sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Sacerdote adverte sobre as 2 grandes seduções que distraem o homem de buscar Deus



“O grande circo midiático” que gira continuamente ao redor dos homens com imagens e sons sedutores para afastá-los de si mesmo e da realidade não deve motivar o cristão a “fechar-se em uma torre inacessível”, mas a assumir o desafio de mostrar a presença ativa de Deus também no mundo de hoje, afirmou o sacerdote jesuíta Benjamín González Buelta.

“Nosso desafio não é fugir da realidade, mas aproximarmos dela com todos os nossos sentidos bem abertos para olhar e contemplar, para dissolver as escórias das aparências sedutoras, e ver, sentir e provar a realidade, percebendo no mais profundo dela a presença ativa de Deus que nos ama com uma criatividade infinita, para que nos encontremos com ele e trabalhemos juntos por seu reino”, assinalou.

“Diante do vazio interior e da perda da dimensão transcendente da vida, que nos fazem sentir órfãos, surgiram dois grandes projetos para encantar de novo o mundo: 
1) o consumismo e 2) a diversão”, advertiu.

“O consumismo é uma formidável invenção que chega a cada parte do mundo onde há alguém com um pouco de dinheiro no bolso”, e com seus símbolos – como os centros comerciais –, parece a terra prometida e a libertação de nossas necessidades, assinalou.
“O segundo grande projeto é a diversão, o passatempo, a distração” 24 horas por dia com espetáculos e “os novos deuses da cultura atual”, como as celebridades que ocupam um espaço surpreendente nos meios de comunicação.

“Nossa cultura nos induz a viver sempre com pressa, a adiar a satisfação de nossas necessidades profundas (…), conta somente o que os sentidos percebem e, por isso, cultivam-se as aparências, antepõe-se o parecer ao ser”, expressou.

“É necessário não só afirmar vagamente que Deus ama este mundo, mas também assinalar onde e como Ele atua, reelaborando a trama da vida momento por momento. A sociedade precisa de pessoas que, com sua sensibilidade mística, possam se encontrar com Deus nas realidades mais secularizadas e mais arruinadas pela deterioração pessoal, pela injustiça e por todo tipo de exclusão”, assinalou.

O sacerdote recordou os primeiros jesuítas, que encontravam Deus “nas ruas ruidosas da cidade”; e que, em seus exercícios espirituais, Santo Inácio de Loyola propõe a contemplação para alcançar o amor e “convida a observar toda a realidade, para ver Deus que trabalhar nela por nós”.

“E este é o dom que nos é oferecido: ver o reino de Deus hoje em meio a nós”, acrescentou.

Entretanto, esclareceu que “não se trata apenas de saber que o reine de Deus se manifesta de modo concreto, às vezes em um modo muito simples”, mas que “é necessário percebê-lo e, então, a alegria do dom de Deus entra em nosso coração”.

“Para fascinar verdadeiramente o mundo, é preciso não só acolher o belo, o que está ordenado, o que brilha, mas também assumir a fragilidade humana, o realismo dos infernos pessoais e sociais, nos quais milhões de pessoas estão se dissolvendo como água no mundo líquido”, expressou.

O sacerdote advertiu que há “muitas celebrações” que fazem com que o homem se extravie, com as drogas ou até mesmo os espetáculos musicais; entretanto, “a verdadeira celebração, como faz a Eucaristia, toma a vida humana em sua cotidianidade de prazeres e erros e a conduz da aspereza da cruz à transfiguração da vida na ressurreição”.

Por isso, afirmou que, ante a cultura da sedução, “necessitamos libertar nossos sentidos do modo imposto de perceber a realidade e dos conteúdos que temos até agora percebido e interiorizado”. “Podemos estar cegos sem nos darmos conta” e não ver a realidade “como Deus a contempla”, advertiu o sacerdote.

O Pe. González afirmou que “este modo de perceber a realidade pode despertar em nós extraordinários dinamismos de vida, em vez de nos deixar imóveis e tristes pela desilusão”.

“Santo Inácio, nos exercícios espirituais, nos propõe contemplar como Jesus se aproximava da realidade com os cinco sentidos. Jesus revelou, na realidade desarticulada de seu tempo, que o reino de Deus estava em meio ao povo. Este processo que descrevemos nos permite nascer de novo para ver o reino de Deus”, assegurou.

 Trechos de texto veiculado pela ACI digital

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