Desde o nosso batismo, o Espírito Santo habita em nossa alma e produz aí
os seus frutos e dons para nos conduzir ao amor de Deus e ao serviço
dos irmãos. Eles nos ajudam a vencer o pecado e viver de acordo com as
leis morais. Eles são indispensáveis à santificação do cristão mesmo na
vida cotidiana, e não apenas para as grandes obras.
Hoje, na Solenidade de Pentecostes, celebramos a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos reunidos em oração junto à Virgem Maria no cenáculo. Eles perseveraram na oração e receberam o Espírito que os cumulou com seus dons:
O dom da ciência faz que o cristão penetre na realidade deste mundo sob a
luz de Deus; vê cada criatura como reflexo da sabedoria do Criador e
como caminho a Deus. Leva o homem a compreender o vestígio de Deus que
há em cada ser criado. O homem foi feito para Deus e só n'Ele pode
descansar, como disse Santo Agostinho. Por este dom o cristão reconhece o
sentido do sofrimento e das humilhações no plano de Deus, que liberta e
purifica o homem.
O dom do entendimento ou inteligência nos ajuda a penetrar no
íntimo das verdades reveladas por Deus e entendê-las. Por ele o cristão
contempla os mistérios da fé. É um entendimento diferente daquele que o
teólogo obtém pelo estudo; o que é penoso e lento. O dom da inteligência
é eficaz mesmo sem estudo; é dado aos pequeninos e ignorantes, desde
que tenham grande amor a Deus.
O dom da sabedoria nos dá um conhecimento da verdade revelada
por Deus. Abrange todos os conhecimentos do cristão e os põe sob a luz
de Deus, mostra a grandeza do plano do Criador e a sua onipotência. Vem
da intimidade com o Senhor. “O dom da sabedoria faz-nos ver com os olhos
do Bem-amado”, dizia um grande místico.
O dom do conselho permite ao cristão tomar as decisões
oportunas nas horas difíceis da vida, para que se comporte como
verdadeiro filho de Deus. Isso, às vezes, exige coragem. Pelo dom do
conselho o Espírito Santo nos inspira a maneira correta de agir no
momento oportuno.
O dom da piedade nos orienta em todas as relações que temos com
Deus e com o próximo. São Paulo se refere a isso: “Recebestes o
Espírito de adoção filial, pelo qual bradamos: Abbá ó Pai” (Rm 8,15). O
Espírito Santo, mediante o dom da piedade, nos faz, como filhos adotivos
de Deus, reconhecer Deus como Pai. E, pelo fato de reconhecermos Deus
como Pai, consideramos as criaturas com olhar novo.
O dom da fortaleza nos dá força para a fidelidade à vida
cristã, cheia de dificuldades. Jesus disse que “o Reino dos céus sofre
violência dos que querem entrar, e violentos se apoderam dele” (Mt
11,12). Pelo dom da Fortaleza o Espírito Santo nos dá a coragem
necessária para a luta diária contra nós mesmos, nossas paixões e
problemas, com paciência, perseverança, coragem e silencio. Nos dá
forças além das naturais. Esta força divina transforma os obstáculos em
meios e nos dá a paz mesmo nas horas mais difíceis.
O dom do temor de Deus nos leva a amá-Lo tão profundamente que
tenhamos receio de ofendê-Lo. Nada tem a ver com o temor do mercenário
ou o temor do castigo (do escravo); mas é o temor do amor do filho. É a
rejeição que o cristão experimenta diante da possibilidade de ofender a
Deus; brota das entranhas do amor. Não há verdadeiro amor sem este tipo
de temor. Medo de ofender o Amado.
Peçamos que o Espírito reavive em nós esses dons que nos foram transmitidos no Batismo, afim de que possamos ser lâmpadas acesas para quantos se encontrem na escuridão.
Baseado nas Catequeses do Papa Francisco
Nenhum comentário:
Postar um comentário