Transformou a procela (tempestade) em leve brisa, e as ondas do mar
silenciaram.
Is 106,29
Eis uma arte necessária, difícil e até mesmo temida. Silenciar, muitas vezes, é considerado fraqueza, desistência ou até mesmo admissão de algo que na realidade não é verdade total. Mas muitas vezes precisamos silenciar, mesmo que tenhamos que pagar alto preço. O silêncio inquieta e torna-se uma resposta que confunde.
Nosso tempo nos pede insistentemente um "toma lá, da cá" de perguntas e respostas, justificativas e acusações, mas não devemos ceder a isso, não devemos entrar nesse jogo. Isso seria comungar com aquilo em que não acreditamos.
Nesse turbilhão, a Palavra de Deus nos chama ao silêncio, à reflexão. Quem não silencia, comumente age no ímpeto de seus impulsos e acaba misturando tantas emoções e tantos descontentamentos, que vocifera contra alguém o tumultuado turbilhão de insatisfações interiores. Se gritamos, vociferamos com as pessoas, é porque trazemos isso dentro de nós.
O silêncio não é fraqueza, mas atitude privilegiada daqueles que desejam entrar em contemplação do mais belo dos mistérios: o amor imutável.
Deus transforma tudo em brisa. É curioso que nós percebemos rapidamente as tempestades, as ventanias, mas muito lentamente percebemos o sereno silencioso que simplesmente toca carinhosamente a nossa face sem fazer nenhum barulho, nenhum ruído. Silenciar é acolher e filtrar na fé.
Pe. Fábio Gleiser Vieira Silva
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