Somos
rápidos em conceder a nossos erros desculpas, geralmente àqueles mesmos
erros que, nos outros, são vistos como grandes pecados.
Desta forma vai-se fazendo pequenas
concessões aos próprios erros e pecados. Concessões que começam assim
tornam um coração incapaz de discernir e, em breve, passamos a aceitar
pequenas concessões à carne, ao mundo e… ao diabo.
Se hoje encontro uma “desculpa” para o
atraso em chegar à S. Missa… depois encontrarei outra desculpa pra
deixar de ir à S. Missa (estou cansado…), para vestir-me de modo
inapropriado (faz calor… todos usam…), por último perco completamente o
sentido que estou na casa de Deus e já atendo o celular, negocio preços,
converso…distraio-me e distraio as outros. Se amanhã encontro desculpa
para relaxar na vida de oração… logo mais terei descido ao nível do
animal irracional que já não reza e não dá o devido louvor a Deus. Se
logo mais concedo em rapidamente perdoar as minhas faltas, serei tardo
em perdoar as faltas alheias… ou entrarei no espiral de achar tudo como
bom, honesto e santo chamando o pecado de virtude, a desgraça de suma
glória. Certamente logo mais encontrarei desculpas frescas e bem
cheirosas para aplicar sobre a podridão do pecado a qual disfarçarei de
“pecadinhos”. E então, entra-se num torvelinho de desculpar-se a si
mesmo e ver tudo com naturalidade. Tudo é natural para o homem carnal.
É uma doença apenas dos leigos? Não!
Infelizmente a naturalidade de viver em pecado já é uma constante até
mesmo entre os consagrados… hoje se desculpam que não tiveram tempo de
rezar, amanhã, quem sabe, um pecado grave se torna algo “natural”,
depois de amanhã só lhes resta chafurdar na lama. O que hoje é “apenas
um pecadinho”, amanhã é monstro devorador e possuidor do tempo e da
vida… que não nos pertencem. Passa-se a viver uma “vidinha” em
detrimento da verdadeira vida!
Já um poeta naturalista como Juvenal
cantava a beleza do pecado sem deixar de notar os espinhos: “Monstravit
brevis hora rosam mihi: vix brevis hora praeteriit, sola est spina
reperta mihi.” (Mostrou-me por um breve momento uma rosa, o breve
momento logo passou, só me ficou o espinho). Para aqueles que não vêm
mais que naturalidade no pecado saibam que da rosa encantadora, que
causa deleite à vista, ao tato e ao paladar, resta-lhe apenas o espinho
que é o que fica como memória na carne e no espírito.
Quem pode dizer que está com o espírito
pronto? Quem pode dizer que é impecável? Quem pode dizer que se basta a
si mesmo? Da Palavra de Deus brotam três conselhos de ouro para a nossa
salvação:
- “Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (Mateus 26,41).
- “Portanto, quem pensa estar de pé veja que não caia.” (1Cor 10,12).
- “Humilhai-vos, pois, debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele vos exalte no tempo oportuno. Confiai-lhe todas as vossas preocupações, porque ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar.” (1Pd 5, 6-8).
S. Cipriano de Cartago comentando este trecho da Carta de S. Pedro
afirma que o diabo é sim, um leão ou cão acorrentado, mas que só pode
morder quem lhe chega perto.
Vigiemos e Oremos.
Vigiemos e Oremos.
Pe. Cléber Eduardo - Diretor Espiritual do Apostolado Esto Vir e Pároco da Paróquia Sagrada
Família em Bagé - RS, também acompanha na "Casa de S. José" em uma
espécie de Propedêutico na mesma paróquia a um grupo de jovens em
discernimento à vida sacerdotal diocesana ou à vida monástica.
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