domingo, 25 de janeiro de 2015

A voz de Cristo para os gentios


"Nascido em Tarso da Cilícia (At 9,11; 21,39; 22,3), pelo início de nossa era (Fm 9), de uma família judaica da tribo de Benjamim (Rm 11,1; Fl 3,5), mas ao mesmo tempo cidadão romano (At 16,37s; 22,25-28; 23,27), recebeu desde a infância, em Jerusalém, de Gamaliel, uma séria formação religiosa segundo as doutrinas dos fariseus (At 22,3; 26,4s; Gl 1,14; Fl 3,5). No princípio, foi perseguidor implacável da jovem Igreja cristã (At 22,4s; 26,9-12; Gl 1,13; Fl 3,6); teve uma conversão súbita, no caminho de Damasco, devida à aparição de Jesus ressuscitado, que, ao lhe manifestar a verdade da fé cristã, indicou-lhe sua missão especial de Apóstolo dos gentios (At 9,3-19p; Gl 1,12.15s; Ef 3,2s)". (Cf W. Gardini, Catolicidade e unidade em São Paulo, São Paulo, Edições Paulinas, Resumo das pp. 15-30).

Como é espetacular a ação de Deus na história humana. Ele sabe tirar do mal o bem. De um ferrenho perseguidor de cristãos Paulo torna-se em um verdadeiro discípulo missionário de Jesus. Com certeza a força destruidora de sua perseguição aos cristãos tornou-se a benéfica culpa que encheu de zelo o Apóstolo levando-o aos confins do mundo pagão a fim de pregar a boa nova de Cristo.

Paulo foi um verdadeiro comunicador. Toda a sua missão acontece pela pregação oral e pelas sua cartas, que eram a forma de manter viva nas comunidades por ele fundadas o  primeiro ardor de conversão que se operava nelas. 

São Paulo é o Apóstolo da urgência. Nada o detinha quando o assunto era evangelizar. Os naufrágios, chicotadas, assaltos, rejeições, prisões, nada o bloqueava ou o fazia esmorecer. O grande amor por Cristo, a docilidade com que se deixava conduzir pelo Espírito Santo fizeram dele o grande protagonista da conversão do mundo pagão.

É importante frisar que as coisas não foram instantâneas como se pode deduzir pela leitura dos Atos dos Apóstolos, ou por suas cartas. Paulo após sua conversão retirou-se por sete ou nove anos, aproximadamente, para preparar-se para a missão. Esse dado nos mostra o quão importante é a formação religiosa do discípulo que quer cumprir seu dever de batizado. Temos tanto a aprender, há tanto material disponível que não só nos enriquece, como fortalece a caminhada em qualquer etapa da vida. Saber para servir, servir para diminuir distâncias, aproximar-se do outro para enriquecê-lo de Cristo.

A história de São Paulo deve reconfortar-nos e animar-nos para o discipulado, porque todos temos uma história pregressa de abandono da fé, ou mesmo de perseguição, ainda que velada,  àqueles que creem. São Paulo é o exemplo real de que sempre é possível recomeçar, sempre é possível retomar o caminho do seguimento de Cristo, com o coração ocupado em fazê-Lo mais conhecido. Basta a humildade de reconhecer que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, e a docilidade ao seu Espírito, para poderemos, também, ser apóstolos da comunicação hoje.

Que São Paulo interceda por nós, e nos tome por seus imitadores!

Malu e Eduardo

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Sei em quem pus a minha fé (2Tm 1,12)




“A fé é primeiramente uma adesão pessoal do homem a Deus, a aceitação livre a toda a verdade que Deus revelou”. ( Catecismo da Igreja Católica parágrafo 150)

Apesar de termos sido levados por nossos pais e padrinhos à Pia Batismal para recebermos o Sacramento da Iniciação Cristã, ou simplesmente o Batismo, a verdadeira fé é a aceitação livre de toda a verdade que Deus revelou, ou seja, meus pais e padrinhos não podem ter fé por mim.

E porque isto é importante? Porque Deus não quer que nenhum de seus filhos acredite Nele por coação ou medo. A fé é um dom, uma dádiva que precisa ser acolhida, aceita, alimentada e reconhecida como um tesouro, o maior deles.

Muitas vezes passamos a vida atrás de objetivos humanos, subir na carreira profissional, dar uma boa educação aos filhos, proporcionar conforto e saúde à família, poder apreciar as boas coisas da vida... Isso é bom em si mesmo, quando não nos afasta do nosso único objetivo na vida: alcançar a vida eterna junto de Deus. Para isso fomos criados, para isso Deus nos concede cada novo dia, para que através das coisas da vida possamos chegar até Ele pelas obras e escolhas que fazemos.

Escolher o que não passa, eis a sabedoria de todos os santos que nos precederam. Muitos deles, como São Francisco de Assis, renunciaram uma vida de fartura para encontrar a única riqueza que não pode ser tirada nem pela morte, nem pelos ladrões, nem por nada: Cristo. Eles compreenderam a brevidade da vida, da juventude, da saúde que hoje temos, mas que basta um pequeno entupimento numa veia minúscula em nosso cérebro, para que tudo aquilo que somos e construímos venha por água abaixo.

Porque estamos tão aflitos e apressados em nossos dias para alcançar metas humanas e não nos apressamos e nos afligimos para conquistar um lugar no céu? Temos que agir como São Paulo, que colocou todas as suas forças em seguir a Cristo e em fazê-Lo conhecido por todo o mundo. São Paulo deu-se por inteiro, por isso tornou-se o grande apóstolo da evangelização.

Sei em quem pus a minha fé! (2Tm 1,12) Temos que colocar nossa fé naquele que venceu a morte, naquele que opera o impossível, naquele que nos ama e nos busca a cada instante para nos oferecer os tesouros conquistados por sua morte vitoriosa sobre o mal. Este tem poder, este salva, este acolhe a todos sem distinção. Não é com isso que toda a humanidade sonha? Com um mundo onde todos sejam iguais e tenham as mesmas chances? Isso só será possível quando aderirmos a Ele de corpo e alma, porque o céu começa em nós.

Malu

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Simples assim





Com a celebração do Batismo de Jesus, encerramos o tempo do Natal.

Desmontamos o presépio, recolhemos os enfeites da árvore e fica uma sensação de orfandade. Parece que a alegria da encarnação de Jesus e toda a doçura deste tempo vai nos deixar, e só retornará daqui a onze meses...

Isso não é verdade, você e eu sabemos (meio que na teoria). Ele é o Emanuel, o Deus conosco!

Mas como enxergá-Lo na rotina do dia a dia, na correria dos afazeres sempre mais volumosos e nas enxurradas de informações que despencam sobre nós?

Deus está aqui comigo agora que digito este texto, ele fala a você através destas palavras que vão se formando e dando sentido à moção do Espírito Santo que age na elaboração desta página.

Se Ele está aqui, se Ele fala em mim e através de mim, preciso acreditar nisto com convicção, porque se eu não o fizer, nem você nem ninguém se sentirá movido a buscá-Lo. A fé é transmitida assim, com palavras que carregam dentro de si a verdade de uma experiência de encontro com o Senhor.

O encontro com Jesus é hoje, agora, na situação que me ocupa. E isso não significa que estou levitando, ouvindo os anjos cantando, ou certa de que nenhuma tragédia pode me alcançar. Eu o encontro antes do temporal que vai cair, ou na monotonia dos dias que se repetem sempre iguais, ou convivendo com as pessoas que me incomodam, ou seja lá qual for o panorama, porque é Ele quem está comigo, a iniciativa é sempre Dele, e assim não há talvez, não há quem sabe, há sempre o amor de Cristo que, independente do meu estado, me procura e fica comigo porque para Ele eu tenho valor, eu sou importante.

Esta é para mim a força motriz que me impulsiona a buscá-Lo cada vez mais e com energia renovada, porque a força vem Dele mesmo. Eu só preciso acreditar e deixá-lo agir em mim, dando espaço para que aos poucos o que prevaleça seja a vontade Dele, porque se sou importante para Ele, como poderia Ele querer alguma coisa ruim para mim?

É um caminho de descobrimento, é um relacionamento em que vou me mostrando para Ele, e Ele vai se mostrando para mim. Simples assim. É continuar sendo eu, mas Dele, e mais Ele. Transfiguração lenta, mas possível.

Se tudo isso é experiência do hoje e do agora, será que hoje não é Natal?

Malu

sábado, 3 de janeiro de 2015

O Deus de todos


Epifania é uma palavra grega que quer dizer “manifestação”. Deus pretendia nesse dia ao fazer-se homem manifestar-se como salvador dos homens. E fez isso por ordem. Primeiro se manifestou aos judeus, na pessoa dos pastores. Depois, hoje, aos pagãos. O que nos pede? Fé. Com a fé, adoraremos nessa carne mortal o Verbo de Deus. Com a fé, na sua infância descobriremos a sabedoria. Com a fé, nas suas faixas veremos o Rei dos reis. E com a fé, na sua realidade de homem o Senhor da glória.

Vejamos agora os Magos, que se colocaram em caminho para adorar Jesus. Viram uma estrela, linguagem comum para eles. Puseram-se em caminho motivados pela fé e pela fome de Deus e de repostas transcendentes. Sortearam as dificuldades com a vontade. E chegaram à cova de Belém. E ali entraram, e encontraram Jesus, Maria e José. Prostraram-se diante do Menino Deus e lhe ofereceram os seus presentes: ouro por ser Rei, incenso por ser Deus e mirra por ser Homem. 

Portanto, rei dos judeus, rei de todos. Messias para os judeus, messias para todos. Salvador dos judeus, salvador do mundo. Deus dos judeus, Deus de todos e para todos. Epifania: Fim do exclusivismo judeu. Deus, portanto, igualmente de amancebados, santos ou canalhas, ignorantes, exploradores e explorados, trapaceiros e prostitutas, ciganos e paios, terroristas e guardas, ditadores e democratas, russos e americanos... Deus é exclusiva de ninguém, nem sequer da Igreja. Isto é e significa Epifania. Obrigado, Senhor, porque de pagão me fizestes cristão!
 
Finalmente, o que aprender desta festa? Com perigos, sem perigos e apesar dos perigos, o homem -igual que os Magos- tem que ir ao encontro de Deus e que, que o busca, com estrela ou sem estrela, o encontra-entre outras coisas porque Deus é mais íntimo ao homem que o homem mesmo. E essa é a mensagem soberana da Epifania ou apresentação de Jesus na sociedade pagã ou natal dos pagãos. Assim como o do 24 foi o Natal dos judeus. Que pena que Herodes, pagão, não quis entrar na festa do Natal, e preferiu viver e morrer pagão. Mas que conste que Cristo veio também para ele. Pagãos todos, vinde correndo a Belém, pois hoje é o dia da vossa festa e vos espera o vosso Salvador e Senhor para vos abrir o seu coração cheio de ternura e misericórdia! 

Para refletir: Sei descobrir as “estrelas” que Deus me mando para colocar-me em caminho a Cristo e me encontrar com Ele? Diante das dificuldades do caminho, o que faço: dou meio volta ou continuo, renovando a minha fé e a minha esperança? E ao chegar diante de Cristo, sou generoso para dar o melhor que tenho e sou, ou só dou as sobras? Ajudo os “pagãos” e os levo até Jesus?

Para rezar: Jesus, trago-vos o meu ouro, pois sois o meu rei. Trago-vos o meu incenso para oferecê-lo em sacrifício cheiroso da minha vida. Trago-vos a minha mirra para embalsamar o meu corpo junto com o vosso na espera da ressurreição.

Pe. Antonio Rivero, L.C.