segunda-feira, 25 de maio de 2015

Abandono nas mãos de Deus


Em tuas mãos, ó Deus, eu me abandono. Vira e revira esta argila, como o barro nas mãos do oleiro. Dá-lhe forma e depois se quiseres esmigalha-a (como se esmigalhou a vida de John, meu irmão). Pede, ordena. Que queres que eu faça? Elogiado e humilhado, perseguido e incompreendido, caluniado e consolado, sofredor e inútil para tudo.

Que me resta senão dizer, a exemplo de Tua mãe: "Faça-se em mim segundo a Tua palavra"... 

Dá-me o amor por excelência, o amor da cruz, não o da cruz heroica que poderia nutrir o amor próprio, mas o da cruz vulgar, que carrego com repugnância, daquela que se encontra cada dia na contradição, no esquecimento, no insucesso, nos falsos juízos, na frieza dos outros, no mal estar, nos defeitos do corpo, nas trevas da mente da aridez, no silêncio do coração.
Então somente Tu saberás que Te amo, embora eu mesmo nada saiba. Mas isto basta!

Oração escrita de próprio punho por Robert Kennedy e encontrada no bolso de seu paletó, por ocasião de seu assassinato.

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