quinta-feira, 28 de abril de 2022

A coragem dos pobres de espírito

Quem São os Pobres de Espírito - Coalizão pelo Evangelho (TGC Brasil)  

Curiosamente, o medo acompanha a riqueza. Imaginamos que quanto mais temos, mais seguros estamos. Em termos muito objetivos, isso é verdade. Mas, em termos subjetivos, frequentemente se dá o inverso. Quem muito tem, muito pode perder – e o receio da perda passa a controlar a alma. Assim, em nossa sociedade, vivemos num contínuo frenesi por segurança material, que nunca é conquistada, pois quanto mais temos, mais percebemos o perigo da perda imprevista, causada por um negócio infeliz, uma demissão imerecida, um acidente ou uma doença inesperada.

Por isso, existe uma coragem que é própria dos “pobres de espírito”, no sentido dado a essa expressão nos Evangelhos. O pobre de espírito é aquele que, mesmo possuindo, sabe que nada é seu, que tudo é graça e que, mesmo na aflição, a graça não haverá de faltar. Sabendo-se limitado, é prudente; mas sabendo-se acompanhado por Deus, não se deixa levar pelo medo.

Um coração aberto ao fascínio pela realidade

A prudência é uma virtude, como lembra o Catecismo da Igreja Católica (CIC 1806), mas o temor descontrolado é um pecado que nasce da falta de confiança em Deus. Numa mentalidade agnóstica, hegemônica em nossos dias, não é de se admirar que as pessoas vivam entre a glorificação de uma ousadia ilusória, até inconsequente, e a dominação dissimulada do medo. Enquanto a ousadia é cantada e louvada, mas praticada por poucos na vida adulta, os receios lançam a muitos na angústia e na insegurança diante da realidade.

O medo não nos permite desfrutar os encantos da vida, o fascínio pela diversidade de dons que o Senhor nos deu, o prazer do encontro sincero com o outro; pois tudo fica obscurecido pela insegurança e pelo ressentimento. O coração amedrontado se enche de aflição e raiva, indecisão e angústia. Não é à toa que os papas nos convidam com tanta insistência ao destemor que nasce da entrega da própria vida a Cristo.

Que possamos ter a mentalidade livre de todo receio que caracteriza os verdadeiros pobres de espírito e construir, para nós e nosso filhos, uma cultura da esperança que não decepciona, onde nossos irmãos e a própria realidade são sinais de amor e fascínio, não de insegurança e medo.

Francisco Borba Ribeiro Neto

quarta-feira, 13 de abril de 2022

terça-feira, 5 de abril de 2022