São
muitas as traduções que se propõem para essa expressão cunhada originariamente
pelo Pe. Alberione em língua latina “Poenitens cor tenete”, “Tende dor dos
pecados”, “Tende um coração penitente”, “Vivei em contínua conversão”.
São
Paulo, na Carta aos Romanos, capítulo 2, versículo 4, nos exorta a abrirmo-nos à
bondade de Deus que nos convida ao arrependimento, a fim de sermos acolhidos
por Ele no dia do juízo.
Conversão
na língua grega significa metanóia, que exprime a transformação da mente, um modo novo de valorizar
as coisas e de ordenar a própria existência. É a orientação do próprio ser à
luz do Evangelho, do Batismo e da Páscoa. Já no hebraico a expressão conversão
deriva do verbo retornar, que aponta para uma mudança de rumo e finalidade do
próprio ser e agir. É um movimento que abrange a pessoa toda centralizada no
coração.
Para
Pe. Alberione, conversão era uma constante chamada de atenção para trocarmos
nosso coração pelo do Apóstolo Paulo, e a sentirmos o nosso mundo como o Mestre
e o Bom Pastor o sentia. Nosso Fundador, acompanhando a espiritualidade bíblica,
que foi sua marca, tinha a convicção que o verdadeiro inimigo das obras apostólicas
é o pecado. Ele dizia: “Vós fazeis reparação trabalhando no apostolado, atuando
exatamente ao contrário daqueles que se valem destes meios para corromper, para
difundir doutrinas falsas, que vão contra Jesus Cristo”. “O discípulo paulino faz
reparação de três modos: com a vida, com a oração, com o apostolado”, tal como os discípulos do Evangelho que tinham
vida comum com Jesus. Uma vida assim enxertada em Cristo e alimentada pela
amizade e fraternidade, jamais será atingida pelo pecado.
A
“dureza de coração”, símbolo daqueles que não se abrem a Deus e aos irmãos, se
exprime no Evangelho com a palavra sklerokardia
– literalmente “esclerose do coração” – fechamento das artérias, que não
deixa o sangue fluir com a facilidade que requer nosso organismo, e com grave
risco para a saúde e a vida. Assim sucede com o evangelizador que não dirige à
palavra a Deus. É o que o Evangelho chama “morrer no próprio pecado” (Jo 8,24)
e “caminhar nas trevas” (Jo 8,12). Torna-se necessária uma profunda conversão,
uma abertura para a ação do Espírito Santo em nós, e é o que o Pe. Alberione
quer ver no “coração penitente”.
No
livro do Deuteronômio, capítulo 6, versículo 9, encontra-se o convite a
escrever a palavra da lei em todas as casas de Israel. “Escreve-as na parede de
tua casa e em tuas portas”. Pe. Alberione não duvidou em escrever na parede das
casas de apostolado, e de nossas igrejas as quatro frases sobre as quais temos
refletido. “Um programa prático de vida e luz para si e para todos os membros
da Família Paulina”.
Neste
primeiro Centenário da Família Paulina que comemoramos neste ano de 2014 é bom
retomar o sentido destas palavras especialmente neste tempo que se inicia hoje:
a Quaresma. Sempre é tempo de voltar ao Divino Mestre, sempre podemos pedir que
Ele toque nosso coração endurecido pelo pecado, e faça jorrar com profusão as
graças que nos poderão habilitar para o amor, e para tudo fazermos visando à glória
de Deus.
Que
Maria, Rainha dos Apóstolos, nos acompanhe neste trajeto para o seu Filho. Ela
sabe como nos levar a fazer o que Ele pede a cada um de nós.
Baseado em texto de Pe. Primo Gironi, ssp
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