, eu
era um feto, para os médicos, enfermeiras e técnicos de enfermagem, eu era
apenas um feto lutando pela vida, após inúmeras tentativas de aborto, até a que
culminou com o meu nascimento, abandono no hospital e a minha adoção.
Portanto
amados, se vocês acham que o aborto é direito da mulher, pois “meu corpo,
minhas regras”, pensem no corpo e nas regras da criança que está sendo gestada. Só Deus
sabe a minha missão e o motivo por que consegui sobreviver. Sou uma mulher
feliz, pois tenho uma família maravilhosa, à qual só tenho a agradecer.
Mas, eu
sei o que sinto todas as vezes que vejo notícias de abortos, ou até fotos de
instrumentos usados para este infanticídio. Sinto que sou eu que estou sendo
abortada, que o que aconteceu no dia 29/10/1981 está acontecendo novamente, só
que desta vez com outros instrumentos, outras formas e outros jeitos.
Eu
passei por isto, e não quero que nenhuma criança sofra o que eu sofri. Tente,
coloque-se no lugar daquela criança. Tenho certeza que você não ficaria feliz
de morrer de formas tão cruéis.
Lembre-se:
Deus deu a vida e somente Ele tem o poder para tirá-la".
Pe. Luiz
Carlos Lodi da Cruz