Em
outubro, mês mariano e missionário, podemos refletir sobre a relação do Bem
Aventurado Tiago Alberione com Maria, a primeira discípula de Jesus Mestre. Esta
relação foi tecida ao mesmo tempo de devoção, reflexão e ação.
O
título que mais amou e propagou foi o de Maria, Rainha dos Apóstolos. Na realidade,
este título era inseparável de outros dois: Maria Mãe e Mestra.
Tratava-se de uma
herança recebida de Leão XIII, que na encíclica Adjutricem popoli christiani
(Auxiliadora do povo cristão – 05/09/1895) havia declarado que a partir
do Cenáculo Maria aceitou e cumpriu a sua missão de ajudar «admiravelmente os
primeiros fiéis com a santidade do seu exemplo, com a autoridade dos seus
conselhos, com a doçura dos seus incentivos, com a eficácia das suas orações,
tornando-se assim verdadeiramente mãe da Igreja e mestra e Rainha dos
Apóstolos, aos quais comunicou também aqueles divinos oráculos que ela “conservava
ciosamente no seu coração”»
Para
expor seu pensamento sobre o discipulado de Maria, Alberione recorre a uma
esplêndida pagina do livro Jesus Mestre, do Padre João Roatta, ao falar
da prova de sensibilíssima devoção ao Fundador expressa no Santuário-Basílica
Rainha dos Apóstolos, consagrado na conclusão do Ano Mariano, em 1954:
“A função da Virgem-Mãe é aquela de fazer
nascer e formar gradualmente Jesus também em todos aqueles que devem “tornarem-se
conformes à imagem do seu Filho”. Maria nos está diante como Mãe e Mestra, para
nos oferecer um ensaio maravilhoso de como se torna verdadeiros “discípulos” de
Cristo, e para nos guiar a construir a pessoa segundo a forma do Verbo.
Maria de fato é o exemplar supremo do
discipulado, como nos afirma claramente Santo Agostinho: «Para Maria valeu mais
o ser discípula de Cristo do que o ser sua Mãe; foi para ela coisa mais feliz o
ser discípula sua do que ser Mãe. Por isso Maria era bem-aventurada, porque
também, antes de dá-lo à luz, havia carregado em seu seio o Mestre».
É um pensamento que será amplamente
desenvolvido por São Bernardo, para nos guiar a estudar as admiráveis
disposições da “discípula” perfeita do Altíssimo.
Exemplar perfeito do “discipulado”, Maria se
torna o exemplar perfeito do “magistério” ao lado do seu Filho Jesus. Há uma
viva relação entre Maria Santíssima e o Mestre da humanidade. Tornada Mãe de
Cristo, após ter sido sua “discípula” perfeitíssima, ela se tornou por sua vez
Mestra de Cristo, segundo a bela expressão de Santo Efrém: «Ave, ó Maria, que
educaste o Cristo comunicador da vida, o Cristo misericordiosíssimo criador e
formador de todo o mundo».
Numa memorável hora de adoração
o Bem-Aventurado Tiago Alberione entregou a Maria o Santuário como
agradecimento à Virgem pela proteção durante a guerra e fez esta oração:
“Tu,
ó Maria, tens uma missão social:
Primeiro:
santificaste uma casa, domicílio das virtudes domésticas; guarda a primeira
sociedade que é a família.
Segundo: deste
início à vida religiosa com o voto de virgindade e a observância de uma
perfeita obediência e pobreza: guarda a sociedade religiosa.
Terceiro:
carregaste nos braços a Igreja nascente, sociedade sobrenatural instituída pelo
teu Filho Jesus: guarda a Igreja.
Quarto: a ti foi
confiada a humanidade, da qual és Mãe espiritual e que deve irmanar-se numa
sociedade supranacional: graças a Ti se unam os homens na verdade, caridade,
justiça: guarda a sociedade das Nações.
Quinto: Em Jesus Cristo és a Mãe da civilização, que brota do Evangelho
e se realiza na obra da Igreja: guarda a verdadeira civilização”.
A
descrição de quem é o apóstolo, feita pelo Bem-Aventurado Tiago Alberione, se
aplica de modo especial a Maria:
“Apóstolo é quem leva Deus na própria alma e
o irradia ao redor de si. É um santo que acumula tesouros, e comunica o que
excede às almas. É um coração que ama tanto a Deus e os homens, e não pode mais
comprimir em si quanto sente e pensa. É um ostensório que contém Jesus Cristo,
e expande uma luz inefável ao redor de si. É um vaso de eleição que reversa,
porque cheio demais, e de sua plenitude todos podem gozar. É um templo da
Santíssima Trindade, a qual é sumamente operante; de todos os poros transpira
Deus: com as palavras, as obras, as orações, os gestos, as atitudes;
privadamente e em público. Agora, com este retrato, examinai o rosto de
pessoas, próximas ou distantes: reconheceis nele o apóstolo? Em sumo grau, com
inatingível semelhança é o rosto de Maria. Seguirá depois Paulo”.
Maria é a missionária a quem devemos imitar, amar, rogar e seguir,
pois ela sempre nos levará a Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida.
Texto extraído do retiro pregado por Pe. Antonio
F. da Silva, ssp, em maio de 2011 aos Institutos Paulinos de Vida Secular Consagrada.