terça-feira, 29 de agosto de 2017

A prática espiritual do casal: comunhão e fidelidade

Entenda melhor o que o casamento significa nos planos de Deus

Quando Deus quis que a humanidade existisse, estabeleceu um plano: criar o homem e a mulher para que, vivendo o amor, se multiplicassem enchendo a terra de seus filhos. Por isso, no início da humanidade, Deus disse ao primeiro casal: “O homem deixa a casa de seu pai, se une a sua mulher, e sereis uma só carne” (Gên 2m24). E disse-lhes: “Crescei e multiplicai, enchei a terra e submetei-a” (Gên 2,28).

Então, o casamento não é mera “curtição” a dois, não, é uma bela “missão” que Deus deu cada casal: viver o amor na fidelidade um ao outro até a morte, gerando e educando os filhos para Deus. É uma missão tão árdua como a do sacerdote, que vive apenas para Deus e seu Reino.

O casal cristão tem a missão de “crescer a dois”, cada um fazer o outro melhor. Alguém disse que “amar não é querer alguém construído, mas construir alguém querido”. Essa é a primeira e bela missão do casamento: construir o outro com o seu amor. Mas, amar não é fácil, é dar-se, é renunciar-se, é dizer não a si mesmo para dizer sim ao outro.

Ensina a Igreja que o casal cristão deve viver uma “paternidade responsável”; ou seja, ter todos os filhos que puderem criar com dignidade, sem limitar seus nascimentos por comodismo, medo, egoísmo ou outro motivo vil. E isso também não é fácil, por isso o mundo rejeita radicalmente essa proposta de Deus. Não é uma missão fácil, se fosse não haveria tantas separações. O pecado original destruiu a bela harmonia interna em cada um de nós; e passamos a ser atraídos pelo mal, pelo pecado que dificulta a vida conjugal. Daí nascem as infidelidades, as brigas, os egoísmos, etc.

Mas Jesus Cristo veio restaurar a família e o casamento com a sua graça. Ele entrou no nosso mundo pela porta da família e seu primeiro milagre foi num casamento. Ele transformou o casamento em sacramento, isto é, uma graça especial para os que se casam, para que possam cumprir como Deus deseja, a dura missão de pais e esposos fiéis. Agora, com Cristo é possível viver um casamento fiel e feliz até a morte; com Cristo é possível não trair o cônjuge e nem os filhos.

No entanto, é preciso que o casal tenha uma vida espiritual: vida de oração, de frequência aos sacramentos da Confissão e Comunhão, reza do santo Terço em família, meditação da Palavra de Deus e de bons livros. Sem isso a alma esfria, e o Mal desce sobre ela. Sabemos que a mosca não desce sobre um prato quente!

Não é fácil a vida conjugal e sexual do casal; muitos são os problemas que todos enfrentam. Os defeitos de um irritam os defeitos de outro, o ajustamento nem sempre é fácil, a paciência e a tolerância com os erros de cada um nem sempre acontece. Mas Deus é a fonte do amor, da bondade, da mansidão e da paz. É Nele que o casal precisa se abastecer todos os dias, recarregar Nele sua disposição em viver as virtudes que trazem a felicidade ao lar.

Não é fácil manter a família, fazer todas as despesas, educar os filhos, superar os problemas e conflitos do lar; mas, com Deus presente, tudo passa, tudo se resolve, Ele tudo providencia porque está no comando de um lar que O adora e serve. Diz o salmista:
“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os seus construtores. Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigiam as sentinelas. Inútil levantar-se antes da aurora, e retrasar até alta noite o vosso descanso, para comer o pão de um duro trabalho, pois Deus o dá a seus amados até durante o sono. Vede, os filhos são um dom de Deus, uma recompensa o fruto das entranhas.” (Sl 126, 1-3)
Coloque sua família, seu casamento, nas mãos de Deus e deixe que Ele o guie!

Prof. Felipe Aquino

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

As qualidades que transformaram Maria em uma referência feminina além do Catolicismo


Deixando de lado as questões religiosas, é preciso reconhecer que estamos diante de uma mulher realmente notável. Estas são as 5 qualidades que aprendi com ela:

1. O sentido da família 
Maria não hesitou em fazer tudo para proteger sua família. Saiu de Nazaré e deu à luz seu primogênito em uma humilde manjedoura, sem sua mãe nem amigos para apoiar. Tecnicamente falando, eram só ela e José, em quem ela depositou toda a sua confiança, assim como ele também o fez.
Depois, mudou-se para o Egito para evitar o assassinato de seu filho mesmo sem saber falar o idioma nem ter conhecidos no local. Lá, esperou pacientemente até poder voltar à Galileia, demonstrando que a prioridade de uma boa mãe e esposa é sacrificar sua própria comodidade em nome das necessidades e do bem-estar de sua família.

2. Fortaleza e valentia
Para qualquer mãe, de qualquer religião, ver o sofrimento de um filho é uma agonia. Maria, mesmo sendo alertada por Simeão, apoiou Jesus em sua difícil missão. Quando chegou a hora, ela o deixou ir. Foi testemunha de todas as suas torturas sem fraquejar. Acompanhou Jesus em sua Paixão.
Sentiu a dor maior ao presenciar sua morte e, no entanto, nunca se mostrou sem esperanças nem derrotada; pelo contrário, refugiou-se na oração e, enquanto alguns discípulos se esconderam por medo, ela ficou ao pé da cruz para mostrar a ele o seu infinito amor.

3. A prudência 
Maria foi uma mulher que, apesar das circunstâncias, jamais foi polêmica e sempre se mostrou digna. Muitos duvidaram – e ainda duvidam – de sua pureza. No entanto, ella não fez escândalos para gritar ao mundo a verdade que ela tinha no coração e entendia que sua missão era maior do que convencer os mal intencionados.
Sabia dar às coisas o seu valor correto e guardá-las no coração. Era a mãe do Salvador do Mundo e, mesmo assim, não se vangloriou dele. Ficou conhecida por sua humildade e sua virtude de saber guardar o silêncio. Mal interpretada por alguns como sinal de fraqueza, ela era o exemplo de mulher sensata, prudente e reflexiva.

4. A capacidade de perdoar
Maria seguiu o exemplo de Jesus e perdoou quem matou seu filho. Não teve ressentimento pela traição de Judas nem pela negação de Pedro. Não há registros de que ela tenha sentido rancor ou sede de vingança. E mais: seu perdão ilimitado e incondicional foi o antídoto de sua tristeza e, em grande parte, por isso ela é a imagem da misericórdia.
O Papa Francisco, ao abrir a Porta Santa da Basílica de Santa Maria Maior no ano passado, disse: “Maria é a Mãe de Deus, que perdoa, que dá o perdão e, por isso, podemos dizer que é a Mãe do Perdão. Esta palavra, perdão, tão pouco compreendida pela mentalidade mundana, indica o fruto próprio e original da fé cristã. Quem não sabe perdoar ainda não conheceu a plenitude do amor. E só quem ama de verdade é capaz de perdoar, esquecendo a ofensa recebida.”

5. A capacidade de amar
A maior prova de amor de Maria foi a que ela ofereceu a Deus, ao confiar cegamente nele. Inclusive os muçulmanos, no Alcorão, expressam sua admiração pela confiança que Maria depositou em Deus e dedicam várias passagens a sua santidade e pureza. Maria poderia perder tudo – o respeito de sua família, seu compromisso com José e até a vida – e ainda assim pronunciou um  SIM sem medida devido à sua fé profunda.
Depois, claro, está o amor de Maria por seu esposo José e seu filho Jesus. Ela o educou e preparou para sua missão com bondade e doçura. E, como acontece com todas as mães, seu trabalho não era somente a concepção de Jesus, mas também a sua formação e desenvolvimento humano e espiritual (de fato, foi ela quem o convidou a realizar o milagre de transformar a água em vinho nas bodas de Canaã). É uma mulher que sempre demonstrou que, no seu coração, só há espaço para o amor, o perdão e a reconciliação.
Definitivamente, como católica, é impossível que eu duvide da magnificência de Maria, porque ela foi a escolhida por Deus para ser a Mãe de seu filho, Jesus. Mas, se não fosse, eu a admiraria da mesma forma porque ela tem qualidades que uma grande mulher, com as quais todas poderiam aprender.

Adriana Bello

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Jesus Sacramentado fala ao coração de quem está diante Dele

Esta história aconteceu há dois anos. Eu estava em um sacrário, na presença de Jesus Sacramentado.

De joelhos, eu rezava. Ingenuamente, perguntei a Jesus:
 “O que quer de mim, Senhor?”

 Rapidamente, uma voz interior clara e transparente, respondeu:
“Escreva! Todos devem saber que eu os amo”.

Aquela experiência impactante marcou a minha vida.
Hoje, uma sobrinha me fez uma pergunta que me levou de volta a esse momento:
 “Tio, por que você escreve tanto sobre o sacrário?”

Esse é o motivo! “Escreva! Todos devem saber que eu os amo”. Isso marcou um começo para mim e me levou a viver grandes aventuras espirituais. Confesso que, a princípio, fiquei aterrorizado.
 “Quem sou eu para escrever sobre ti, Senhor?”

Lembrei- daquela bela canção que reflete exatamente o que eu vivenciei:
“Senhor, não sou nada. 
Por que me chamou? 
O Senhor passou em minha porta e bem sabe
Que sou pobre e fraco.
Por que se fixou em mim?”

Não foi fácil! Tive e tenho grandes batalhas espirituais. As tentações são muitas. Os problemas e as dificuldades não faltam. Mas a graça me sustenta, juntamente às orações e a presença bondosa de Deus. A maior tentação? O desânimo, a vontade de não continuar. 

Curiosamente, toda vez que isso acontece, sinto que o Bom Jesus me envia um sinal, de forma inesperada.

Há algum tempo, eu estava decidido a abandonar esses escritos. Ia me dedicar a outra coisa. Fui à Missa na Igreja de Guadalupe para falar com Jesus e dizer-lhe sobre minhas intenções:  “Bom Jesus, acabou. Melhor buscar outra pessoa”. 

Nisso, um conhecido se aproximou de mim e disse:  “Claudio, tenho um amigo que quer te conhecer e falar com você”.

“Com muito prazer. Quando terminar a missa, vamos falar”, respondi.
Ele se aproximou de mim no fim da Eucaristia, nos sentamos em um banco e ele me disse:
 “Minha esposa me abandonou há pouco tempo. Tenho quatro filhos pequenos…”

As crianças corriam felizes de um lado para o outro.
 “Angustiado por isso e sem saber o que fazer, decidi acabar com tudo. Mas antes, gostaria de uma oportunidade. Fui a uma livraria e falei com a atendente. Ela sugeriu que eu lesse um livro de Claudio de Castro. Não sabia que era você. Mas comprei o livro…”
 “Está angustiado com isso? O que aconteceu?”, perguntei ao homem. 

 “Aqui estou. Em sua frente, para te agradecer e te fazer um pedido: Escreva. Não deixe de fazer isso”. 

Essas palavras me impressionaram. E eu respondi: “Vá ao sacrário e agradeça a Jesus. Ele é quem dá as graças de que precisamos. Ele é quem faz tudo.”
O que aconteceu depois disso?  Simples: continuei escrevendo.  Por quê? A canção explica melhor que eu:
“É impossível conhecer-te, Jesus, e não te amar. É impossível amar-te e não te seguir.”

Mas posso te pedir um favor? Quando for ao sacrário, diga-lhe: “Claudio te manda lembranças”.

Claudio de Castro

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Oração pelos artistas


terça-feira, 1 de agosto de 2017

Por que Deus não curou #CharlieGard?


A notícia se espalhou rapidamente em todo o planeta. Charlie Gard, o bebê britânico portador de uma doença grave, morreu em um hospital de Londres. Embora já fosse esperada, a morte de Charlie deixou todo mundo triste.

Nos últimos meses, a situação de Charlie chamou a atenção. Diagnosticado com uma doença terminal, o bebê que ainda não tinha um ano de idade, teve sua vida e sua morte no centro de uma amarga disputa legal. Enquanto os médicos de Charlie julgavam melhor suspender os tratamentos, os pais dele não concordavam. Eles queriam dar ao filho uma chance de lutar pela vida, mesmo que os tratamentos experimentais apenas melhorassem sua grave situação. O que aconteceu deixou de ser uma disputa sobre o tratamento de Charlie e tornou-se uma batalha judicial sobre os direitos parentais. Entre o hospital e os pais, quem deveria ter a última palavra ao determinar o que seria melhor para uma criança doente? Em inúmeras audiências, os pais de Charlie, Chris Gard e Connie Yates, perderam quase todas as apelações. Os tribunais negaram os pedidos que eles fizeram para transferir o garoto para outro hospital e buscar tratamento experimental no exterior.  Até mesmo a solicitação para levar Charlie para a morrer na sua própria casa foi negada. A cada passo, os juízes contestavam os pedidos com base em evidências clínicas. Resultado: Charlie não deixou o hospital no qual ele foi diagnosticado e os desejos dos médicos finalmente foram cumpridos.

O debate legal sobre o caso Charlie Gard vai continuar como era de se esperar.
Mas não é só isso. As questões culturais e religiosas também serão discutidas. Por exemplo: no lado religioso, alguns fiéis podem encontrar na doença e na morte de Charlie um desafio à fé. Embora as fotos do batismo de Charlie nos consolam como cristãos, podemos nos perguntar, no entanto, por que Deus não atuou radicalmente para salvar a vida do pobre Charlie?

Perguntas como esta podem ser inevitáveis, mas não ficam sem respostas. Como escrevi alguns dias atrás, o propósito da oração de intercessão não é mudar a vontade de Deus; seu objetivo é nos mudar. Santo Agostinho explicou isso, há séculos, a uma nobre cristã que enfrentava inúmeros desafios. O santo bispo incentivou a mulher sofredora a rezar por uma “vida feliz”, que é quando possuímos tudo o que desejamos, contanto, é claro, que não desejemos nada do que não devemos ter. Em outras palavras, a felicidade consiste em possuir o que Deus quer nos dar. A visão de Agostinho, aqui, é instrutiva. Ao abrirmos nossos corações para Deus – para nós e para os outros – a nossa oração é purificada, de modo que, ao longo do tempo, começamos a desejar mais o que Deus quer nos dar e menos o que nós gostaríamos de ter. Mesmo em tempos de angústia, explicou Agostinho, a oração transforma nosso sentimento de dor e ansiedade para iniciar a busca do bem maior que Deus nos proporciona através do nosso sofrimento.

Na sua doutrina de oração, São Tomás de Aquino destacou o mesmo ponto. Ele ensinou que rezar pela salvação, por uma graça, por uma conversão e pelo crescimento de uma virtude é alinhar nossas vontades às de Deus. Consequentemente, Deus não é aquele que muda como resultado de nossa oração; nós é que mudamos. Apesar disso, Tomás de Aquino e Agostinho não acreditavam que nós não deveríamos orar também pelos bens temporais – por um bom trabalho, pela preservação da doença, pela proteção contra os inimigos -, mas ambos consideravam que nosso desejo por esses bens deveria ser orientado para a felicidade final e eterna que Deus quer para cada um de nós. O desejo de atingirmos o Céu, portanto, representa o fruto da nossa oração: de que a vontade de Deus seja feita, tanto na terra quanto no Céu. Mesmo que soframos por causa do desemprego, de uma doença difícil ou dos ataques de nossos inimigos, a nossa vontade de chegarmos ao Céu deve permanecer – e até mesmo crescer.

Quando aplicados à curta vida de Charlie Gard, os ensinamentos cristãos sobre a oração podem ser um desafio. Precisamos de muita fé para entender que a morte do pequeno Charlie, que ocorreu apesar do derramamento de oração por sua vida, nos aponta para algo bom que Deus quer nos dar, algo maior do que o mal que representa a morte de Charlie. Este mistério não deve nos surpreender, é claro. Considere a vida e a morte de Jesus. A paixão de Cristo levou-nos a um bem maior do que o mal da execução de Deus-Homem. Assim também se dá com todo o mal que enfrentamos; Deus permite isso apenas por causa de um bem maior. Consequentemente, enquanto pedíamos a vida de Charlie Gard, buscávamos, de fato, não mudar Deus, nem forçar Sua mão para agir, mas, sim, mudar a nós mesmos. Através da nossa oração, buscamos alcançar o bem maior que Deus vai conceder depois de permitir a doença de Charlie. Agora que nossa oração mudou e rezamos pelo repouso de sua alma, o trabalho de mudar-nos através da busca desse bem maior, que envolve o sofrimento da morte de Charlie, deve se intensificar.

Talvez esta oração já esteja dando frutos. Talvez nunca possamos saber nesta vida a natureza exata do bem maior pelo qual Deus permitiu que Charlie Gard morresse tão jovem. Seja qual for a natureza específica desta graça, o mundo já parece melhor – mais humano, talvez – por ter o #CharlieGard como símbolo dos direitos parentais e de oração pelo ordenamento dos direitos civis. Já podemos ver que, na providência de Deus, nem a morte de Charlie nem nossas orações por sua vida foram em vão.

Senhor, conceda-lhe o descanso eterno e permita que ele seja iluminado pela luz perpétua. Que ele descanse em paz. Amém.

Trechos do artigo de Fr. Aquinas Guilbeau, OP