quarta-feira, 5 de março de 2014

Vivei em contínua conversão


São muitas as traduções que se propõem para essa expressão cunhada originariamente pelo Pe. Alberione em língua latina “Poenitens cor tenete”, “Tende dor dos pecados”, “Tende um coração penitente”, “Vivei em contínua conversão”.

São Paulo, na Carta aos Romanos, capítulo 2, versículo 4, nos exorta a abrirmo-nos à bondade de Deus que nos convida ao arrependimento, a fim de sermos acolhidos por Ele no dia do juízo.

Conversão na língua grega significa metanóia, que exprime a transformação da mente, um modo novo de valorizar as coisas e de ordenar a própria existência. É a orientação do próprio ser à luz do Evangelho, do Batismo e da Páscoa. Já no hebraico a expressão conversão deriva do verbo retornar, que aponta para uma mudança de rumo e finalidade do próprio ser e agir. É um movimento que abrange a pessoa toda centralizada no coração.

Para Pe. Alberione, conversão era uma constante chamada de atenção para trocarmos nosso coração pelo do Apóstolo Paulo, e a sentirmos o nosso mundo como o Mestre e o Bom Pastor o sentia. Nosso Fundador, acompanhando a espiritualidade bíblica, que foi sua marca, tinha a convicção que o verdadeiro inimigo das obras apostólicas é o pecado. Ele dizia: “Vós fazeis reparação trabalhando no apostolado, atuando exatamente ao contrário daqueles que se valem destes meios para corromper, para difundir doutrinas falsas, que vão contra Jesus Cristo”. “O discípulo paulino faz reparação de três modos: com a vida, com a oração, com o apostolado”,  tal como os discípulos do Evangelho que tinham vida comum com Jesus. Uma vida assim enxertada em Cristo e alimentada pela amizade e fraternidade, jamais será atingida pelo pecado.

A “dureza de coração”, símbolo daqueles que não se abrem a Deus e aos irmãos, se exprime no Evangelho com a palavra sklerokardialiteralmente “esclerose do coração” – fechamento das artérias, que não deixa o sangue fluir com a facilidade que requer nosso organismo, e com grave risco para a saúde e a vida. Assim sucede com o evangelizador que não dirige à palavra a Deus. É o que o Evangelho chama “morrer no próprio pecado” (Jo 8,24) e “caminhar nas trevas” (Jo 8,12). Torna-se necessária uma profunda conversão, uma abertura para a ação do Espírito Santo em nós, e é o que o Pe. Alberione quer ver no “coração penitente”.

No livro do Deuteronômio, capítulo 6, versículo 9, encontra-se o convite a escrever a palavra da lei em todas as casas de Israel. “Escreve-as na parede de tua casa e em tuas portas”. Pe. Alberione não duvidou em escrever na parede das casas de apostolado, e de nossas igrejas as quatro frases sobre as quais temos refletido. “Um programa prático de vida e luz para si e para todos os membros da Família Paulina”.

Neste primeiro Centenário da Família Paulina que comemoramos neste ano de 2014 é bom retomar o sentido destas palavras especialmente neste tempo que se inicia hoje: a Quaresma. Sempre é tempo de voltar ao Divino Mestre, sempre podemos pedir que Ele toque nosso coração endurecido pelo pecado, e faça jorrar com profusão as graças que nos poderão habilitar para o amor, e para tudo fazermos visando à glória de Deus.
Que Maria, Rainha dos Apóstolos, nos acompanhe neste trajeto para o seu Filho. Ela sabe como nos levar a fazer o que Ele pede a cada um de nós.

Baseado em texto de Pe. Primo Gironi, ssp

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