Pe. Alberione


Biografia de Pe. Alberione

Padre Tiago Alberione, Fundador da Família Paulina, foi um dos mais carismáticos apóstolos do século XX. Nascido em San Lorenzo di Fossano (Cuneo), no dia 4 de abril de 1884, recebeu o batismo já no dia seguinte. A família Alberione, constituída por Miguel e Teresa Allocco e por seis filhos, era do meio rural, profundamente cristã e trabalhadora.
O pequeno Tiago, o quarto filho, desde cedo passa pela experiência do chamado de Deus: na primeira série do ensino primário, perguntado pela professora o que faria quando se tornasse adulto, ele responde: Vou tornar-me padre! Os anos da infância se encaminham nessa direção.
Com 16 anos, Tiago é recebido no Seminário de Alba. Desde logo se encontra com aquele que para ele será pai, guia, amigo e conselheiro por 46 anos: o cônego Francisco Chiesa.
No final do Ano Santo de 1900, já estimulado pela encíclica de Leão XIII Tametsi futura (Ainda que se trate de coisas futuras), Tiago vive a experiência decisiva de sua existência. Na noite de 31 de dezembro de 1900, noite que divide os dois séculos, põe-se a rezar por quatro horas diante do Santíssimo Sacramento e, na luz de Deus, projeta o seu futuro. Uma "luz especial" veio ao seu encontro, desprendendo-se da Hóstia e a partir daquele momento ele se sente "profundamente comprometido a fazer alguma coisa para o Senhor e para as pessoas do novo século": "o compromisso de servir à Igreja", valendo-se dos novos meios colocados à disposição pelo engenho humano.
No dia 29 de junho de 1907 foi ordenado sacerdote. Como passo seguinte, uma breve, mas significativa experiência pastoral em Narzole (Cuneo), na qualidade de vice-pároco. Lá encontra o bem jovem José Giaccardo, que para ele será o que foi Timóteo para o Apóstolo Paulo. Ainda em Narzole, Padre Alberione amadurece sua reflexão sobre o que pode fazer a mulher engajada no apostolado.
No Seminário de Alba desempenha o papel de Diretor Espiritual dos seminaristas maiores (filósofos e teólogos) e menores (estudantes do ensino médio), e de professor de diversas disciplinas. Dispõe-se a pregar, a catequizar, a dar conferências nas paróquias da diocese. Dedica também bastante tempo ao estudo da realidade da sociedade civil e eclesial do seu tempo e às novas necessidades que se projetam.
Conclui que o Senhor o convoca para uma nova missão: pregar o Evangelho a todos os povos, segundo o espírito do Apóstolo Paulo, usando os modernos meios da comunicação. Justificam essa direção os seus dois livros: Apontamentos de teologia pastoral (1912) e A mulher associada ao zelo sacerdotal (1911-1915).
Essa missão, para ser desenvolvida com carisma e continuidade, deve ser assumida por pessoas consagradas, considerando-se que "as obras de Deus se edificam mediante as pessoas que são de Deus". Desse modo, no dia 20 de agosto de 1914, enquanto em Roma morria o sumo pontífice, Pio X, em Alba, o Padre Alberione dava início à "Família Paulina" com a fundação da Pia Sociedade São Paulo. O começo é marcado pela extrema pobreza, em conformidade com a pedagogia divina: "inicia-se sempre no presépio".
A família humana - na qual o Padre Alberione se inspira - é constituída por irmãos e irmãs. Em 1923, quando o Padre Alberione adoece gravemente e o diagnóstico médico não sugere um quadro de esperanças, o Fundador, milagrosamente, retoma o caminho: "Foi São Paulo quem me curou", dirá em seguida. A partir daquele período aparece nas capelas paulinas a inscrição que em sonho ou em revelação o Divino Mestre dirige ao Fundador: Não temam - Eu estou com vocês - Daqui quero iluminar - Arrependam-se dos pecados.
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Ao mesmo tempo cresce o edifício espiritual: o Fundador inculca o espírito de dedicação mediante "devoções" de grande peso apostólico: a Jesus Mestre e Pastor "Verdade, Caminho e Vida"; a Maria Mãe, Mestra e Rainha dos Apóstolos; a São Paulo Apóstolo.
O desvelo do Fundador é sempre o mesmo: quer que todos entendam que "o primeiro cuidado da Família Paulina deve ser a santidade de vida, o segundo a pureza de doutrina". Sob essa luz deve ser entendido o seu projeto de uma enciclopédia sobre Jesus Mestre (1959).
O pequeno volume Abundantes divitiae gratiae suae (As abundantes riquezas da sua graça), é considerado como a "história carismática da Família Paulina". Família que foi se completando entre 1957 e 1960, com a fundação da quarta congregação feminina, o Instituto Rainha dos Apóstolos para as Vocações (Irmãs Apostolinas) e dos Institutos de Vida Secular Consagrada: São Gabriel Arcanjo, Nossa Senhora da Anunciação, Jesus Sacerdote e Sagrada Família. Dez Instituições (inclusive os Cooperadores Paulinos) unidas entre si pelo mesmo ideal de santidade e de apostolado: viver e anunciar Jesus Cristo Caminho, Verdade e Vida.
Nos anos de 1962-1965, o Padre Alberione foi protagonista silencioso, mas atento, do Concílio Vaticano II, cujas sessões ele participou diariamente.
Padre Alberione viveu 87 anos. No dia 26 de novembro de 1971 deixou a terra para assumir o seu lugar na Casa do Pai. As suas últimas horas tiveram o conforto da visita e da bênção do papa Paulo VI, que jamais ocultou a sua admiração e veneração pelo Padre Alberione. É sempre comovente o testemunho que deu na Audiência concedida à Família Paulina em 28 de junho de 1969 (o Fundador tinha 85 anos):
«Aí está ele: humilde, silencioso, incansável, sempre vigilante, sempre entretido com os seus pensamentos, que se mobilizam entre a oração e a ação, sempre atento para perscrutar os "sinais dos tempos".
Em 25 de junho de 1996 o papa João Paulo II assinou o Decreto por meio do qual eram reconhecidas as virtudes heróicas de Alberione.
Foi beatificado por João Paulo II, aos 27 de Abril de 2003, na Praça de S. Pedro, em Roma.

Personalidade humana de Pe. Alberione




Os biógrafos, bem como aqueles que viveram próximos ao Pe. Alberione, concordam a respeito de alguns traços de sua personalidade.

De saúde frágil desde o nascimento, Padre Alberione trouxe sempre, em seu próprio corpo, os sinais visíveis do sofrimento. Não era de estatura alta e era também ligeiramente curvo por causa de uma espécie de escoliose que muito o fez sofrer desde o início da fundação.

Pouco vivaz e introvertido, demonstrou, desde a infância, maturidade singular. Dedicou-se, com particular empenho, ao estudo e à leitura de obras bastante imponentes, como expressão de sua forte vontade de preparar-se para a realização de grandes coisas na vida.

Entre os seminaristas de Alba, era um dos mais preparados culturalmente. Habituou-se a ler a história, os sinais dos tempos e a projetar grandes empreendimentos, a ter pensamentos grandes, a estar sempre “projetado para a frente”, antecipando as necessidades das pessoas e da Igreja. Essa abertura para a história e as necessidades do homem não levaram Padre Alberione a se tornar um idealista ou um sonhador, mas, antes de tudo, a ser realista e homem de princípios de vida muito simples. Tinha assumido em família um realismo sadio, enfrentando o trabalho e o dia a dia do seu povoado.

Aos dezesseis anos, na famosa noite entre os dois séculos, compreendeu que devia fazer “alguma coisa” em favor das pessoas do novo século, mas algo de concreto. A sua linha de ação, fundamentada em oração incessante, foi: “opor imprensa a impressa, organização a organização... fazer penetrar o evangelho nas massas” (AD 14).

Padre Alberione era também de espírito independente. Possuía uma carga ascética que se desprendia da sua pessoa e que o levava a impor-se como líder.
Apesar do fascínio que exercia sobre jovens e adultos, mediante incentivos e iniciativas, permaneceu sempre um homem que preferia a solidão, sobretudo avesso à notoriedade.

Demonstrou caráter autoritário e forte, diante dos sofrimentos e imprevistos bastante numerosos nas obras que empreendia.

Sempre encontrou tempo e boa vontade para tudo e para todos. Sempre respondeu a todos aqueles que lhe escreviam. Respeitoso e confiante, orientou, encorajou e conduziu pessoalmente todo paulino à realização do projeto de Deus, com respostas, por vezes tão seguras que revelavam particular “iluminação” do Alto. Conduziu adiante a obra, na Itália e no mundo, com indomável constância até os últimos anos de sua vida.

Tinha extraordinária capacidade de valorizar o tempo. Nunca se permitia digressões ou divagações que o afastassem do escopo para o qual tinha sido chamado. Estas eram suas expressões típicas: “Se não chorarmos pelo tempo perdido, por que choraremos?” (Pr E 325); e ainda: “Cuidar dos minutos. É palavra imprópria, mas esclarece uma ideia. ‘Perder tempo, para quem mais sabe, mais desagrada’. Os cinco ou dez minutos multiplicados por cinco ou dez vezes ao dia, perfazem meias horas e horas; e multiplicados por um ano, dez, vinte anos ou mais anos?” (CISP 1089).

Ele tinha um dom extraordinário: o de valorizar toda experiência para entrar plenamente no projeto de Deus. Nele, realmente, “graça e natureza” caminham em perfeita simbiose (cf. AD 43):

• Mestre de Liturgia durante alguns anos no seminário e mestre de cerimônias na catedral, aprendeu a amar “as belas funções litúrgicas” (AD 73). Eis, então, as Pias Discípulas, com finalidades litúrgicas (AD 74).

• Foi-lhe confiada a Escola de Arte Sacra (AD 76). Os maravilhosos templos construídos (São Paulo, Rainha dos Apóstolos, Divino Mestre) são frutos dessa experiência.

• Desenvolveu trabalho de catequese durante vários anos, desde clérigo. Daí o empenho por uma obra catequética “considerada a primeira e fundamental” na Família Paulina (AD 81).

• Exerceu o ministério pastoral em três paróquias (AD 82). Foi então que concebeu a ideia das Irmãs Pastorinhas, as colaboradoras dos pastores.

• No estudo dos Santos Padres, refletiu sobre a colaboração de “pessoas generosas ao lado do sacerdócio” (AD 39). Eis os Discípulos do Divino Mestre (AD 42); eis “a mulher associada ao zelo sacerdotal” (AD 109).



Personalidade espiritual de Pe. Alberione







Se a personalidade de Padre Alberione foi grande em sua figura de homem e homem de ação, bem mais se pode dizer dele sob o ponto de vista espiritual.
Ele se definiu “um milagre de Deus” (PA 18), tendo consciência da extraordinária obra de Deus realizada nele e por meio dele, em benefício da Igreja (cf. UPS I, 374-375; AD 209).

Acreditou intensamente, demonstrando-se dócil à ação da graça (cf. AD 44), que o dotou de profunda vitalidade interior, enraizada em corpo fisicamente frágil. “Trazemos este tesouro em vasos de argila, para que este incomparável poder seja de Deus e não de nós” (2Cor 4,7).

Em Padre Alberione, é impossível separar o homem sempre concreto e de ação, do homem de oração ininterrupta; a síntese é o “homem espiritual” de que fala São Paulo: “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus; são loucuras para ele... O homem espiritual, ao contrário, julga a respeito de tudo” (1Cor 2,14-15), sabe discernir os sinais de Deus e os tempos do Espírito, para atender às necessidades do homem de sua época.

Nos tempos de sua juventude, além do estudo, ele julga prioritário o empenho da oração, da qual nunca se descuida ao longo dos anos, apesar dos seus numerosos compromissos. Amou pois a oração e fez com que seus filhos também a amassem; chegou a afirmar: “Não merece o nome de religioso, e não o é de fato, quem não coloca em primeiríssimo lugar a oração” (UPS II, 9).

Com a assiduidade de um contemplativo, permanecia em oração de quatro a seis horas todos os dias. Levantava-se muito cedo pela manhã, para permanecer na igreja até a hora do café: Santa Missa, breviário, meditação, oração... À tarde, precedia seus filhos na visita eucarística: uma hora de oração, para viver segundo um método por ele mesmo proposto e denominado: Verdade (escuta da Palavra), Caminho (diálogo com a Palavra), Vida (orando com a Palavra) (cf. L. Rolfo, pp. 394ss.).

Totalmente dedicado à missão de evangelizar, preocupou-se em dar uma forte espiritualidade aos seus filhos: “A Família Paulina deseja viver integralmente o Evangelho de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, no espírito de São Paulo, sob o olhar da Rainha dos Apóstolos” (AD 93).



• “O homem todo em Cristo, com pleno amor a Deus: mente, vontade, coração, forças físicas. Tudo, natureza e graça e vocação, pelo apostolado. Carro que corre apoiado sobre quatro rodas: santidade, estudo, apostolado, pobreza” (AD 100). Este é o centro, o núcleo da espiritualidade que estimula cada filho de Padre Alberione, no esforço concreto e na completa doação de si a serviço da evangelização. Essa espiritualidade será retomada infindas vezes pelo Fundador, nos numerosos encontros de animação que ele dirigia pessoalmente.

• O conhecimento e a admiração pessoal por São Paulo fizeram com que ele o visse como o apóstolo que, melhor do que todos, compreendeu e interpretou os ensinamentos de Jesus (cf. AD 64ss.). Como tal, portanto, indicou São Paulo como verdadeiro Fundador do Instituto e modelo de vida espiritual.
• Também a devoção a Maria, como Rainha dos Apóstolos, expressa a intenção do Fundador de ver Maria como o modelo de disponibilidade à ação do Espírito e como aquela que por primeiro deu Jesus ao mundo.

Esses traços essenciais, que agora constituem o patrimônio comum, o “espírito” comum a todo membro da Família Paulina, foram os traços que caracterizaram, acima de tudo, a vida espiritual do Fundador e que constituem a sua herança mais preciosa para os seus filhos (cf. AD 4).




Ambiente histórico em que viveu Padre Alberione



O ambiente que interessa conhecer e aprofundar para contextualizar historicamente a pessoa e a obra de Padre Alberione, não é o econômico-social e muito menos o político, mas sobretudo o religioso. No entanto, a situação político-econômico-social é pelo menos o pano de fundo em que se coloca a vida das pessoas que devem anunciar o Evangelho e das que devem receber este anúncio.
Quando nasceu Tiago Alberione, já fazia cerca de vinte anos (1861) que a Itália tinha conseguido a independência e a unificação, e desde 1870 tinha também a capital definitiva, Roma, depois de ter tido como capitais provisórias Turim e Florença. Em 1876, o poder executivo tinha passado para as mãos da esquerda, com Depretis (1876-87) e Crispi (1887-96): o programa mais democrático (instrução elementar obrigatória, abolição da taxa sobre a farinha, reforma eleitoral) devia, no entanto, conviver com a transformação (que indicava o declínio dos velhos ideais políticos) e com o surgimento de uma nova geração e de novos problemas econômico-sociais.
Com o Vaticano, houve uma breve abertura de conciliação em 1887, mas a maçonaria e o anticlericalismo reinantes tinham levado a “questão romana” aos níveis mais acesos (excomunhão de um lado e comportamento vexatório do outro): também os católicos foram duramente perseguidos depois dos movimentos de 1898, aos quais se seguiu a dissolução das organizações socialistas (o Partido Socialista tinha sido fundado em 1892) e católicas, como também foram retomadas as manifestações redentoras e as desordens sicilianas. O ápice das desordens sociais foi atingido com o assassinato do rei, em Monza, em 1900: Vitório Emanuel III sucedeu a Humberto I.
Na política exterior, a Itália tinha sido humilhada no Congresso de Berlim (1878), tinha sofrido o assim chamado “tapa da Tunísia” (1881) e precisou renunciar à conquista do Egito (1882). Foi então estabelecida a Tríplice Aliança (com a Alemanha e a Áustria, 1882) e desenvolvida a política colonial com a ocupação de Massaua e o tratado de Uccialli, mas aconteceu em 1896 a derrota de Adua; mais tarde, 1911-12 a Itália conseguiu a conquista da Líbia. Ao mesmo tempo, foram restabelecidas boas relações com a França e a Inglaterra no Mediterrâneo (1902) e com a Rússia nos Balcãs (1909).
Do ponto de vista econômico-social, o período entre os dois séculos foi de progresso, especialmente na indústria alimentar (também pela constituição de cooperativas), têxtil (algodão, seda), de mineração (combustíveis fósseis), metalúrgica (em l899 foi fundada a FIAT), do mármore (inovações técnicas de beneficiamento), elétrica, química. Em 1903 havia 1.275.000 empregados na indústria (em 1876 eram 500.000).
No entanto, existiam também sombras: com a industrialização, a exploração do operário mediante baixos salários, horários pesados de trabalho e condições ambientais desconfortáveis. Exatamente nesse contexto, e também em consequência das influências culturais provenientes de parte da Europa, especialmente da França, surgiu na Itália um socialismo preocupado com a defesa dos operários, mas também contaminado por sentimento fortemente anticlerical e por vezes até mesmo antirreligioso, que frequentemente conseguiu conquistar grandes maiorias (embora os católicos não estivessem totalmente ausentes, sobretudo depois de Leão XIII: cf. mais abaixo). Padre Alberione também se esforçou, em 1911, com o cônego Chiesa, para a difusão da doutrina cristã, particularmente da União Popular.
Em 28 de junho de 1914, foi morto em Saravejo o grão-duque Francisco Ferdinando, e a Áustria declarou guerra à Sérvia: foi o estopim que fez desencadear a Primeira Guerra Mundial. A Itália entrou na guerra no ano seguinte, 1915; em 1917 sofreu a derrota de Caporetto, mas se recuperou e terminou vitoriosa (Vitório Vêneto, 1918). Além disso, em 1917, aconteceu a Revolução de Outubro na Rússia. Em 1919, padre Sturzo fundou o Partido Popular Italiano (do qual derivou a Democracia Cristã) e Mussolini fundou o Fascismo; em 1921 foi fundado o Partido Comunista Italiano; em 1922 aconteceu a marcha sobre Roma e o início da ditadura fascista (sobretudo a partir de 1925). Em 1929, aconteceram os Tratados de Latrão com a Concordata. Em 1933 Hitler se torna chanceler na Alemanha. Em 1936, aconteceu a guerra civil na Espanha.
Em 1939, a Alemanha e a Itália (e depois o Japão) estreitam o Acordo de Aço, e com a invasão da Polônia, por parte da Alemanha, teve início a Segunda Guerra Mundial, que terminou em 1945. Mussolini foi deposto em 1943, mas conseguiu, ainda, constituir a República Social; preso pelos opositores, foi morto em Milão a 28 de abril de 1945. Em 1946 foi feito o plebiscito para a escolha entre monarquia e república; em 1948 houve a disputa eleitoral, vencida pela Democracia Cristã de De Gásperi diante da Frente Popular; em 1963 teve início o governo de centro-esquerda.


Em nível internacional, aconteceram em 1945 as conferências de Yalta e Potsdam e a fundação da ONU; em 1946, o início da guerra fria entre EUA e URSS; em 1947, o Tratado de Paz de Paris; em 1948, a constituição do Estado de Israel; em 1949, a NATO; em 1950, a guerra da Coreia; em 1956, a insurreição húngara; em 1957, o Mercado Comum Europeu; em 1959, Castro assume o poder em Cuba; em 1960, Kennedy presidente dos EUA; em 1961, o muro de Berlim e Gagárin no espaço; em 1963, intervenção americana no Vietnã; em 1968, o maio francês, e a primavera de Praga é truncada pelos carros armados soviéticos; em 1969, a chegada do primeiro homem à lua. (Para outros dados, cf. Giovannini, Cronologia comparada...).



Ambiente religioso de Pe. Alberione




Os papas contemporâneos do Padre Alberione foram:
LEÃO XIII: Gioacchino Pecci, de Carpineto (Anagni), papa de 1878 a 1903. Tinha sido bispo de Perugia e dera prova de cultura e de habilidade diplomática; publicou grandes encíclicas sobre as relações entre Igreja e sociedade moderna; retomou a teologia tomista (Aeterni Patris); durante seu pontificado teve fim a Kultur-Kampf alemã; publicou a Rerum novarum sobre a questão social; criou duzentos e quarenta e oito arcebispados ou bispados novos e quarenta e oito vicariatos ou prefeituras apostólicas nas missões; revitalizou os estudos científicos e históricos; celebrou, em Roma, o primeiro concílio dos bispos da América Latina.
PIO X: Giuseppe Sarto, de Riese (Treviso), papa de 1903 a 1914. Tinha sido patriarca de Veneza. Em base ao seu programa: “instaurare omnia in Christo” (restaurar todas as coisas em Cristo), empenhou-se na purificação doutrinal, moral e litúrgica da Igreja, combatendo o modernismo (Pascendi e Lamentabili), desenvolveu o culto eucarístico (comunhão diária, primeira comunhão das crianças, congressos eucarísticos) e deu início às reformas litúrgicas (e da música sacra). Permitiu que os católicos italianos entrassem na luta política.
BENTO XV: Giacomo Della Chiesa, de Pegli (Gênova), papa de 1914 a 1922. Tinha sido arcebispo de Bolonha e discípulo do cardeal Rampolla; continuou a política de Leão XIII, mas ficou comprometido pelo período bélico (que definiu como “matança inútil” e do qual aliviou as misérias) e pós-bélico; publicou o Código de Direito Canônico; deu impulso ao reflorescimento missionário e encorajou o padre Sturzo a fundar o Partido Popular Italiano.
PIO XI: Achille Ratti de Desio (Milão), papa de 1922 a 1939. Tinha sido prefeito da Ambrosiana e da Vaticana e núncio apostólico na Polônia; foi o papa da Ação Católica e das missões; iniciou a Rádio Vaticana e a Pontifícia Academia das Ciências; celebrou três jubileus; condenou o comunismo ateu (Divini Redemptoris), o nazismo (Mit brennender Sorge) e o fascismo (Non abbiamo bisogno); apoiou a Igreja perseguida no México e na Espanha; concluiu os Tratados Lateranenses (11.2.1929) que encerraram a questão romana; promulgou as encíclicas Casti connubii e Quadragesimo Anno.
PIO XII: Eugenio Pacelli, de Roma, papa de 1939 a 1958. Tinha sido núncio apostólico na Alemanha e secretário de estado. Cultíssimo e muito piedoso, fez apelos pela paz e deu assistência às vítimas da Segunda Guerra Mundial; exerceu intenso magistério com mensagens natalinas, discursos, encíclicas (Summi Pontificatus, Fulgens corona, Humani generis); celebrou o Ano Santo (1950), proclamou o dogma da Assunção, aprovou os institutos seculares, reformou a liturgia (o saltério, o jejum eucarístico), apoiou a “Igreja do silêncio” (os países da cortina de ferro e China).
JOÃO XXIII: Angelo Giuseppe Roncalli, de Sotto il Monte (Bergamo), papa de 1958 a 1963. Tinha sido núncio apostólico no Oriente e patriarca de Veneza; foi denominado o “Papa Bom”. Iniciou o Concílio Vaticano II e a revisão do Código de Direito Canônico e realizou o Sínodo romano; reformou o breviário e o missal; promulgou importantes encíclicas, entre as quais Mater et Magistra e Pacem in Terris.
PAULO VI: Giovanni Battista Montini, de Concesio (Brescia), papa de 1963 a 1978. Concluiu o Concílio Vaticano II e deu início às suas aplicações; instituiu o Sínodo dos bispos; reformou a Cúria Romana; promulgou importantes encíclicas (Ecclesiam suam, Mysterium fidei, Populorum progressio, Sacerdotalis celibatus, Humanae Vitae, Octogesima adveniens); realizou viagens apostólicas na Palestina, Índia, Colômbia, Uganda, Estados Unidos (ONU), Filipinas e Extremo Oriente; escreveu uma apaixonada “carta aos homens das Brigadas Vermelhas” e um intenso “Testamento”; quis ser sepultado em túmulo muito simples.

Santos e Beatos que viveram antes ou “no tempo” de Padre Alberione, com a data aproximada de morte:
José Benedito Cottolengo, 1842; Antônio Maria Gianelli, 1846; Vicente Pallotti, 1850; João Mazzucconi, 1855; Carlos Steeb, 1856; Domingos Savio, 1857; João Maria Vianney, o Cura d’Ars, 1859; José Cafasso, João Nepomuceno Neumann, Justino de Jacobis, 1860; Carlos G. Eugênio Mazenod, 1861; Gabriel dell’Addolorata, 1862; Jacques D. Laval, 1864; Madalena Sofia Barat, Adolfo Kolping, 1865; Francisco Maria da Camporosso, Maria De Mattias, 1866; Pedro Julião Eymard, 1868; Antônio Maria Claret, 1870; Francisco Coll, 1875; Catarina Labouré, Frederico Albert, 1876; Bernardete Soubirous, Joana Jugan, 1879; Maria Domingos Mazzarello, 1881; Paula Frassinetti, 1882; Luis Scrosoppi, 1884 (3 de abril, o dia anterior ao nascimento de Pe. Alberione).
Carlos Lwanga e Mártires de Uganda, 1886; Pedro Donders, 1887; João Bosco, Tiago Cusmano, 1888; Maria Anna Sala, 1891; Antonio Maria Pucci, 1892; Salvador Lilli, 1895; Henrique de Ossó y Cervelló, 1896; Teresa do Menino Jesus, Andrea Besette, 1897; Leonardo Murialdo, 1900; Maria Goretti, 1902; Gema Galgani, Clemente Marchisio, 1903; Arnold Janssen, 1909; Miguel Rua, Francisco Febres Cordero, 1910; Maria Leonia Paradis, 1912; S. Pio X, 1914; Luís Guanella, Plácido Riccardi, 1915; Francisca Xavier Cabrini, 1932; Maria Gabriela Sagheddu, 1938; Úrsula Ledochowska, 1939; Luis Orione, 1940; Maximiliano Kolbe, 1941; Leopoldo Mandic (1942).
Institutos Religiosos: Nestes dois últimos séculos houve um florescimento excepcional de congregações e institutos, dos quais queremos agora lembrar os principais e que possuem alguma proximidade às instituições de Pe. Alberione.
Adoradoras perpétuas do SS. Sacramento, 1807; reconstituição dos Jesuítas, Lazaristas e Irmãos das Escolas Cristãs, 1914; Oblatos de Maria Virgem (Lanteri), Missionários do Preciosíssimo Sangue (Gaspar de Bufalo) (1815); Oblatos de Maria Imaculada (Mazenod), Missionários Apostólicos (Bertoni), 1816; Irmãos Maristas (Champagnat), 1817; Pequena Casa da Divina Providência (Cottolengo), Instituto da Caridade (Rosmini), 1818; Filhas de Maria SS. do Horto (Gianelli), Irmãs do Bom Pastor (Pelletier), 1829; Clérigos de S. Paulo (Querbes), 1831; Beneditinos de Solesmes, Irmãs de Maria Menina (Capitanio, Gerosa), 1832; Irmãs do Bom Pastor de Crema (Falletti di Barolo), 1833; Adoradoras do Preciosíssimo Sangue (De Mattias), Irmãs de Santa Doroteia (Frassinetti); Sociedade do Apostolado Católico (Pallotti), 1835; Sociedade de Maria ou Padres Maristas (Colin), 1836; Irmãs do Apostolado Católico (Pallotti), 1843; Agostinianos da Assunção ou Assuncionistas (d’Alzon), 1845; Irmãs do Bom Pastor (Speroni e Del Carretto), 1846; Filhos do Coração Imaculado de Maria (Claret), 1849; Instituto das Missões Estrangeiras de Milão (Ramaz-zotti); Franciscanas Missionárias da Mãe do Divino Pastor (Mogas Fontguberta), 1850; Sacerdotes do Santíssimo Sacramento (Eymard), Adoradoras Servas do Santíssimo Sacramento e da Caridade, 1856; Padres Paulistas (Hecker), 1858; Salesianos (Bosco), 1859; Irmãs Oblatas da Assunção (d’Alzon), 1865; Filhos de Maria Imaculada (G. Frassinetti), Congregação das Missões Africanas (Comboni), 1867; Missionários da África ou Padres Brancos (Lavigerie), Terciárias Franciscanas da Divina Pastora (Mogas F.), 1868; Filhas de Maria Auxiliadora ou Salesianas (Bosco e Mazzarello), Pias Madres da Nigrizia (Comboni), 1872; Sociedade do Verbo Divino ou Verbitas (Janssen), 1875; Sacerdotes do Sagrado Coração (Dehon), Oblatos de São José ou Josefinos de Asti (Marello), 1878; Salvatorianos (Jordan), Missionárias do Sagrado Coração de Jesus (Cabrini), 1880; Servas do Santuário (Masnini de Cornati), 1882; Filhos do Sagrado Coração de Jesus (Comboni), 1885; Pia Sociedade dos Missionários de São Carlos (Scalabrini), 1887; Instituto Xaveriano para as Missões Estrangeiras (Conforti), 1895; Irmãs da Adoração Perpétua, ex-Steyler Missionsschwestern ou Verbitas, 1896; Missionários da Consolata (Allamano), Congregação da Fraternidade Sacerdotal (de la Croix-Prevost), 1901; Pequena Obra da Divina Providência (Orione), 1903; Guanelianos (Guanella), 1908; Missionárias da Consolata (Allamano), 1910; Milícia da Imaculada (Kolbe), 1917; Companhia de São Paulo (Ferrari), 1920; Vocacionistas (Russolillo), 1921; Auxiliares do Clero (Gallot), 1923; Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz ou Opus Dei (Escrivá), 1928; Filhas da Igreja (Moglia), 1931; Pequenos Irmãos de Jesus (De Foucauld, Voillaume), Associadas de Maria Rainha dos Apóstolos (Crowley), 1933; seção feminina da Opus Dei, 1940; Servos da Igreja, instituto diaconal (Torregiani), 1947; Missionárias da Caridade (Madre Teresa de Calcutá), 1950; Missionárias da Caridade (id.), 1963; Comunidade ecumênica de Bose (Bianchi), 1964.
A diocese de Alba é uma das mais antigas na Itália e no mundo, pois remonta ao século IV. Em sua história não faltaram páginas gloriosas e também páginas menos brilhantes: uma destas foi quando em 1796, um grupo de jacobinos e de jansenistas, mediante um apelo particular aos párocos, proclamaram Alba como república independente, fundada sobre o “culto pátrio da nação”, sobre o Evangelho e sobre a democracia. Mais tarde, Alba permaneceu sede vacante durante catorze anos, depois dos desentendimentos entre o papa e o governo piemontês e italiano. A restauração começou com dom Eugênio Galletti, muito bem auxiliado pelo seu secretário, dom Felice Giacomo Allaria, que se torna também vigário geral com dom Lorenzo Pampirio e dom Giuseppe Francesco Re.
Este foi bispo de 1889 a 1933. Preocupou-se em inserir a Igreja de Alba na vasta abertura cultural de Leão XIII e ao mesmo tempo em favorecer a interiorização e o aprofundamento da mensagem cristã, por parte do clero e do povo, por meio dos exercícios espirituais e outras práticas mais ou menos tradicionais, como pregações ordinárias e extraordinárias, quaresmais, ligas religiosas de vários teores.
Junto com ele e Allaria, estiveram numerosos párocos, bem jovens, mas muito bem preparados também culturalmente (com doutorado em Turim ou em Gênova), como Falletti, Vigolungo, Dallorto, Coccino, Lamberti, Novo, Fassino, Donato, e depois Giovanni Battista Rubino (fundador das Luizas), Mosca, Sibona, Gianolio, os irmãos Calorio, Boarino, Prioglio, Berta. O próprio Padre Alberione lembrará em AD 170: “Eles tiveram grande colaboração e conselhos do cardeal Maffi, do cardeal Richelmy, do cônego Allamano, muita ajuda econômica do cônego Priero, dom Sibona, dom Dallorto, dom Brovia; muita ajuda espiritual também do cônego Novo, dom Fassino, D. Rossi, dom Molino, cônego Danusso, cônego Varaldi”.
Lugar a parte, pela colaboração prestada ao Padre Alberione e pela preparação cultural e sobretudo espiritual e pastoral, é reservado ao cônego Francisco Chiesa, servo de Deus (cf. Giovannini, Cronologia Comparada...). 


Originalidade da intuição apostólica de Padre Alberione





Padre Alberione, por causa de sua intuição original, é justamente definido como “profeta dos meios de comunicação de massa”. Por quê?
Segundo São Paulo – em quem Padre Alberione se espelha – o profeta “é aquele que fala às pessoas, edificando-as, exortando-as e consolando-as... Aquele que profetiza, edifica a Igreja” (1Cor 14,1).
O termo “profeta”, na linguagem atual, presta-se a múltiplas concepções:

a) para as pessoas comuns: é aquele que prediz o futuro;

b) no terceiro mundo, frequentemente, é sinônimo de contestador: ou seja, ataca as estruturas opressivas do povo. A intervenção dos profetas, nesta concepção, determina a deflagração de revoluções que nem sempre sanam as injustiças, antes, fazem surgir outras;

c) mas entende-se também (e este parece ser o sentido bíblico genuíno) aquele que, tendo nascido dentro de um sistema, “julga-o” mediante uma luz superior, em nome de Deus: revela os seus limites, as deficiências e anuncia ideias e sinais novos, com uma lucidez que outros contemporâneos não possuem; com fogo interior que o torna capaz de afrontar qualquer dificuldade; imbuído de forte tenacidade e ao mesmo tempo dotado de paciência sem limites; neste sentido, o “profeta” está particularmente atento aos sinais dos tempos e sobretudo respeita os tempos de Deus.

Padre Alberione foi profeta nesta última concepção do termo; muito sensível às mudanças que se aproximavam e capaz de indicá-las com precisão; mas consciente – como afirma em AD 43-44 – de que “não se deve forçar a mão de Deus: basta vigiar, deixar-se conduzir”; “agir tão naturalmente, de modo a não distinguir entre a graça e a natureza, mas contando certamente com uma e outra...”.

Padre Alberione se coloca, com todo o direito, no universo dos profetas, que não apontam o dedo para ameaçar castigos ou denunciar somente os abusos, mas que edificam, acolhendo o impulso do Espírito, sem derramar lágrimas estéreis: “As lágrimas estéreis sobre os males presentes não dão glória a Deus nem proporcionam bem aos homens, não! Faça, você também, alguma coisa” (CISP 1309).

Onde está, pois, a novidade de sua intuição apostólica? Ela surge, com energia, naquilo que chamamos o seu carisma específico: a evangelização através “dos meios mais rápidos e eficazes” no espírito do apóstolo Paulo.

1. Como Paulo: ter tomado Paulo como inspirador da missão, já é um grande sinal profético. Paulo é o homem do Concílio de Jerusalém, o profeta da grande mudança da Igreja primitiva, que leva a romper as cadeias do legalismo judaico, para caminhar em direção a todos os povos. É assim o libertador do cristianismo.
Padre Alberione, na trilha de Paulo, sem estardalhaço, indica à Igreja, com as suas intuições carismáticas, como superar o complexo que a aflige, fazendo-a viver em estado de defesa. Que deixe de lamentar-se, passando à ofensiva “com novo impulso missionário” (AD 19) para recuperar, com novos métodos e novos meios, as massas que se afastaram da Igreja, de Cristo, e talvez de Deus. Portanto, não deixar somente para os adversários o uso maciço dos novos meios de comunicação, mas utilizá-los para o evangelho. Padre Alberione foi, para nós, uma imagem de Paulo vivo na atualidade, colocando os meios de comunicação social ao serviço do evangelho.

2. Com a Igreja: uma sensibilidade especial o conduziu, não somente a sempre acolher as instâncias do Magistério da Igreja, como também a intuir as exigências profundas do homem de hoje. Aqui, adquire plena originalidade a sua intuição espiritual, que coloca como fundamento da sua multiforme instituição: viver o Cristo integral para comunicá-lo ao homem de hoje, tal como se apresentou no Evangelho e como foi vivenciado por São Paulo.

Encontra, na sua ação, a resposta às solicitações dos papas, que indicam na história as necessidades do homem e incentivam as energias vivas da Igreja:• de Leão XIII retoma a doutrina social, a proposta de Cristo Caminho, Verdade e Vida e a oposição entre imprensa e imprensa;

• de Pio X, retoma o sentido da pastoral, a volta às fontes: bíblia e liturgia, o catecismo, a dedicação à Igreja e ao papa; o lema: instaurar tudo em Cristo; 

• de Pio XI, retoma as missões, a vida leiga organizada, a formação científica de seus filhos;

• de Pio XII, retoma a atenção aos novos problemas do mundo, aos novos meios de comunicação social, o direcionamento para os intelectuais e para a necessidade de integrar todos os valores em Cristo;

• o Concílio, do qual participa com a oração, o silêncio, o sofrimento, confirma muitas de suas principais intuições.


Pe. Alberione e os Papas




Entre as notáveis características de Padre Alberione, coloca-se sua adesão às diretrizes da Igreja e do papa, ao lado de seu zelo apostólico e de sua devoção a Nossa Senhora. Em primeiro de maio de 1923, escrevendo a Pio XI, dizia: “Esta é a nossa humilde oração: de sermos corrigidos, conduzidos, aprovados; a nossa alegria é de viver unidos a Vossa Santidade, de obedecer-lhe em tudo, de sermos intimamente seus, até o último suspiro”.
E em 1953 escreveu: “Sempre, somente e em tudo a romanidade. Não existe salvação fora dela; não existem outras provas para demonstrar que o papa é o grande farol aceso por Jesus para a humanidade, em cada século. Os primeiros participantes do Instituto Paulino faziam um quarto voto, “obediência ao papa quanto ao apostolado”, colocado a serviço do vigário de Jesus Cristo” (AD 56-57; cf. Constituições SSP, 47-49).

No boletim “São Paulo”, fevereiro-março de 1956, por ocasião de alguns aniversários de Pio XII que aconteciam nesse mês (cf. CISP 299-305), entre outras coisas, afirmava: “o papa é o propugnador e defensor mais elevado e mais constante da verdadeira civilização”. “Declarar todo o nosso afeto, submissão e dedicação ao papa: somos do papa para sermos de Jesus Cristo” (Pr A 59-60).

E em seu “Testamento” deixado para toda a Família Paulina: “Sinto, diante de Deus e dos homens, a responsabilidade da missão que me foi confiada pelo Senhor... Estamos fundamentados sobre a Igreja e o Vigário de Jesus Cristo, e esta convicção inspira segurança, alegria, coragem” (AD 209).

1. Audiências com os papas

Padre Alberione teve a grande alegria de ser recebido frequentemente nas audiências dos pontífices:
• Em 10 de maio de 1941, obtido o Decreto de louvor da Santa Sé, escreveu: “Se a Igreja nos acolheu e aprovou, devotaremos especial amor a ela e ao papa”. E no dia 12 de julho de 1941, juntamente com o seu Vigário geral, padre Timóteo Giaccardo, foi agradecer ao Santo Padre Pio XII.
• Teve outras audiências nos dias 27 de fevereiro e, depois, a 16 de abril de 1957, junto com os Padres Capitulares do Primeiro Capítulo Geral.
• Por ocasião das bodas de ouro sacerdotais de Padre Alberione, Pio XII, em 20 de junho de 1957, mandou-lhe uma carta que começa com as palavras: “Ea consideratione”.
• Em 19 de outubro de 1961, Padre Alberione recebeu uma carta apostólica do papa João XXIII, pela qual o Pontífice recordava o 25º aniversário da transferência de Alba para Roma da Sociedade Bíblica Católica Internacional.
• Em 19 de fevereiro de 1963, ainda o papa João enviou a Padre Alberione um seu Breve, com o qual elevava à União Primária a Pia União “oração, sofrimento e caridade por todas as vocações”.
• Em 22 de março de 1964, Paulo VI enviou-lhe uma carta intitulada “Octogesimus natalis”, por ocasião de seu octogésimo aniversário.
• Em 10 de abril de 1964, Padre Alberione foi recebido em audiência privada por Paulo VI.
• Em 28 de junho de 1969, durante o Capítulo Geral da SSP, em comovente audiência especial concedida à Família Paulina, Paulo VI conferiu-lhe a cruz “Pro Ecclesia et Pontifice”.
• Enfim, em 26 de novembro de 1971, Paulo VI visitou Padre Alberione uma hora antes de sua morte em Roma, na Via Alessandro Severo.

2. Grande reconhecimento aos papas
Padre Alberione sempre buscou, de modo abundante, nos ensinamentos pontifícios, os estímulos para a espiritualidade e o apostolado paulinos:

• Leão XIII (1878–1903): Ainda jovem estudante, Alberione tinha compreendido as preocupações deste papa a respeito das questões sociais, a liberdade religiosa, a base cristocêntrica, a abertura para novas formas de apostolado (cf. AD 14.19-20. 52. 67).
• Pio X (1903-1914): No primeiro manuscrito do conhecido volume AD 50, lê-se: “Pio X aparecia e se apresentava numa luz fascinante: o novo Jesus Cristo visível entre as multidões”. Depois, em uma anotação: “Depois de Leão XIII, construtor ideal, surgiu o pontífice da prática”. Estas observações dão testemunho do afeto e também do esforço mental com que Padre Alberione se aproximava destas augustas figuras de pontífices do período de sua formação.
• Bento XV (1914-1922) e Pio XI (1922-1939): Sobre estes papas, parece que existe em Padre Alberione uma pausa de silêncio; por diversos motivos histórico-políticos, não despertaram em Padre Alberione particulares motivações, para lhes expressar todo o seu amor e dedicação.
• Pio XII (1939-1958): São muitas as referências relativas a este pontífice: “Pensar com o papa, viver unidos a ele, falar como fala o papa, ter do papa o coração e as ardentes aspirações” (1941); depois da audiência de 12 de julho de 1941, escrevia: “... Eu não sei se a amabilidade do Divino Mestre possa ser melhor imitada por um homem, tal como o Santo Padre me pareceu identificado com Jesus Cristo” (CISP 112). “O magistério de Pio XII foi magnífico; com certeza, insuperável... todos nos esforçamos para colocar a nossa atividade apostólica a serviço do papa e da Igreja; humildemente, mas com tenacidade...” (CISP 301).
• João XXIII (1958-1963): “É o grande presente do Senhor para a Igreja. É o pontífice querido pela Providência para os tempos e as necessidades atuais... Diante dele, Vigário de Cristo, inclinamo-nos como diante daquele que ele representa e de quem faz as vezes na terra... Como Paulinos, protestamos a ele filial serviço para qualquer desejo” (CISP 310). “João XIII, o Papa Bom, teve para com a Família Paulina gestos de generosa benevolência e de compreensão paterna” (CISP 321).
• Paulo VI (1963-1978): Este pontífice conhecia profundamente o espírito e a atividade da Família Paulina; sempre “venerou” o nosso Fundador; e, por ocasião da entrega da cruz “Pro Ecclesia et Pontifice”, traçou um perfil sintético e magnífico de Padre Alberione (cf. CISP 553); mas foi recíproca a veneração de Padre Alberione por Paulo VI, o papa do Concílio (cf. CISP 535 ss.).