O tema deste 3º Domingo pode girar à volta da pergunta: “e nós, que
devemos fazer?” Preparar o “caminho” por onde o Senhor vem significa
questionar os nossos limites, o nosso egoísmo e comodismo e operar uma
verdadeira transformação da nossa vida no sentido de Deus.
1ª leitura -Sof 3,14-18a
Nunca é demais sublinhar a essência de Deus: o amor. Neste texto, o
amor de Deus não só introduz na relação com o Povo um dinamismo de
perdão; mas esse amor faz ainda mais: provoca a própria conversão do
Povo. O que renova o mundo e o transforma não é o medo, mas o amor. O medo
provoca insegurança, pessimismo, angústia, sofrimento, bloqueamento; o
amor é que faz crescer, é que cria dinamismos de superação, é que nos
torna mais humanos, é que nos faz confiar, é que potencia o encontro e a
comunhão…
A constatação de que Deus nos ama e que reside no meio de nós com uma
proposta de salvação e de felicidade para todos os que O acolhem não
pode provocar senão uma imensa alegria no coração dos crentes. Damos
sempre testemunho dessa alegria?
2ª Leitura - Filip 4,4-7
A alegria, constitutiva da experiência cristã, deve estar especialmente
presente neste tempo de espera do Senhor. Não é uma alegria que resulta
dos êxitos desportivos da nossa equipe, nem do nosso êxito profissional,
nem do aumento da nossa conta bancária, mas é uma alegria pela presença
iminente do Senhor nas nossas vidas, como proposta libertadora. A bondade e a indulgência com que acolhemos os que nos rodeiam têm de
ser, também, distintivos de quem espera o Senhor. Será possível que Deus
nasça quando o caminho do nosso coração está fechado com cadeias de
intolerância, de prepotência, de incompreensão?
Evangelho - Lc 3,10-18
“E nós, que devemos fazer?” A expressão revela a atitude correcta de
quem está aberto à interpelação do Evangelho. Sugere-se aqui a
disponibilidade para questionar a própria vida, primeiro passo para uma
efectiva tomada de consciência do que é necessário transformar.
Os bens que temos à nossa disposição são sempre um dom de Deus e,
portanto, pertencem a todos: ninguém tem o direito de se apropriar deles
em seu benefício exclusivo. As desigualdades chocantes, a indiferença
que nos leva a fechar o coração aos gritos de quem vive abaixo do limiar
da dignidade humana, o egoísmo que nos impede de partilhar com quem
nada tem, são obstáculos intransponíveis que impedem o Senhor de nascer
no meio de nós. As nossas comunidades e nós próprios damos testemunho
desta partilha que é sinal do Reino proposto por Jesus?
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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