segunda-feira, 5 de abril de 2021

O Mistério do Tempo Pascal

 



O grande mistério que em todo o Tempo Pascal, e especialmente no dia de hoje, deve ocupar as almas amantes de Deus, e enchê-las de dulcíssima esperança, é a felicidade de Jesus ressuscitado.
Já meditamos que Jesus, no tempo de sua Paixão, perdeu inteiramente as quatro espécies de bens que o homem pode possuir na terra.

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Perdeu os vestidos até à extrema nudez; perdeu a reputação pelos desprezos mais abomináveis;

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Perdeu a florescente saúde pelos maus tratos; perdeu finalmente a vida preciosíssima pela morte mais atroz que se pode imaginar.
Agora, porém, saindo vivo do fundo do sepulcro, recebe com lucro abundantíssimo tudo quanto perdeu.
O que era pobre, ei-lo feito riquíssimo e senhor de toda a terra. O que a si próprio se chamava verme e opróbrio dos homens, ei-lo coroado de glória, assentado à direita do Pai.

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O que pouco antes era o Homem das dores e provado nos sofrimentos, ei-lo dotado de nova força e de uma vida imortal e impassível.

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Finalmente o que tinha sido morto do modo mais horrível, ei-lo ressuscitado pela sua própria virtude, dotado de sutileza, de agilidade, de clareza;
Feito as primícias de todos os que dormem com a esperança de ressuscitarem também um dia à imitação de Cristo.
Detenhamo-nos aqui para tributar a nosso Chefe divino as devidas homenagens.

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Façamos um ato de fé viva na sua ressurreição, e cheguemo-nos a ele para beijarmos em espírito os sinais das cinco chagas glorificadas.

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Alegremo-nos com ele, por ter saído do sepulcro, vencedor da morte e do inferno, e digamos com todos os santos:
“O Cordeiro que foi imolado por nós, é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a fortaleza, a honra, a glória e a bênção”.

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“Sempre unido convosco, e louvar-Vos e amar-Vos eternamente”

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Regozijemo-nos com Jesus Cristo; mas regozijemo-nos também por nós mesmos, porquanto a sua ressurreição é o penhor e a norma da nossa, se ao menos, como diz São Paulo;
Morrermos primeiro interiormente ao afeto das coisas terrestres: “Se com ele também morrermos, com ele também viveremos”.
Ó doce esperança! “Virá a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus”;

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E então pelo poder divino retomaremos o mesmo corpo que agora temos, mas formoso e resplandecente como o sol. Nós também ressuscitaremos!

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A esperança da futura ressurreição é o consolava o santo Jó no tempo de sua provação.
Eu sei”, disse ele, e nós, digamos o mesmo no meio das cruzes e tribulações da vida presente: “eu sei que meu Redentor vive, e que no derradeiro dia ressurgirei da terra;

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E serei novamente revestido da minha pele, e na minha própria carne verei a meu Deus… esta minha esperança está depositada no meu peito”.


Santo Afonso Maria de Ligório

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