segunda-feira, 25 de março de 2013

Pequeno diário de uma grande viagem



Vamos imaginar que é domingo de manhã, dia ensolarado, e em vez de estarmos na igreja, estamos em casa lendo (talvez a Bíblia), olhando pela janela, sonhando acordado, num estado de bem estar, descansando depois do trabalho da semana.
De repente Jesus chega à porta da casa, em baixo da janela, montado num jumento, e a seu lado um jumentinho já selado esperando um cavaleiro.
- “Vem”, diz ele, “vamos passar uma semana juntos, saindo e fazendo façanhas”.
- “Esta semana não posso. É Semana Santa”.
- “Isto mesmo; é a semana para ir cavalgar comigo. Só fique ao meu lado: não desapareça! E lembre-se: tudo o que eu faço, faça; tudo o que eu sofro, sofra”.
Então repito a mim mesmo as instruções: tudo o que eu faço, faça ; tudo o que eu sofro, sofra.
Como já disse, é:

Domingo.
- E qual vai ser a nossa primeira aventura?
Entrada de uma grande e antiga cidade oriental – gritos, cantos, aromas do grande mercado, aclamações, palmas reverências.
O povo está gritando “Hosana ao filho de Davi, o que quer dizer, aos filhos – de Davi!” (temos tudo em comum, eu e meu amigo Jesus: um hosana para ele, um para mim). “Mestre”, a turba diz a mim “Rabi”. Isto é que é vida: honra, reconhecimento.

Segunda feira:
- “O que é que está na agenda hoje, Jesus?”
É um jantar na casa de uma família amiga: Marta, Maria e Lázaro.
Maria chega à mesa, onde estamos sentados, com um vaso de ungüento aromático. Primeiro unge a cabeça de Jesus, e logo em seguida a minha.
Agora vejo que há um aspecto solene nesta coisa de ser amigo de Jesus: lindo, mas misterioso. Que poderia significar um tal gesto, para o que estou sendo ungido? Minha pergunta paira no ar.

Quarta feira:
Jesus fala comigo a respeito da celebração da Páscoa que está se aproximando. Apresenta-me aos seus discípulos.
Gosto da maioria.
Há um, porém, que me olha de esguelha. Sorri, mas como se eu fosse algo para vender, como se ele fosse capaz de vender qualquer um, se obtivesse lucro; chama-se Judas.
Sinto medo, sinto frio.

Quinta feira: mais um jantar festivo!
Evidentemente, há uma pitada de verdade neste boato que anda por aí de ser Jesus um pouco comilão. Mas no meio da ceia, ele levanta-se, tira sua túnica, e me passa uma toalha.
- “Tome, e cinja-a. Vamos lavar os pés dos hóspedes”.
Duvido, hesito. Não sei lavar pés, coisa de escravo.
- “Não”, diz Jesus, “só faça. É um símbolo bom para alguém que quer dar a sua vida”.
Eu me pergunto: por que dar a minha bela vida? E se eu a der, o que vai acontecer comigo?

Quinta feira ainda mais tarde:
Nós dois vamos passear um pouco, vamos para um jardim. Os outros estão em casa, dormindo.
- “Agora, rezemos”.
Olho para ele, em busca de explicações.
- “Reze por mim”, diz Jesus, com uma intensidade que me faz estranhar. “Reze por seu amigo que vai estar precisando das orações de uma pessoa de confiança... E reze por si mesmo, pois vai precisar de orações para continuar nesta aventura comigo”.
Enquanto ele fala, ouvem-se passos e o tintilar das armas.

Sexta feira à tarde:
Vocês pensam que há três cruzes fora de Jerusalém?
Há quatro, quatro. Não discutam comigo. Eu sei,...estou pendurado na quarta. Faz tempo que estamos aqui: dois ladrões, eu, e meu amigo.
Meu amigo? Foi por isso que ele me convidou para sair de minha casa bonitinha? Foi para morrer? Sim, hoje estamos morrendo. Só que eu não quero. “O que eu fiz, o que eu fiz, o que eu fiz?”, pergunto-me.
Ao meu redor ouço duas vozes, duas frases: “Eu não quero sofrer” e “Sofra o que eu sofro”.

Domingo muito cedo (eu acho):
Como um sapo, como uma cobra, eis-me aqui, embaixo de uma pedra enorme, tão pesada que ninguém consegue movê-la. Faz quanto tempo que estou aqui? Quem se importa? É este o começo de uma eternidade escura?
Subitamente ouço uma voz conhecida, voz poderosa, voz mandona: Viva!
E mais uma vez, bem diferente do que antes, eu vivo, eu vejo, eu sou!
E meu amigo? Cadê ele? Oh – ele está tão perto, tão perto. Ele vive em mim. Ele é a vida da minha vida.
Não basta mais o nome de amigo. Deixe-me proclamá-lo: “Meu Senhor e meu Deus”.


Hoje meus amigos, Jesus vem às suas casas, como vocês estão agora na casa Dele.
Ele os convida para passar esta semana em união com Ele, para selar uma nova e eterna aliança, no seu sangue, para receber a vida Dele e dar a sua vida nas mãos Dele.
A Semana Santa não é uma memória morta de uma época passada. A Semana Santa é a reapresentação da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. A diferença é que há dois mil anos vocês não existiam, não podiam participar. Agora existem, e podem participar se quiserem.
Por meio da celebração desta Semana, Deus quer que cada um de nós se una profundamente a Jesus. Esta é a nossa salvação: ao reproduzir seu mistério nas condições de nossa vida, tornamo-nos um com Ele.

Dom Bernardo Bonowitz, ocso 
Homilia de Domingo de Ramos da Semana Santa de 28/04/1999.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Habemus Francisco!







Um gesto vale por mil palavras.
E quando temos muito gestos, quantas palavras não teremos?
Vamos olhar para Francisco, ele quer nos dizer algo...
Ele começa nos recordando que a fraternidade precisa ser reaquecida, inflamada.
Ele traduz para nós o verdadiro sentido do ser um com o outro.
Ele nos mostra que valoriza o caminho, não os sapatos.
Ele faz como Jesus, e paga seus tributos.
Viva o Papa!
Habemus Francisco!

sábado, 16 de março de 2013

Aprendendo a falar...



Acompanhe na seção Entrevista a conversa de Zenit com o professor Pedro José de Rezende, palestrante do "Alegrias e Desafios", que fala sobre as dificuldades de comunicação entre casais. Essa conversa aconteceu em janeiro de 2013.


"Alegrias e Desafios" é uma iniciativa de um grupo de pais interessados em promover atividades que visam o crescimento da família nos seus valores cristãos, na qualidade do relacionamento conjugal e no aprimoramento do processo educativo dos filhos. Realizam essas atividades em coordenação com pais que participam nessa iniciativa, em colaboração com escolas, centros de estudos ou meramente famílias desejosas por contribuir para uma sociedade melhor.

"Nossa experiência ao ministrar cursos para casais (tanto sobre matrimônio quanto sobre educação de filhos) mostra que os mais frequentes desacordos vêm de diferenças perfeitamente conciliáveis", afirmou o Professor Pedro.


terça-feira, 12 de março de 2013

Desfazendo os nós do egoísmo



O momento histórico que passamos, sem dúvida, não valoriza a família.
Estamos assistindo a uma guerra que quer extirpar os alicerces da nossa civilização.

Assim como em Gênesis vimos a primeira luta contra a vida e a família, sutilmente arquitetada pelo demônio, que sempre trabalha para colocar obstáculos aos projetos do Criador, continuamos a assistir ao longo da história da humanidade incompreensões e ódios, que geraram comportamentos que se  alicerçam numa razão cínica e fria, e que se tornaram crimes hediondos.

Basta lembrar dos campos de concentração e do extermínio de seres humanos, dos genocídios, da prática do aborto, da eutanásia e da manipulação genética, estes dois últimos considerados apenas “práticas médicas”.

Ao contemplarmos a luta que se ergue para desfazer aquilo que foi confiado pelos céus a um homem e uma mulher, ou seja, a formação de uma família, descortina-se diante de nós novamente o trágico cenário de Sodoma e Gomorra, onde  a destruição das cidades não ocorreu pela fúria de uma divindade consumida por vingança, mas pelo abismo dos vícios a que se lançaram seus habitantes.

Para que possamos reverter este quadro, não vamos consultar os profissionais do comportamento, nem tampouco perder tempo discutindo aquilo que já sabemos há muito tempo. A solução para a família é a santidade vivida, compartilhada e conservada em nossas casas.  Ela passa pelo exemplo da família de Nazaré, que sempre soube amar, servir e partilhar alegrias, à despeito das grandes dificuldades que passou. Uma família que soube dar completo e pleno sentido a cada lágrima e a cada tristeza, vividos como dons da graça, e oferecidos pela salvação do mundo.

Maria e José souberam unir forças para dar pleno cumprimento à vontade de Deus, trilhar os caminhos da santidade e alcançar juntos a meta do céu. Eles se ajudaram mutuamente na fé, quando as coisas não aconteciam como eles haviam sonhado. Eles desamarraram os nós do egoísmo, e foram de encontro um ao outro, para levar a cabo os planos do Pai, que lhes confiara seu próprio Filho, tesouro muito além de qualquer expectativa.

Já nos aproximamos da festa de São José (19 de março), modelo de pai, esposo, de fidelidade, de obediência à vontade de Deus, e defensor da família. Peçamos que ele interceda por nossas famílias, a fim de que elas encontrem de novo a coragem de se reconstruírem a partir do amor, e do sair de si em direção ao outro.


Que o modelo ideal dos esposos de Nazaré se reflita na imagem dos nossos lares, dê alívio às nossas preocupações, nos sustente na jornada dolorosa da vida.

Aos desafios crescentes de um mundo enlouquecido, que confunde as mentes, que apóia e defende leis devastadoras, nós queremos aprender na escola de Nazaré a ser homens e mulheres de verdade, santos, caridosos, células vitais de um tecido social desintegrado, mas sedento mais do que nunca, da luz e da verdade.

Reflexão baseada em texto de Pe. Mário Piatti, ICMS


sexta-feira, 8 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher


segunda-feira, 4 de março de 2013

Gianna Jessen, a menina que sobreviveu a um aborto



Por Gaia Bottino

ROMA, segunda-feira, 10 de dezembro de 2012 (ZENIT.org
Gianna Jessen é uma figura bem conhecida nas realidades dos movimentos em favor da vida, e no encontro em que ela foi protagonista no passado dia 4 de dezembro na paróquia Gran Mãe de Deus no Ponte Milvio, estavam presentes mais de mil pessoas, na maioria jovens, desejosos de escutar a história desta pequena mulher com olhos iluminados de uma alegria fora do normal, de como conseguiu transformar a sua vida numa obra prima. 

Gianna Jessen tornou-se o símbolo do movimento pro-vida nos Estados Unidos. A sua história pessoal, que inspirou o filme October Baby, tem o sabor de milagre: há 35 anos, nasceu Gianna viva em uma clínica de aborto ligada à associação Planned Parenthood; sua mãe, então 17 anos de idade e no sétimo mês de gravidez, tinha sido aconselhada para abortar por meio do aborto salino que consiste na injeção no útero de uma solução salina que corroe o feto e o leva à morte em 24 horas. 

Apesar dos planos humanos, Gianna vê a luz como decidido pelos projetos da Providência: a técnica do aborto salino não funcionou com o bebê e nasceu viva depois de 18 horas, ainda que a falta de oxigênio dentro do útero tenha provocado nela uma paralisia cerebral e muscular. No entanto Gianna aprendeu a caminhar com tutores aos três anos, aos vinte anos conseguiu caminhar sem tutor até correr no 2006 na maratona de Nova York para sensibilizar a opinião pública sobre o tema do aborto. 

Gianna perdoou a sua mãe por ter tentado abortá-la: a sua dor se transformou em esperança, a sua raiva em desejo de realizar uma missão que está se revelando a vocação da sua vida: obter a igualdade de direitos do nascituro, bem como para a mulher que o concebeu.




"Se o aborto é uma questão de direitos da mulher, onde estavam os meus? - Perguntou Gianna com voz firme diante dos milhares presentes no Ponte Milvio -. Não existe nenhuma feminista que protesta porque os meus direitos foram violados e a vida foi sufocada em nome dos direitos das mulheres?". 


O único propósito de Gianna que se chama "a criança de Deus" é o de fazer sorrir o Criador: “Odiaram-me desde a concepção. Mas tenho sido amada por muitas outras pessoas e especialmente por Deus. Sou a sua menina. Eu não posso estar neste mundo sem dar todo o meu coração, a minha mente, a minha alma e a minha força para Cristo que me deu a vida”. 

A Beata Madre Teresa de Calcutá, disse isso sobre o testemunho de Gianna Jessen: “Deus está usando Gianna para lembrar ao mundo que cada ser humano é precioso para Ele. É bonito ver a força do amor de Jesus derramado em seu coração. A minha oração por Gianna, e por todos aqueles que a escutam, é que a mensagem do amor de Deus coloque fim ao aborto com o poder do amor”. 

Gianna mostra a sua fé através de suas palavras e ações: deu provas de como Deus pode manifestar-se através das obras de um ser humano; a tarefa mais elevada à qual um indivíduo pode aspirar. 

(Tradução Thácio Siqueira)