sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Caritas lança fundo humanitário de emergência para a Síria

Cidade do Vaticano (RV) - A cidade síria de Aleppo está quase toda destruída e um acordo político entre as partes parece distante. Os apelos da Nações Unidas por uma trégua humanitária ainda não foram ouvidos. Aleppo, a cidade símbolo de convivência entre cultura e religião, atravessa um dos momentos mais duros de sua história.

 Há cinco ano, as forças armadas em campo não poupam qualquer meio para obter a vitória. É necessária uma trégua, os conflitos atingem os mais fracos, os doentes, as crianças. Na cidade já faltam comida, água, remédios.

Apelos de Paz 
"Infelizmente, continuam chegando notícias de vítimas civis na Síria, principalmente em Aleppo. É inaceitável que tantas pessoas inocentes, civis e sobretudo tantas crianças, paguem o preço deste conflito, o preço de um coração fechado e da falta de vontade de paz dos poderosos”.

Este foi o milésimo apelo do Papa Francisco para a paz na Síria.

Apelos como este não param de chegar: a Comunidade de Santo Egídio também pediu uma trégua para a cidade.

"A história - escreveu recentemente Andrea Riccardi, fundador da Comunidade - se dará conta de tantos mortos e de tanta destruição. É preciso parar enquanto ainda existe um pouco de esperança e vida. Não podemos deixar que Aleppo morra debaixo dos nossos olhos".
 
Caritas  
Desde o início do conflito a Caritas tem fornecido comida, assistência de saúde, alojamentos, proteção e meios de subsistência para os habitantes da Síria e refugiados.

Em julho, uma vídeo mensagem do Papa à Caritas lançou uma campanha pedindo que todas as partes envolvidas nos conflitos se encontrem para o diálogo, a fim de buscar uma solução pacífica na qual seja assegurado o sustento das milhares de pessoas atingidas pela guerra e devolvida a esperança a todos os sírios, dentro e fora do país.

Fundo Humanitário de emergência  
Para responder as necessidades das famílias em Aleppo, a Caritas da Síria, lançou um fundo de emergência.

A Caritas Italiana agradece a arrecadação de um milhão de euros destinados aos países do Oriente Médio que acolheram refugiados (Jordânia, Líbano, Turquia, Grécia). Em 2016 já foram disponibilizados cerca de 500.000 euros para projetos de assistência básica, medicamentos e alojamentos.

Rádio Vaticano

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Maior obra de misericórdia da Família Paulina: dar Jesus Mestre e Pastor na ótica da comunicação


A abundância de reflexões sobre a misericórdia é oferecida, nestes tempos, em todas as partes do mundo. De caráter universal as reflexões vêm acompanhadas de gestos expressivos e significativos desde os pequenos aos adultos, dos pobres aos ricos. Todos são convidados para o banquete da reconciliação, a "festa da misericórdia".

Dentre várias abordagens está aquela de perceber qual a verdadeira necessidade das pessoas, e que, tantas vezes, elas não sabem manifestar. É a sede de algo a mais, é a fome de um pão que não perece, é a libertação de cadeias intrincadas e manipuladoras, é a proximidade que expele a solidão, é a veste da pureza e da verdade substituindo o falso e as meias verdades.

Um pequeno grande santo, o Beato Tiago Alberione, percebeu a profundidade e a exigência da misericórdia por excelência - dar ao mundo Jesus Mestre e Pastor. Este sim é aquele que ama, que cura, que é o Caminho, a Verdade e a Vida, de quem as pessoas tanto precisam e muitas vezes não sabem buscar. E Alberione como homem do Espírito, seguiu sua inspiração e deixou a mesma percepção e vocação para os continuadores de sua missão - a Família Paulina.

A essa grande Família ele confiou a missão de perguntar: "Para onde vai essa humanidade?" Alberione compreendeu que é no mundo da comunicação que as pessoas se alimentam, se vestem, se plasmam na verdade ou na mentira, constroem muros ou os derrubam, criam ou distorcem suas consciências, enfim, nutrem e formam suas mentes, suas vontades e seus corações. 

Pediu então aos seguidores de jesus, no carisma paulino, que praticassem a "misericórdia por excelência", dar Jesus.

É preciso lutar para criar uma consciência ética que forma, alimenta e constrói uma sociedade que viva a vocação primeira: ser gente. A começar com o mundo da comunicação.

Vale então a pergunta: No mundo da comunicação, somos apenas vítimas? Ou realmente nos assentamos no "banquete da misericórdia", para darmos Jesus Mestre e Pastor de forma atual, criativa e corajosa?

Irmã Joana T. Puntel, fsp 

terça-feira, 13 de setembro de 2016

O governo de si mesmo


A sexualidade é um dom divino, exerce uma função sagrada pela qual o amor humano, no casamento, recebe uma expressão única de união que o associa à criatividade de Deus. A pornografia implica uma degradação essencial desta realidade sagrada, pois tende a despertar o sexo em função do próprio sexo e não do amor e da procriação. E isso é degradar o seu sentido e o seu papel, reduzindo-o ao nível de um instinto animal cujo único objetivo é procurar uma satisfação sensual imediata.

Num plano mais amplo do que estamos considerando agora, não há dúvida de que uma pessoa que não controla os seus apetites ou instintos não pode relacionar-se com os outros de um modo verdadeiramente humano, porque os seus impulsos descontrolados a impedirão de respeitá-los. Usará ou abusará dos outros como objetos, e não os respeitará como pessoas. O capitalista, dominado pela avareza, explorará os seus empregados, ainda que arranje mil razões para justificar a sua conduta. O terrorista, dominado pelo nacionalismo exaltado, pelo ódio cego ou pelo desejo de vingança, sequestrará, torturará ou matará vítimas inocentes. O fabricante de pornografia ou, mais especialmente, o seu cliente - a pessoa dominada ou obcecada pelo sexo - , explorará igualmente os outros, se puder; porque as outras pessoas só lhe interessarão na medida em que possam satisfazer o seu apetite obsessivo. Nos outros não verá pessoas, mas apenas objetos, objetos a serem desejados e usados, dos quais possa abusar e depois desfazer-se. O respeito pelos outros tornar-se-á uma expressão sem sentido para a sua mente confusa, e uma meta inacessível para a sua vontade enfraquecida e para a sua natureza cada vez mais egoísta.

Há a necessidade da autocensura. A indicação moral prática aqui é saber que obras podem deformá-lo ou degradá-lo, e a sinceridade e a força de vontade para evitá-las. A autocensura é simplesmente uma expressão do autocontrole, e o autocontrole é essencial à liberdade social individual. Afinal de contas, se uma pessoa não exerce o autocontrole, com toda a certeza estará sendo controlada por outros. Este controle ou manipulação da maioria pela minoria, especialmente por meio do sexo, cobre campos e interesses muito mais vastos do que se poderia imaginar à primeira vista. 

Mas para não perder a liberdade, ou a alma, é essencial compreender que podemos perdê-las, e saber reconhecer e evitar aquelas coisas que podem privar-nos delas. 

Por que haverá tantas pessoas hoje em dia que não exercem o autocontrole? Será que pensam que o perigo não existe? Será que pensam que não têm nada a perder? Nunca perscrutaram o céu, nem acreditam no veneno que têm ingerido há anos?  Era nelas que o autor inspirado pensava quando escreveu:

"Conheço as tuas obras: tens nome de vivo, mas estás morto [...] Lembra-te de como recebeste e ouviste a doutrina. Observa-a e arrepende-te. Se não vigiares, virei a ti como um ladrão, e não saberás em que momento te surpreenderei" (Apo 3,1-3)

Cormac Burke

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Todas as palavras da Bíblia são portadoras de vida, geram vida e realizam as pessoas.

Deus quer o bem de todos. Fomos feitos à sua imagem e semelhança, com o precioso dom da liberdade, assim como o bem da comunhão. Fomos todos feitos para a felicidade e a plena realização, não para a tristeza ou o pecado! “Deus não fez a morte, nem se alegra com a perdição dos vivos. Ele criou todas as coisas para existirem, e as criaturas do orbe terrestre são saudáveis: nelas não há nenhum veneno mortal, e não é o mundo dos mortos que reina sobre a terra, pois a justiça é imortal. Mas os ímpios chamam a morte com gestos e palavras: considerando-a amiga, perderam-se e fizeram aliança com ela: de fato, são dignos de pertencer ao seu partido” (Sb 1, 13-16).

O livro da vida, escrito por Deus com mente, coração e mãos de artista, é história do bem que o Senhor quer para todos. E o livro da Escritura, Palavra de Deus que ilumina a existência humana, é caminho de felicidade e realização, pois “a lei do Senhor é perfeita, conforto para a alma; o testemunho do Senhor é verdadeiro, torna sábios os pequenos. As ordens do Senhor são justas, alegram o coração; os mandamentos do Senhor são retos, iluminam os olhos” (Sl 18, 8-9). Todas as palavras da Bíblia são portadoras de vida, geram vida e realizam as pessoas.

Quando Jesus conta as parábolas, palavras de Deus e palavras da vida, revela-se o Deus verdadeiro, que entende de humanidade, e o homem verdadeiro, com apurada sensibilidade para as realidades e sentimentos humanos. Casamento, plantas, sal, luz, dinheiro, terras, administração, herança, peixes, ovelhas e tantas outras realidades humanas entram na lista dos assuntos de Jesus. São luzes acesas para entender a vida e viver a Palavra!

Uma das mais preciosas parábolas é a do semeador (Mt 13, 1-23), inclusive explicada pelo próprio Senhor. A parábola é realista e positivamente provocativa, quando boa semente é lançada em todos os terrenos existentes. Chama atenção o fato de que o Semeador não desanima em seu trabalho, mas continua lançando a semente, e o faz até o fim dos tempos, quando acontecerá a grande colheita. Acredita na qualidade da boa semente, com a certeza de que os frutos virão!

Ora, o que então dificulta o anúncio dos valores do Reino de Deus? Por que tanta gente recusa a Boa Nova? Qual a explicação para o devassador fenômeno do indiferentismo? Como entender o fato de as pessoas preferirem o caminho do egoísmo e da maldade, se foram feitas para o bem e não para o pecado? Ainda que não tenhamos uma explicação completa para tais fatos, é bom saber que Jesus alertou, com a sabedoria que sobeja em suas afirmações, que “a todo aquele que ouve a palavra do Reino e não a compreende, vem o Maligno e rouba o que foi semeado em seu coração” (Mt 13, 19). Misteriosamente, sim, mas convivemos com a realidade da tentação, e ela tem nome! Só que o outro polo, o da liberdade, é decisivo. Deus é fiel e não permite que sejamos provados acima de nossas forças. Pelo contrário, junto com a provação ele providencia o bom êxito, para que possamos suportá-la (Cf. I Cor 10, 13).

Apenas para avançar um pouco mais na árdua e gratificante tarefa do anúncio do Evangelho, é possível crescer na descoberta do bem existente em todas as pessoas e ambientes. Também para que identificar o que está errado e onde é possível consertar, é sinal de inteligência e de fidelidade às inspirações do Espírito Santo identificar as sementes do Verbo de Deus presentes ao nosso redor e continuar a plantar o bem, pois o remédio é a própria boa semente!

Depois, se o que assusta é a beira do caminho, onde as sementes se dispersam, vale parar um pouco, com atenção àqueles que caíram e se deixaram envolver pela tentação, pois pode ter chegado a hora de Deus para eles. Evangelização corpo a corpo, porta a porta, presença amiga, misericórdia.

Terreno pedregoso, superficialidade, pouca raiz? Isto exige tempo e dedicação, paciência com as idas e vindas, instabilidades e indecisões das pessoas a serem amadas e acompanhadas. É de São Paulo a proposta: “Proclama a Palavra, insiste oportuna ou inoportunamente, convence, repreende, exorta, com toda a paciência e com a preocupação de ensinar” (2 Tm 4, 2).

Preocupações do mundo e ilusão das riquezas? Situações tão comuns que podem levar a descartar os que as têm em abundância, de carteiras ou cofres cheios ou vazios. Insistir, suscitar partilha, enfrentar os espinhos, pois atrás deles podem existir rosas!

Como sempre acontece, a cada tempo florescem também os frutos de cem, sessenta e trinta da boa semente (Cf. Mt 13, 23). Estes realimentam o otimismo incorrigível de quem anuncia o Evangelho, pois a Palavra produz sempre seus efeitos.

Dom Alberto Taveira - Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará