Na festa de Corpus Christi olhamos, sobretudo, para o sinal do pão.
Ele recorda-nos a peregrinação de Israel durante os quarenta anos
no deserto. A Hóstia é o nosso maná com o qual o Senhor nos alimenta, e é
verdadeiramente o pão do céu mediante o qual Ele se doa a si mesmo. Na
procissão nós seguimos este sinal e assim seguimos a Ele próprio. “Eu sou o pão da vida. Quem comer deste pão viverá sempre”
Na vigília da sua Paixão, durante a Ceia pascal, o Senhor tomou o pão
nas suas mãos assim como ouvimos no Evangelho e, tendo pronunciado a
bênção, partiu-o e entregou-o aos discípulos, dizendo: “Tomai, isto é o
meu corpo”. Depois, tomou o cálice, deu graças e entregou-lho. Todos
beberam dele. E Ele disse-lhes: “Isto é o meu sangue da aliança, que vai
ser derramado por todos” (Mc 14, 22-24). Toda a história de Deus com os
homens está resumida nestas palavras. Não foi só recolhido e
interpretado no passado, mas antecipado também no futuro a vinda do
Reino de Deus ao mundo. Aquilo que Jesus diz, não são simplesmente
palavras. O que Jesus diz, é acontecimento, o acontecimento central da
história do mundo e da nossa vida pessoal.
Jesus, como sinal da sua
presença, escolheu pão e vinho. Com cada um dos dois sinais doa-se
totalmente, e não só uma parte de si. O Ressuscitado não está dividido.
Ele é uma pessoa que, mediante os sinais, se aproxima de nós e se une a
nós. Mas os sinais representam, a seu modo, cada aspecto particular do
Seu mistério e, com o seu típico manifestar-se, querem falar-nos, para
que aprendamos a compreender um pouco mais o mistério de Jesus Cristo.
Durante a procissão e a adoração nós olhamos para a Hóstia consagrada o
tipo mais simples de pão e de alimento, feito apenas com farinha e
água. Assim vemo-lo como o alimento dos pobres, aos quais em primeiro
lugar o Senhor destinou a sua proximidade. A oração com a qual a Igreja
durante a liturgia da Santa Missa entrega este pão ao Senhor,
qualifica-o como fruto da terra e do trabalho do homem. Nele está
contida a fadiga humana, o trabalho quotidiano de quem cultiva a terra,
semeia e recolhe e finalmente prepara o pão. Contudo o pão não é simples
e somente o nosso produto, uma coisa feita por nós, é fruto da terra e,
portanto, também dom. Porque o fato que a terra dá frutos, não é
merecimento nosso; só o Criador lhe podia conferir a fertilidade. E
agora podemos alargar um pouco mais esta oração da Igreja, dizendo: o
pão é fruto da terra e, ao mesmo tempo, do céu.
Quando nós
olhamos para a Hóstia consagrada em adoração, o sinal da criação
fala-nos. Então encontramos a grandeza do seu dom; mas encontramos
também a Paixão, a Cruz de Jesus e a sua ressurreição. Mediante este
olhar em adoração, Ele atrai-nos para si, para dentro do seu mistério,
por meio do qual nos quer transformar como transformou a Hóstia.
Neste dia especial imploramos: guia-nos pelos
caminhos desta nossa história! Mostra sempre de novo à Igreja e aos seus
Pastores o caminho justo! Olha para a humanidade que sofre e que
vagueia insegura entre tantas interrogações. Olha para a fome física e
psíquica que a atormenta! Concede aos homens pão para o corpo e para a
alma! Dá-lhe trabalho! Concede-lhe luz! Concede-te a ti mesmo a ela! Purifica e santifica todos nós! Faz-nos compreender que só mediante a
participação na tua Paixão, mediante o “sim” à cruz, à renúncia, às
purificações que nos impões, a nossa vida pode amadurecer e alcançar o
seu verdadeiro cumprimento. Reúne-nos de todos os confins da terra. Une a
tua Igreja, une a humanidade dilacerada! Concede-nos a tua salvação!
Amém!
Que esta festa de Corpus Christi possa renovar a nossa certeza
da presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. Que possamos nos
alimentar sempre do corpo e do sangue de Jesus Cristo para que possamos
ter vida plena e para que possamos viver como pessoas eucarísticas, ou
seja, de comunhão e de unidade.
Fonte: Vaticano
Elaborado pelo Pe. Josafá Firman – União da Vitória/PR