terça-feira, 9 de agosto de 2016

Profecia feita poesia


A palavra profeta significa aquele que anuncia, que proclama a mensagem de outrem. Não no sentido de predizer o futuro, e sim como um artesão, ministro e artista da palavra a serviço do mandato divino. O profeta por vocação é o homem da palavra.

Na Bíblia o profeta é o arauto, um porta voz a quem Deus confia uma mensagem, lhe autoriza a comunicação e garante a sua veracidade. No entanto não se trata de um mero repetidor. Os profetas precisavam se empenhar para elaborar os oráculos com o suor da fronte, assim como faz todo artesão quando lapida a madeira para elaborar a obra de arte. Aos profetas é imprescindível o domínio da língua, daí a mensagem profética ser permeada de poesia.

O profeta não fala por si mesmo; se o fizer, é falso. Ele entrega todo o seu ser a serviço do alto, mas com os pés no chão da vida. Os olhos voltados para Deus e também para o mundo. O mundo com tudo o que há de mais contraditório e de mais belo.

Mesmo diante de situações que pareciam não ter saída, o profeta vê sinal de esperança. Seus olhos têm a luminosidade do alto. É um olhar de ternura, de misericórdia e de acolhida. Toda ação profética é banhada de contemplação, o que significa dizer que é um agir com discernimento. Uma ação iluminada pela oração. 

O profeta tem consciência de sua condição física: em seu corpo há dois ouvidos e uma boca. Por isso, antes da palavra, ele considera o silêncio. Seu ouvido afinado ouve o que Deus fala. Seus pés, sempre prontos a partir, ainda quando cansados, têm pressa em semear a Palavra consoladora. 

Ao profeta importa que a vida seja mais. E sua palavra é um alerta para que ninguém se perca; ao contrário, encontre-se e viva feliz. O profeta denuncia o que não é de Deus. Seus lábios pronunciam a doçura divina e acusam corajosamente tudo o que diminui a vida; "Ai daqueles que, deitados na cama, ficam planejando a injustiça e tramando o mal!" (Mq 2,1).

Trechos do Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, sacerdote paulino, para a revista Vida Pastoral set/out- 2016.

Que todos nós tomemos este trechos como uma exortação à nossa vocação profética assumida em nosso Batismo e Crisma. O mundo precisa da profecia feita poesia por nossos lábios.

ISF

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