Esta festa do Corpus Christi nasceu no século XIII. Jesus quis
entregar-se a nós como alimento para o caminho, fazendo que nós comungássemos
com a sua própria Pessoa, com o seu Corpo e o seu Sangue, sob a forma do pão e
vinho
Em
primeiro lugar, um
pouco de história desta esplêndida Solenidade do Corpus Christi. No ano 1208, uma jovem de 17 anos,
Juan de Retine, religiosa hospitaleira em Mont Cornillon (Lieja, Bélgica) teve
uma visão de uma lua resplandecente e cheia, mas com uma mancha. Esta visão
durou dois anos. Por fim a decifrou: no esplêndido calendário litúrgico faltava
uma festa da Eucaristia. Foi a origem do Corpus Christi, cuja primeira
procissão se pôs em marcha pelas ruas de Lieja no ano de 1245 e pelas ruas de
todo o mundo a partir de 1264.
A partir da festa do Corpus, a fé e o entusiasmo pela
Eucaristia levou os habitantes de Bolzano (Itália) do século XIII a crer nas
hóstias profanadas que começaram a sangrar. E os habitantes de Daroca
(Zaragoza) do século XIII a crer no milagre dos corporais que, para defendê-las
contra a profanação da soldadesca muçulmana, entre as suas dobraduras guardaram
seis hóstias, que deixaram seis pegadas redondas. Só desde a fé é possível crer
nestas coisas.
Em segundo lugar, a Eucaristia tem duas
dimensões: primeiro, a sua celebração,
a missa, ao redor do altar; e depois, a sua prolongação, com a reserva do
Pão eucarísticos no Sacrário e a conseguinte veneração e adoração que lhe
dedica a comunidade cristã. A finalidade principal da Eucaristia é a sua
celebração- a missa-, isto é, para os fieis comungarem o Corpo e o Sangue de
Cristo. Porém, desde que, já nos primeiros séculos, a comunidade cristã começou
a guardar o Pão eucarístico para os enfermos e para os moribundos, foi
nascendo cada vez mais “conatural” que se rodeasse o lugar da reserva (o
Sacrário) de sinais de fé e adoração ao Senhor. A Eucaristia na celebração é para ser comida
para a saúde das nossas almas e assimilar Cristo, Pão de vida. A Eucaristia na prolongação é para ser adorada,
festejada e cantada. Na celebração
da Eucaristia entramos em comunhão com Cristo na hora de
comungá-lo. Na prolongação da
Eucaristia caímos de joelhos para agradecer, adorar, contemplar e abrir o
coração diante de quem está ali sacramentalmente presente e sabemos que nos
olha e nos ama.
Finalmente, este culto por Cristo Eucaristia prolongado deve nos levar a
cuidá-lo sempre. Daqui a dignidade dos Sacrários: sempre colocados num lugar
nobre e destacado, convenientemente adornados, fixados permanentemente sobre um
altar, pilar, ou também metidos na parede ou incorporados a um retábulo. O
Sacrário deve estar construído de matéria sólida (podem ser metais preciosos
como ouro, prata, metal prateado, madeira, cerâmica e similares) e não
transparente, fechado com chave, num ambiente que seja fácil à oração pessoal
fora do momento da celebração, e portanto melhor numa capela separada (capela
sacramental). Daqui que junto ao Sacrário brilhe constantemente uma lâmpada,
com a qual se indica e honra a presencia real e silenciosa de Cristo. Daqui, a
genuflexão quando passamos diante dele. Daqui, os momentos pessoais de oração
ou “visita” diante do Senhor na Eucaristia. Daqui, a organização da “bênção com
o Santíssimo” com uma “exposição” mais ou menos prolongada e solene para a
adoração comunitária. São momentos que deveríamos desejar, ter saudades e
buscar, tanto pessoalmente como em comunidade; momentos de oração mais pausada,
meditativa e serena diante do Sacrário.
Comentário
sobre a liturgia do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor em Teologia Espiritual,
professor e diretor espiritual no seminário diocesano Maria Mater Ecclesiae de
São Paulo (Brasil)
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