Este III Domingo do Advento é o domingo da alegria,
alegria constitutiva da experiência cristã, que deve estar especialmente presente
neste tempo de espera do Senhor. Não é uma alegria que resulta dos êxitos
desportivos da nossa equipe, nem do nosso êxito profissional, nem do aumento da
nossa conta bancária, mas é uma alegria pela presença iminente do Senhor nas
nossas vidas, como proposta libertadora. É a certeza da presença libertadora do
Senhor que a nossa alegria deve anunciar aos homens nossos irmãos.
A bondade e a indulgência com que acolhemos os que nos rodeiam têm de ser,
também, distintivos de quem espera o Senhor. Será possível que Deus nasça
quando o caminho do nosso coração está fechado com cadeias de intolerância, de
prepotência, de incompreensão?
A espera do Senhor faz-se, também, num diálogo contínuo com Ele. Não é possível
estar disponível para O acolher, quando estamos indiferentes e não partilhamos
com Ele, a cada instante, as nossas alegrias e as nossas dificuldades, os
nossos sonhos e as nossas esperanças. Não é possível acolher alguém com quem
não comunicamos e de quem não nos sentimos próximos.
Na segunda leitura deste domingo, a
primeira e mais importante recomendação de Paulo é um convite novamente à alegria.
Trata-se de algo tão fundamental, que Paulo repete duas vezes no espaço de um
versículo: “alegrai-vos”. A palavra aqui utilizada (o verbo “khairô”) leva-nos
a essa “alegria” (“khara”) que os anjos anunciam aos pastores, a propósito do
nascimento de Jesus em Belém. É, portanto, uma alegria que resulta da presença
salvadora do Senhor Jesus no meio dos homens. Depois, Paulo acrescenta outras
recomendações: a bondade, a confiança, a oração (de súplica e de ação de
graças). São estas algumas das atitudes que devem acompanhar o cristão que
espera a vinda próxima do Senhor: alegria, porque a sua libertação plena está a
chegar; tolerância e mansidão para com os irmãos; serena confiança em Deus;
diálogo com Deus, agradecendo-Lhe os dons, e apresentando-Lhe as suas dores e
dificuldades.
No Evangelho de Lucas, capítulo 3, versículos de 10 a 18, João Batista é interpelado por todos os que o buscavam para serem batizados, o que deveriam fazer para serem salvos. E percebemos que Deus
não pede a mesma coisa aos cobradores de impostos e aos soldados, mas pede a
todos para fazerem algo que manifeste mais justiça, mais generosidade, mais
paz… É no momento em que os homens se deixam batizar na água do Jordão que
perguntam o que devem fazer. Se vêem encontrar João Batista, é porque procuram
converter-se, procuram tornar-se homens novos. Aceitam viver outra coisa a fim
de se tornarem outros. Mas vem o dia, anuncia o Precursor, em que a conversão
não é apenas obra do homem, mas ação comum de Deus e dos homens: vem Aquele que
batizará no Espírito Santo e no fogo para fazer surgir um mundo novo e varrer o
velho mundo. A Boa Nova que João Batista anuncia ao povo é precisamente a
intervenção de Deus em pessoa pela vinda do Messias que vai comprometer a
humanidade nesta renovação radical, fruto da Aliança Nova selada entre Deus e a
humanidade, Aliança com os dois parceiros da salvação: Deus e o homem.
“Que
devemos fazer?” Esta questão é posta três vezes a João Batista, pelas
multidões, pelos publicanos, pelos soldados. João não parece ser muito exigente
nas respostas. Nada de extraordinário. Não pede para saírem do real das suas
vidas. Por exemplo, exorta as multidões à partilha com os mais pobres. Hoje,
dir-nos-ia para transformarmos a festa comercial de Natal numa ocasião de
partilha mais generosa. A atenção ao quotidiano sugerir-nos-á como partilhar!
Não são necessárias coisas extraordinárias. Basta deixar iluminar pela Boa Nova
de Jesus a nossa vida de todos os dias…
Reflexão baseada no Portal dos Dehonianos
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