Jesus
convida todos os homens e mulheres a segui-Lo, tornando-se discípulos seus.
Quem aceita o seu chamado inicia um processo de conversão, que quer dizer
mudança de mentalidade, com a consequente mudança de rota na vida. São Paulo
descreveu com maestria esta vida nova: "Tendo vós todos rompido com a
mentira, que cada um diga a verdade ao seu próximo, pois somos membros uns dos
outros. Podeis irar-vos, contanto que não pequeis. Não se ponha o sol sobre
vossa ira, e não deis nenhuma chance ao diabo. O que roubava não roube mais;
pelo contrário, que se afadigue num trabalho manual honesto, de maneira que
sempre tenha alguma coisa para dar aos necessitados. De vossa boca não saia
nenhuma palavra maliciosa, mas somente palavras boas, capazes de edificar e de
fazer bem aos ouvintes. Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, com o qual
fostes marcados, como por um sinal, para o dia da redenção. Desapareça do meio
de vós todo amargor e exaltação, toda ira e gritaria, ultrajes e toda espécie
de maldade. Pelo contrário, sede bondosos e compassivos, uns para com os
outros, perdoando-vos mutuamente, como Deus vos perdoou em Cristo. Sede, pois
imitadores de Deus como filhos queridos. Vivei no amor, como Cristo também nos
amou e se entregou a Deus por nós como oferenda e sacrifício de suave odor. A
imoralidade sexual e qualquer espécie de impureza ou cobiça nem sequer sejam
mencionadas entre vós, como convém a santos. Nada de palavrões ou conversas
tolas, nem de piadas de mau gosto: são coisas inconvenientes; entregai-vos,
antes, à ação de graças" (Ef 4,25-32; 5,1-4). Para chegar lá, é necessário
exercitar-se, e muito! Relacionamento consigo, com o próximo e com Deus.
A
primeira delas é chamada de mortificação, abstinência, ou jejum. As três
expressões servem para indicar o processo de educação da vontade. Moderar o uso
do alimento, escolher práticas que orientem nossos impulsos instintivos. Muitos
o fazem por motivos de saúde ou por razões estéticas, enquanto nós desejamos
fazê-lo para a educação da vontade e para partilhar o fruto do jejum com as
pessoas necessitadas.
A
segunda tem o nome de esmola, palavra, quem sabe, desgastada, que é o exercício
das obras de misericórdia, ações caridosas pelas quais vamos em ajuda do nosso
próximo, nas suas necessidades corporais e espirituais. Instruir, aconselhar,
consolar, confortar, são obras de misericórdia espirituais, como perdoar e
suportar com paciência. A esmola dada aos pobres é um dos principais
testemunhos da caridade fraterna e também uma prática de justiça que agrada a
Deus (Catecismo da Igreja Católica 2447). "Quem tem duas túnicas reparta
com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos, faça o mesmo" (Lc 3,
11). "Dai antes de esmola do que possuis, e tudo para vós ficará
limpo" (Lc 11, 41).
Enfim,
intensificar a prática da oração, em todas as suas formas, é o terceiro
exercício com o qual os cristãos se comprometem na Quaresma, abrindo-se para
Deus e dedicando tempo e qualidade de relacionamento com o Senhor. Rezar mais e
rezar melhor!
Dom Alberto
Taveira Corrêa – Arcebispo de Belém (PA)
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