segunda-feira, 13 de maio de 2013

Mãos unidas constroem o homem e o mundo


Neste último sábado, dia 11 de maio, estivemos em retiro junto aos Institutos de Vida Secular Consagrada. O tema abordado foi: "A Missão Social da Família Paulina", apresentado e organizado por Pe. Antonio F.da Silva, ssp. 
Foi um encontro fecundo com a realidade humana natural, e ao mesmo tempo sobrenatural, dos membros desta Família, que percorre seus passos nesta terra com os olhos postos na eternidade. Somos homens e mulheres que, através da vida secular consagrada, se propõem a buscar a santidade na vida corrente, e no meio do mundo.
O tema abordou a importância de se estudar a sociologia, com o intuito de santificar-se as relações interpessoais em sociedade. É necessário que aperfeiçoemos o caráter natural e sobrenatural de nossa vida, de modo que, pela fé, atinjamos a envergadura das pessoas que colocaram a prática do Evangelho como meta de vida. E o que é o Evangelho senão uma expressão do modo de Deus ver as coisas?
Necessitamos de "polimento", somos material muitas vezes em estado bruto, necessitando dos cuidados habilidosos de um "ourives" que nos dê a forma e o brilho de uma joia nascida das mãos de Deus. E isso dependerá do quanto estamos próximos Dele. A qualidade de um apóstolo e de um evangelizador está diretamente ligada a esta intimidade. É claro que necessitamos de boas maneiras e de caridade na vida social e fraterna, pois só assim estaremos aptos para atingir nossa meta: sermos discípulos e apóstolos do Divino Mestre, aptos para o amor.

Veremos agora como pensa o cardeal Marc Quellet, prefeito da Congregação para os Bispos de Roma, sobre as dificuldades que a Europa, e porque não dizer o mundo, enfrenta na recuperação dos valores sociais e sobrenaturais: 

Na sua homilia, o senhor falou de uma Europa afetada por uma crise da esperança. Qual é o papel que este continente pode desempenhar para recuperar os valores, não só no contexto europeu, mas mundial? A Europa ainda tem um papel a desempenhar? Qual é?


Cardeal Ouellet: A Europa é portadora da civilização cristã, é a matriz dela. A Europa sempre terá a responsabilidade de continuar testemunhando as raízes da sua identidade, como continente configurado pelo dom de Cristo e da Igreja. E, neste sentido, a presença da Igreja, o seu esforço neste momento, é ajudar os países europeus a não perderem a consciência da missão universal da Europa como portadora dessa mensagem do Evangelho e da sabedoria que esta mensagem trouxe sobre a dignidade da pessoa, sobre os direitos humanos. Eu acho que a Europa tem uma missão e uma consciência que precisa ser mantida. Por isso, a Igreja procura ajudar também os políticos e aqueles que tomam as decisões econômicas para o futuro. Ajudar na perspectiva de fé, para apoiar o esforço em prol do bem comum e da missão universal da Europa.

Como prefeito da Congregação para os Bispos, qual é a sua principal preocupação a respeito da Europa?

Cardeal Ouellet: É urgente educar. Quando se perde o senso de família, quando existem esses debates éticos sobre a natureza do matrimônio, você se pergunta como é que os pais e a escola transmitem a herança cristã para as novas gerações. É uma preocupação profunda. Porque, embaixo da crise econômica e financeira, existe uma crise da visão do homem, como foi ressaltado por esta assembléia. A Igreja procura atrair a atenção para aquilo que está realmente em jogo. 


Se perdermos a imagem do próprio homem, criado à imagem de Deus, que é a base da educação cristã, então não sobram mais modelos, e isso implica ou traz consigo consequências graves para os jovens: faltam ideais, referências, modelos de pessoas.
É uma grande preocupação e, por isso, a minha congregação tem a preocupação de ajudar a Igreja a escolher homens de fé, que têm uma visão clara da antropologia bíblica, que a Igreja tem que anunciar e propor ao mundo de hoje.


A mensagem é recebida ou não, mas a Europa, neste momento, é um lugar de grande luta em torno do conceito de homem, da antropologia. E espera-se que a antropologia cristã, que foi desenvolvida no contexto europeu, também continue nesta luta, em especial no caso das questões éticas. E assim, os outros continentes poderão continuar recebendo da Europa o que sempre receberam dela.

A Nova Evangelização pode ser uma resposta da Igreja para esta crise européia? Em que sentido?

Cardeal Ouellet: Sem dúvida. O Santo Padre, na sua mensagem, destacou a proximidade desta assembléia com o sínodo da nova evangelização. Nós precisamos enraizar os debates éticos no fundamento, que é Cristo.

Quando falamos da nova evangelização, estamos falando de um encontro, do encontro com Cristo, da experiência pessoal de Cristo. Se essa experiência não for viva, todas as questões ficam muito complicadas, porque ela é realmente o fundamento, e é com isto, creio eu, que o sínodo tem algo para contribuir: o anúncio do kerigma apostólico como um alicerce que muitas vezes se dá por colocado, mas que tem que ser revisto sempre como palavra atual, a ser pronunciada de novo, a ser atualizada, para vermos a sua coerência. E também com tudo o que eu disse antes sobre a antropologia e as questões éticas.

Eu penso que o sínodo sobre a nova evangelização nos reunirá junto à fonte do encontro pessoal, e, também, eu diria, não só por causa da preocupação com a fé daqueles que se afastaram, mas por causa da preocupação com a nossa própria fé, com a nossa própria fé, porque ela também pode estar mais viva ou menos viva.

A qualidade do evangelizador depende da qualidade da sua união com Deus. Eu espero que este próximo sínodo seja um momento muito forte de Pentecostes, uma efusão do Espírito Santo, que é o único que pode reavivar em nós a audácia, a pureza, a profundidade da fé e a valentia do anúncio.

(Trad.:ZENIT)

Acompanhe o texto do Retiro "A Missão Social da Família Paulina" na íntegra, na seção Formação.
Malu


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