Celebramos dia 20 de junho a festa do Corpo e Sangue de
Cristo. É um momento de oração, reflexão, manifestação pública de nossa
fé. É um momento importante, pois a Igreja nos convida a parar. O mundo
cibernético e financeiro ao nosso redor fala exatamente o contrário.
Não se pode perder tempo, pois tempo é dinheiro, é oportunidade.
Precisamos correr, fazer as coisas
rapidamente para não perder tempo, ser dinâmico e eficaz. Um “dia santo”
é uma folga durante a nossa jornada para parar, refletir, rezar. Parar
para fazer um balanço da situação da nossa fé e tomar consciência dos
hábitos de superficialidade e pressa que, às vezes, caracterizam a nossa
relação com a Eucaristia celebrada nas nossas comunidades.
Acredito que este é bom momento para
avaliar a nossa participação na Missa, celebrando o mistério da Páscoa
com a Cruz, Morte e Ressurreição do Senhor. Parar e nos perguntar como
nós ouvimos a Palavra e como nos alimentamos com o Pão que nos é dado
como presente.
A página de João que a liturgia nos
propõe nesta solenidade é algo que impressiona e fascina. Jesus diz para
tomar e comer sua carne e beber do cálice com o seu sangue! Parece
loucura! Jesus está no meio de nós com seu corpo, sua história, sua
vida, o amor apaixonado, a sua transparência da Face do Pai.
Comer a carne e beber o sangue do
Senhor é nutrir-se do coração ardente de amor, é assimilar o segredo da
vida mais forte que a morte, e descobrir que Deus é mais íntimo do que
eu comigo mesmo.
Comer e beber Dele é descobrir que
somente Ele alimenta e acalma as nossas inquietações, que só Ele pode
dar força e direção para nossa vida, que só Ele pode preencher nossas
vidas de beleza na cotidianidade.
Alimentar-nos d’Ele significa o nosso
"sim" ao projeto de vida que Jesus revelou da Cruz; é renunciar a ser os
arquitetos da nossa própria vida e entrar em comunhão com o seu plano
de amor.
O pão que desceu do céu é Ele, Jesus.
Ele veio na carne para habitar entre nós, para se fazer nosso alimento e
nossa bebida de vida eterna. Ele realmente nos dá a sua carne para que
nós a comamos para não morrermos para sempre.
Quando, no entanto, Ele anuncia esse
mistério, os seus ouvintes, ao invés de se abrirem à fé, começaram a
discutir fortemente. Eles gostariam de compreender primeiro, para depois
acreditar. Com o mistério, primeiro o acolhemos, vivemos, fazemos com
que se torne nossa carne e nosso sangue, O transformamos em nossa
história. Vivido e concretizado em nós, começamos a compreendê-Lo de
acordo com a medida de inteligibilidade contida nas palavras que o
expressam e manifestam.
Jesus não se apressa em explicar o
mistério. Ele simplesmente se limita a reafirmar a realidade de seu
corpo e de seu sangue juntamente com a outra realidade de tomar, comer e
beber. A carne deve ser tomada e comida. O sangue deve ser tomado e
bebido. Somente assim eles se tornam em nós comida e bebida de vida
eterna.
Jesus, porém, nos revela por que nós
não morreremos para sempre: porque com a sua carne comida e com o seu
sangue bebido, nós viveremos interiormente para Ele, na procura do
perfeito cumprimento da Sua vontade. Eis a grande diferença abissal que
distingue a Eucaristia do maná. O maná era só o pão da terra, alimentava
o corpo do povo de Deus no deserto. A Eucaristia, ao invés, é Deus
mesmo que nos alimenta e nós nos unimos ao Senhor. Quem assim se
alimenta e se deixa converter e tornar-se “nova criatura” poderá também
experimentar a possibilidade de fazer o bem.
Neste dia em que manifestamos, diante
de um mundo em mudança, a nossa fé na presença real de Cristo Eucaristia
e nos comprometemos com um mundo novo, peçamos à Virgem Maria, Mãe da
Redenção, aos Anjos e Santos que nos ajudem a viver e aumentar a fé
nesse mistério.
Que a passagem de Cristo na Eucaristia
pelas nossas ruas e praças nos comprometa a sermos, também nós, pessoas
alimentadas pela Eucaristia, que passam pelas estradas do mundo
proclamando Cristo Jesus Ressuscitado, vida para o mundo!
Agostinianos Recoletos
Nenhum comentário:
Postar um comentário