segunda-feira, 6 de abril de 2020

Ele nos amou até o fim


Começa a Semana Maior na Liturgia da Igreja Católica. Ontem, acompanhamos Jesus entrar em  Jerusalém montado num burrinho, sendo ovacionado com hosanas, que se transformariam em "crucifica-o". Contudo, Ele não rejeita a homenagem, mas segue seu itinerário de obediência perfeita à vontade do Pai, vivendo todas as etapas deste caminho que o levará à morte, e morte de cruz.

O que emociona é vê-Lo acolher esta vontade paterna tão esquecido de si, tão envolvido com os que o cercam, demonstrando afeto e amor por aqueles que vão cruzando seu caminho. 

Na Quinta Feira Santa, na Última Ceia, Jesus lava os pés dos discípulos. É uma atitude tão terna, tão nobre, que por mais que se tente compreender-lhe o sentido, ele escapa ao nosso entendimento. Nós, que gostamos de ser reconhecidos, que valorizamos nossos talentos, não podemos captar a origem deste gesto. Ele provém de um coração comprometido com o outro até a oferta total de si mesmo. Seus gestos, as palavras que profere nesta noite têm o poder de nos emocionar sempre de novo. Olhamos silenciosos para o Lava Pés e algo não está certo ali. Não é o Mestre que deve inclinar-se, mas nós, seus seguidores, seus discípulos é quem devemos estar sempre aos seus pés, como Maria, a irmã de Lázaro, que gostava de escutá-Lo.

Depois, Ele dá início à Ceia Eucarística que se multiplicará incontáveis vezes de até que Ele volte, no milagre de nos sustentar ao longo dos séculos com seu corpo, sangue, alma, e divindade. Isso é amor, isso é comprometimento eterno. Só Deus é assim.

Na Sexta Feira prendemos o fôlego para contemplar a crueldade humana que flagela e crucifica Jesus, por julgamento iníquo, forjado pela mente daqueles que nunca aceitam o amor e a fraternidade como estilo de vida. E Ele é rasgado, desfigurado, e fica irreconhecível, cheio de hematomas, cusparadas, a figura horrenda do pecado. Sim, Ele assumiu todos os pecados da humanidade, e Ele nos mostra, em sua carne, aquilo que o pecado provoca em nossas almas...

Depois vem o silêncio. Um enorme silêncio. A criação toda emudece diante da morte daquele por quem tudo foi criado. E neste silêncio reverente, cheio de gratidão, cheio de um desejo de ser bem melhor, por Ele, devemos pedir a graça da conversão. De viver em contínua conversão, sempre tomando Jesus como modelo, como ponto de partida.

E, finalmente, chegamos à exultação do anúncio da Ressurreição! Toda dor, todo pecado, toda morte agora estão revestidos de vida plena, de glória. A criação  se reconcilia com seu Criador! Somos integrados na família de Cristo, somos herdeiros do céu! O que pode ser mais importante do que isso? Embora ainda estejamos caminhando neste êxodo, nosso destino é o céu. Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo! Aleluia!

Feliz Páscoa

Malu Burin

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