quinta-feira, 6 de julho de 2017

Como ensinar nossos filhos a sobreviver à cultura do “like”?

Os avanços tecnológicos e a proliferação das redes sociais mudaram nossa maneira de viver.  O acesso cada vez mais cedo de nossos filhos à tecnologia fez com que eles adotassem maneiras diferentes de socialização que, muitas vezes, não são entendidas pelos pais.

As mensagens de texto e vídeo substituíram as chamadas telefônicas e as visitas pessoais. Ao mesmo tempo, com seus celulares, os jovens podem interagir com milhares ou milhões de pessoas ao redor do mundo.

Neste cenário, fala-se muito das precauções que nossos filhos devem ter com essa interação social, além dos perigos que eles enfrentam ao se relacionar com desconhecidos. No entanto, há um tema que, como pais, devemos ter ciência: a cultura do “like”. Hoje em dia, os jovens têm um jeito de medir sua atuação nas redes sociais, comparando-a com a dos outros, além de saber qual é o impacto que possuem suas publicações, fotos e vídeos. É o chamado “like”.

A socialização de nossos filhos se vê superada pela obsessão de conseguir os “likes”, já que isso traduz na visibilidade ou aceitação que eles podem ter por parte de seus pais e amigos virtuais. A busca pelos “likes” pode se transformar, então, em um vício, que faz com que os jovens publiquem cada vez mais coisas novas ou impactantes para conseguir mais seguidores.

A imagem deles para o mundo está afetada, já que eles estão longe de se mostrar tal como são e concentram-se em uma espécie de campanha publicitária, em que a própria imagem deve ser vendida, custe o que custar.

A cultura do “like” também tem um forte impacto na autoestima de nossos jovens, já que a interação ou aceitação pessoal é substituída por um número específico que determina e afeta de maneira muito real a imagem que eles têm deles mesmos e como se valorizam diante dos outros.

Como podemos então, como pais, nos aproximar desses temas com nossos filhos? Em primeiro lugar, reconhecendo que a tecnologia e as redes sociais têm um lugar essencial na vida deles e que não podemos mudar isso.

O que podemos é ensiná-los a reconhecer a diferença entre um fenômeno social e a sua dignidade como pessoa. Sempre é preciso deixar claro que o valor, a beleza e a personalidade que eles têm não são determinados pela opinião que os outros formam a partir de uma foto ou de um momento publicado nas redes. Também devemos ensiná-los que, embora esses meios pressupõem uma plataforma de interação social massiva, eles nunca poderão substituir a interação humana face a face.

Devemos, ainda, ensinar com o exemplo e demonstrar-lhes que, mesmo que a tecnologia faça parte de nossa vida, não dependemos muito delas. É bom propor momentos livres de tecnologia dentro da família. Instantes que favoreçam as relações interpessoais e atividades diferentes, que lhes comprovem que nem tudo deve ser regido pela tecnologia.
Finalmente, devemos nos assegurar que nossos filhos encontram, na família, um lugar em que são queridos e aceitos da forma como são. Desenvolver neles o sentido de pertinência ajudará a elevar a sua autoestima e a segurança em si mesmos, ao mesmo tempo em que eles estarão menos inclinados a medir seus valores pela quantidade de “likes” que conseguem em uma rede social.

María Verónica Degwitz

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