A paixão
segundo Marcos é a mais antiga das quatro e, certamente um dos textos
evangélicos mais antigos. Ela tem como ideia central o silêncio de Jesus
e sua absoluta confiança no Pai.
Quando Judas o beijou, Jesus não reagiu, como também não o fez em
relação às demais agressões sofridas na Paixão e nem ao aparente
silêncio do Pai.
Aqueles que desejam seguir Jesus deverão abandonar tudo, até a
própria vida. Tudo em favor da vontade do Pai e de seu Reino. É
necessário, como o Mestre estar só, vivenciar a solidão.
Do mesmo modo que os discípulos, também nós queremos seguir Jesus,
por amor. Mas como esse seguimento está sendo feito? Através do
seguimento de ideias cristãs, de sua ética ou através do seguimento da
pessoa de Jesus?
O batismo nos proporcionou esse seguimento, mas no transcorrer de
nossa vida, de nosso dia a dia, abandonamos nossa vida, nossas primeiras
opções, e nos deixamos às mãos do Pai, como Jesus e como Santa
Terezinha do Menino Jesus gostava de fazer? E se somos submetidos às
provações, qual é ou qual será nossa reação?
O abandono de Jesus e o sentir-se abandonado pelo Pai foi ultra
forte; ele clamou: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” E isso
na hora da morte em que lutava pela justiça, pelos interesses do Pai!
Qual a reação de Jesus? Ele chorou, pediu conforto ao Pai e que o consolasse. Marcos
apresenta um Jesus fraco e que experimentou quão é exigente e difícil
obedecer ao Pai.
Por que Jesus não discutiu? Ele sabia que a sentença já estava
decidida. Por isso seu silêncio não demonstra covardia e sim,
superioridade, não se perturbando com a calúnia, não se colocando no
mesmo nível de seus acusadores, mas confiando na vitória final da
verdade.
Jesus não temeu a derrota, mas confiou plenamente no Pai.
A entrega de Jesus ao Pai já começou a dar frutos no próprio ato. Um
pagão, o centurião romano fez sua profissão de fé imediatamente à morte
de Jesus: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus”. Ele respondeu
às perguntas que eram feitas no início do evangelho. Somente após a
morte e ressurreição é que se pode compreender quem é Jesus. O que fez o
centurião crer, um pagão crer, foi a entrega de Jesus, por amor, até a
morte e morte na cruz. O amor rasgou o véu do templo e, desse momento em
diante, todos os homens poderão ser feitos filhos de Deus. Tudo
dependerá da fé em Jesus, da crença nele, da qual o centurião, segundo
Marcos, foi o primeiro.
Jesus dividiu conosco as experiências dramáticas da vida!
Queridos irmãos, ouvintes da Rádio Vaticano, entramos na Semana
Santa, onde aprofundaremos nosso conhecimento no amor de Cristo por nós
e, consequentemente seremos agraciados com mais amor. Que possamos
chegar à Páscoa da Ressurreição mais assemelhados ao Cristo obediente!
Radio Vaticana
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