segunda-feira, 18 de julho de 2016

O silêncio que exalta



Olhando para os tempos atuais, e para a agitação que perpassa a vida das pessoas que vivem em nossos dias, quero lembrar de um homem cujo missão superou em importância os maiores projetos humanos, e no entanto nele havia só calma, humildade, obediência, justiça, prudência e silêncio: São José.

"São José pôs todas as suas energias a serviço dos os desígnios de Deus, mas fê-lo sem agitação, sem barulho, num silêncio tal que o Evangelho não nos transmite uma única das suas palavras. Em todas as situações singulares em que Deus o colocou, permaneceu silencioso e calmo. Sabia que a função do servo não é falar, mas escutar a voz do seu senhor, e que o silêncio é o ambiente necessário de uma vida que procura alcançar Deus e manter-se em trato contínuo com Ele".

Pai adotivo de Jesus, São José teve a missão de ser o patriarca da Família de Nazaré, de salvaguardar a figura de Maria, Mãe de Jesus, que apesar de conceber o Filho de Deus, permaneceu virgem. Precisava também trabalhar para dar sustento à sua santa família e ser o educador, modelo e protetor de seu filho, verdadeiro Deus, e verdadeiro homem também.

Mas porque falar de José agora, nem é a festa dele... No entanto, precisamos nos lembrar sempre das virtudes deste homem que a Igreja chama de justo. E ele também tem muito a nos dizer, a ensinar aos homens e às mulheres de hoje, "porque nos falta o sentido da verdadeira grandeza, e não se exalta senão a agitação, o barulho, o brilho, o resultado imediato. Perdeu-se a fé nas vantagens e na fecundidade da solidão, do silêncio e da meditação; essas virtudes primordiais já não aparecem senão como práticas ultrapassadas, esforços inúteis para o progresso do mundo. As pessoas revoltam-se contra tudo o que vem contrariar o seu aburguesamento, pois nos nossos dias tudo contribui para exaltar a pessoa humana e os direitos que ela pretende poder reivindicar. O grande sonho de muitos homens é ter um nome e cobrir-se de purpurina, obter uma distinção, um lugar na tribuna, uma situação que obrigue os outros a inclinar-se diante deles".

"São José ensina-nos que a única grandeza consiste em servir a Deus e ao próximo, que a única fecundidade nasce de uma vida que, desdenhando o brilho e as conquistas rumorosas, dedica-se a cumprir o seu dever e a não agradar senão a Deus". 

"A mensagem de São José consiste, pois, em recordar-nos a primazia da vida interior e da contemplação sobre a ação exterior e a agitação, a urgência prévia da abnegação, fundamento indispensável de toda fecundidade. Ele nos ensina que, em última análise, o essencial não é parecer, é ser; não é possuir um título, é servir; é desfiar os dias da existência sob o signo das vontades divinas e da procura da glória de Deus".

"São José escapa à nossa apreciação, que não pode medir a altura das suas funções. Deus tão ciumento, confiou-lhe a Santíssima Virgem. Deus, tão ciumento, confiou-lhe Jesus Cristo. E a sombra do Pai caía todos os dias sobre ele, tão densa que as palavras mal se atreviam a aproximar-se dela".

Citações de Michael Gasnier no livro "José, o silencioso" - Ed. Quadrante

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