sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Amizade Social

Vós sois todos irmãos - A12.com

“Todos irmãos”, diz o Papa Francisco e anuncia no subtítulo que abordará um tema sobre relacionamento universal: amizade social. Como fez na Laudato si’, novamente cita São Francisco de Assis e seu convite a um amor que ultrapassa as barreiras da geografia e do espaço: “Feliz quem ama o outro”. Daí, amizade social, já que sem-fronteiras, que vai além de um relacionamento fechado em grupo, clã ou pessoas da mesma origem ou classe, como ficou marcado na cultura do pensamento positivista.

Francisco exemplifica o que entende por amizade social: livres relações internacionais, unidade das nações, necessidade de agir e sonhar coletivamente, com visão solidária e abertura aos interesses de todos, e que os poderes econômicos estejam voltados ao interesse do bem comum. Enfatiza que não devemos aceitar convites para ignorar a história ou deixar de lado a experiência dos mais velhos, pois estas “são as novas formas de colonização cultural” (cf. FT, 13-14).

Fundamental a descrição que faz o documento ao retratar algumas formas de dominação, tais como: “semear o desânimo”, “despertar desconfiança constante, mesmo disfarçada por detrás da defesa de alguns valores”, “a polarização”, “recorrer à estratégia de ridicularizar”, “insinuar suspeitas”. Francisco considera isso um jogo mesquinho, que não acolhe a verdade e empobrece a sociedade, ficando-se à mercê da “prepotência do mais forte”. Lembra que a política deve ser um “debate saudável sobre projetos a longo prazo para o desenvolvimento de todos e o bem comum” (FT, 15). Jogar todos contra todos e contra tudo é uma maneira de dominação, pois deixa a população confusa e sem condições de avaliar os valores que estãos sendo colocados em prática por quem governa (cf. FT, 16).

Para Francisco, a amizade social deve incluir os mais frágeis, os mais pobres e respeitar as diferenças culturais, aproximando, ouvindo, no esforço de procurar pontos de unidade, para dialogar e aprender a ouvir: “Para nos encontrar e ajudar mutuamente, precisamos dialogar” (cf. FT, 198).

Neste momento de pandemia, isto deveria refletir principalmente na disponibilização de vacina para todos os povos, sem deixar de lado as nações pobres e sem recursos. Amar a todos, amar o irmão sem excluir ninguém; agir coletivamente com ações de solidariedade em busca do bem comum e considerar que a unidade não é utopia, mas realidade a ser alcançada.

Esta é a proposta de amizade social do Papa Francisco: “Para atingir uma unidade multiforme que gera nova vida”, sendo este “um princípio que é indispensável para construir a amizade social: a unidade é superior ao conflito” (cf. FT, 245).

Luiz Antonio Araujo Pierre é membro do Movimento dos Focolares, professor e advogado. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pós-graduado em Gestão de Pessoas e especialista em Direito do Trabalho

 

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