terça-feira, 10 de dezembro de 2024

O bombeiro que se converteu no incêndio da Catedral de Notre Dame

 Foto: Wikipedia

 

Matthieu conta não apenas fatos do terrível incêndio, mas a visão daquela cruz luminosa que foi o elemento incentivador para que retornasse à fé.

“Era o dia 15 de abril de 2019, eu estava no quartel e senti que havia muita agitação. Normalmente, sai apenas um caminhão para uma intervenção, mas dessa vez saiu um segundo caminhão, depois um terceiro… Os sinos de saída estavam tocando o tempo todo. Então eu disse a mim mesmo: ‘Vamos descer e ver o que está acontecendo’. Assim, eu soube que Notre-Dame estava pegando fogo…”: foi deste modo que o bombeiro Matthieu (não é seu nome verdadeiro, pois ele deseja permanecer no anonimato) descreve como tomou conhecimento de que a ‘catedral do mundo’ estava pegando fogo.

Cinco anos após o evento, e às vésperas da reabertura da grandiosa igreja que ajudou a salvar das chamas, Matthieu agora conta ao Les 7 routes de Notre-Dame não apenas fatos sobre o incêndio, mas também sobre sua conversão à fé romana, à fé de Notre-Dame.

“Não tínhamos ideia da gravidade do incêndio. Estavam procurando voluntários para reforço, então eu me ofereci; havia uma grande necessidade de homens, para trabalhos muito diferentes: ajudar os companheiros que já estavam no local combatendo o incêndio e integrar uma equipe dedicada a salvar as obras na sala do tesouro. Isso exigia muita gente, pois o incêndio era muito intenso. No caminho, percebemos a extensão do incêndio. O que mais me chamou a atenção, no início, foi a multidão na rua, que atrasou nossa chegada em Paris. Os parisienses tinham ido em massa para ver sua catedral queimar. Quando cheguei, fiquei impactado ao ver todas aquelas pessoas de joelhos, rezando. Foi muito impressionante! Elas cantavam e rezavam, e podíamos ver que estavam arrasadas. Todos estavam incrivelmente unidos! E foi muito bonito. Então, novamente, percebemos que isso era muito grave. A imensa fumaça não desmentiu nossa impressão. Quando chegamos, a torre ainda estava de pé, mas quando ela desabou, foi tomada a decisão de recuperar os objetos do tesouro, de valor inestimável. Entre eles estavam relíquias, a coroa de espinhos, pregos da crucificação de Nosso Senhor, bem como custódias e outros objetos litúrgicos. O encarregado da catedral pediu a brigada de incêndio que salvassem tudo isso e alguns objetos como prioridade. Toda nossa equipe foi até a sala do tesouro. Isto é excepcional por si só, então reconheço que sabia que estava vivenciando algo especial. O objetivo era salvar o maior número possível de obras, com muito cuidado”.

Quando criança, Matthieu ia à missa e era até acólito. Mas, como bombeiro, não conseguiu aliar a dor humana à bondade de Cristo: “Deixei tudo, não entendia porque Nosso Senhor permitia isso. Duvidei durante muitos anos e, no dia do incêndio, por mais surpreendente que possa parecer, saí da catedral convertido”. Como isso aconteceu?

“Quando entrei na catedral, havia um buraco aberto no teto. Na minha frente, estavam o altar e a famosa cruz, que acho que todo mundo viu nas fotos após o incêndio. Essa cruz brilhava com todo o seu esplendor. Mas veja bem! Ela NÃO estava iluminada. Era ela que difundia a luz. Via-se só a ela! E tenho que admitir que naquele momento senti uma paz muito grande e senti que não havia necessidade de ter medo, porque para mim era realmente o fogo do século! Fiquei ali parado por 10 ou 15 segundos, atordoado por essa visão… Eu estava totalmente tomado por essa cruz. Depois voltei ao trabalho. Em nenhum momento me senti em perigo, e isso foi um elemento detonador para minha reconciliação com Nosso Senhor. Eu fui preparado ao ver todos aqueles fiéis rezando, como lhes disse no início. Posso dizer agora que a presença de Nosso Senhor já estava lá para nos confortar. Era um sinal do céu. Deus queria ver como nos comportaríamos nessa provação. Essa visão mudou minha vida! É claro que vou à missa várias vezes por semana, quando possível, comecei a rezar novamente, assisto a muitos filmes para me atualizar sobre muitas coisas que não aprendi durante todo esse tempo sem Nosso Senhor. Também fui crismado e tenho prazer em acompanhar alguém no catecumenato. Mas, acima de tudo, estou muito mais atento ao Senhor e vejo todos os sinais que Ele nos envia através dos outros. Meu coração está aberto e procuro me doar. Fico muito feliz em dedicar meu tempo aos outros. Gosto de ouvir os outros porque percebo que as pessoas precisam falar, mas, sobretudo, precisam ser ouvidas. Nem sempre é fácil, tenho que admitir, mas é realmente o que as pessoas precisam no momento”.

A conversão foi algo como um retorno familiar: “Eles [sua família] me acompanharam nessa conversão; minha mãe voltou a ir à missa, meus parentes estão caminhando”.

“Todas as manhãs, começo meu dia com Nosso Senhor. Nem sempre é fácil, mas tento reservar um tempo para isso. Você verá que isso nos tranquiliza, e nos deixamos ser moldados”, conclui.

Com informações Les 7 routes de Notre-Dame

 

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Cresce o número de católicos no mundo

 Basílica de São Pedro: dicas para visitar a maior igreja do mundo

As Pontifícias Obras Missionárias publicaram o dossiê estatístico anual sobre a situação da Igreja Católica no mundo.

 Redação (17/10/2024 15:18, Gaudium Press) Por ocasião do Dia Mundial das Missões, que será celebrado no próximo domingo, 20 de outubro, as Pontifícias Obras Missionárias publicaram o dossiê estatístico anual sobre a situação da Igreja Católica no mundo. De acordo com o documento, houve um crescimento no número de fiéis em relação ao ano passado.

Mais católicos no mundo

Tendo como base a data de 31 de dezembro de 2022, quando a população mundial era constituída por 7,8 bilhões de pessoas, a população católica mundial é estimada em mais de 1 bilhão e 389 milhões de pessoas, tendo tido um aumento global de 13,7 milhões de católicos em relação ao ano anterior.

Este aumento de católicos confirma uma tendência constante nos últimos anos e afeta quatro dos cinco continentes, deixando apenas a Europa de fora (que registra um declínio no número de fiéis). No total, existem 17,7% de católicos no mundo, um ligeiro aumento de 0,03% em relação ao ano anterior.

Número de sacerdotes e catequistas diminuiu

Apesar disso, o número de catequistas diminuiu, apesar de continuar sendo considerável: mais de 2,8 milhões. Outro dado triste apresentado no dossiê é o número de sacerdotes no mundo, que também continua diminuindo, de forma especial na Europa, América e Oceania, chegando a 407.730 ministros ordenados.

Já na África e na Ásia, continentes nos quais a perseguição aos cristãos é mais intensa e são recorrentes os casos de sequestros e mortes de sacerdotes, houve um aumento no número de sacerdotes.

Mais Bispos, menos religiosos

Registrou-se ainda o aumento de 13 Bispos no mundo, chegando a 5.353, dos quais 2.682 são diocesanos e 2.671 pertencentes a congregações religiosas. Também houve uma quantidade maior de diáconos permanentes (+974), totalizando 50.159.

Porém, houve queda na quantidade de religiosos consagrados sacerdotes (-360), perfazendo 49.414. O mesmo ocorreu em relação ao número de religiosas consagradas (-9.730), mantendo o panorama de anos anteriores. Atualmente, elas perfazem 599.228 mulheres. África (+1.358) e Ásia (+74), porém, registraram altas neste indicador.

O dossiê registra ainda uma diminuição na quantidade de seminaristas, tanto diocesanos quanto religiosos: dos 109.895 do ano de 2021 passou-se a 108.481 em 2022. Apenas na África (+726) e na Oceania (+12) percebeu-se alta na quantidade de seminaristas. (EPC)

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Mulheres Santas são tema de nova publicação da Editora do Vaticano

 

A proposta da obra “Dez mulheres santas: artífices do ser humano” é aprofundar o tema da santidade a partir de dez mulheres que deram exemplo de virtude.

Cidade do Vaticano (26/09/2024 12:38) “Dez mulheres santas: artífices do ser humano”, este é o tema da obra publicada recentemente pela Livraria Editora Vaticana (LEV), que pode ser baixado gratuitamente pelo site da LEV.

O livro reúne um compilado das palestras da segunda Conferência Interuniversitária Internacional, realizada em Roma, entre os dias 7 e 8 de março de 2024, na Pontifícia Universidade da Santa Cruz.

Reflexão teológico-pastoral sobre as mulheres na Igreja

Estes dois dias de reflexão fazem parte do projeto “Mulheres na Igreja: artífices do ser humano”, promovido por importantes instituições acadêmicas de Roma e da Espanha. O encontro teve ainda o patrocínio de cinco Dicastérios da Cúria Romana e de seis Embaixadas junto à Santa Sé.

O projeto “Mulheres Doutoras da Igreja e Padroeiras da Europa” foi lançado no ano de 2022 tendo como objetivo contribuir para a reflexão teológico-pastoral sobre as mulheres na Igreja, destacando o papel das mulheres Santas.

Aprofundamento no tema da Santidade

A proposta do livro “Dez mulheres santas: artífices do ser humano” é a de aprofundar o tema da santidade a partir de dez mulheres que deram exemplo de virtude, sendo verdadeiras discípulas de Cristo, seguindo o exemplo de Maria Santíssima.

Espera-se que a publicação desta obra seja uma valiosa ferramenta para a pastoral universitária, diocesana e paroquial, promovendo a “pastoral de santidade”, oferecendo exemplos de santidade às mulheres, incentivando-as a elevarem seus olhares e ampliarem seus horizontes. (EPC)

Gaudium Press  

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

As famílias são os veradeiros seminários

 Don Fabio Rosini: «Cari giovani, saper pregare è la via della felicità»

Padre Fábio Rosini, responsável pelas vocações pastorais do Vicariato de Roma, disse que “há pouco para se regozijar”, referindo-se à sua diocese, onde “a messe é abundante, mas os operários são poucos”.

Rosini afirma que a questão das vocações sacerdotais é um “desafio”, que se enfrenta de muitas maneiras há muito tempo. O sacerdote coloca o problema da seguinte maneira: se em Roma – coração do cristianismo católico, cidade de mais de três milhões de habitantes dividida aproximadamente em 340 paróquias – apenas onze sacerdotes são ordenados em um ano, considerando o aumento da idade sacerdotal média e de todos os presbíteros que atingem a idade de 75 anos ao completar seu serviço, “significa que dentro de alguns anos já não teremos sacerdotes suficientes para as paróquias.”

Essa falta de “vocações romanas mostra o estado de uma Igreja estéril”, sublinha. Na Cidade Eterna, não falta peixe para pescar, mas falta a própria água em que os peixes devem nadar.

“Quando assumi a responsabilidade por este serviço, em 2011, tentei entender os números reais e descobri que, nas paróquias, os grupos de jovens eram compostos, em média, por não mais do que uma dezena de jovens – conta o diretor do Serviço Vocacional do Vicariato de Roma. É evidente que não faltam vocações, não faltam seminaristas, mas que os grandes ausentes são os cristãos em geral”.

Portanto, não faltam tanto as vocações, mas o próprio povo de Deus. Ao não ter claro esse diagnóstico, corre-se o risco de “continuar fazendo uma pastoral vocacional que busca especializar um assunto inexistente e não cuidamos de fazer crescer o povo de Deus, continuamos a dar por garantida a fé, e a consequência é que não há vocações. Precisamos anunciar o Evangelho, formar cristãos”, ressaltou.

É mais uma questão de cristãos formados na família

Por isso, a análise, que é simples, não deixa de ser luminosa: as vocações são a consequência natural das famílias verdadeiramente cristãs. São como o florescimento natural de um cristianismo verdadeiramente impregnado na sociedade.

Segundo o Pe. Rossini, as famílias são “os verdadeiros seminários. É necessário realizar uma pastoral familiar ad hoc, porque se os jovens vierem de famílias verdadeiramente cristãs que rezam, se forem treinados no serviço e no perdão, então teremos excelentes sacerdotes. Mas se não partirmos de um encontro pessoal com Cristo, não teremos cristãos e, portanto, teremos cada vez menos sacerdotes”, conclui.

Com informações Agensir.it

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Os ensinamentos de São João Paulo II sobre a família

São João Paulo II: o grande apóstolo da Misericórdia - Comunidade Católica  Shalom 

São João Paulo II deixou inúmeros ensinamentos inspiradores sobre a instituição familiar. Sua predileção por este assunto o fez ser chamado como o Papa da Família.

Ao longo de seu pontificado, São João Paulo II tratou sobre inúmeros temas de relevância sob a ótica católica. Dentre os diversos assuntos abordados pelo Santo Padre polonês, um dos que ele mais se aprofundou foi sobre o significado e a missão da família cristã.

Em 1981, São João Paulo II chegou a realizar um sínodo de Bispos com o objetivo de “debruçar-se sobre as tarefas da família cristã no mundo contemporâneo”. Este Sínodo teve como frutos a Exortação Apostólica ‘Familiaris Consortio‘ e a constituição do Pontifício Conselho para a Família.

Durante sua canonização, São João Paulo II foi chamado de “o Papa da Família”, e era assim que desejava ser lembrado. O Santo Pontífice polonês deixou inúmeros ensinamentos inspiradores sobre a instituição familiar.

Reproduzimos abaixo uma seleção de frases de São João Paulo II sobre o papel da família cristã na sociedade. Esperamos que esses ensinamentos nos ajudem a refletir sobre esse tema tão caro ao “Papa da Família”.

120 melhor ideia de São João Paulo II | são joão paulo ii, joão paulo ii,  joao paulo

“A família é a primeira e fundamental escola de sociabilidade: enquanto comunidade de amor, ela encontra no dom de si a lei que a guia e a faz crescer” (Exortação Apostólica ‘Familiaris consortio’, 1981)

“Com efeito, a família é, ao mesmo tempo, uma comunidade tornada possível pelo trabalho e a primeira escola interna de trabalho para todos e cada um dos homens” (Carta Encíclica ‘Laborem exercens‘, 1981)

“A oração reforça a estabilidade e a solidez espiritual da família, ajudando a fazer com que esta participe da fortaleza de Deus” (Carta às famílias, 1994)

“Não esqueçais que a oração em família é garantia de unidade num estilo de vida coerente com a vontade de Deus”(Discurso IV Encontro Mundial das Famílias, 2003)

“Com a ajuda de Deus, fazei do Evangelho a regra fundamental da vossa família, e da vossa família uma página do Evangelho escrita para o nosso tempo!” (Discurso IV Encontro Mundial das Famílias, 2003)

“A agradável recordação da vida de Jesus, José e Maria em Nazaré recorda-nos a beleza austera e simples e o carácter sagrado e inviolável da família cristã” (Homilia na Missa para as famílias em Rijeka, Croácia, 2003)

“Queridas famílias cristãs, anunciai com alegria ao mundo inteiro o tesouro maravilhoso de que sois portadoras enquanto igrejas domésticas!” 
 
Gaudium Press

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

segunda-feira, 22 de julho de 2024

Que o pai e a mãe compartilhem tempo com os filhos e não caiam na “ditadura do fazer”, diz o papa Francisco

Papa Francisco Angelus Praça São Pedro

“O descanso proposto por Jesus”, continuou ele, “não é uma fuga do mundo”. “Só se aprendermos a descansar poderemos ter compaixão”

“De fato, é possível ter um olhar compassivo, que consegue perceber as necessidades do outro, somente se o nosso coração não estiver consumido pela ansiedade de fazer, se soubermos parar e, no silêncio da adoração, receber a Graça de Deus”.

Portanto, continuou Francisco, “podemos nos perguntar: Eu sei parar durante os meus dias? Sei dedicar um momento para estar comigo mesmo e com o Senhor, ou estou sempre tomado pela pressa das tarefas a realizar?”.

“Sabemos encontrar um pouco de 'deserto' interior em meio aos ruídos e às atividades de cada dia?”

Para concluir, o papa Francisco rezou para que “a Virgem Santa nos ajude a descansar no Espírito mesmo em meio a todas as atividades cotidianas, e a sermos disponíveis e compassivos com os outros”.

“Nas famílias, o pai e a mãe deveriam ter tempo para compartilhar com os filhos, para cultivar esse amor familiar e não cair na ditadura do fazer”, disse o papa Francisco antes de rezar a oração do Ângelus hoje (21) na Praça de São Pedro, no Vaticano. 

Ele fez uma reflexão sobre o Evangelho de hoje (Mc 6, 30- 34) no qual Jesus tem compaixão dos discípulos e os convida ao descanso.

O papa Francisco disse que, na vida cotidiana, “o entusiasmo em realizar a missão, assim como as responsabilidades e as tarefas que nos são confiadas, nos tornam vítimas do ativismo, excessivamente preocupados com as coisas a fazer e com seus resultados”.

“O descanso proposto por Jesus”, continuou ele, “não é uma fuga do mundo”. “Só se aprendermos a descansar poderemos ter compaixão”

“De fato, é possível ter um olhar compassivo, que consegue perceber as necessidades do outro, somente se o nosso coração não estiver consumido pela ansiedade de fazer, se soubermos parar e, no silêncio da adoração, receber a Graça de Deus”.

Portanto, continuou Francisco, “podemos nos perguntar: Eu sei parar durante os meus dias? Sei dedicar um momento para estar comigo mesmo e com o Senhor, ou estou sempre tomado pela pressa das tarefas a realizar?”.

“Sabemos encontrar um pouco de 'deserto' interior em meio aos ruídos e às atividades de cada dia?”

Para concluir, o papa Francisco rezou para que “a Virgem Santa nos ajude a descansar no Espírito mesmo em meio a todas as atividades cotidianas, e a sermos disponíveis e compassivos com os outros”.

Walter Sánchez Silva

sexta-feira, 5 de julho de 2024

sábado, 29 de junho de 2024

Reflexão para a Festa de São Pedro e São Paulo

 

Quando desejamos refletir bem, sem influência alguma de pessoas ou situações, nos retiramos para um local afastado e silencioso. Queremos estar a sós conosco na natureza e na presença de Deus. Foi o que Jesus fez com seus discípulos quando escolheu aquele que iria governar seu rebanho. O Senhor se dirigiu com eles a Cesaréia de Filipe, um lugar afastado do mundo judeu e significativo pela natureza, próximo ao monte Hermom e a uma das fontes do Jordão.  Lá, na solidão e apenas na presença do Pai, checou o coração de Simão e o fez seu vigário. O eleito estava tão purificado, tão livre de apegos e amarras mundanas e tão cheio do Espírito que declarou a identidade de Jesus, reconhecendo-o como o Messias de Deus.

Por outro lado, Jesus confirmou seu nascimento na fé, dando-lhe outro nome, o de Pedro, pedra e indicando seu novo e definitivo encargo: confirmar seus irmãos na fé.

Além de graças para viver plenamente essa missão, Pedro as recebeu também para levá-la até o fim, quando dará glória a Deus através de sua morte na cruz, como o Mestre, só que de cabeça para baixo.

Simão nasceu de novo, recebeu outro nome, outra função na sociedade, aumentou enormemente seu compromisso na fé. Ao entregar-se na condução de seus irmãos, Pedro viveu momentos de alegria e de tristeza, de certezas e de abandono total na fé. O que passou a guiar sua vida, a ser fiel na missão recebida e abraçada foi a certeza da fidelidade do Senhor. Agora Pedro vai deixando Deus ser o oleiro, fazer dele um homem à imagem de Jesus. Por isso ele é pedra, não por causa de sua dureza, mas por causa de sua solidez e confiabilidade. Da dureza da pedra Pedro apenas guardou a resistência às investidas do inimigo. Nada pode vencê-lo.

Como chefe da Igreja, Pedro recebeu o poder de ligar e desligar, isto é, declarar o que está de acordo ou em desacordo com o projeto de Jesus. Por isso ele foi sempre esse homem renascido para a missão. Não será por este motivo que os papas mudam de nome?

Mas hoje também é o dia de São Paulo, a outra coluna da Igreja. Pedro é a coluna que nos confirma na fé e Paulo é a que evangeliza.

A liturgia nos propõe como reflexão a carta a Timóteo, onde o Apóstolo faz seu testamento e a revisão de sua vida cristã. De qualquer modo, Paulo, antes da conversão Saulo, também será assemelhado a Jesus, vítima sacrificada em favor de muitos. Ele deduz que o momento de seu martírio, de dar testemunho de Deus, está próximo.

Nessa ocasião foi feita a revisão de vida. Paulo teve consciência de que foi fiel à missão, que cumpriu o encargo de anunciar ao mundo o Evangelho. Teve consciência do quanto sofreu e padeceu por esse motivo e agradeceu a Deus por ter guardado a fé.

Em seguida Paulo expressou sua certeza no encontro com o Senhor, quando então será recompensado por tudo, através da convivência eterna com Ele.

Festejar os santos é praticar seus ensinamentos e seguir seus testemunhos de fé.

Que o Senhor nos ajude a louvar São Pedro e São Paulo, fazendo com que cada dia, cada despertar nós seja par nós um novo dia, o reinício da vida nova iniciada com o nosso batismo. Para isso é necessário abandonarmo-nos nas mãos de Deus, permitindo a Ele nos refazer, nos moldar segundo seu coração e confiando no resultado final que, como Paulo, só veremos no final da vida.

Que as alegrias e os êxitos, as dificuldades e os sofrimentos do dia-a-dia não impeçam nosso crescimento na fé, mas amadureçam e solidifiquem a ação do Espírito.

Finalmente, sirva-nos de referencial para a fidelidade a Cristo e sua Igreja, a conformidade de nossa vida aos ensinamentos de Pedro.

Que a celebração dessas duas colunas da Igreja seja uma ocasião de graças para o crescimento do Reino de Deus de nossa vida cristã!



 
Pe.Cesar Augusto SJ

 

sexta-feira, 21 de junho de 2024

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Conselhos de um monge do deserto

Santo Antonio do Deserto ou Antão do Egito | Arquidiocese de São Paulo

Esses apotegmas (ditos, aforismos, máximas) – ditos – são do Padre do Deserto Pai Antônio, O Grande.

Muito temos a aprender com esses homens que enebriados pelo amor a Deus e pelo desejo de tornar real o motivo da nossa existência, ou seja, conhecer, amar e servir a Deus; foram para o deserto e lá se encontraram consigo mesmos e sua limitações, travaram inúmeras batalhas, principalmente com os maus pensamentos e comportamentos e por fim se tornaram grandes mestres. É realmente uma pena que muitos tenham se esquecido da grande fonte de ensinamentos que os padres nos oferecem, ensinamentos fundamentados na experiência, em vivências reais de homens santos.

Se o ferro é negligenciado e não recebe a manutenção devida, à força de permanecer sempre abandonado sem servir a nada, acaba comido pela ferrugem e já não tem mais nem utilidade nem beleza. O mesmo acontece com a alma. Se ela permanece inerte, se não se dedica a viver na virtude e a se voltar para Deus, se ela se priva da proteção divina por causa de suas más ações, em sua negligência ela se destrói sob o efeito do mal que ataca a matéria do corpo como o ferro se destrói sob o efeito da ferrugem, e não possui mais nem beleza, nem utilidade em vista da salvação.

Dentre aqueles que se encontram num albergue, alguns recebem um leito, outros não o obtêm e deitam-se no chão, onde roncam tanto quanto os que dormem em sua cama. Após passarem a noite e deixarem pela manhã os leitos, eles partem juntos, cada qual levando apenas o que possui. O mesmo acontece com todos os que chegam a este mundo. Tanto os que viveram pobremente quanto aqueles que passaram a vida entre a glória e a riqueza, todos saem da vida como do albergue. Eles não levam consigo nada daquilo que fazia as delícias e a riqueza do mundo. Eles não levam senão suas próprias obras, boas ou más: aquilo que fizeram durante a vida.

Os homens não devem adquirir nada de mais. Se por acaso eles têm muito, será bom para eles saber que tudo nesta vida é, por natureza, corruptível, tudo desaparece facilmente, se degrada e se destrói. Assim, eles não devem se inquietar com o que quer que aconteça.

A marca da alma dotada de razão e virtuosa está no olhar, no caminhar, na voz, no riso, nas ocupações e nas conversas. Pois tudo se transforma e se readapta para se tornar mais nobre. O intelecto amado por Deus guarda suas portas, vigilante e sóbrio, interditando a entrada à infâmia dos maus pensamentos. 

O homem é o único ser capaz de receber a Deus. Ele é o único, dentre os seres vivos, com quem Deus conversa, à noite por meio dos sonhos, de dia através da inteligência. Assim, continuamente, Ele anuncia e apresenta previamente aos homens que são dignos disto os bens que os esperam.

A coroa da incorruptibilidade, a virtude, a salvação do homem, consiste em suportar as adversidades com coragem e gratidão. Dominar a cólera, a língua, o ventre e os prazeres, é também um grande auxílio para a alma.