terça-feira, 22 de abril de 2014

Cristo vive, Aleluia!


A alegria está sempre presente no decorrer do ano litúrgico, porque tudo nele está relacionado de um modo ou de outro com a solenidade pascal, mas é nestes dias que esse júbilo se manifesta especialmente. Pela Morte e Ressurreição de Cristo, fomos resgatados do pecado, do poder do demônio e da morte eterna.

A Páscoa lembra-nos o nosso nascimento sobrenatural através do Batismo, por meio do qual fomos constituídos filhos de Deus, e que é figura e penhor da nossa própria ressurreição. Deus nos deu a vida por Cristo e nos ressuscitou com Ele (Ef 2,6), diz-nos São Paulo. Cristo, que é o primogênito dos homens, converteu-se em exemplo e princípio da nossa glorificação futura.

A nossa Mãe a Igreja introduz-nos nestes dias na alegria pascal através dos textos da liturgia – leituras, salmos, antífonas... – e neles pede sobretudo que essa alegria seja antecipação e penhor da nossa felicidade eterna no Céu. Suprimem-se neste tempo os jejuns e outras mortificações corporais, como sinal externo dessa alegria da alma e do corpo. “Os cinquenta dias do tempo pascal – diz Santo Agostinho – excluem os jejuns porque se trata de uma antecipação do banquete que nos espera lá em cima”, segundo Santo Agostinho. Mas de nada serviria o convite litúrgico à alegria se não se produzisse na nossa vida um verdadeiro encontro com o Senhor. Os evangelistas fazem constar em cada uma das aparições que os Apóstolos se alegraram vendo o Senhor. A sua alegria brotou de terem visto o Senhor, de saberem que Ele vivia, de terem estado com Ele.

A alegria verdadeira não depende do bem-estar material, da ausência de dificuldades, do estado de saúde... A alegria profunda tem a sua origem em Cristo, no encontro com Ele, no amor de que Deus nos rodeia e na nossa correspondência a esse amor. Cumpre-se – também agora – aquela promessa do Senhor: E o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa alegria (Jo 16,22). Ninguém nem nada: nem a dor, nem a calúnia, nem o desespero..., nem as fraquezas próprias, se retornamos prontamente ao Senhor. Esta é a única condição da verdadeira alegria: não nos separarmos de Deus, não deixar que as coisas nos separem dEle; sabermo-nos em todos os momentos filhos seus.

A liturgia do tempo pascal repete-nos em mil textos diferentes essas mesmas palavras: Alegrai-vos, não percais nunca a paz e a alegria; servi o Senhor com alegria (Sl 99), pois não existe outra forma de servi-lo. “Estás passando uns dias de alvoroço, com a alma inundada de sol e de cor. E, coisa estranha, os motivos da tua felicidade são os mesmos que em outras ocasiões te desanimavam! – É o que acontece sempre: tudo depende do ponto de mira. – “Laetetur cor quaerentium Dominum!” – Quando se procura o Senhor, o coração transborda sempre de alegria”(Josemaria Escrivá, Sulco n. 72).

Na Última Ceia, o Senhor não tinha ocultado aos Apóstolos as contradições que os esperavam; mas prometera-lhes que a sua tristeza se converteria em alegria: Assim também vós, sem dúvida, agora estais tristes, mas hei de ver-vos outra vez, e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa alegria (Jo 16,22). Estas palavras, que naquela ocasião lhes podiam ter parecido incompreensíveis, cumpriam-se agora ao pé da letra. E, pouco tempo depois, os que até então estavam acovardados sairiam do Sinédrio alegres por terem padecido alguma coisa pelo Senhor (At 5,40). A origem da alegria profunda do cristão está no amor a Deus, que é nosso Pai, e no amor aos outros, com o consequente esquecimento próprio. Esta é a condição normal dos que seguem a Cristo. O pessimismo e a tristeza devem ser sempre algo absolutamente estranho ao cristão, algo que, se viesse a acontecer, necessitaria de um remédio urgente.

Se alguma vez tivermos a desgraça de afastar-nos de Deus, lembremo-nos do filho pródigo e, com a ajuda do Senhor, voltemos novamente para Ele com o coração arrependido. Nesse dia, haverá uma grande festa no Céu e na nossa alma. É o que acontece todos os dias quando fraquejamos em pequenas escaramuças e nos levantamos com muitos atos de contrição; a alma está então habitualmente cheia de paz e serenidade.

Ir. Kelly Patrícia

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