Casais que alcançaram a santidade



                                                         

Nesta página, vamos apresentar homens e mulheres que alcançaram a santidade através do matrimônio. Vivendo plenamente sua vocação, e com os olhos e o coração postos em Deus, estes casais são um estímulo para que, em nosso tempo, nós também persigamos a mesma meta: nada menos do que santos!

Sabemos que há uma infinidade de casais que se tornaram santos, mas sem as glórias do altar. Abraçando sua vocação matrimonial acolheram os filhos que Deus lhes deu, e deixaram-se conduzir pela vontade de Deus.
Poderíamos começar a elencar aqui muitos deles que notadamente alcançaram a santidade:

Abraão e Sara, Isaac e Rebeca,Jacó e Raquel, Joaquim e Ana ( os pais de Nossa Senhora), Cléofas e Maria, Zaqueu e Verônica, Áquila e Priscila (mártires), Andrônico e Junia (mártires), Dionísio (o areopagita) e Dâmaris, Valeriano e Cecília (mártires), Juliano e Basilissa (mártires), Timóteo e Maura (mártires)... 
Queremos agora apresentar outros casais, mais próximos de nós no tempo, e entrar um pouco em sua história, para tirarmos deles o exemplo de fé e de fidelidade à vocação matrimonial.
São eles:  




BEATO CARLOS E SERVA DE DEUS ZITA
(1887-1922)      DA ÁUSTRIA     (1892-1989)




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         Em virtude de um laço de parentesco indireto, Carlos e Zita se conheceram quando ainda eram crianças. Mas, então, as brincadeiras próprias dos meninos e os entretenimentos das meninas proporcionavam poucos pontos de interesse comum. Em 1909, as coisas mudaram.
         Zita tem dezoito anos. Após uma breve estadia na Inglaterra para complementar sua educação, ressentindo o clima por demais úmido da ilha, foi obrigada a retornar para a família. Aconselharam-lhe um tratamento junto a uma estação de águas e, assim, ela vai para Franzensbad, acompanhada de uma tia de Carlos que também precisava se tratar. De sua parte, Carlos, seguindo a tradição de sua família – ele pertencia à dinastia dos Habsburgos –, entrara para a vida militar. Na época, tinha vinte e três anos e estava aquartelado em Brandeis, não muito longe de Franzensbad. Nos dias de folga, costumava ir visitar sua tia predileta, a Tia Anunciata que estava com Zita. Foi a partir destes encontros que o mútuo interesse entre os dois jovens nasceu.
         As visitas à Tia Anunciata eram sempre mais desejadas, sempre mais agradáveis, sempre mais prolongadas... Certa vez, a avó de Carlos quis ir em peregrinação ao santuário mariano de Mariazell. Pediu que seu neto a acompanhasse. Zita e sua irmã Francisca também aproveitaram a oportunidade para rezarem aos pés da Virgem. E foi aí, na casa de Maria, diante do Santíssimo Sacramento que Carlos fez sua proposta à Zita.
         O noivado foi celebrado aos 13 de junho de 1911, na Villa delle Pianore, residência italiana dos Duques de Parma, família de Zita. Na fotografia que ofereceu a Carlos nesta ocasião, a jovem noiva escreveu: “Mais para você do que para mim”, indicando, desta forma, que sua felicidade consistia em sair de si, em esquecer sua própria pessoa para fazer Carlos feliz. Em preparação para o sacramento do matrimônio, os noivos decidem fazer os exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola. Zita, de acordo com os costumes dos Habsburgos e dos Bourbons-Parma, também vai a Roma para pedir, numa audiência privada com o Papa Pio X, a bênção para ela e seu esposo. Ambos querem constituir uma verdadeira família cristã.

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O casamento foi marcado para o dia 21 de outubro de 1911, na propriedade que a família de Zita mantinha na Áustria: o Castelo de Schwarzau. Na véspera da cerimônia, antecipando em cinquenta anos a verdade tão enfatizada pelo Concílio Vaticano II de que todos, independentemente de nosso estado de vida, somos chamados à santidade, Carlos diz à Zita: “Agora, devemos nos ajudar um ao outro a chegar ao céu”. Nas alianças, como sinal da devoção que os dois nutrem por Nossa Senhora, ele mandou gravar, junto dos nomes, o início da antífona mariana: Sub tuum praesidium, “À vossa proteção, recorremos, ó Santa Mãe de Deus”. E a viagem de núpcias inicia-se, justamente, em Mariazell, onde o casal consagra à Virgem a nova vida que iniciam.
         Eis como Madre Maria Antônia, irmã de Zita que se fez monja beneditina, descreve o relacionamento de Carlos com sua esposa: “A vida de família de Carlos foi, de fato, segundo o ideal cristão; foi uma harmonia perfeita de pensamentos e princípios, não havia segredos entre os dois, era a abertura completa, leal, recíproca, a confiança absoluta. ...Carlos sempre foi para sua esposa o melhor dos maridos, e para seus filhos, um modelo de pai. Quando estava ausente, telefonava todos os dias para sua esposa ... para ter notícias da família e tranquilizá-la em suas obrigações ..., seguia tudo com interesse, de maneira cordialíssima e dava conselhos e diretrizes”.
         O Conde Pedro Revertera diz que “o relacionamento entre os dois cônjuges foi sempre particularmente íntimo, terno e afetuoso”. Sobre Zita, ele conta: “... esta afetuosidade, eu mesmo a pude notar várias vezes, quando, por exemplo, [Carlos] devia falar em ocasiões públicas – coisa para a qual não era inclinado. Pude, então, observar como [Zita], antes, dava-lhe ânimo da maneira mais afetuosa, a fim de encorajá-lo neste dever tão desagradável. e como, da mesma maneira afetuosa, encontrava, depois, palavras de alegria e aprovação”.

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         Os filhos, no total de oito, não tardaram a vir: Otto. Adelaide, Roberto, Felix, Carlos Luís, Rodolfo, Carlota e Elisabete – que nasceu dois meses após a morte do pai.  Ambos enxergavam a paternidade e a maternidade como a exponenciação máxima de sua vocação matrimonial. Consideravam os filhos como dons que Deus lhes havia confiando e, portanto, não só os acompanhavam no seu desenvolvimento humano, mas se empenhavam em dar-lhes uma sólida formação religiosa e em infundir-lhes sincera piedade.


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         Desde a mais tenra idade, Carlos costumava levá-los à capela, para apresentá-los e entregá-los ao Senhor. Todas as noites, passava junto de suas caminhas, abençoava-os e rezava com eles. Gostava, sobretudo, de contar-lhes a História Sagrada e, sentando-os junto a si, narrava-lhes passagens bíblicas. Zita, por sua vez, ensinava-lhes as orações do cristão, incentivava-os aos pequenos sacrifícios diários e à prática da caridade. Quando chegavam à idade da Primeira Comunhão, era ela mesma quem lhes ensinava o catecismo e os preparava para receber Jesus Eucarístico.

         Em 28 de junho de 1914, o assassinato do Arquiduque Francisco Ferdinando mudou a história do mundo: veio a Primeira Guerra. E mudou também a vida de Carlos: ele tornou-se o primeiro na linha de sucessão ao Império Austro-húngaro.
         De fato, com a morte do Imperador Francisco José em 1916, Carlos sobe ao trono. Ele e Zita condividem as responsabilidades de Governo neste difícil período da guerra: visitam soldados combatentes e feridos, buscam medidas para amparar os órfãos e as viúvas, procuram amenizar a pobreza do povo, empenham-se na obtenção diplomática da paz. Mas, nem por isso, a vida de família é negligenciada. Sempre há tempo para se dedicarem aos filhos e, sobretudo, a primeira sexta-feira de cada mês é vivida em família de maneira muito intensa. Todos estão presentes na missa de manhã e os meninos mais velhos servem como coroinhas. No final da tarde, mesmo os mais pequeninos participam da adoração eucarística, seguida da bênção do Santíssimo Sacramento e da renovação da consagração ao Sagrado Coração. De noite, toda a família reza junto a Ladainha do Coração de Jesus e outras preces em sua honra.


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 Com o final da guerra e a queda da monarquia Austro-húngara, a Família Imperial é constrangida ao exílio na Suíça. É um período de muitas preocupações e de grande sofrimento moral. Carlos e Zita apoiam-se mutuamente. A força para enfrentarem todas essas adversidades lhes vem da vida sacramental e da prática da oração. O grande conforto do casal são os filhos.
         A pedido de um grupo de legitimistas e com o apoio do Papa Bento XV que temia a expansão do bolchevismo no leste europeu, Carlos empreendeu duas Tentativas de Restauração da monarquia na Hungria. Após o fracasso da primeira, Zita decidiu acompanhá-lo na segunda. Para ela, “o dever da esposa é estar ao lado de seu esposo”.
         Mas, a Segunda Tentativa de Restauração também malogrou em virtude da traição do Regente. O casal imperial é levado para um novo e drástico exílio: a Ilha da Madeira, na costa oeste da África, afastada do continente europeu e, naquele tempo, bem isolada do mundo. Estão sozinhos, longe dos filhos... longe de todos os parentes... longe da pátria e daqueles que lhes eram fiéis... com todos os bens confiscados...
         Sim, com todos os bens confiscados, sem ter como se sustentarem. As forças aliadas que impuseram tal exílio não sentiam qualquer responsabilidade sobre Carlos e Zita, considerando-os um problema dos antigos povos do Império desfeito. Estes, transformados em novas e fracas repúblicas, diziam não ter nenhum vínculo que lhes obrigasse a sustentar o antigo monarca.
         A dor e o sofrimento interior são inauditos neste período da vida do casal, mas eles se sustentam um ao outro e, juntos, recorrem a Deus. Duas são as grandes preocupações de Carlos e Zita: trazer os filhos para perto si e conseguir um meio de subsistência para o futuro. Problemas importantíssimos para eles, mas diante dos quais sentem sua absoluta impotência: não podem fazer nada, não podem tomar nenhuma atitude. Sem esmorecer na esperança, confiam tudo às mãos de Deus e aguardam a solução e o momento marcados por ele para o alívio de suas angústias.
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 Um acontecimento triste, mas, sem dúvida, providencial, vem resolver a primeira questão. Um dos filhos, o Arquiduque Roberto, passa por sérias crises de apendicite e deve submeter-se a uma cirurgia. Após inúmeros e difíceis trâmites burocráticos, Zita obtém a permissão de deixar brevemente a Ilha da Madeira para acompanhar seu filho na operação. Ao voltar da Suíça, traria consigo as crianças. De fato, retorna acompanhada de todos os filhos, exceto Roberto que, em convalescência, chegaria um mês mais tarde, acompanhado da Arquiduquesa Maria Teresa, avó de Carlos. Foi assim que, no dia 2 de fevereiro de 1922, num momento de indizível emoção no porto de Funchal, a família pôde estar novamente reunida.
         Com a possibilidade de Zita viajar, Carlos vislumbrou também a solução para o segundo problema que assolava seu coração. Orientou a esposa para que procurasse contato com o senhor a quem ele confiara a custódia das joias de família; que as vendesse e trouxesse o dinheiro consigo. Mas qual não foi a surpresa de Zita ao ver este senhor esquivar-se dela e, em seguida, sumir de cena, pois há tempo já havia vendido as joias e usado o provento em benefício próprio?!!
         Ao saber disso e vendo que a política internacional não resolvia nada com relação à sua pessoa, Carlos percebe que está, realmente, sem saída. As parcas economias que trouxera quando da Tentativa de Restauração na Hungria iam se esgotando; a chegada das crianças aumentava inevitavelmente os gastos; Zita deveria dar à luz no final de maio – algo que o inquieta sobremaneira, pois quer pagar um médico para assisti-la. É tempo de economizar ao máximo e, por isso, não lhe restando outra opção, aceita a oferta de um abastado senhor da Ilha para que ele e sua família fossem morar, graciosamente, na casa de verão que mantém no bairro do Monte, na parte alta de Funchal.
          A casa é de uma boa construção, mas, na verdade, pequena e sem os recursos necessários para a numerosa família. Sobretudo, é imprópria para ser habitada nesta época do ano, pois, em fevereiro, ainda fazia frio, o ar continuava úmido e havia muitos nevoeiros no Monte. Para Carlos e Zita, no entanto, nada disso pesa. Não se queixam; antes, agradecem a Providência Divina. Os dois se privam de tudo: do supérfluo, como o café, tão apreciado por Carlos, mas por demais caro, e daquilo que seria necessário, como a carne para Zita, que espera um bebê. Sabendo das necessidades do “bom Rei Carlos e da Rainha Zita” – como os madeirenses costumavam chamar a Família Imperial –, o povo simples leva-lhes leite e ovos para ajudar na alimentação das crianças. É de novo a Providência Divina, na qual confiam plenamente, que age em suas vidas.
         Os únicos gastos que ambos se permitem são os referentes aos filhos e, assim mesmo, são reduzidos ao mínimo. No dia 9 de março, Carlos desce ao centro de Funchal, pois, no dia seguinte, Carlos Luís completará quatro anos. Quer dar-lhe um presente de aniversário.  Não pôde comprar mais que dois carrinhos feitos de artesanato de vime. Enfim, não importa o valor; importa que o pequeno se sinta amado.

         Na cidade, ao nível do mar, o dia está ensolarado e faz calor, mas no Monte está frio, sopra um vento gelado que carrega consigo a névoa. Voltando para casa, Carlos ressente a diferença de temperatura e contrai uma forte gripe que o deixa de cama. Está obstinado em não solicitar auxílio médico para poupar os gastos. Acredita que tudo passará de per si e logo. Mas, na verdade, com tanto sofrimento e restrições, seu corpo está debilitado e a gripe não cede. Foi apenas ante os suplicantes e repetidos pedidos de Zita que ele assentiu em chamar um médico.
         O diagnóstico não foi dos melhores. A gripe já se transformara numa pneumonia que parecia avançar rapidamente. Zita, embora adiantada na gravidez, não deixa a cabeceira de seu esposo. Dia e noite, atende a todas as suas necessidades: é dar-lhe um copo de água, é mudar-lhe a posição ou enxugar-lhe o suor, é o administrar-lhe algum alívio...  Faz-lhe leituras, reza com ele e por ele. Quando Carlos está muito ofegante, recita em voz alta, em seu nome, suas devoções particulares e, ainda, apresenta a Deus todas as suas intenções. Ela também sempre lhe fala sobre os filhos, pois, para evitar o contágio, eles estão proibidos de ver o pai.
Carlos, por outro lado, parece pressentir o futuro e não cessa de manifestar seu carinho por Zita:
“Quero descansar junto de você. Venha e sente-se aqui, ao meu lado. Segure-me... sustente-me... Agora, já rezei o suficiente; não posso mais.”.
“Nos braços do Redentor... você e eu e os nossos amados filhos...”.
“Encontramo-nos nas mãos da Divina Providência. Tudo o que nos acontece está bem. Apenas confiemos”.
E também vai, aos poucos, orientando-a sobre as atitudes a tomar no futuro, sobre a educação das crianças...
A pneumonia investe os pulmões. Estamos num tempo em que não existem antibióticos... No dia 1º de abril, após receber o viático e tendo os olhos fixos em Jesus Sacramentado que se erguia diante dele, Carlos pronuncia, num fiasco de voz, suas últimas palavras à Zita:
“No Coração de Jesus, nós nos reencontraremos”.
         “Amo-lhe infinitamente”.
         Pouco tempo depois, com suas derradeiras respirações, sussurra baixinho:
“Seja feita a vossa vontade... Jesus... Jesus, vinde! Sim – sim. Meu Jesus... seja feita a vossa vontade – Jesus”. E entrega sua alma a Deus, reclinando a cabeça sobre os ombros da amada esposa que está a seu lado.

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         Naquela manhã, Zita trajava um vestido rosa. Foi a última vez que usou uma roupa de cor. Desde então, sempre vestiu o preto, não como lúgubre expressão de uma dor insuperável, mas para significar que seu coração pertencia tão somente a Carlos.
         Zita teve uma longa viuvez. Faleceu aos 14 de março 1989, sessenta e sete anos depois de seu marido. Certa vez, já sendo bem adiantada em idade, um de seus netos perguntou-lhe o que ela pensava da morte. Sua resposta foi: “Se o Bom Deus vier me procurar, estarei, enfim, com Carlos de novo”.

Embora Carlos esteja sepultado na Ilha da Madeira e Zita em Viena, estes corações que tanto se amaram e que se doaram um ao outro sem restrição, encontram-se inumados na Abadia de Muri (Suíça), onde a dinastia dos Habsburgos teve origem. Se nesta terra, eles louvaram e serviram a Deus unidos, agora, no céu, eles o contemplam e o adoram unidos.

*  *  *

Que, tendo vivido juntos a alegria e a tristeza, a riqueza e a pobreza, a saúde e a doença, Carlos e Zita da Áustria intercedam pelas famílias de hoje, ajudando-as no perfeito cumprimento das promessas matrimonias, em qualquer circunstância da vida.



Louis Martin e Zélia Guérin






Nascido em Bordeaux em 22 de agosto de 1823, Luís Martin era o terceiro dos cinco filhos de Maria Ana Fanny Boureau e Pedro Francisco Martin, oficial do exército napoleônico.

Em 1842, Luís começou a aprender o ofício de relojoeiro. Durante três anos, esteve em Paris para aprimoramento profissional, período em que frequentou assiduamente o santuário de Nossa Senhora das Vitórias. Por volta dos vinte anos, tentou ingressar no Grande Mosteiro de São Bernardo, mas não foi admitido por não saber latim. De volta a Alençon, instalou-se, em 1850, como relojoeiro e joalheiro.

Zélia Guérin nasceu em 23 de dezembro de 1831 em Gandelain (departamento de Orne, na Normandia) e teve dois irmãos: Maria Luíza, dois anos mais velha (que aos 29 anos entrou para o Convento da Visitação de Mans, e Isidoro, dez anos mais novo. Seus pais, Luísa Joana Macè e Isidoro Guérin (militar, assim como o pai de seu futuro esposo), rudes e severos, talvez não conseguissem traduzir em afeto o zelo que tinham para com os filhos. Zélia define sua infância e juventude como períodos “tristes como um sudário” (Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. História de uma alma: manuscritos autobiográficos. 2ª. ed., São Paulo: Paulus, 2008. p. 14). Enquanto o irmão caçula era alvo de todos os mimos, a ela e à irmã Maria Luísa (que seria ao longo da vida sua grande conselheira espiritual) nunca foi permitido sequer brincar com bonecas.

Em Alençon, onde morava, Zélia estudou no convento da Adoração Perpétua, tendo-se mostrado sempre excelente aluna. Desde cedo, sentia-se inclinada à vida religiosa, mas, assim como Luís, não teve êxito nesse propósito. Chegou a pedir admissão entre as Irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo, mas a superiora julgou que ela não tinha vocação para o claustro. Dedicou-se à confecção de rendas.

Luís e Zélia conheceram-se em abril de 1858, quando caminhavam sobre a ponte São Leonardo. A futura sogra, que frequentara o ateliê de Zélia, já havia falado ao filho da talentosa jovem. Em poucos meses, os enamorados casaram-se, em cerimônia realizada no dia 13 de julho de 1858, na Igreja de Notre Dame, em Alençon. Nos dez primeiros meses de casamento, viveram como irmãos. Porém, numa conversa com um sacerdote foram convencidos a ter uma prole numerosa, o que ia ao encontro do grande desejo de Zélia: uma vez frustrado seu intento de ser religiosa, pedira a Deus para ter muitos filhos e que eles fossem todos consagrados a Deus.

Zélia e Luiz tomaram então a decisão de ter muitos filhos…Nasce a primeira filha do casal, Maria Luiza…Todos os filhos e filhas do casal recebia o nome de “Maria” como sinal de agradecimento à Virgem Maria, que era tão amada e venerada na família Martin. Ao dar à luz, Dona Zélia faz a oração que costuma rezar após o nascimento de cada um de seus filhos: “Concedei-me a graça de ela vos ser consagrada e de nada vir a manchar a pureza de sua alma. Se há de perder-se um dia, prefiro que a leve imediatamente”.

Aliás, no dia do casamento, Luis e Zélia receberam como presente a imagem de Nossa Senhora das Vitórias, que mais tarde ficou conhecida, por causa do milagre do sorriso a Santa Teresinha, como Nossa Senhora do Sorriso. O grande sonho de Zélia era ter um filho sacerdote. Isso nunca aconteceu, mas os pais não rejeitaram as filhas que Deus lhes enviara:

Maria Luiza(1860-1940) – Ir. Maria do Sagrado Coração no Carmelo de Lisieux(1886)
Maria Paulina(1861-1951) – Ir. Inês de Jesus no Carmelo de Lisieux(1882);Maria Leônia(1864-1941) – Ir. Francisca Teresa na Visitação em Caen(1898);
Maria Celina(1869-1959) – Ir. Genoveva da Sagrada Face no Carmelo de Lisieux(1894)
Maria Francisca Teresa(1873-1897) – Santa Teresinha – Carmelo de Lisieux

Irmãos falecidos antes de Santa Teresinha nascer:

+Maria Helena(1864-1870);
+José Maria(1866-1867)
+João Batista Maria(1867-1868)

+Maria Melânia Teresa(1870 – falecida aos 3 meses de idade)

Costumavam rezar juntos, liam bons livros sobre a vida dos santos, o terço era recitado todos os dias e a oração ocupava um lugar de preeminência tanto na vida familiar como na de cada membro da casa…Incentivavam suas filhas a ter devoção e amor à Virgem Maria…Todos os pobres que batessem à porta da família eram bem recebidos e acolhidos, recebendo roupa e comida. Nunca lhes negaram nada…O amor ao Papa e aos sacerdotes sempre foi cultivado na família Martin. Os padres tinham pousada garantida em sua casa quando passavam por Alençon. Outro momento que exemplifica o amor da família pela igreja, mais especificamente o amor de Teresinha, foi na grande peregrinação em Roma, por ocasião do jubileu de ouro sacerdotal do papa Leão XIII. Foi uma peregrinação mais de padres que de leigos, e foi nesta ocasião que Teresinha descobriu sua vocação para rezar pelos padres…Suas relações com os sacerdotes eram impregnadas de atenções que raiavam pela veneração. Não consentia a menor palavra de crítica ou de troça a seu respeito.

Aos 45 anos Zélia recebe a terrível notícia de que tinha um tumor no seio. Viveu a doença com firme esperança cristã até à morte, ocorrida em agosto de 1877.

Com 54 anos, Luís teve que se ocupar sozinho da família. A primogênita tem 17 anos e a última, Teresa, tem 4 e meio. Então, transferiu-se para Lisieux, onde morava o irmão de Zélia. Deste modo, as filhas receberam os cuidados da tia Celina. Entre os anos de 1882 e 1887 Luís acompanhou as três filhas ao Carmelo. O sacrifício maior para ele foi afastar-se de Teresa que entra para as carmelitas com apenas 15 anos. Luís foi atingido por uma enfermidade que o tornou inválido e que o levou à perda das faculdades mentais. Foi internado no sanatório de Caen. Morreu em julho de 1894.


Ulisse Amendolagine e Lelia Cossidente Amendolagine 
Itália -1893 - + 1969                                        Itália -1893 - 1951


                                                                              


Servos de Deus da Ordem Carmelita Teresiana Secular, que santificaram-se em um matrimonio cristão autentico, testemunhando Jesus Cristo aos irmãos.

Em 18 de junho de 2004 iniciou-se o processo de beatificação desse casal: Lelia e Ulisse Amendolagine, que santificaram-se através de uma vida matrimonial e familiar que serve de luz e exemplo a todo cristão.

Ela nasceu em Potenza, Itália em maio de 1893, ele em Salermo também na Itália em 14 de maio de 1893. Conheceram-se em 1929, e em 29 de setembro de 1930 uniram-se em matrimônio na Paróquia de Santa Teresa dos Carmelitas Descalços em Roma, onde atuaram a vida toda, ele na Ordem Terceira e ela na Confraria do Escapulário.

Ulisse, formado em Direito, trabalhou na Ministério do Interior Italiano, Lelia professora primária, renunciou a profissão para cuidar dos cinco filhos, desses um faleceu precocemente, dois consagraram-se a Deus. Conhecemos suas vidas, através das inúmeras cartas dos pais, sobretudo a José, que aos quinze anos, com o nome de Rafael, abraça o rigor da ordem carmelita descalça.

Por suas cartas, entramos no clima de uma família transformada em um lugar de continuo encontro com Deus, pela oração e pela vida, nas pequenas e perseverantes atitudes de fé, leituras, meditações, bênçãos cotidianas nos “altarzinhos preparados por mamãe, nas diversas festas religiosas” – escreve Frei Rafael, e prossegue: - “Passar diante de uma igreja em nossos passeios e entrar para uma oração era coisa natural em nossa família, parecia que Jesus estava sempre nos esperando, em qualquer Igreja, para a nossa saudação. Entendíamos que no Sacrário circundado de luz e flores se escondia um Mistério que deveríamos adorar, Ele nos atraía, como deixa-Lo só?”.
O caminho de santidade percorrido pelo casal conhece alegrias e dores, como a separação dos filhos, o câncer que atinge Lelia e a faz sofrer grandes dores por dois longos anos. Das cartas desse período ficaram o testemunho admirável da aceitação da vontade de Deus, o fiel ato de agradecimento por cada melhora, a permanente ação de graças.

Lelia morre em 02 de julho de 1951, oferecendo sua vida pela santificação de seus filhos, Ulisse fiel companheiro na dor fica só, tomado pela dor da perda da esposa, mas vigorosamente forte na fé, vai se abandonando nos braços do Pai. Manda escrever na lápide do túmulo de Lelia, que também será o seu: “Ressucitaremos”, e repete sempre: “Tudo é movimento, nada está estagnado, nada é definitivo nesse mundo... depois da morte nos será dado o paraíso onde a alegria será completa”.

Lelia e Ulisse representam um grande exemplo de santidade. Um casal que transformou a vida matrimonial em um lugar de presença do amor de Deus que se doa através do trabalho, dos pequenos gestos, plenamente possíveis de serem vivenciados através da atenção e do afeto vividos dentro de casa.

Eles viveram a experiência do abandono em Deus que leva a plena doação ao irmão, ao ir de encontro com as necessidades da comunidade. A glória da Igreja resplandece agora ainda mais admiravelmente na união de dois corações enamorados em Jesus Cristo.

ORAÇÃO: Senhor Nosso Deus que unis o homem e a mulher pelos Sagrados laços do Matrimônio, para que sejam continuadores de sua obra, dai-nos, Vos pedimos, por intercessão dos vossos servos Lelia e Ulisses, que se santificaram nessa vida em um matrimônio cristão, a graça de vivermos a fidelidade em nossas famílias através do respeito e o do amor mútuo e a Graça particular que necessito. Amém


Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi 


Você já ouviu falar em Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi? Provavelmente, não. Talvez você nem saiba que exista um casal na Igreja em processo de canonização. Pois é verdade. Luigi e Maria foram o primeiro casal beatificado por João Paulo II e isso aconteceu no dia 21 de outubro de 2001.
Na história da Igreja foi um acontecimento inédito. Um casal do século XX declarado beato, os filhos presentes na cerimônia de beatificação dos pais, dois deles sacerdotes concelebravam com João Paulo II, tudo isso na mesma Igreja onde cem anos atrás os pais deram-se um ao outro em matrimônio. Estamos falando de Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi, declarados beatos por João Paulo II no dia 21 de outubro de 2001, dia também em que a Igreja celebrou os vinte anos da Exortação Apostólica“Familiaris consortio”, documento que ainda hoje demonstra grande atualidade, pois, além de ilustrar o valor do matrimônio e as tarefas da família, convida a um particular empenho no caminho de santidade ao qual os esposos são chamados devido à graça sacramental, que “não se esgota na celebração do matrimônio, mas acompanha os cônjuges ao longo de toda a existência” (Familiaris consortio, 56).

A vida desse casal é um sinal vivo do que afirma o Concílio Vaticano II sobre a vocação de todos os fiéis leigos à santidade, especificando que os cônjuges devem procurar esse objetivo seguindo o seu próprio caminho. Para eles a fidelidade ao Evangelho e a heroicidade das virtudes foram relevadas a partir da sua existência como cônjuges e como pais. 
Luigi e Maria Beltrame Quattrocchi nasceram ambos na Itália, ele na Catânia, no dia 12 de janeiro de 1880, ela em Florença, no dia 24 de junho de 1884. Luigi era um brilhante advogado que culminou sua carreira sendo vice-advogado geral do Estado italiano; Maria Corsini, nascida numa família nobre de Florença era professora e escritora, apaixonada pela música. Trabalhou como enfermeira voluntária da Cruz Vermelha durante a guerra da Etiópia e a Segunda Guerra Mundial. Catequista, era também comprometida com várias associações de caridade, como a Ação Católica Feminina. Os dois se conheceram em Roma e se casaram na Basílica de Santa Maria Maior no dia 25 de novembro de 1905. Receberam com docilidade a graça matrimonial que os levou a santificar-se apoiando-se um ao outro e acolhendo com alegria os frutos do seu amor: quatro filhos, a quem deram afeto, educação e, de forma especial, um testemunho de fidelidade e generosa caridade. Não eram raras as vezes em que seus filhos os viram acolhendo em casa refugiados da guerra e organizando grupos de “scouts” com jovens dos bairros pobres de Roma durante o pós-guerra. 




Dos quatro filhos que tiveram, três seguiram a vida religiosa, Stephania, sua primeira filha, tornou-se monja beneditina e recebeu o nome de Maria Cecília, ambos os filhos sentiram-se chamados ao sacerdócio, Filippo, hoje padre Tarcísio, é padre diocesano de Roma, e Cesare tornou-se monge trapista. Quando Maria estava grávida de sua última filha viveu um tempo de grande prova. Tendo sido acometida por um problema grave de saúde e por uma gravidez complicadíssima, foi aconselhada pelos médicos a abortar para que ao menos sua vida fosse poupada. A possibilidade de sobrevivência com esse diagnóstico era de 5%, no entanto Maria e Luigi preferiram arriscar e colocaram toda a sua confiança no Senhor. Enrichetta nasceu com saúde e está hoje com 89 anos, estando inclusive presente na cerimônia de beatificação dos pais.
Em novembro de 1951, aos 71 anos, Luigi faleceu vítima de uma parada cardíaca. Quatorze anos mais tarde, aos 81 anos, Maria faleceu nos braços de Enrichetta, em sua casa nas montanhas. Em 1993, sua filha mais velha, irmã Maria Cecília, se uniu aos pais.


Ao lermos a homilia de João Paulo II no dia da beatificação compreendemos que o segredo da santidade na vida matrimonial consiste em viver a vida ordinária de forma extraordinária. Luigi e Maria, entre as alegrias e preocupações de uma família normal, que os casais conhecem tão bem, souberam realizar uma existência rica de espiritualidade. Viviam a Eucaristia de forma cotidiana, também a devoção à Virgem Maria quando a família, que era consagrada ao Sagrado Coração de Jesus, unida, rezava todas as noites o rosário. Nunca faltavam os momentos de lazer e esporte, gostavam de passar as férias nas montanhas e no mar. Sua casa era sempre aberta aos amigos numerosos e àqueles que batiam em sua porta em busca de alimento.

Maria dizia sobre os filhos: “Educamo-os na fé, para que conhecessem e amassem a Deus”. Os mesmos recordam que a vida familiar era marcada pelo sentido do sobrenatural. “Um aspecto que caracteriza nossa vida em família – recorda o filho mais velho – era o clima de normalidade que nossos pais haviam suscitado na busca diária pelos valores transcendentes”. “Nunca havia imaginado que os meus pais seriam proclamados santos pela Igreja, mas posso afirmar com sinceridade que sempre percebi a extraordinária espiritualidade deles. Em casa sempre se respirou um clima sobrenatural, sereno, alegre, não careta.”

João Paulo II diz ainda que “Luigi e Maria viveram, à luz do Evangelho e com grande intensidade humana, o amor conjugal e o serviço à vida. Assumiram com responsabilidade total a tarefa de colaborar com Deus na procriação, dedicando-se generosamente aos filhos a fim de os educar, guiar e orientar na descoberta dos seus desígnios de amor. Deste terreno espiritual tão fértil surgiram vocações para o sacerdócio e para a vida consagrada, que demonstram como o matrimônio e a virgindade, a partir do comum enraizamento no amor esponsal do Senhor, estão intimamente relacionados e se iluminam reciprocamente. Foram cristãos convictos, coerentes e fiéis ao seu próprio batismo; foram pessoas cheias de esperança, que souberam dar o justo significado às realidades terrenas, tendo os olhos e o coração postos sempre na eternidade. Fizeram da sua família uma autêntica igreja doméstica, aberta à vida, à oração, ao testemunho do Evangelho, ao apostolado social, à solidariedade com os pobres, à amizade”.

O testemunho de vida de Luigi e Maria nos confirma que o caminho de santidade percorrido como casal é possível e belo, é caminho de felicidade, mesmo em meio às dores e provações do dia-a-dia. Peçamos ao Senhor a graça de existirem cada vez mais casais que, seduzidos por Cristo e invadidos pelo Espírito Santo, façam transparecer, na santidade da sua vida, toda a beleza do amor conjugal manifestado através do sacramento do matrimônio. E que cresça de forma generosa o número de casais beatificados e canonizados pela Igreja, para que os casais tenham modelos a seguir e intercessores a quem suplicar.

O Papa João Paulo II declarou, quando da sua beatificação em 2001: “Queridas famílias, hoje temos a singular confirmação de que o caminho da santidade, seguido juntos como casal, é possível, é lindo, é extraordinariamente frutuoso e é fundamental para o bem da família, da Igreja e da sociedade”.

Andrea Luna Valim 



SERGIO BERNARDINI E DOMENICA BEDONNI





Sergio Bernardini nasceu em Sassoguidano (Modena, Itália) em 20 de maio de 1882.
Cresceu na fé e prática cristã, e amadureceu ainda jovem a idéia de formar uma família verdadeiramente cristã, que suscitasse filhos sacerdotes, religiosos e missionários. Ele dizia: "Eu vou me casar, ter muitos filhos e, se Deus quiser, eles farão só o bem".
Sergio casou-se em 1907, aos 25 anos, com Emilia Romanos, que dá a ele três filhos. Mas em apenas quatro anos, em uma dura prova de sua fé, ele vê seus pais, sua esposa e filhos e até mesmo um irmão morrerem . Fica completamente sozinho no mundo. Alguém chegou a pensar em Sergio como o Jó bíblico. Sergio, como o antigo patriarca, afirmou: "Deus deu, Deus tirou, como foi de seu agrado. Bendito seja o nome do Senhor! "
Para se afastar do ambiente que só lhe trazia recordações do seus entes queridos, Sergio partiu para os Estados Unidos, onde arrumou trabalho nas minas. Ali deu testemunho de sua fé, mas encontrando um ambiente contrário resolve voltar para a Itália, pois afirma que receou perder a própria fé. 
Pensa em seguir o sacerdócio, mas não se sente digno.

Encontra uma mulher que compartilha seu sonho de formar uma família: Domenica Bedonni. Em 20 de maio de 1914, após alguns meses de envolvimento, casam-se. Têm o desejo de ter muitos filhos, e de educá-los para que vivam a caridade e a fé, afirmando que Deus irá ajudá-los.

Deste matrimônio nascem 10 filhos criados com grande luta e sacrifício mútuos.

Numa noite, no outono em 1922, acontece um incêndio que destrói seus celeiros com os animais e colheitas. Sergio com grande resignação afirma para seus filhos e vizinhos: "Aconteceu, é isto, Deus quis e fez a sua vontade!"

Sergio e Domenica, como todos os pais, gostariam de dar a seus filhos estudo, mas não têm condições para fazê-lo. Conhecendo o trabalho de Pe. Alberione, em Alba, seus filhos têm a oportunidade de frequentar o ensino superior, ao mesmo tempo que podem atuar na "boa imprensa."






Dali pra frente começa a explosão de vocações religiosas na casa dos Bernardini. Dos dez filhos, oito se consagraram à vida religiosa. Cinco de suas moças consagram-se como Filhas de São Paulo, uma torna-se Ursolina, e dois filhos do casal tornam-se sacerdotes Capuchinhos, sendo que o mais jovem vem a ser Arcebispo de Izmir, na Turquia.
Esta belíssima história de amor e de fé de Sergio e de Domenica é expressa por Pe. Alberione: "Jesus realmente tomou o lugar dos filhos na família, quando eles a deixaram para seguir o Mestre Divino."   
                                                                         


Domenica, na véspera da partida de três de seus filhos para as missões, afirma para todos os filhos: "Eu agradeço infinitamente a Jesus por me conceder oito vocações. É verdade que o Senhor dá cem vezes mais. Eu sonhei e rezei por vocês para que fossem santos. Esta graça eu peço para todos os meus filhos: que sejam santos e que possam converter muitas almas. Para isso eu ofereci ao Senhor meus sofrimentos, meus sacrifícios e orações. E, acima de tudo, devemos pedir que nos encontremos no paraíso sempre juntos, mas para isso é preciso que nos separemos às vezes.                                                

Em 1966, Sergio, depois de dois anos de intensos sofrimentos aceitos com confiança nas mãos de Deus, falece confortado por Domenica. Após sua morte, Domenica envia um telegrama aos seus filhos missionários: "Glória a Deus no mais alto dos céus!"


Domenica parte para o paraíso em 27 de fevereiro de 1966 deixando escrito: "Quando o Senhor me chamar para o seu Reino, contarei toda a minha felicidade, sob o som dos sinos."

Sergio e Domenica sempre estiveram convencidos  de que a família deve ser uma página viva e real do Evangelho. Com seus 52 anos de vida matrimonial testemunharam como se pode crescer na fé e vida interior, testemunhando fidelidade e coerência cristã.

Numa época há tantas família rompidas pelo ódio e o egoísmo, é muito bom saber que ainda há muitos casais que sabem dar ao seu casamento o verdadeiro valor à luz do Evangelho.

O testamento espiritual de Domenica é muito precioso. Quando ficou viúva escreveu sobre os pensamentos de seu falecido esposo: 

" Ele me falava sempre sobre o Senhor, e levava-me a beijar uma rosa, beijar a beleza de Deus. Ele dizia: Meus filhos são minha coroa e meus tesouros. Ah, se eu pudesse explicar para todas as mães do mundo, que presente e que graça é ter filhos vocacionados numa família... Eu sempre quis ter filhos que fizessem o bem para o mundo e para a glória de Deus. Fico feliz por ter tantos filhos, mas gostaria que também outros tivessem filhos sacerdotes e missionários."



No sofrimento, coragem! Alegremo-nos por toda a eternidade no Senhor! Eu devo agradecer muito ao Senhor por causa das grandes coisas que nos fez. Viver feliz para os meus filhos, pedindo muitas vezes que Ele os ajude em todos os momentos, pois são Dele. Que Deus os abençoe. Vejo você no céu!"